Hospital da Criança promove atualização de conhecimentos no atendimento fonoaudiológico pediátrico
O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) realizou, na quarta-feira (26), o primeiro Simpósio de Fonoaudiologia Hospitalar. O evento reuniu fonoaudiólogos de diversas unidades de saúde e estudantes de fonoaudiologia para compartilhar conhecimentos sobre a área. Na quarta (26), o Hospital da Criança de Brasília José Alencar realizou o primeiro Simpósio de Fonoaudiologia Hospitalar | Fotos: Divulgação/HCB Segundo a fonoaudióloga e coordenadora de Reabilitação do HCB, Milene Fleury, a fonoaudiologia é considerada uma profissão recente, com poucos profissionais atuando na pediatria. “Com o evento, o Hospital auxilia o desenvolvimento dessa profissão e divulga o trabalho que fazemos aqui, atuação nas doenças raras, complexas. Fazendo esse tipo de evento, auxiliamos no desenvolvimento, no interesse de novos profissionais”, observou. [LEIA_TAMBEM]A equipe de fonoaudiologia do HCB realiza atendimentos ambulatoriais, de internação e nas unidades de terapia intensiva (UTI). “Temos profissionais de referência nas linhas de cuidado e profissionais inseridos nas outras equipes, como a da neuromuscular e a de cuidados paliativos”, relatou Fleury. Ela acrescenta que, para compor as equipes multidisciplinares, os fonoaudiólogos do Hospital precisam ter um olhar atento e especializado ao perfil dos pacientes do HCB: “São condições em que o agravo pode ser muito intenso na vida da criança. O fonoaudiólogo, em nível terciário de saúde, atua para minimizar danos”. O simpósio contou com apresentações de profissionais de outras instituições. A fonoaudióloga do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) Monique Barreto destacou que, muitas vezes, crianças atendidas em uma unidade de saúde também passam por outros hospitais da rede pública de saúde do DF: “Existe uma correlação muito estreita nas crianças que chegam aqui e que tiveram intercorrências, principalmente no período pré-natal, perinatal e síndromes raras. Se a criança começa a ser atendida no Hmib nós, de certa forma, tentamos prepará-la para que ela siga um acompanhamento em rede, de forma integral, como os princípios do SUS já descrevem”. Milene Fleury, fonoaudióloga e coordenadora de Reabilitação do HCB: "Com o evento, o Hospital auxilia o desenvolvimento dessa profissão e divulga o trabalho que fazemos aqui, atuação nas doenças raras, complexas" A fonoaudióloga do Hospital Universitário de Brasília (HUB) Rayenne Bendor teve a experiência de ser residente no HCB e retornou ao hospital para participar do simpósio como palestrante. “Na enfermaria pediátrica, precisamos saber um pouquinho de todas as áreas, para saber quando encaminhar, quando encaminhar para o ambulatório; tem muitas questões na enfermaria que não conseguimos tratar durante a internação”, afirmou. Bendor ressalta que esse é um ponto positivo do HCB, já que a equipe ambulatorial consegue dar seguimento às intervenções cuja necessidade é identificada na internação. A diretora executiva do HCB, Valdenize Tiziani, destacou que a realização do evento reflete o compromisso do Hospital com o ensino e a pesquisa como forma de qualificar a assistência oferecida pela instituição. “Nosso compromisso é com a criança, trabalhamos em buscar o que há de melhor no atendimento. A fonoaudiologia é um serviço extremamente importante para nossas crianças e vamos seguir nessa pauta, sempre discutindo e tentando aprimorar o que fazemos aqui”, ressaltou. O I Simpósio de Fonoaudiologia Hospitalar do HCB foi patrocinado pela academia Overworld. *Com informações do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB)
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No Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil, HCB comemora elevada taxa de cura em leucemias
O dia 23 de novembro é, no Brasil, o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil. A data foi instituída em 2008 para promover a conscientização sobre a doença, difundir avanços técnico-científicos e apoiar crianças e seus familiares. O dia também marca o 14º aniversário do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) — a criação do HCB, pela Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace), tem forte ligação com o tratamento oncológico pediátrico e, segundo dados do Serviço de Registro de Câncer Hospitalar da unidade, a taxa de cura no tratamento de leucemias no HCB chega a 80%. O Hospital da Criança de Brasília é o único centro do Distrito Federal habilitado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) exclusiva de oncologia pediátrica e recebeu, em média, 216 novos casos de câncer por ano ao longo dos últimos sete anos. O tratamento é feito por equipe multidisciplinar, pautado pela pesquisa científica e incluindo ações de humanização na busca pela cura e pela qualidade de vida. Os tipos de câncer mais frequentes na pediatria são os originários do sistema hematopoiético, que correspondem a 43% dos casos. Em seguida, estão os tumores cerebrais (19%); neuroblastomas, tumores primários do sistema nervoso autônomo (8%); sarcomas de partes moles (7%); tumor de Wilms (rim) (6%); tumores ósseos (5%) e o retinoblastoma (3%). O Hospital da Criança de Brasília é o único centro do Distrito Federal habilitado como Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) exclusiva de oncologia pediátrica | Fotos: Divulgação/HCB Diagnóstico precoce e preciso Um ponto crucial para o sucesso no tratamento é o diagnóstico precoce. Como o câncer infantil não conta com ações de prevenção, é importante estar atento a sintomas. “Quanto mais cedo o médico pediatra generalista desconfiar que tem alguma coisa errada e encaminhar para o centro de referência, melhores condições clínicas terá aquela criança para começar o tratamento e melhor a chance de cura”, afirma a diretora técnica do HCB, a oncologista e hematologista Isis Magalhães. Infecções de repetição, manchas roxas sem explicação e sangramentos de gengiva devem despertar a atenção de pais e cuidadores e são sinais de que é preciso procurar um médico. Uma vez atendidas por profissionais da rede de saúde pública do DF, as crianças são reguladas, pela Secretaria de Saúde (SES-DF), para o primeiro atendimento no HCB. O hospital recebe pacientes do Distrito Federal, da Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) e de todas as demais regiões do Brasil, na modalidade de Tratamento Fora do Domicílio (TFD). [LEIA_TAMBEM]Para garantir que a doença seja diagnosticada o mais rápido possível, o HCB realiza ações de capacitação junto a profissionais de saúde das unidades básicas de saúde (UBSs), unidades de pronto atendimento (UPAs) e hospitais regionais do DF. “Nosso objetivo é levar aos profissionais que estejam na linha de frente do tratamento da criança conhecimento, para que identifiquem os sinais e sintomas do câncer, que muito se confundem com as doenças comuns da infância, e aumentem o seu grau de suspeição e pensem: ‘isso pode ser câncer’”, explica Magalhães. O HCB também participa de ações voltadas à conscientização sobre tipos específicos de câncer — por exemplo, a campanha De Olho nos Olhinhos, sobre o retinoblastoma. Além de precoce, o diagnóstico deve ser preciso. O Hospital da Criança de Brasília realiza exames em nível molecular para verificar, por exemplo, o subtipo específico de leucemia com que uma criança é acometida. Realizados no Laboratório de Pesquisa Translacional do próprio HCB, os exames garantem o diagnóstico correto e orientam a melhor conduta a ser adotada no tratamento. Hospital e equipe especializados No Brasil. 23 de novembro é o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil Em 2024, o Hospital da Criança de Brasília admitiu 226 pacientes com diagnóstico confirmado de câncer e realizou 15.259 consultas médicas onco-hematológicas. No mesmo ano, foram feitas 3.698 sessões de infusão de quimioterapia, 74.847 atendimentos pela equipe de assistência complementar essencial e 20.445 procedimentos especializados (incluindo transfusões, sessões de diálise e sessões de quimioterapia), entre outros. Esses números dimensionam a importância do tratamento em centro especializado para alcançar resultados positivos. No HCB, o tratamento é conduzido por profissionais experientes em oncologia pediátrica. Além dos onco-hematologistas, os pacientes são acompanhados por outros médicos especialistas — neurologistas, cardiologistas, intensivistas, infectologistas —, afeitos às particularidades das crianças com câncer. O mesmo vale para a equipe multidisciplinar: psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, dentistas e outros profissionais somam os saberes de sua área de trabalho para garantir que a criança e o adolescente sejam vistos de forma global e tenham todas as suas necessidades atendidas. Tanto o acompanhamento ambulatorial quanto as intervenções cirúrgicas e internações são realizados no Hospital da Criança de Brasília, que dispõe de 28 leitos de internação oncológica, oito leitos de internação para transplante de medula óssea, 58 leitos de terapia intensiva e oito salas de cirurgia, sendo cinco de grande porte. O HCB também conta com laboratórios especializados (citogenética e imunofenotipagem, biologia molecular e genética molecular, entre outros). O HCB dispõe de 28 leitos de internação oncológica, oito leitos de internação para transplante de medula óssea, 58 leitos de terapia intensiva e oito salas de cirurgia, sendo cinco de grande porte A estrutura dos laboratórios, associada às atividades de ensino e pesquisa desenvolvidas pelo HCB, integra a pesquisa científica à clínica médica: os resultados de estudos realizados pelos profissionais do hospital impactam o tratamento das crianças e geram mudanças de acordo com o quadro de cada paciente. “Por meio do laboratório, conseguimos realmente fazer ciência e entregar resultados imediatos para a prática clínica, fazer um diagnóstico preciso e um tratamento orientado individualmente para cada paciente”, afirma a diretora executiva do HCB, Valdenize Tiziani. A equipe do hospital mantém contato com outros centros especializados no tratamento de crianças com câncer. O HCB possui 58 parcerias com unidades de saúde e instituições de ensino, com destaque para a Aliança Amarte e o St. Jude Children’s Research Hospital, que promovem acesso a atividades de ensino, pesquisa e assistência. O hospital também participa de eventos técnico-científicos, como simpósios e fóruns voltados à oncologia pediátrica, compartilhando conhecimentos por meio de produção científica e condução de oficinas práticas para profissionais de outras instituições. Cuidado humanizado Além de oferecer atendimento de excelência, o Hospital da Criança de Brasília preza pela humanização do cuidado. Os pacientes em tratamento oncológico têm acesso a brinquedotecas, tanto no ambulatório quanto na internação, preservando a importância do brincar para uma infância saudável. Mesmo os que precisam manter precauções de contato físico contam com horários específicos para acesso à brinquedoteca e podem receber brinquedos no leito. Atividades como passeio em carrinhos elétricos, estímulo à leitura e às artes, interação com voluntários e apresentações culturais também contribuem para tornar a rotina de tratamento mais leve. As crianças ainda mantêm o vínculo com os estudos por meio da Classe Hospitalar, estabelecida por convênio entre as secretarias de Educação e de Saúde do DF, e do apoio pedagógico oferecido a pacientes de fora do Distrito Federal. *Com informações do Hospital da Criança de Brasília (HCB)
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Hospital da Criança de Brasília organiza formatura simbólica para adolescentes que encerraram acompanhamento pediátrico para diabetes
Adolescentes com diabetes que encerraram o tratamento no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) participaram de um momento especial: uma cerimônia simbólica de formatura reuniu pacientes e acompanhantes para trocar experiências e destacar a transição para o atendimento como adultos. Realizado na segunda-feira (10), o evento também foi alusivo ao Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro e instituído pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O HCB é responsável, na rede pública de saúde do Distrito Federal, pelo tratamento de crianças e adolescentes com diabetes mellitus tipo 1, caracterizada pela falta de insulina. “O corpo começa a produzir anticorpos que atacam as células produtoras de insulina. A criança nasce com a predisposição e, em algum momento da vida, abre o diagnóstico — pode ser bebê, com 2 ou 3 anos, na adolescência ou até na fase adulta, mas é mais comum na infância”, explica a endocrinologista pediatra do HCB Paola Brugnera. Uma cerimônia marcou o encerramento do tratamento de um grupo de adolescentes com diabetes no HCB; agora, os jovens passam a ser acompanhados como adultos, em unidades perto de casa | Fotos: Maria Clara Oliveira/HCB O programa de diabetes do Hospital teve início em 2011 e vai além das consultas ambulatoriais: as crianças e seus acompanhantes participam de grupos educativos, palestras e aulas de contagem de carboidratos. Multidisciplinar, a equipe atua tanto para trazer mais qualidade de vida aos pacientes quanto para ensiná-los a se responsabilizar pelo próprio cuidado. “É uma condição crônica, e eles precisam tomar decisões em relação a essa condição todos os dias. Mais que só prescrever a insulina ou ensinar sobre monitorização, o que queremos aqui é fazer uma educação continuada em diabetes e atender o paciente em sua individualidade”, afirma Brugnera. [LEIA_TAMBEM]Atualmente, cerca de 370 pacientes estão em tratamento. Devido ao perfil pediátrico do HCB, eles começam o período de transição para outras unidades de saúde do DF por volta dos 17 anos, conforme avaliação conjunta da equipe multiprofissional (endocrinologista, enfermeiro, psicólogo e nutricionista). A transferência é feita via Secretaria de Saúde (SES-DF), e cada paciente é encaminhado para uma unidade conforme o local onde mora. Marcella Santos, 19 anos, é uma das adolescentes que encerraram o atendimento no Hospital da Criança de Brasília. “Fui tratada aqui desde o início; já fiz a transição e estou indo para minha quarta consulta na clínica adulta, na Policlínica na Ceilândia”, conta a jovem. Relembrando os anos que passou no HCB, Marcella destaca o apoio que recebeu da equipe e ressalta que sempre foi estimulada a entender e participar das decisões: “Há uns anos, por causa do diabetes, tive uma intercorrência no rim. Eu e a doutora Paola entramos em consenso para eu ficar internada por uma semana”. Ela conta que essa participação e as orientações dos profissionais do HCB a ajudaram a criar um relacionamento com a doença: “Sempre aprendi que o diabetes e eu somos uma coisa só; somos eu e a ‘Betinha’ e a gente vai viver junto para sempre. Eu tinha duas opções: ter um péssimo relacionamento com ela e não poder viver, ou aprender a viver com ela”. Marcella Santos está encerrando seu atendimento no Hospital da Criança de Brasília: "Fui tratada aqui desde o início; já fiz a transição e estou indo para minha quarta consulta na clínica adulta, na Policlínica na Ceilândia" Atenção aos sintomas O diabetes mellitus tipo 1 geralmente se manifesta ainda na infância. Os pais precisam ficar atentos caso a criança sinta muita sede, urine muito — especialmente durante a madrugada —, apresente infecções de repetição ou perca peso, mesmo se alimentando normalmente. Nesses casos, é preciso buscar ajuda médica para chegar ao diagnóstico e iniciar o tratamento. “Ela começa com esses sinais sutis; se não for diagnosticada nessa fase, a criança pode evoluir com vômito, dor abdominal e desidratação”, alerta Brugnera. A médica explica que a insulina (hormônio produzido no pâncreas) está ligada à energia da pessoa: “Se a criança se alimenta e não tem insulina, a glicose dos alimentos só fica no sangue e não entra na célula para produção de energia. Então, a falta de insulina é incompatível com a vida”. Durante a cerimônia as mães trocaram experiências sobre o cuidado com os filhos e adolescentes que ainda seguem o tratamento no Hospital puderam falar sobre expectativas e receios de saírem da pediatria para o atendimento adulto Vida normal, seguindo o tratamento Durante a formatura, os adolescentes e acompanhantes participaram de atividades que mostraram que seguir o tratamento e as orientações da equipe é compatível com uma vida plena. Victor Ferreira, 17, ainda é atendido pelo HCB, mas já se prepara para a transição. “Acho que uma das coisas que a gente aprende aqui no hospital é que não temos que ter vergonha; aqui, ensinam tudo que a gente precisa saber tanto pelo lado emocional quanto pelo lado técnico. Hoje, enxergo o diabetes não como uma pedra no meu caminho, mas como novas pontes para abrir espaços para a vida adulta”, afirma o jovem. No evento, ele aconselhou os outros pacientes: “Enxerguem o diabetes como algo que pode ajudar vocês a serem pessoas melhores”. Os participantes acompanharam o depoimento da enfermeira de educação continuada do HCB, Bruna Ferreira. Diagnosticada com diabetes ainda na infância, ela contou sua história e mostrou que é possível estudar, trabalhar e viajar, basta seguir os cuidados necessários, como o uso correto da insulina e hábitos alimentares saudáveis. Também foram organizados dois bate-papos. Em um, mães trocaram experiências sobre o cuidado com os filhos; no outro, os adolescentes que ainda seguem o tratamento no hospital puderam falar sobre expectativas e receios da saída da pediatria para o atendimento adulto. Eles encontraram acolhimento no relato de quem já passou pela mudança, como Marcella Santos. A jovem conta que o diabetes não a impede de experiências como festas e acampamentos e que, mantendo boa convivência com a “Betinha”, já se prepara para as próximas etapas da vida: “Termino o inglês e o espanhol esse ano; prestei vestibular para administração e quero ser servidora pública. Tenho muita maturidade e responsabilidade graças ao diabetes”. *Com informações do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB)
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Com um ano de oferta no SUS, medicamento Trikafta revoluciona tratamento da fibrose cística
O efeito do medicamento Trikafta nos pacientes com fibrose cística pode ser definido como uma “ingestão de vida”. Foi assim com Sérgio Octávio Salustiano Anchieta, 9 anos, que faz acompanhamento no Hospital da Criança de Brasília (HCB). Diagnosticado com a doença desde os primeiros meses, foi apenas no último ano, quando começou o tratamento com o remédio fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que o menino passou a ter uma rotina normal para a idade. Do ano passado para cá, entrou para a escolinha de futebol, acompanhou a seleção colombiana em campo no jogo contra o Brasil em ação da Chefia-Executiva de Políticas Sociais do GDF, voltou a se alimentar de forma oral de suas comidas favoritas (arroz, feijão, carne e farinha) — antes, ele se nutria via gastrostomia, procedimento com um tubo no estômago —, parou de ter que ser internado regularmente e extinguiu os antibióticos do dia a dia. Diagnosticado com fibrose cística com 20 dias de vida, Sérgio passou a ter uma rotina normal de vida após o uso do Trikafta, no último ano | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília “A rotina dele era muito pesada antes. Era muito catarro pela manhã, então ele acordava todo dia 6h para fazer nebulização, fisioterapia e tomar a dieta. Tudo isso antes de ir para escola. Depois, às 9h, ele tinha que tomar uma medicação e mais uma vitamina de suplementação. Quando chegava da escola já era almoço, vitamina, remédio… Tinha umas três horas de descanso e começava tudo de novo. Hoje não tem isso. Após a medicação, consigo acordá-lo mais tarde, fazermos a nebulização e depois uma caminhada ou andamos de bicicleta, essa é a fisioterapia dele agora”, explica animada a mãe do menino, a dona de casa Ana Cláudia Costa Salustiano, 34. O diagnóstico veio quando o menino tinha apenas 20 dias de vida. Os primeiros sinais apareceram em casa, mas foi o teste do pezinho que apontou a possibilidade da doença depois confirmada pelo teste do suor, exame considerado padrão ouro. “Nós descobrimos no teste do pezinho. Me ligaram e pediram para refazer. Três dias depois pediram para fazer o teste do suor. Ele já tinha sintomas que eu tinha reparado. Quando ele mamava, vomitava ou já fazia cocô rápido e muito fedido. Foram quatro dias chorando desesperada sem saber o que fazer. Quando foi confirmado, já fomos ao Hospital de Base e tudo estava alterado. Ele estava desidratado, desnutrido e com gordura no fígado. Fiquei morrendo de medo de perder meu filho”, lembra. Mudança de rotina Mas não foi só a vida de Sérgio que se transformou com a chegada da nova medicação, a da mãe do menino também. “Esse tratamento mudou meu psicológico, porque a cada internação a gente sofria. Eu era uma mãe muito tensa. Eu tinha despertador de 3 em 3 horas para acompanhar os horários dele. Hoje eu estou cuidando um pouco mais de mim”, admitiu. A história é semelhante na casa da família Nobre Leite. A dona de casa Leda, 34, conta que o filho William foi diagnosticado com fibrose cística aos dois meses de idade após apresentar refluxo. “Todo dia que ele comia, ele vomitava. Um dia levei ao pronto-socorro, ele foi internado e fez uma série de exames. Passou três dias no Hospital da Criança e depois foi para o Hospital de Base. Passamos um mês até descobrir a fibrose cística”. Antes da introdução da Trikafta, o menino estava a cada dois meses internado para tratar as consequências da fibrose. “Desde o começo do remédio, a evolução dele foi bem grande. Ele não teve mais nenhuma internação. Está indo muito bem. Melhorou o pulmão e o ganho de peso”, detalha a mãe. “A fibrose afetava muito o nosso dia a dia. Ele era muito secretivo, tossia muito, ficava com mal estar, atrapalhava na alimentação. Graças a Deus depois que começou a Trikafta ele teve uma melhora muito grande”, acrescenta. Trikafta age diminuindo quantidade de sintomas da doença, resultando em qualidade de vida a pacientes e seus familiares Tratamento revolucionário Integrado ao SUS no ano passado, o remédio age diminuindo a quantidade de sintomas da doença e, consequentemente, reduzindo hospitalizações e mortes e tirando os pacientes das filas de transplante, bem como dando mais qualidade de vida aos diagnosticados e seus familiares. Segundo dados de julho de 2025 do Hospital da Criança de Brasília (HCB) — instituição que integra a rede pública de saúde do Distrito Federal —, 91,9% das crianças e dos adolescentes em uso da medicação tiveram redução dos sintomas. A fibrose cística é uma doença genética hereditária que afeta, principalmente os sistemas respiratório e digestivo, ao causar o acúmulo de secreções espessas nos pulmões, pâncreas e outros órgãos, devido a uma mutação no gene CFTR (Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator, em português regulador da condutância transmembrana na fibrose cística), que resulta no mau funcionamento do transporte de cloro e sódio nas membranas celulares. Segundo dados de julho de 2025 do Hospital da Criança de Brasília (HCB) — instituição que integra a rede pública de saúde do Distrito Federal —, 91,9% das crianças e dos adolescentes em uso da medicação tiveram redução dos sintomas Criado a partir da junção de três terapias — elexacaftor, tezacaftor e ivacaftor —, o remédio atua como um modulador de CFTR, proteína defeituosa que começa a trabalhar de forma mais efetiva. O remédio diminui a inflamação dos órgãos afetados de forma progressiva. “É um medicamento disruptivo. É impressionante o resultado. Nunca vivemos isso na fibrose cística e acho que dificilmente em outras doenças. É muito revolucionário. Porque ele vai dentro da célula e corrige esse canal. Com a abertura, o defeito básico é corrigido e o paciente começa a ter as secreções menos viscosas”, destaca a pneumologista pediátrica do HCB, Luciana Monte. De uso contínuo, a medicação é indicada na rede pública brasileira a partir dos 6 anos de acordo com o tipo de mutação do paciente. Hoje, a bula brasileira já registrou 271 mutações da doença no país. Antes do fornecimento da medicação, o tratamento tinha como foco atuar nas consequências do problema no canal de cloro. “Quando não temos os moduladores de CFTR, tratamos tudo que acontece de complicação. Vamos fluidificar o muco pulmonar e respiratório, para que a pessoa consiga tirar essa secreção. Vamos fazer fisioterapia. No pâncreas, fazemos a ingestão das enzimas. Vamos correndo atrás do prejuízo. É um tratamento muito complexo e com uma carga muito grande para famílias. São mais de 10 remédios todos os dias. Sabemos que esses tratamentos são importantíssimos para manter a vida dessas pessoas e o mínimo de qualidade, mas não são suficientes”, aponta a médica. "Eles vão poder viver e realizar sonhos. Antes eles viviam para a doença, agora, estão podendo viver”, destaca a pneumologista pediátrica do HCB, Luciana Monte, sobre a mudança de vida dos diagnosticados “Quando vem o modular é que vemos a diferença. Eles têm motivação para ir atrás dos sonhos. Hoje, 25% das pessoas com fibrose são adultos e 75% são pacientes pediátricos. Isso é muito triste, porque eles estão morrendo cedo. Esse remédio está mudando esse paradigma. Eles vão poder viver e realizar sonhos. Antes eles viviam para a doença, agora, estão podendo viver”, define Luciana Monte. No Distrito Federal, o Hospital da Criança de Brasília e o Hospital de Base são as unidades de referência de tratamento, sendo a primeira voltada para pacientes infantojuvenis e a segunda para os adultos com a doença.
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Atividades de dança levam alegria e bem-estar a pacientes do Hospital da Criança de Brasília
“Na ponta do pé. Agora um plié. Muito bem! Dá uma voltinha”. Meninas e meninos mantêm os olhos focados nos comandos das professoras de balé. O cenário, porém, não é um estúdio ou uma academia, mas os corredores do Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB). Por um instante, os pacientes mirins focam em algo leve e lúdico. Uma das pacientes do HCB, Alice Ferreira Cruz se diverte com a ação de balé nos corredores do hospital | Foto: Jhonatan Cantarelle/Agência Saúde-DF Alice Ferreira Cruz, 9 anos, esticava os braços e tentava seguir cada passo. A pequena paciente foi diagnosticada com hiperplasia adrenal congênita – uma doença que afeta as glândulas suprarrenais, responsáveis pela produção de hormônios. Sob a supervisão de princesas e vilãs bailarinas, Alice pôde experimentar a dança, dando uma pausa na internação após a cistoscopia (exame que verifica a bexiga e a uretra). “Tentamos abrandar a seriedade do ambiente hospitalar e a ansiedade que vem com os procedimentos pelos quais elas precisam passar” Jessica Caeli, voluntária “Acho essa ação maravilhosa. Elas [as crianças] ficam mais alegres. Até eu fico! Estar aqui é bastante difícil para eles e para a gente”, conta a mãe de Alice, Ariane Ferreira de Oliveira, 40. Voluntário, o projeto Na Pontinha do Pé HCB foi criado em 2016 e idealizado pela médica Luciana Monte, pneumologista pediatra no HCB e aluna de balé clássico há mais de 20 anos. A ideia é proporcionar experiências e recreações para amenizar os sintomas psicológicos e emocionais decorrentes das doenças graves e seus tratamentos. Bailarina profissional e uma das voluntárias, Jessica Caeli, 40, explica que o trabalho por meio da dança busca ressignificar a internação. “O nosso lema é ‘aliviar a dor em cada passinho’. Tentamos abrandar a seriedade do ambiente hospitalar e a ansiedade que vem com os procedimentos pelos quais elas precisam passar”, diz. “Quando um paciente tem que tirar sangue, por exemplo, mas não quer, pois sente medo, o incentivamos com passos de balé: ‘Olha como a bailarina estica o braço'”, conta. Projeto é adaptado para todos os pacientes, independentemente de gênero e condição física Para todos As atividades começam com alongamentos típicos do balé. Aos poucos, os principais passos são inseridos, como o plié, skip e a ponta do pé. A música clássica está sempre presente, mas hits do momento são incluídos na aula. Personagens de contos de fadas também participam, com bailarinas fantasiadas, desta vez de Branca de Neve e Bruxa Má. “O projeto consiste em dar aulas de balé aqui mesmo na entrada do hospital. Para incluir todo mundo, adaptamos. E assim, meninos e meninas dançam e se divertem. Depois da aula, passamos pelos corredores da internação”, detalha Caeli. Pedro Henrique Gomes, de 3 anos, tenta aprender todos os passos Encantado, Pedro Henrique Gomes, 3, admirava as personagens de contos de fadas, enquanto tentava um plié. A mãe Elen Raissa Gomes Evangelista, 29, demonstrou gratidão: “Meu filho gostou demais. Ele passou por um procedimento para retirar a pele na bexiga e apenas chorava. Só tenho que agradecer o trabalho que elas fazem.” Origem dos passinhos O projeto iniciou após Monte enfrentar o desafio de convencer uma paciente de 2 anos a aceitar os tratamentos quando estava internada com pneumonia e insuficiência respiratória – ambas decorrentes de uma leucemia grave. O canal de interação encontrado foi o balé e, aos poucos, a pequena aceitou o uso da máscara de oxigênio e demais procedimentos. Na ocasião, a paciente havia confessado que o sonho era conhecer uma bailarina de verdade. As atividades se consolidaram e, desde então, são realizadas às sextas, exceto nos feriados, pela manhã ou à tarde, tanto nas dependências do ambulatório quanto na área da internação. A iniciativa atende qualquer criança de 1 a 18 anos e seus familiares, independente da condição física. Voluntários Sem fins lucrativos, o grupo é formado por voluntários. Para fazer parte, basta cumprir os seguintes requisitos: → Morar em Brasília; → Ter mais de 18 anos de idade; → Ter experiência com balé por pelo menos 5 anos; → Gostar de lidar com crianças; → Sentir-se à vontade em ambiente hospitalar; → Ter disponibilidade às sextas-feiras (horário da manhã ou da tarde) → Solicitar uma entrevista à coordenação geral por meio do e-mail: napontinhadope.hcb@gmail.com *Com informações da SES-DF
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Em noite emocionante, pacientes do Hospital da Criança de Brasília entram em campo com as seleções do Brasil e da Colômbia
Heróis brasileiros entraram em campo na noite desta quinta-feira (20) na Arena BRB Mané Garrincha. E não estamos falando dos jogadores da Seleção Brasileira Masculina de Futebol que enfrentaram a Colômbia em partida das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. O timaço que roubou a cena no gramado nesta noite foi a Seleção de Guerreiros do HCB, composta por 30 pacientes em tratamento de câncer ou de doenças raras no Hospital da Criança de Brasília (HCB). Carregando as bandeiras ou ao lado dos jogadores das duas seleções, os pequenos deram um show de alegria, emocionando todos os presentes. O timaço que roubou a cena no gramado nesta noite foi a Seleção de Guerreiros do HCB, composta por 30 pacientes em tratamento de câncer ou de doenças raras no Hospital da Criança de Brasília (HCB) | Fotos: Renato Alves/Agência Brasília A preparação das crianças começou cedo. Por volta das 17h, elas já aguardavam na recepção do hospital munidas de uniforme, chuteira, meião e muita alegria. Assim como costuma fazer a Seleção Brasileira, as meninas e os meninos foram levados ao estádio em três ônibus – um do Corpo de Bombeiros e dois da TCB (Sociedade de Transportes Coletivos de Brasília) – e uma van, conduzidos por batedores da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) que foram abrindo o trânsito. O governador Ibaneis Rocha e a primeira-dama Mayara Noronha Rocha com as crianças que entraram em campo com os jogadores da Seleção Brasileira e do time colombiano A ação foi promovida pelo Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Chefia-Executiva de Políticas Sociais, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “Eu vi [nas crianças] a tradução da palavra esperança, eles que estão enfrentando grandes desafios no tratamento. Tem a fé e a esperança na saúde e a fé e a esperança ao entrar em campo. Não foi só uma partida de futebol, foi algo muito maior. Eu consegui definir tudo que a gente viveu nessa preparação para o jogo como uma dose, uma injeção de cura. Isso que aconteceu hoje faz parte do tratamento”, avaliou a primeira-dama do Distrito Federal, Mayara Noronha Rocha, idealizadora da iniciativa. Experiência inédita A maior parte das crianças nunca havia pisado em um estádio antes e a experiência de entrar em campo e conhecer os jogadores foi inédita para todas. “Estou muito feliz, porque eu nunca fui num jogo na minha vida”, contou Elisa Amaral, 8 anos, que entrou junto aos jogadores da Seleção colombiana. Animada pela oportunidade, a pequena acordou cedo e ao meio-dia já estava preparada para o jogo: “Fiquei o dia todo imaginando como seria”. Além de um adereço verde e amarelo no cabelo, Elisa vestia uma espécie de braçadeira com a bandeira do Brasil. O flamenguista Arthur Ávila entrou de mãos dadas com o meia Gerson, do rubro-negro carioca: “Foi muito legal” A mãe Tatiana Lira do Amaral, 40, disse que estava até mais ansiosa que a menina. “Dessa vez quem não dormiu foi eu. Acordei às 5h30 com frio na barriga. É uma emoção muito grande. Só a gente sabe o que passou nesses dois anos de tratamento. Nunca imaginei que pudéssemos viver uma alegria tão grande”, revelou. Para a matriarca, ver Elisa em campo representa a luta dela e de tantas outras crianças. “Nesses dois anos, tantos coleguinhas passaram e não tiveram a mesma felicidade que ela de estar viva. Então, com certeza, a Elisa representa todas essas crianças e essas batalhas”, completou. A família de Rafael Barcelos, 7, definiu a noite no estádio como a coroação do fim do tratamento do garoto de um câncer no cérebro. “No início deste mês, ele fez a última quimioterapia e hoje já está liberado. Então é um dia de festa, de alegria e muito emocionante para nós. Ele já teve muitas privações, então é uma oportunidade dele ter um momento de alegria, de ser algo marcante na vida dele”, afirmou a mãe do garoto, Flávia Lara, emocionada. “Eu vi [nas crianças] a tradução da palavra esperança, eles que estão enfrentando grandes desafios no tratamento. Tem a fé e a esperança na saúde e a fé e a esperança ao entrar em campo. Não foi só uma partida de futebol, foi algo muito maior”, avaliou a primeira-dama do Distrito Federal, Mayara Noronha Rocha, idealizadora da iniciativa Se para a matriarca era difícil conter as lágrimas, para Rafael era impossível não sorrir depois de adentrar ao lado dos jogadores da Colômbia. “Esse é o dia mais feliz da minha vida”, disse o menino, que é fã de futebol e do xará Raphinha, do Barcelona. Animação é o que não faltou para o pequeno Theo Silva, 3, que esbanjou carisma ao lado do goleiro Alisson Becker. Ele ensaiou em casa com a mãe Raiane Silva, 29, o Hino Nacional para fazer bonito em campo. “Estou muito feliz de podermos estar proporcionando isso a ele. Nunca pensei que pudesse levar uma criança com deficiência física a um estádio. Essa ação mostra que ele pode ir a qualquer lugar. Não tem diagnóstico que vá limitar até onde ele pode chegar. Acho que é isso que esse dia representa”, definiu. Ao assistirem as crianças adentrar o gramado, os pais, da arquibancada, não contiveram as lágrimas. “Emocionante demais, chorei muito. Nunca imaginei essa sensação. É única”, apontou Hellen Ávila, mãe do flamenguista Arthur Ávila, que entrou de mãos dadas com o meia Gerson, do rubro-negro carioca. “Foi muito legal”, cravou o pequeno. “Foi ótimo, sensacional. Era uma coisa que ele sempre quis”, emendou Rosângela Rodrigues, mãe de Alexandre Rodrigues, que confessou estar feliz por ter vencido o próprio receio de entrar em campo: “Consegui enfrentar meu medo”. Visita dos jogadores Na quinta-feira (19), dois jogadores da Seleção Brasileira visitaram o Hospital da Criança de Brasília. Matheus Cunha, do Wolverhampton, e Estêvão, do Palmeiras, interagiram com os pacientes internados. Eles deram autógrafos e fizeram vários cliques acompanhados do Canarinho, mascote da CBF. A visita também foi organizada pela Chefia-Executiva de Políticas Sociais.
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Profissionais de saúde usam brinquedos terapêuticos para amenizar tratamentos complexos
No Hospital da Criança, o ato do brincar é usado em tratamentos. Nas enfermarias, pacientes, familiares e acompanhantes participam com profissionais usando recursos divertidos para ajudar a lidar com a doença de forma lúdica. Na área de tratamento de fibrose cística, uma doença congênita que pode deteriorar rapidamente o quadro clínico e acentuar as crises pulmonares e gastrointestinais, a criança precisa ser acessada rapidamente e aderir ao tratamento. “A criança necessita de uma enzima digestiva para melhor a digestão de alimentos, então usamos umas ‘cápsulas animadas’ para saber o que as enzimas fazem no trato gastrointestinal. Brincando, conseguimos chegar aos objetivos de forma terapêutica”, diz a enfermeira Kely Poliana, que atua na área. Nas mãos das enfermeiras do Hospital da Criança, o mundo mágico do brincar se transforma com massinhas de modelagem e biscuit | Foto: Divulgação/HCB Para usar o recurso de forma terapêutica, ela diz que nunca encontrou um brinquedo específico, então, ao longo dos anos, foi adaptando, refinando recursos. “Temos o pulmão de material emborrachado com que o paciente brinca. Temos a reprodução de algumas bactérias e, dessa forma, fomos construindo ao longo do tempo alguns recursos e com materiais simples”, diz a enfermeira. Nas mãos das enfermeiras do Hospital da Criança, o mundo mágico do brincar se transforma com massinhas de modelagem e biscuit. Uma pia de brinquedo é um instrumento eficiente para ensinar a família e o paciente como higienizar os utensílios usados para nebulizar. Heda de Alencar, da área de diabetes do Hospital da Criança e mestre de tecnologia e inovação em enfermagem, diz que improvisa recursos para brincar. “Nós temos uma almofadinha de aplicação de insulina para os pacientes e desenvolvemos diversas brincadeiras como colocar o paciente para responder perguntas, para que saiba o que fazer quando a glicemia está baixa. A gente educa de uma forma que aquele momento de furar o dedo do paciente para aplicar insulina não seja tão traumático. Então, temos de empregar uma forma mais lúdica e mais agradável para que o momento seja o menos dolorido ao usar o instrumento perfurante”, afirma. “Ansiedade, dor e medo diminuem substancialmente. É o antes e o depois quando há o brinquedo”, destaca Simone Prado, diretora de Práticas Assistenciais. Em maio, quando se comemora o Dia do Enfermeiro e do Técnico de Enfermagem, a equipe do Hospital da Criança participou de vários cursos para vivenciar as práticas dentro da linha de atuação de uma enfermagem de precisão e práticas avançadas. Experiências bem-sucedidas Um dos pacientes passou por um transplante hepático, cuja cicatriz fica muito aparente no abdômen. No retorno ambulatorial, o menino recebeu um boneco parecido com ele e que apresentava uma cicatriz igual. A identificação foi importante e o menino adotou o brinquedo como companheiro , auxiliando na aceitação no momento crítico da recuperação. A prática se repete em todos os casos mais graves. Uma das pacientes que sofreu alopécia, que leva a perda do cabelo, recebeu de presente uma boneca com as mesmas características e foi o diferencial para aceitar a situação que se encontrava e o tratamento. Essas experiências são o resultado do uso do brinquedo terapêutico instrucional aplicado no dia a dia do tratamento. Os profissionais, ao se dirigirem ao paciente , devem usar uma linguagem simples e clara, e com o uso dos bonecos mostram como será o tratamento e a recuperação. E os bonecos podem ser acompanhantes dos pacientes antes ou depois, dependendo da faixa etária e da necessidade do uso do brinquedo. *Com informações do Hospital da Criança de Brasília (HCB)
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Hospital da Criança registra 90% de cura em crianças com tumores de Wilms
Estar de volta ao Hospital da Criança de Brasília (HCB), agora como visitante, gerou um turbilhão de sentimentos na professora Géssika Dourado, 33 anos. Depois de longos cinco anos de tratamento, a sensação é de gratidão por, enfim, poder dizer que sua filha Débora, hoje com 11 anos, está curada de um câncer no rim, conhecido como tumores de Wilms. Por ano, o HCB acolhe, em média, cerca de 40 pacientes com leucemia e 12 com tumores de Wilms. O hospital conta com 200 leitos para todas as especialidades. Destes, 56 são de UTI. Na rede pública de saúde do Distrito Federal, todos os pacientes de câncer infantil são tratados pela instituição. Géssika Dourado e a filha, Débora, curada de um câncer no rim, conhecido como tumores de Wilms | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília Graças à alta expertise do corpo técnico aliada aos equipamentos de ponta, o HCB registrou uma alta na sobrevida das crianças diagnosticadas com tumores de Wilms. Dados de 2018 a 2023 apontam que 90% das crianças com tumores de Wilms acolhidas pelo Hospital da Criança não tiveram recaídas em cinco anos após o fim do tratamento da doença. A pequena Débora faz parte desta estatística. “Hoje eu posso dizer que minha filha está curada”, falou a mãe, emocionada. A jovem contraiu a doença ainda na barriga da mãe, em 2012, fato este que era, até então, desconhecido pela medicina. “No pré-natal viram que tinha algo no rim, mas somente depois de dois meses de nascida que diagnosticaram com Wilms, estágio 3, ou seja, muito agressivo para a idade dela”, relatou Géssika. A partir daí, começou a corrida contra o tempo. Idas semanais aos hospitais de Base e da Criança, internações, quimioterapia, cirurgias e uma infecção por KPC (superbactéria) no meio do caminho. O otimismo e a fé foram cruciais para que os pais de primeira viagem confiassem no tratamento realizado pela instituição, que hoje é considerada referência no país. O HCB foi criado em 2011, a partir de uma parceria entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace). Destinada a atender exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição é gerida pelo Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe) “O Wilms é o único tumor que o tratamento se inicia antes mesmo da biópsia. O diagnóstico é feito pelo exame de imagem. A criança precisa passar por uma cirurgia, onde a peça é retirada para se examinar e, então, traçar um novo tratamento”, afirmou a médica oncologista e hematologista pediátrica, diretora técnica do HCB, Isis Magalhães. Hoje curada, Débora está há mais de cinco anos sem a necessidade de tratamento. As idas aos HCB ainda são apenas para acompanhamento, a cada dois anos. “O atendimento no hospital foi de extrema importância porque nós nem imaginávamos que um bebê já poderia nascer com câncer”, pontuou Géssika. Questionada sobre qual a sensação de estar de volta ao Hospital da Criança, Géssika disse, emocionada: “Sinto muita gratidão porque vi crianças morrendo naquela época. Eu até achei que ela fosse, porque aconteceram muitas coisas durante o tratamento”, completou. “Sempre que venho aqui no hospital é um mix de emoções. Lembro do que passei, vejo tantas mães na mesma situação e saio alegre por termos superado tudo isso”. Alimentação saudável e ingestão de muito líquido são algumas recomendações que a pequena Débora vai precisar carregar para o resto da vida, mas nada disso se compara com as dificuldades enfrentadas durante o tratamento. “Eu não me lembro de nada do que aconteceu. Mas eu tento imaginar o que a minha mãe sofreu comigo. Eu a vejo desesperada, triste e ansiosa. Como não tenho um rim, eu preciso beber bastante água e comer bem, mas sempre ganho da minha mãe uma recompensa por isso”, falou a garotinha. Referência A história da Débora é mais uma da qual o Hospital da Criança de Brasília muito se orgulha. A instituição é referência não só no tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA), forma mais agressiva e rara de câncer infantil, como também da leucemia linfoide aguda (LLA), neoplasia maligna mais comum na infância. Neste tipo de câncer, o HCB registrou uma taxa de 85,7% de sobrevida entre os pacientes. O HCB foi criado em 2011, a partir de uma parceria entre o Governo do Distrito Federal (GDF) e a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace). Destinada a atender exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição é gerida pelo Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (Icipe). “Temos uma equipe de oncologistas e hematologistas, além de psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, dentistas, nutricionistas, psiquiatras e terapeutas ocupacionais. Cada um tem uma expertise maior em determinado tumor, por isso a importância de uma equipe multidisciplinar”, defendeu Isis Magalhães.
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Equipe do HCB recebe homenagens pelo atendimento a casos de autismo
Em homenagem ao Dia Mundial da Conscientização do Autismo, médicos do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) compareceram a uma sessão solene, realizada no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A cerimônia ocorreu na manhã desta quinta-feira (4), por iniciativa do deputado distrital Jorge Vianna, a fim de oferecer uma plataforma que garantisse a visibilidade necessária ao tema. A solenidade foi marcada por cuidados com os autistas presentes – os aplausos foram substituídos por palmas em Libras, com os braços levantados e balançando as mãos | Fotos: Divulgação/ HCB O grupo que representou o HCB na cerimônia, composto por médicos, psicólogos, musicoterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais, recebeu homenagens e contribuiu para mudar o perfil do tratamento do autismo. “Acredito que ainda seja muito importante conscientizarmos sobre o autismo. No dia a dia, ainda há muitas dificuldades com questões relacionadas ao preconceito”, comentou Hernane Machado, médico psiquiatra no Hospital da Criança. 2 milhões Estimativa de pessoas com TEA no Brasil, de acordo com a OMS A descrença e o descaso diante do diagnóstico não vêm, necessariamente, de pessoas distantes ou desconhecidas; segundo Machado, a própria família do paciente pode vir a perpetuar comportamentos capacitistas que são muito danosos para a criança. “Às vezes, os próprios familiares dos pacientes não acreditam na existência do TEA ou associam a origem do transtorno à problemas de educação/criação ”, complementa. Além do psiquiatra, compareceram, também, profissionais de neurologia pediátrica, musicoterapia, fonoaudiologia, enfermagem, terapia ocupacional e psicologia. O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado no dia 2 de abril, é uma data estipulada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para difundir conhecimento sobre a condição, quebrar preconceitos e combater o capacitismo sofrido por quem lida com o distúrbio. O transtorno do espectro autista (TEA) acomete, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em torno de 2 milhões de pessoas no Brasil, mas ainda é um tema muito desconhecido pela maior parte da população. Médicos, psicólogos, musicoterapeutas, fonoaudiólogos e assistentes sociais do HCB receberam homenagens pelo trabalho dedicado ao autismo A solenidade foi marcada por muito cuidado, pensando em como estabelecer um ambiente acolhedor para aqueles que receberam o diagnóstico do transtorno – os tradicionais aplausos barulhentos e estridentes, que poderiam desencadear crises para os pacientes TEA que estavam presentes, por exemplo, foram substituídas por palmas em Libras, feitas com os braços levantados e balançando as mãos. “Muitos adultos são autistas e não sabem, porque não tiveram o diagnóstico correto” Amadeu Alcântara, otorrinolaringologista do HCB O deputado Jorge Vianna comentou sobre como a desinformação dificulta o diagnóstico e a qualidade de vida do paciente, além de fomentar variadas formas de preconceito. “Para além da conscientização, cabe ao poder público o dever de garantir os direitos de pessoas autistas”, observou Vianna. Próximo ao final do evento, Amadeu Alcântara, otorrinolaringologista que descobriu seu diagnóstico de TEA durante a graduação, subiu ao palco para falar sobre sua experiência ao receber a confirmação do quadro de autismo. “Muitos adultos são autistas e não sabem porque não tiveram diagnóstico correto, avaliação neuropsicológica ou um profissional que se debruçasse sobre eles. E essa é nossa realidade até hoje”, alerta Alcântara. Segundo o médico, o diagnóstico precoce e o tratamento durante as fases iniciais oferecem uma maior qualidade de vida. “Boa parte das famílias de pacientes com TEA só consegue acesso a tratamentos com o laudo, e é urgente que essas pessoas não fiquem esperando por conta da neuroplasticidade, isso é, a capacidade do cérebro de moldar-se”, reitera o profissional. *Com informações do Hospital da Criança de Brasília (HCB)
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Curso aprimora profissional da área da farmácia hospitalar
O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) realiza, desde 2022, cursos de aprimoramento em farmácia hospitalar na modalidade fellowship. O primeiro aluno a concluir a formação foi Rafael Cardoso, graduado em farmácia em 2009 e que encerrou o aprimoramento no HCB neste mês. “Sempre tive vontade de fazer um curso de aperfeiçoamento mais intenso, para aprender, realmente. Geralmente, a pós-graduação não tem esse aprendizado intensivo que o fellowship proporciona”, conta Cardoso. O curso é voltado a profissionais já graduados que tenham interesse em ir além do aprendizado teórico. O curso é ministrado com a supervisão de profissionais do Hospital da Criança de Brasília desde 2022 | Foto: Divulgação/HCB “A ideia é que eles saiam daqui como farmacêuticos; que saibam manipular, conversar com o médico, entender um protocolo. Tratamos como se fosse um farmacêutico nosso, mas com supervisão e com uma parte teórica para entender o hospital, os processos internos”, explica a supervisora de farmácia do hospital, Karina Ribeiro. Rafael Cardoso avalia a experiência de forma positiva. “Apesar de já ser farmacêutico, eu não tinha experiência com a arte de manipular medicamentos antineoplásicos. O curso trouxe bastante aprendizado em oncologia pediátrica, foi um divisor de águas na minha carreira”. Para Cardoso, a experiência no fellowship terá impacto positivo em sua vida profissional. “É um curso pioneiro na região. Com ele, consigo mais chances de colocação no mercado de trabalho e de atuar na área de oncologia – que, cada vez mais, tem requisitado profissionais com bastante expertise”. As inscrições para cursos oferecidos pelo HCB – tanto para o aprimoramento em farmácia hospitalar quanto para outras áreas – são feitas pelo site do hospital. Para verificar turmas abertas e informações sobre inscrições, acesse este link. *Com informações do Hospital da Criança de Brasília (HCB)
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