Rubem Valentim e Modernismo são destaques culturais do fim de semana
O Museu Nacional da República (MUN) recebe duas novas exposições a partir desta sexta-feira (10): “Modernismo Expandido” e “Ilê Funfun: Uma Homenagem ao Centenário de Rubem Valentim”. Na Galeria Principal, a primeira tem curadoria de Denise Mattar e lança um olhar mais largo sobre o movimento modernista nas artes plásticas, evento frequentemente reduzido ao seu acontecimento mais conhecido, a Semana de Arte Moderna de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo, cujo centenário foi em fevereiro. A outra, no Mezanino, com curadoria de Daniel Rangel, traz, entre seu corpo, o ateliê do artista que foi doado ao Museu de Arte de Brasília (MAB). O ateliê de Rubem Valentim, doado ao Museu de Arte de Brasília (MAB), está incorporado à exposição | Fotos: Divulgação / Secec-DF Rubem Valentim começou sua trajetória nos anos 1940 como pintor autodidata e participou dos movimentos de correntes modernas da arte baiana, ao lado de nomes como Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos e Sante Scaldaferri. Desde o começo dos anos 1950, iniciou uma pesquisa relacionada às questões litúrgicas das religiões de matrizes africanas, sobretudo, sobre símbolos e ferramentas dos orixás, que se tornaram visualidades obrigatórias em sua produção. Nascido em Salvador (BA), o artista completaria 100 anos em novembro próximo. A celebração da efeméride começou em São Paulo, chega agora a Brasília e daqui segue para Salvador, terra natal do artista autodidata, e Itália. “Para o Museu Nacional da República, é uma honra receber um conjunto tão especial de obras de Rubem Valentim e apresentá-las ao público brasiliense. Rubem Valentim tem uma ligação profunda com Brasília, cidade onde viveu e consolidou sua pesquisa técnica e poética voltada à geometria construtiva e à simbologia de herança cultural africana. É também uma alegria comemorar o centenário de seu nascimento e colocar em destaque a produção de um artista preto, a visualidade e a poética de matriz africana”, afirma a diretora do MUN, Sara Seilert. Entre os destaques da mostra sobre o Modernismo está a obra de Abelardo da Hora Modernismo fora do eixo “Modernismo expandido” busca evidenciar a qualidade da arte brasileira realizada fora do eixo Rio-São Paulo, chamando a atenção para os processos excludentes decorrentes da centralização cultural. Com esse fim, Mattar selecionou 68 obras de 46 artistas de cinco estados brasileiros – Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul, entre as décadas de 1930 e 1950. A curadora coloca lado a lado obras de artistas conhecidos nacionalmente e daqueles com projeção apenas local, mas com produção considerada pelos críticos como importante e representativa do modernismo. A pesquisa de Denise Mattar aponta que, na Bahia, o modernismo começa a se consolidar a partir de 1937, com a organização dos Salões da Ala das Letras e das Artes (ALA), e ganha impulso com a federalização, em 1946, da Universidade Federal da Bahia (UFBa), criando assim as escolas de Teatro, Música e Dança. Nesse período de efervescência, surgiram nomes, no cenário baiano, como Dorival Caymmi, Jorge Amado, Mestre Didi e Carybé. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] O Nordeste mostra sua força também no Ceará, onde o modernismo se organizou a partir do surgimento, em Fortaleza, do Centro Cultural de Belas Artes. Mattar selecionou como representantes no Ceará as obras de Aldemir Martins, Antonio Bandeira e Barrica. No Recife, a onda modernista impulsionou nomes como Ledo Ivo, João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna, idealizador do Movimento Armorial, de valorização das artes populares nordestinas. Museu Nacional da República (MUN) – Galeria Principal “Modernismo expandido” Curadoria de Denise Mattar Sessenta e oito obras de 46 artistas de cinco estados brasileiros – Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul De 10 de junho a 7 de agosto – Mezanino “Ilê Funfun: Uma Homenagem ao Centenário de Rubem Valentim” Curadoria de Daniel Rangel Exposição e lançamento de livro De 10 de junho a 7 de agosto Galeria Térreo Pedro Gandra – “Paraíso sem vocabulário” Isabela Couto – “Guardadora de água”. Até 26 de junho Sala 2 Coletiva – “Para onde foi a espessura da carne? Até 26 de junho *Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF
Ler mais...
MAB abre visitação pública com Tarsila do Amaral e Orlando Brito
O Museu de Arte de Brasília (MAB) está pronto para abrir suas portas ao público. O equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) volta a funcionar nesta sexta-feira (28) depois de 14 anos de interdição do prédio e uma reforma que custou R$ 9 milhões e dotou o local do conforto e das características de climatização e luminosidade adequadas a instituições museológicas. Homenagem à Democracia, de Franz Weissmann, um dos mais importantes artistas da história da arte moderna e contemporânea brasileira, é uma das obras do “Parque de Esculturas do MAB” | Foto: Divulgação/Secec O MAB vai oferecer um horário expandido de visitação, de 9h às 21h, todos os dias à exceção de terça-feira, diferenciando-se de outros museus da Secec, que abrem de sexta a domingo. Quatro exposições vão ocupar o hall, o pilotis e a área externa com gravuras de Tarsila do Amaral, fotos de Orlando Brito sobre nossa história recente, painéis que narram a trajetória do museu e esculturas na área externa. [Olho texto=”“Cumprimos mais um compromisso assumido com o público da capital e do Brasil, ao reabrir o MAB, completamente revitalizado e em condições de conforto e segurança sanitária, permitindo acesso ao acervo de valor incalculável”” assinatura=”Bartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa” esquerda_direita_centro=”direita”] Para a segurança dos visitantes, serão adotados os protocolos de segurança de praxe: obrigatoriedade de máscara para entrar, medição de temperatura dos usuários na entrada, distanciamento monitorado entre as pessoas e álcool gel disponibilizado. “Cumprimos mais um compromisso assumido com o público da capital e do Brasil, ao reabrir o MAB, completamente revitalizado e em condições de conforto e segurança sanitária, permitindo acesso ao acervo de valor incalculável”, destaca o titular da Secec, Bartolomeu Rodrigues. Uma novidade será a possibilidade de circulação de animais de estimação na área externa e nos pilotis de modo experimental, desde que responsáveis pelos pets respeitem a convivência com os visitantes e a higiene do local, das obras e dos equipamentos do museu. “Caso não haja incidentes sérios nas semanas seguintes à abertura, a política será tornada permanente”, afiança o gerente do MAB, o servidor público e artista plástico Marcelo Gonczarowska. Haverá, nesse momento, máquinas automáticas de venda de lanches. Um café está previsto para funcionar nos pilotis, mas depende de licitação que será feita em junho e ficará sob a responsabilidade de Organização da Sociedade Civil (OSC) ainda não definida. Tarsila no MAB apresenta seis gravuras da artista Tarsila do Amaral (1986-1973), expoente da Semana de 22 | Imagem: Reprodução Exposições No hall, A exposição Tarsila no MAB apresenta seis gravuras da artista Tarsila do Amaral (1986-1973), expoente da Semana de Arte Moderna de 1922, de dez obras pertencentes ao acervo do museu. A mostra celebra os 135 anos do nascimento de uma das mais importantes artistas do Brasil, que revolucionou a arte brasileira. Tarsila foi a primeira artista a criar uma arte verdadeiramente nacional, nas palavras de Mário de Andrade. Sua pintura Abaporu (1928) fundou o movimento artístico da Antropofagia e é um dos quadros brasileiros mais conhecidos dentro e fora do país. As gravuras em exibição foram expostas pela última vez no museu em 2004. Fazem parte de uma série criada pela artista paulista em 1971, cujos temas são paisagens antropofágicas e vistas de praias e do interior. No Pilotis, Brasília: cenário do Poder reúne 18 fotografias produzidas entre 1966 e 2021 pelo fotógrafo e jornalista Orlando Brito, profissional reconhecido na cobertura política em Brasília. Mineiro e de família pioneira na capital, ele começou no jornal O Globo e depois migrou para a revista Veja, onde ficou por 16 anos. Foi também editor de fotografia do Jornal do Brasil, no Rio. Autor de diversos livros de fotografia, tornou-se hors concours do Prêmio Abril de Fotografia, que ganhou 11 vezes. Brasília: cenário do Poder reúne 18 fotografias realizadas entre 1966 e 2021 pelo fotógrafo e jornalista Orlando Brito, profissional reconhecido na cobertura política em Brasília| Foto: Orlando Brito Suas fotos normalmente ultrapassam o registro fotojornalístico e trazem um discurso poético-artístico a ponto de terem sido incorporadas aos acervos de instituições como o Museu de Arte de São Paulo, os museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo e o Centre Georges Pompidou, de Paris (Fraça). Na mostra, imagens do período da ditadura militar, das Diretas Já e da pandemia da covid-19. O MAB exibe 10 painéis que contam a história do museu e de seu acervo. O público também poderá conhecer as transformações pelas quais passou na mais recente reforma. Entre as imagens reproduzidas estão as de obras de artistas como Rubem Valentim, Fernando Carpaneda e Célia Matsunaga. Design Também podem ser vistas, pela primeira vez, imagens de uma parte do acervo de design do MAB. Em celebração ao reconhecimento de Brasília como Cidade Criativa em Design pela Unesco em 2017, o MAB reabrirá como um museu de arte e de design, com um acervo de cerca de 20 móveis autorais, incluindo peças raras de Sérgio Rodrigues e de Jorge Zalszupin e obras de designers jovens premiados da cidade, como Eduardo Borém e Raquel Chaves. O “Parque de Esculturas do MAB” apresenta mostra permanente de 12 esculturas distribuídas em sua área externa e interna. Desde a fundação do MAB, as diferentes gestões que se sucederam desejaram ou tentaram criar um parque de esculturas na região do museu, ideia que se materializou na reabertura. O Parque foca na produção de autores de Brasília que demonstram diferentes aspectos da produção dessa forma de arte na capital. Obra de Luiz Ribeiro, representando a folha do pequizeiro | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília Entre os destaques, peças de Darlan Rosa, Omar Franco, Sanagê Cardoso e Mara Nunes. Um ponto alto é a escultura Homenagem à Democracia, de Franz Weissmann, um dos mais importantes artistas da história da arte moderna e contemporânea brasileira. Essa escultura, que pesa mais de três toneladas, foi projetada em 1958, mas somente executada em 1989, em comemoração às primeiras eleições diretas para a Presidência da República depois da ditadura militar. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Regras de visitação Período: de quarta a segunda-feira, de 9h a 21h. Fechado às terças-feiras. Capacidade: 140 pessoas, nos pilotis; e 15 pessoas, no hall. Observação: obrigatório o uso de máscara. Haverá controle de temperatura e espaçamento entre as pessoas, com oferta de álcool gel. Informações e agendamento de visitas guiadas para grupos: mab@cultura.df.gov.br. Classificação indicativa: livre. Endereço: SHTN, trecho 01, Projeto Orla Polo 03, Lote 05, CEP: 70800-200 Brasília – DF. Instagram: @museudeartedebrasilia *Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
Ler mais...