Mudas do cerrado recuperam terras degradadas
Cerca de 48 mil árvores nativas do cerrado plantadas por todo o Distrito Federal com a missão de recuperar áreas degradadas. Quatrocentos e setenta e quatro produtores rurais e suas propriedades atendidas. Esses são os números do projeto Reflorestar, da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), ao longo dos três últimos anos. Imaculada dos Santos, dona de uma pequena propriedade em Brazlândia, esteve no escritório da Emater-DF e, após se inscrever no programa, recebeu a doação de 650 mudas de espécies do cerrado | Foto: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília Uma proposta de educação ambiental da secretaria que chama a atenção dos moradores do campo para a proteção e manutenção das nascentes, riachos e a conservação do solo. E nada como reflorestar cultivando em seu terreno belezas de espécies como ipês, jatobás; ou árvores frutíferas, como o pequi, a cagaita e outras. [Olho texto=”Para participar do programa, o interessado precisa ter uma gleba de no mínimo dois hectares localizada no DF. E possuir ali áreas de preservação permanente a serem recuperadas ou áreas de reserva legal” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Foi o que fez a aposentada Imaculada dos Santos, 67, dona de uma pequena propriedade na Fazenda Chapadinha, em Brazlândia. O sítio de cerca de 50 hectares contava com uma enorme área descampada e uma nascente de água que secava a cada estiagem. “Aquilo me incomodava. Daí, eu e meu marido fomos buscar informações junto ao governo sobre como recuperar aquela terra”, conta. Imaculada esteve no escritório da Emater-DF em Brazlândia e, após se inscrever no programa, recebeu a doação de 650 mudas de espécies do cerrado. Exemplares de aroeira, jatobá-da-mata e pés de pitomba foram plantados em seu campo. Algumas vingaram, outras nem tanto. “Foi maravilhoso, muitas árvores bonitas cresceram no sítio. Eu me criei em uma fazenda onde se costuma ver muita água, córregos. E sei da importância disso pra natureza”, acrescenta. Atualmente, a aposentada planta abacate, mandioca e tem algumas galinhas na chácara. Granja Modelo do Ipê é de onde saem as mudas Na Granja Modelo do Ipê, no Park Way, se produzem cerca de 90 espécies diferentes de mudas típicas de nosso bioma | Foto: Divulgação/Seagri O Reflorestar credenciou quase 200 produtores rurais somente no ano de 2021. Em novembro, ‘turbinou’ de uma vez só quatro comunidades rurais de Águas Emendadas, em Planaltina, com cerca de três mil mudas de árvores do cerrado. Chacareiros do Quintas do Vale Verde, Jardim Morumbi, Bonsucesso e Quintas do Maranhão foram beneficiados. A Granja Modelo do Ipê, no Park Way, é a fonte: lá se produz cerca de 90 espécies diferentes de mudas típicas de nosso bioma. Logo após uma visita técnica da Emater ou da Seagri, cabe ao proprietário buscar suas mudinhas no viveiro. “Fazemos uma vistoria in loco na propriedade para conhecê-la e ver as mudas adequadas para aquela terra. Depois, passamos orientação para o produtor sobre como cultivar, o espaçamento entre as plantas, o tamanho da cova, etc.”, explica o técnico da Gerência de Adequação Ambiental da Seagri, Rogério do Rosário. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] As pequenas plantinhas são distribuídas pela Granja do Ipê entre outubro e março, época de chuvas na capital. Ou a qualquer tempo, caso o produtor tenha sistema de irrigação, de acordo com a Seagri. “O propósito do Reflorestar não é o paisagismo ou a doação de mudas para se fazer uma alameda de ipês, por exemplo”, adianta o técnico em agropecuária e responsável pelo viveiro, Claudio Silva. “E, sim, fazer a reabilitação ambiental, contribuindo com a produção de água, com a transição de animais e a polinização”, explica. Pré-requisitos para reflorestar Para participar, o interessado precisa ter uma gleba de no mínimo dois hectares localizada no Distrito Federal. E possuir ali áreas de preservação permanente (APPs) a serem recuperadas ou áreas de reserva legal. Estas últimas são espaços que podem ser explorados com o manejo florestal, mas conservando um percentual da vegetação nativa previsto em lei.
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Virada do Cerrado: alunos de Brazlândia conhecem nascentes da região
Alunos da Escola Parque da Natureza, em Brazlândia, tiveram a oportunidade de conhecer, nesta sexta-feira (1º), as três principais nascentes do Rio Veredinha, um dos afluentes da Bacia do Descoberto. A ação faz parte da Virada do Cerrado, que este ano é dedicada ao tema Cuidando das Águas. Os alunos da Escola Parque da Natureza conhecem a nascente do Rio Veredinha, um dos afluentes da Bacia do Descoberto. Foto: Andre Borges/Agência Brasília Com a seca prolongada e a crise hídrica que o DF enfrenta, a Virada do Cerrado, um dos principais programas de mobilização ambiental do governo, exerce papel importante de conscientização da população quanto aos cuidados com a preservação e o uso sustentável dos mananciais que nascem na região. A professora de educação física Dayane Coelho, da Escola Parque da Natureza, explica que muitos estudantes nunca viram uma nascente, mesmo morando perto. “É desafiador trazer essa reflexão para eles. Para alguns, a ideia de que um dia a água vai acabar é distante.” O passeio, que seguiu pela trilha dentro do Parque Veredinha, no meio da região administrativa, foi guiado por Diego Gordinho, agente de Unidade de Conservação do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). [Olho texto='”É desafiador trazer essa reflexão para os estudantes. Para alguns, a ideia de que um dia a água vai acabar é distante”‘ assinatura=”Dayane Coelho, professora de educação física da Escola da Natureza” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Ele explica que a maior parte das trilhas que hoje existem dentro da unidade de conservação foi feita pela população local para ligar um ponto da cidade a outro. Muitas queimadas que ocorrem na região, segundo Gordinho, são provocadas pelos transeuntes que cruzam as trilhas. O agente mostrou aos alunos a deterioração de uma árvore usada como churrasqueira às margens do Veredinha, para exemplificar como o Cerrado sofre com o vandalismo. Dayane conta que, na ação do ano passado, a turma chegou a ver um tamanduá e um tatu mortos na mata pela queimada. “É um trabalho de formiguinha, e aos poucos vamos inserindo uma mudança cultural”, aponta a professora. Além de Brazlândia, outras regiões administrativas também voltaram a atenção para as nascentes do DF. Ceilândia contou com uma caminhada e mutirão de limpeza nas margens do Córrego Melckior. Já em Taguatinga, os moradores seguiram para limpar as trilhas e nascentes da Floresta Nacional de Brasília. Governo tem investido na recuperação das nascentes Uma das políticas públicas para a recuperação das nascentes do Distrito Federal é o projeto Descoberto Coberto. O programa visa ao reflorestamento das margens de 224 nascentes que abastecem um dos maiores reservatórios de água do DF — a Bacia do Descoberto. A iniciativa faz parte do programa Reflorestar, que já desencadeou o plantio de mudas de espécies nativas no começo do ano em 12 propriedades em Brazlândia, nas proximidades do Córrego Cristal. Atualmente, o projeto está em fase de produção de mudas, com previsão de plantio para o início das chuvas em Brasília. Edição: Vannildo Mendes
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Programa Reflorestar ajuda na recuperação de nascentes do Alto Descoberto
O sobrenome da diretora de Políticas para o Desenvolvimento Rural é Viana, e não Vieira, como informado anteriormente. Uma das providências para minimizar a escassez hídrica no Distrito Federal é a recuperação do Cerrado em terrenos degradados na região da Bacia do Alto Descoberto. Para isso, a Secretaria da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural vai distribuir 330 mil mudas de espécies nativas a produtores por meio do programa Reflorestar. Ao todo, serão replantados 67 hectares em área de preservação permanente (APP) do tipo nascente e 233 hectares naquela do tipo curso d’água. Ação de plantio de mudas do programa Reflorestar ocorreu hoje na região do Córrego Cristal, em Brazlândia. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília Nesta quarta-feira (8), a ação abrangeu 12 propriedades em Brazlândia, nas proximidades do Córrego Cristal, afluente do Ribeirão Rodeador e tributário do Rio Descoberto. Na área, ficam as três principais nascentes do Cristal — uma delas até secou por falta de vegetação. Para tentar reverter a intensa degradação, devem ser plantadas 6,6 mil mudas nas chácaras. A escolha das espécies depende das características de cada terreno. Para isso, técnicos fazem um georreferenciamento e vão a campo para avaliar as condições do local e comparar com as informações coletadas pelas imagens. “Com isso, conseguimos mapear melhor a situação e decidir quais são as espécies adequadas”, explica a diretora de Políticas para o Desenvolvimento Rural, da Secretaria da Agricultura, Juliana Viana. [Olho texto='”Temos relatos de que, após o reflorestamento, as nascentes retornaram em um ano. Tudo depende da profundidade do lençol freático”‘ assinatura=”Juliana Viana, diretora de Políticas para o Desenvolvimento Rural” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Esse acompanhamento in loco permite um diagnóstico bastante preciso do nível de degradação do Cerrado. “Pelas imagens, não identificamos que uma das nascentes do Cristal havia secado. Quando chegamos, percebemos que o local era compatível com região de nascente e, ao conversarmos com o produtor, descobrimos que a água havia secado há dez anos”, conta Juliana. As imediações de onde deveria correr a nascente estava tomada por capim. Plantas típicas de região úmida, como embaúba, landim, pinha-do-brejo e marinheiro, devem fazer com que a água aflore novamente. “Temos relatos de que, após o reflorestamento, as nascentes retornaram em um ano. Tudo depende da profundidade do lençol freático”, explica a servidora. Para que a recuperação seja efetiva, é importante que os produtores protejam as mudas. Esse cuidado inclui evitar queimadas e o ataque de animais, como formigas, às plantas. “É preciso inserir essa preocupação no dia a dia.” O que é o programa Reflorestar O programa Reflorestar existe há dez anos e já entregou gratuitamente cerca de 450 mil exemplares. Para participar, basta o interessado procurar algum escritório da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) para avaliação das características da propriedade. Concluída essa etapa, o pedido é encaminhado à Secretaria da Agricultura. Depois de a pasta definir quais são as espécies adequadas, as mudas são cultivadas no Viveiro da secretaria, na Granja do Ipê, no Parque Way. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] A procura pelo serviço está relacionada à consciência da necessidade de recomposição ambiental, de acordo com o técnico administrativo da pasta e integrante da equipe do Reflorestar, Rafael Prata Rodrigues. “São produtores que perceberam a importância de recompor o Cerrado. O objetivo não é fazer paisagismo, e sim garantir a diversidade ambiental e genética da vegetação.” Com o fim do prazo para aderir ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), em dezembro de 2017, deixam de valer os benefícios para recuperação da reserva legal previstos pelo novo Código Florestal. Uma das medidas que entram em ação é a aplicação de multa por infrações ambientais cometidas antes de 22 de julho de 2008. Assim, a tendência é que mais pessoas procurem o fornecimento com o objetivo de recuperar áreas degradadas. Cada produtor retira, no mínimo, 200 mudas por vez. Edição: Marina Mercante
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