Colegiado aprova restauração da Praça dos Três Poderes e usina solar no Palácio da Alvorada
O Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural do Distrito Federal (Condepac-DF) – órgão colegiado vinculado à Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) – realizou, nesta terça-feira (12), sua 30ª reunião ordinária, aprovando dois projetos de relevância para a preservação e atualização do patrimônio tombado da capital: a restauração da Praça dos Três Poderes e a implantação de uma usina solar fotovoltaica no Palácio da Alvorada. “Brasília é referência mundial em patrimônio cultural, e nosso compromisso é garantir que essa herança seja preservada com inovação, sustentabilidade e respeito à diversidade. A aprovação da restauração da Praça dos Três Poderes e da usina solar no Palácio da Alvorada, somada à nossa firme atuação contra o vandalismo na Praça dos Orixás, reforça que a cultura do DF é viva, plural e símbolo de identidade para todo o país”, destacou o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF e presidente do Condepac-DF, Claudio Abrantes. Em reunião realizada nesta terça (12), o Condepac-DF aprovou a restauração da Praça dos Três Poderes e a implantação de uma usina solar fotovoltaica no Palácio da Alvorada | Foto: Divulgação/Secec-DF A requalificação da Praça dos Três Poderes, solicitada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), prevê melhorias em acessibilidade, iluminação, drenagem e mobiliário urbano, além da recuperação de elementos originais, como o piso em pedra portuguesa e as esculturas. O projeto respeita as diretrizes do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (Ppcub) e mantém a identidade arquitetônica idealizada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer. [LEIA_TAMBEM]Já a usina fotovoltaica no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, foi considerada compatível com a preservação do bem tombado, por apresentar baixo impacto visual, integração paisagística e possibilidade de reversão futura. O projeto, fruto de acordo entre a Presidência da República e a Neoenergia, prevê 1.922 módulos solares instalados em área afastada do espelho-d’água e dos jardins formais, reforçando a adoção de energia limpa em edificações históricas. Na mesma sessão, o Condepac-DF aprovou manifestação de repúdio ao ato de vandalismo contra a imagem do orixá Ogum, na Praça dos Orixás (Prainha), classificada como patrimônio cultural imaterial do DF. O Conselho recomendou a criação de protocolos interinstitucionais para proteção de bens de matriz africana, a restauração das esculturas com participação das comunidades tradicionais e a implementação de campanhas permanentes de valorização das culturas afro-brasileiras, além de reforço na segurança e iluminação do local. Com as deliberações, o colegiado reafirmou seu papel na proteção e valorização do patrimônio cultural material e imaterial de Brasília, aliando preservação histórica, sustentabilidade e respeito à diversidade religiosa. *Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF)
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Rodrigo Nardotto, o pintor cuja musa é a capital
[Numeralha titulo_grande=”6″ texto=”dias para os 60 anos de Brasília” esquerda_direita_centro=”centro”] Em homenagem à capital federal, formada por gente de todos os cantos, a Agência Brasília está publicando, diariamente, até 21 de abril, depoimentos de pessoas que declaram seu amor à cidade. Rodrigo pensa em Brasília o tempo todo quando pratica a arte da pintura. “É uma abdução, você é abduzido por Brasília”, confessa. Foto: Arquivo pessoal “Tinha um amigo meu, muito chato, que sempre me criticava. ‘Você só pinta Brasília’, ele dizia. Mas tem uma frase do escritor russo Liev Tolstói que sedimentou meu amor pela capital. ‘Quem pinta sua aldeia torna-se universal’. Depois de ouvir isso, perdi o receio de pintar Brasília. É a minha cidade e eu a amo. Estou começando a rodar o mundo com minha arte, mas quando eu volto é sempre aquele impacto: poxa, Brasília é incrível. É impossível não pintar Brasília. Todos os pintores da cidade têm quadros maravilhosos sobre ela. O cara que não pinta Brasília não é artista de Brasília. Se você morasse em Londres ia pintar o Big Ben, o rio Tâmisa. E Brasília é tão distoante, com todo esse modernismo, que não tem como. É uma influência, me falta um termo melhor, quase parasitária, que se infiltra em você, te domina, é quase uma abdução. Você é abduzido por Brasília, não tem jeito. [Olho texto=”Perdi o receio de pintar Brasília. É a minha cidade e eu a amo. Estou começando a rodar o mundo com minha arte, mas quando eu volto é sempre aquele impacto: poxa, Brasília é incrível.” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Quando eu comecei a pintar, há uns 10 anos, fiz muitos estudos em ikebana, que é uma arte floral, e que me deu vários conceitos que eu precisava, como equilíbrio, forma, contraste, cor. Quando aprendi esses conceitos, comecei a pintar o óbvio de Brasília, os monumentos, os ipês, o céu. Tanto que fiz uma série chamada ‘Óbvia Brasília’, a minha primeira, entre 2011 e 2012. Depois dela eu fiz a série ‘Placas’. Eu vi, pela cidade, placas batidas, pichadas, fazendo parte da paisagem. Achei muita poesia no fato de nós interferirmos na paisagem (fazendo as placas) e depois interferir na interferência, seja com acidente de trânsito, com a pichação. Aí eu pintei as placas de Brasília com Brasília de fundo, ficou bem legal. Tanto que o embaixador da Bélgica na época, o Josef Smets, comprou uma tela e disse que nunca tinha visto, em lugar nenhum do mundo, uma placa avisando que as pessoas não buzinam, como tem aqui. Depois dessa eu pintei uma série sobre como teria sido se o Van Gogh tivesse pintado Brasília. Eu comecei pintando Brasília, pintei 24 telas aqui, fiz ‘A Noite Estrelada’ no Palácio da Alvorada. Mas achei pouco e nós (o Van Gogh e eu) viajamos para o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Agreste e Sertão. Pintei mais de 90 telas com esse tema. Eu não tenho tempo nem muita paciência pra fazer o plein air, aquela pintura ao ar livre. Como bom brasiliense, ando muito de carro. Quando eu vejo um cenário que acho que vai dar um bom quadro, eu paro, fotografo com a câmera do celular mesmo e depois pinto. Como a minha escola de arte é o expressionismo, eu pinto mais o que eu sinto do que vejo. Tenho a referência guardada e, quando vou para o ateliê, olho aquela foto, lembro do sentimento que tive quando vi aquela paisagem e faço a pintura. O que mais me impressiona em Brasília é a cor. E a luz, também, que é fantástica. Você mistura os sentimentos que você tem com as linhas de Brasília. Aí, tem os ipês que são maravilhosos, o céu que é uma abstração diferente todos os dias, mesmo na época da seca que a gente fica monotemático com o céu. Ainda assim você consegue capturar nuances diferentes. Eu tenho uma série que se chama ‘Céus’, que traz estudos sobre a dinâmica do céu de Brasília, ao mesmo tempo não desprezando os ipês, a escala monumental, mas sempre associados ao céu. Em primeiro plano, em 95% da imagem é o céu. Brasília é céu, natureza e modernismo. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”centro”] Quando eu era criança eu passava horas vendo o céu. Eu adorava, sabia todas as nuances dos tons do pôr-do-sol, dos dias de chuva. Quando chovia ficava cinza de um lado e sol no outro, um contraste maravilhoso, quando chovia muito longe, o céu ficava azul escuro, mas o pôr-do-sol, nas minhas costas, lançava uma luz amarela nesse azul. Um dia consegui pintar esse cenário que via na infância. Desde criança sempre tive a cabeça nas nuvens. Sou nascido e criado em Brasília, meus pais vieram pra cá em 1968 para fazer a vida. Eles se formaram em um dia, casaram-se no outro e no seguinte já estavam em Brasília. Minha mãe é assistente social e meu pai, engenheiro. Ele chegou de manhã e de tarde tinha dois empregos. Eu nasci em 1973, sou o filho do meio de três irmãos. Fui criado na Asa Norte, numa época em que você andava de dia ou à noite sem nenhum problema. Hoje até anda, mas não pode dar mole. Eu morava em apartamento, mas meu quintal era a quadra. Era uma delícia. Fiz UnB e Ceub e sou servidor público nas minhas 40 horas vagas semanais, quando não estou pensando em arte.” Rodrigo Nardotto, 47 anos, artista plástico, morador do Lago Norte Depoimento concedido à jornalista Gizella Rodrigues
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Um novo destino para o Parque Urbano da Vila Planalto
Casados, Claudismar Zupiroli e Abadia Alves cuidam das plantas e impedem o abandono do local | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília Localizado numa das áreas mais nobres de Brasília, o Parque Urbano da Vila Planalto vive um novo momento. Com uma área de pouco mais de 120 hectares e vizinho ao centro do poder político nacional, o local foi transferido no final do ano passado à Administração Regional do Plano Piloto e, agora, deve finalmente ganhar um plano de ocupação. Com o planejamento, o governo vai iniciar obras de infraestrutura e reforçar a limpeza, além de estimular iniciativas que visem o combate a invasões e a pontos de depósito de lixo e entulho. “É uma área que está precisando de um olhar mais cuidadoso e agora, sairá do abandono”, garante a administradora regional, Ilka Teodoro. “Inclusive, já destinamos parte do nosso orçamento para investir lá ainda neste ano”, adianta. [Olho texto=”“É uma área que está precisando de um olhar mais cuidadoso e agora, sairá do abandono”” assinatura=”Ilka Teodoro, administradora do Plano Piloto” esquerda_direita_centro=”direita”] Segundo Ilka, além do orçamento público haverá um empenho do governo em buscar parceiros para viabilizar as melhorias. “Neste momento estamos trabalhando na elaboração da minuta do plano de ocupação junto com a Seduh [Secretaria de Desenvolvimento Urbano] e o Brasília Ambiental”, detalha a administradora. Vila Frutas A transformação visual do local já está em curso com a chegada das primeiras mudas da Vila Frutas, uma iniciativa da comunidade que consiste no plantio de mais de 600 espécies de árvores frutíferas. “A administração cedeu o espaço e o Brasília Ambiental deu a licença”, explica o advogado Claudismar Zupiroli, que lidera o movimento. Nos últimos dois finais de semana, ele, a esposa, Maria Abadia Alves, e outros dez moradores colocaram a mão na massa e iniciaram os plantios com a colocação de 300 mudas. A previsão é que sejam plantadas cerca de mil ramos de frutíferas ao todo. “Hoje já temos aqui pelo menos quatro tipos de jabuticaba, oito de araçá e uma centena de outras espécies exóticas”, comenta. [Numeralha titulo_grande=”1.000 ramos” texto=”de frutíferas serão plantados no parque” esquerda_direita_centro=”esquerda”] As mudas que já estão no chão fazem parte das doações dos viveiros da Administração do Lago Norte e do ParkWay, além de outras espécies que foram adquiridas pela própria comunidade. “Nossa ideia é fazer daqui um pomar representativo de frutas nativas brasileiras. E também de frutas raras, que muita gente não conhece.” A administradora regional do Plano Piloto diz acreditar que a iniciativa é o pontapé inicial para novas parcerias e a “manutenção saudável do espaço”. “Além de cuidar da área, o pomar vai transformar aquele local em um ponto de encontro e lazer das famílias. Pode até mesmo ser mais um atrativo para o turismo gastronômico da Vila”, avalia Ilka Teodoro. Mudas de limão imperial foram plantadas há cerca de duas semanas | Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília História Vizinho do Palácio do Jaburu e do Palácio da Alvorada, o Parque Urbano da Vila Planalto foi criado em 2003, com objetivo de manter a conservação da vegetação nativa do Cerrado e proporcionar atividades de educação ambiental para a comunidade. Mas indefinições quanto à responsabilização do terreno dificultaram a definição de atribuições, deixando apenas no papel a finalidade protetiva da área. A área do parque compreende uma extensão de mais de 126 hectares. “A gente orienta a população e pede para não jogarem lixo, mas não podíamos fazer muita coisa, porque a área até então não era nossa”, arremata Ilka Teodoro.
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