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Rock Brasília

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Incentivos culturais do GDF mantêm viva a cultura do rock no Distrito Federal

Berço de bandas alternativas e populares, Brasília tem o rock como patrimônio cultural. O gênero, celebrado mundialmente neste sábado (13), possui até uma rota com pontos que refletem a história do gênero no Distrito Federal. Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude, Raimundos e Paralamas do Sucesso são apenas alguns exemplos do talento bruto da arte brasiliense. Na ativa desde 1984, a banda A.R.D. foi formada no Gama e conta com apoio de programa cultural do GDF  | Fotos: Divulgação Essa chama musical também vem do apoio crucial que artistas recebem do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e Lei de Incentivo à Cultura (LIC), iniciativas do Governo do Distrito Federal (GDF) que têm impulsionado projetos artísticos e culturais desde sua criação. Com recursos destinados a financiar gravações de álbuns, produções de videoclipes e até mesmo turnês, o FAC se tornou um aliado essencial para os artistas independentes da cidade, tanto os mais novos quanto os que difundem o som do rock há décadas na capital. “Os incentivos são direcionados para muitos festivais do gênero que acontecem em Brasília. Entre os principais eventos apoiados estão o Porão do Rock, o Festival CoMA, que reúne uma grande diversidade de artistas e bandas, e o Capital Moto Week, um dos maiores eventos de motociclistas da América Latina, que também destaca a cena do rock e que, este ano, está sendo produzido pela Secretaria de Turismo”, ressalta o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes. Celeiros musicais O produtor do Festival Rock Cerrado, Carlos Trindade: “Essa iniciativa está aí para incentivar, criar conexões. O rock brasiliense deve muito ao FAC” E se engana quem pensa que o rock brasiliense se concentra apenas no Plano Piloto. Em meio às regiões administrativas que pontuam o DF, como Ceilândia, Taguatinga, Samambaia e Gama, pequenos estúdios de gravação e festivais culturais estão se tornando incubadoras de novos sons e ideias. Esses locais não apenas fornecem um espaço para ensaios e gravações, mas também servem como pontos de encontro onde artistas podem trocar experiências e colaborar. O Festival Rock Cerrado Música e Ecologia é realizado anualmente no Gama desde 1986. A iniciativa, que conta com cerca de 20 bandas por edição, recebe recursos do Fundo de Apoio à Cultura. “O FAC é o maior incentivo em Brasília. Sem o FAC, Brasília para. Essa iniciativa está aí para incentivar, criar conexões. O rock brasiliense deve muito ao FAC”, diz o produtor do evento, Carlos Trindade. Ele lembra de uma conversa que teve com Renato Russo, em 1988, quando o artista lhe pediu para não desistir de conhecer novos talentos. “Eu estava em um evento cultural e esbarrei com ele. Passamos a conversar sobre o cenário cultural e musical brasiliense, quando ele disse: ‘Não parem de produzir, porque a cultura e a música precisam de vocês. É em festivais como esse que surgem novos nomes. As melhores bandas ainda estão nas garagens, nos subsolos, nas ruas’”, relata. Apoio do GDF Foi no Gama, no ano de 1984, que surgiu a banda A.R.D., que tem Gilmar Batista como baixista e vocalista. Neste mês, o grupo embarca para Finlândia, Estônia e Rússia para a segunda turnê com recursos do FAC. Com composições autorais, a banda aborda pautas que vão desde crimes de guerra até questões mais pessoais, como a saúde mental. “A gente tem um apoio muito grande por meio do FAC. Isso traz muitos benefícios para quem produz cultura em geral. E é uma sensação muito boa ter a realização artística. Parece um sonho”, narra o músico. A Kidsgrace, desde 2022, faz um trabalho em que aborda temas ligados à diversidade De Brasília, a banda Kidsgrace é um grupo fora do padrão das bandas de rock. Composta por mulheres cis e trans, a banda canta, desde 2022, sobre a desigualdade social, o racismo, a diversidade, a saúde mental e a violência contra a mulher. A guitarrista do grupo, Lorena Lima, diz sentir-se incentivada pelo cenário cultural e musical brasiliense. Ela também ressalta a importância de projetos musicais receberam recursos distritais. A banda já tocou em diversos festivais com apoio do FAC, como o Ferrock, em Ceilândia; o B. Rockers’s Festival, no Paranoá; o Festival Flow, no Riacho Fundo, e o Fest Rock Brasília, em junho, na Torre de TV. “A maior dificuldade em produzir eventos e qualquer outro trabalho na área de arte e cultura é a questão financeira, porque demanda muitos custos de produção. Ter essa ajuda de recursos do FAC é ótimo, porque possibilita a criação de projetos com estrutura de qualidade, com remuneração justa, principalmente para os artistas. E ainda tem a contribuição para a população, pela oferta e acesso à cultura de forma gratuita e democrática”, pontua. Rota do Rock Em 2021, a Rota Brasília Capital do Rock foi oficializada pelo decreto nº 42.074, assinado pelo governador Ibaneis Rocha. O estilo musical foi tombado como Patrimônio Cultural Imaterial do DF, pela lei distrital nº 5.615. A rota turística da capital conta com mais de 40 pontos que contam parte da história do gênero musical. “A história do rock nacional começa aqui, na nossa capital. Brasília é cercada por pontos que foram frequentados e que deram início ao surgimento de bandas que marcaram gerações e continuam despertando a paixão pelo gênero musical. Tudo isso colabora para o crescimento turístico. Brasília, como a capital do rock, atrai entusiastas que querem conferir tudo de perto”, ressalta o secretário de Turismo, Cristiano Araújo. Tudo começou, nos anos 1980 e 1990, com a chamada “Turma da Colina” – um grupo de jovens amigos, inspirados pelo som das bandas britânicas e das referências do punk internacional, que se reuniam no conjunto de prédios usados por professores e estudantes da Universidade de Brasília (UnB) para fazer o melhor do rock da cidade. Ao longo desse tempo, passaram a fazer parte da história do rock nacional os encontros nas garagens do Lago Sul e Norte, nos gramados que viraram palco da boa música, nos estabelecimentos comerciais da Asa Sul e Norte, o evento Rock na Ciclovia e o som feito no Cave (Guará). Veja mais detalhes sobre os pontos da Rota Brasília Capital do Rock.

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E assim Brasília se transformou em capital do rock

[Olho texto=”“Acho que o rock de Brasília é tão importante quanto a Tropicália. (…) Não se pode falar de cultura brasileira sem falar em nossa turma”” assinatura=”Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial” esquerda_direita_centro=”direita”] Foram três bandas. Como os três poderes da nação, elas reinaram, soberanamente, no Planalto Central entre o final dos anos 1970 e meados dos anos 1980 com canções que encantaram gerações. Juntas, Plebe Rude, Capital Inicial e Legião Urbana – os três nomes mais importantes do rock Brasília – embalaram sonhos, instaram reflexões sociais e políticas, ditaram regras de comportamento, deram asas a um imaginário local que reverberaria em todo o país. Não há como falar de música brasileira e não lembrar sucessos nacionais marcantes como Eduardo & Mônica, Faroeste Caboclo, Até Quando Esperar, Independência e tantas outras. Registro da Legião Urbana nos bastidores da sala Funarte, perto do lançamento do primeiro disco | Foto: Nick Elmoor/Pós-New Fotografia “Acho que o rock de Brasília é tão importante quanto a Tropicália. (…) Não se pode falar de cultura brasileira sem falar em nossa turma”, afirmou o vocalista do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, em uma entrevista publicada na revista ShowBizz em dezembro de 1998. “É rock, rock puro, rock de Brasília”, sentenciou. Os grupos tinham na formação jovens filhos de diplomatas e de altos funcionários públicos. Eram adolescentes entediados com a aparente falta do que fazer na capital, com a solidão do cerrado e certo desencanto com o Brasil. Que país era aquele afinal, no apagar das luzes do regime militar? “Considero-me a voz da geração Coca-Cola, que são os filhos da revolução. Sou um filho perfeito da revolução, por isso minha poesia não reflete nada”, desabafou o jovem Renato numa entrevista ao Correio Braziliense, em janeiro de 1980. O Capital Inicial teve seu primeiro sucesso com a faixa ‘Música Urbana’, sobre as peripécias da turma da Colina após um fim de festa no Setor de Clubes | Foto: Divulgação Tomados por um tédio bem grande e insatisfação juvenil, traçaram, ao som de Sex Pistols, Ramones e outros ícones do punk rock, rotas de convivências e afinidades cotidianas que iam do apartamento de Renato Russo, na SQS 303, passando pelos cativos points culturais da cidade na Asa Sul e na Asa Norte, como a lanchonete Food’s (110/111 Sul), mansões no Lago Norte, onde moravam os integrantes do Capital e da Plebe; o conjunto de prédios da UnB, a famosa Colina, onde a turma se encontrava para tocar e ouvir música, se divertir. [Olho texto=”“A curiosidade intelectual, a lucidez e a urgência desses jovens de Brasília colocaram a capital no mapa cultural brasileiro, mudando para sempre a música popular brasileira”” assinatura=”Philippe Seabra, líder da Plebe Rude” esquerda_direita_centro=”direita”] “(…) E nossas vidas são tão normais/você passa de noite e sempre vê/Apartamentos acesos/(…) Andando nas ruas/Pensei que podia ouvir/Alguém me chamando/Dizendo meu nome”, radiografa o cotidiano da cidade o líder da Legião Urbana na elétrica Baader-Meinhof Blues, um dos sucessos do primeiro álbum lançado em 1985. Sentimento de pertencimento Dono de bar improvisado num subsolo da quadra comercial da 407 Norte, o Cafofo, o pianista e maestro Rênio Quintas lembra da movimentação da galera no local. Sobretudo nas jovens tardes de domingo, quando deixava os punks locais tirarem um som no porão do lugar e entornar o caneco. “Eu emprestava o som pra galera – o Renato, inclusive, que tocava na (banda) Aborto Elétrico. Era uma garotada feia, magrela, que fazia um som horroroso, uma cacofonia maravilhosa e as pessoas gostavam, enchia a casa”, recorda. “Era um lugar que tinha certa magia e com uma rapaziada que sabia o que queria, tanto que chegaram longe”, avalia. O fotógrafo Nick Elmoor, autor, junto com o colega de câmera, Ricardo Junqueira, do livro de fotos Pós-New Brasília, que reúne imagens retratando a agitada cena cultural da capital entre 1981 e 1989, diz que os registros eram momentos de trabalho e prazer. “A gente fazia fotos para todos os amigos. Muitas vezes eram para divulgação, mas também só pela diversão”, garante. Uma viagem de ônibus entre a W3 Sul e a W3 Norte inspirou Philippe Seabra a compor a música ‘Brasília’, sucesso da banda Plebe Rude | Foto: Caru Leão/Divulgação Rolé por vias, viadutos, plataformas e cantos de concreto da moderna urbe, o olhar sensível, outrora realista sobre prédios, torres e parques da cidade, enfim, o cotidiano de moradores e personagens únicos tão comuns da capital. É o que trazem algumas letras confessionais e realistas de canções dessas três bandas ícones de movimento que contribuiu para construir uma identidade cultural local marcado pela rebeldia. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Um sentimento de pertencimento abraçado pela Secretaria de Turismo do Distrito Federal, ao criar, em agosto de 2021, o projeto Rota Brasília Capital do Rock, iniciativa que mapeia a história desses pontos emblemáticos do rock da cidade sob curadoria de quem entende do assunto, o guitarrista e líder da Plebe Rude Philippe Seabra. “A curiosidade intelectual, a lucidez e a urgência desses jovens de Brasília colocaram a capital no mapa cultural brasileiro, mudando para sempre a música popular brasileira”, observa o músico. “O objetivo desse projeto é aguçar a memória afetiva de muitos moradores, sendo uma verdadeira descoberta para os turistas”, constatou a ex-secretária de Turismo, Vanessa Mendonça, ao lançar a Rota Brasília Capital do Rock. Arte: Agência Brasília

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