Oficina ensina a preparar difusor de citronela contra o Aedes aegypti
Uma forma fácil e econômica de combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor de dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana. Foi com essa premissa que quase 200 participantes aprenderam a preparar o difusor com capim citronela na manhã deste sábado (9). A oficina foi ministrada pela equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 do Riacho Fundo I, em parceria com o Núcleo Farmácia Viva e com a Associação dos Especialistas da Secretaria de Saúde (SES-DF). O uso do difusor de citronela tem mostrado grande eficácia no combate ao Aedes aegypti. Melhor horário para utilização é entre 17h e 18h, quando os mosquitos costumam aparecer | Fotos: Karinne Viana/Agência Saúde-DF Grande parte dos presentes no evento vive na Colônia Agrícola Sucupira, uma região vulnerável à doença, segundo a gerente da unidade, Cláudia Beatriz Nogueira. “É uma área mais suscetível à dengue e propensa à presença do mosquito transmissor devido ao acúmulo de lixo e à falta de informações adequadas sobre prevenção”. A citronela é semelhante ao capim santo em aparência, mas possui um aroma distinto. Ao ser espremida entre os dedos, a erva exala um cheiro parecido ao do eucalipto. O odor agradável aos humanos se torna um verdadeiro “terror” para os mosquitos, inclusive, ao Aedes aegypti. “A preparação do difusor é um processo simples, seguro e econômico. Temos constatado sua eficácia como um método altamente efetivo”, assegura a farmacêutica da Equipe Multidisciplinar (E-multi) da UBS 1 do Riacho Fundo I, Daniella Moraes. Para criar o difusor, é necessário colher folhas frescas da planta e cortá-las em pedaços de aproximadamente dois centímetros. O ideal é coletar pela manhã, por ser um período com maior concentração do óleo essencial Durante a oficina, foram sorteados 20 difusores preparados pela equipe, juntamente com seis mudas de citronela. A Farmácia Viva do Riacho Fundo I oferece a planta àqueles interessados em criar o repelente em casa. Moradora da Colônia, Aline Montes, 32 anos, aprendeu a elaborar a mistura no evento. “Foi uma iniciativa muito interessante, pois auxilia a população a cuidar da saúde, já que a dengue é um problema que não pode ser negligenciado. Com certeza vou usar no meu lar, pois moro em uma região onde tem muitos mosquitos. É sempre bom ter opções para espantá-los do ambiente”, afirma. A diarista Camila Nascimento, 30, também foi uma das participantes e ficou entusiasmada ao preparar o repelente. “É muito importante estarmos atentos e conscientes, compartilhando informação com outras pessoas também. Eu não sabia que tinha esse preparo natural, mas agora vou fazer em casa sempre.” Preparo Para criar o difusor, é necessário colher folhas frescas da planta, sem sinais amarelados ou de ferrugem, e cortá-las em pedaços de aproximadamente dois centímetros. Segundo a farmacêutica, o ideal é coletar pela manhã, por ser um período com maior concentração do óleo essencial. “Não sabia que havia preparo natural contra o mosquito da dengue. Agora vou usar sempre”, diz a diarista Camila Nascimento, participante da oficina Os pedaços devem ser colocados dentro de um recipiente de vidro de boca larga, preferencialmente escuro, preenchendo-o o máximo possível. Caso o vidro seja transparente, é necessário envolvê-lo com folha de alumínio ou papel pardo. Depois, basta acrescentar etanol de 70% INPM, ou superior, até cobrir todas as folhas. Em seguida, é importante fechar o pote e deixá-lo descansar por sete dias, agitando-o diariamente. Após esse período, a mistura deve ser filtrada e transferida a um frasco de vidro escuro de até 100 mililitros, rotulado com as especificações e a data de validade. Fechado, o produto tem prazo de, no máximo, até um ano. Após aberto, pode ser utilizado por até três meses. Quando for difundir a mistura no ambiente, basta inserir três palitos de madeira Pinus, com aproximadamente 20 cm de comprimento, e aguardar 15 minutos para absorção antes de virá-los. O melhor horário de utilização é no fim da tarde, entre 17h e 18h, quando os mosquitos aparecem com mais frequência. Mais detalhes sobre o preparo do difusor de Capim Citronela podem ser acessados aqui. Prevenção Na oficina, os participantes também tiveram a oportunidade de assistir a uma palestra sobre prevenção da dengue, ministrada pela agente de Vigilância Ambiental Célia Cunha. Ela enfatiza a importância de adotar medidas preventivas para evitar a propagação da doença. “Promovemos essas ações com o intuito de sensibilizar a população, pois acreditamos que informação nunca é demais”, argumenta. “É importante impedir o acúmulo de água parada, como nas calhas, por exemplo. São locais de difícil acesso e que não costumam ser checados com frequência. Além disso, destacamos a importância de colocar areia até a borda nos pratos de plantas e de limpar os ralos de banheiros que não são muito utilizados”, orienta. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Moradora do Riacho Fundo II, Alana Oliveira, 41, expressou sua gratidão pela ação dos profissionais de saúde. “Essa campanha contra a dengue tem um propósito nobre. Beneficia aqueles que têm acesso limitado à rede ou não têm tempo para acompanhar as notícias na televisão. Fiquei impressionada com a iniciativa, pois vai além da relação profissional e paciente. Mostra que há uma preocupação genuína com o bem-estar do próximo e com as dificuldades que cada pessoa enfrenta”, relata. A SES-DF, por meio da Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival), realiza ações contínuas de combate à dengue durante todo o ano, o que contribuiu para uma redução significativa no número de casos prováveis da doença. No entanto, com a chegada do período chuvoso, é fundamental redobrar os cuidados, pois um único ovo do Aedes aegypti pode sobreviver por até 400 dias sem contato com a água, aguardando apenas o momento propício para se desenvolver. Entre as iniciativas permanentes adotadas pela pasta estão o fumacê, o manejo ambiental, o controle químico, as inspeções dos agentes de vigilância a residências e o investimento em novas tecnologias. Até o início de dezembro deste ano, foram notificados 43.265 casos suspeitos de dengue na capital, sendo 31.997 considerados prováveis. Esses números representam uma redução de 55,5% em comparação ao mesmo período de 2022, quando foram registrados 67.950 casos prováveis da doença. *Com informações da SES-DF
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Secretaria de Saúde utiliza cada vez mais fitoterápicos em tratamentos médicos
Secretário de Saúde avalia a ampliação da Farmácia Viva referência em fitoterápicos A experiência popular alinhada ao conhecimento cientifico dos farmacêuticos da Secretária de Saúde é uma fórmula que deu certo. Prova disso é o Núcleo de Farmácia Viva, que há 29 anos trabalha na produção de medicamentos cuja matéria-prima ativa são os vegetais, os chamados fitoterápicos. A Secretaria distribuiu, de forma gratuita, à população do Distrito Federal, no ano passado, cerca de 27 mil medicamentos em 21 Unidades Básicas de Saúde. A intenção é aumentar a estrutura para ampliar a produção. “Há 30 anos falar em fitoterápico e atenção primária era um tabu. Hoje, não. Prova de que deu certo é que a Farmácia Viva está há tanto tempo funcionando bem e atendendo cada vez mais gente”, comemora Nilton Neto, chefe do Núcleo. Localizada no Riacho Fundo 1, a Farmácia Viva atualmente ocupa o espaço da antiga residência do ex-presidente da República Ernesto Geisel. No local, trabalha uma equipe de 13 funcionários. Entre eles, farmacêuticos e técnicos responsáveis por produzir, em média, 2.300 fitoterápicos ao mês. O secretário de Saúde Osney Okumoto estuda a possibilidade de reformar e ampliar a estrutura da Farmácia Viva, iniciativa pioneira no Brasil em relação ao fornecimento de medicamentos fitoterápicos para a rede pública de saúde. “Esta é uma experiência exitosa”, elogia Okumoto. “Mas já está no limite da sua produção, em decorrência do tamanho da área do laboratório disponível. Como secretário e farmacêutico, quero participar desse projeto de ampliação e oferecer condições melhores”, afirmou, ressaltando que o local é uma construção antiga e tem a necessidade de expansão. Plantas As plantas usadas na confecção das fórmulas são cultivadas de forma orgânica na área da própria Farmácia Viva e, também, nos terrenos do Complexo Penitenciário da Papuda e do Centro Nacional de Recursos Genéticos, parceiros do projeto. Após a colheita, as ervas são selecionadas, secadas em estufa e trituradas até se transformarem em pó. Com o material, é feita a extração da tintura ou extrato com álcool. A exceção é para a babosa, que é utilizada na versão fresca para a produção do gel cicatrizante. Todos os medicamentos produzidos são certificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Resultados O resultado é percebido no dia a dia, com a farmácia sempre cheia de pessoas à procura dos fitoterápicos. “Esses medicamentos têm uma credibilidade muito grande junto à população porque agregam cultura com pesquisa científica. É a junção da tradição com a ciência. Por serem mais naturais, eles têm uma maior aceitação do paciente”, explica Josias Junior, enfermeiro que há 30 anos trabalha na secretária de Saúde. É importante ressaltar que mesmo sendo medicamentos de origem vegetal, os fitoterápicos não podem ser usados sem a prescrição de um médico, farmacêutico, enfermeiro ou de um nutricionista. “O ideal é que eles sempre passem antes por um especialista da saúde, pois há outros problemas como hipertensão, diabetes ou uso de outras medicações. Não é porque é natural que não faz mal”, afirma Fernanda Melchior, médica de Família e Comunidade. A paciente Lindalva Alves da Paixão, moradora de Taguatinga, utiliza o gel de baleeira, carro-chefe da Farmácia Viva, há um ano e meio. “Ele faz muito bem para mim, eu prefiro remédios fitoterápicos. Os efeitos são mais lentos, porém significativos. A minha irmã usou a tintura de boldo e tintura de funcho e gostou muito, também”, conta Lindalva. Produtos A Farmácia Viva produz nove medicamentos, de sete plantas diferentes. As principais plantas medicinais cultivadas no local são: Guaco: auxilia no tratamento de gripe, resfriado e infecções respiratórias que apresentam muco; Babosa: ajuda na cicatrização de machucados; Boldo: auxilia na digestão; Erva baleeira: antiinflamatório em dores associadas a músculos e tendões; Alecrim pimenta: antisséptico e antimicótico escabicida. Confrei: cicatrizante, equimoses hematomas e contusões. Tintura de funcho: antiflatulento, antidispéptico e antiespasmódico.
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