Ação social da UBS 1 do Itapoã é tema de estudo na UnB
Há quase três anos, uma iniciativa da assistente social da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES) Giane Ribeiro, com apoio da agente comunitária em saúde Teresa Cristina das Mercês, vem mudando a vida de muitas mulheres no Itapoã. Com base em suas atuações na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 da cidade, as servidoras decidiram organizar um grupo de artesanato com pacientes idosas, de modo a fomentar a geração de renda e, ao mesmo tempo, promover a saúde mental na comunidade. Assim nasceu o projeto Arte com Amor e Cidadania. Projeto Arte com Amor e Cidadania reúne pacientes idosas para fazer artesanato e trabalhar o autocuidado, a autoimagem e o empoderamento feminino | Fotos: Yuri Freitas/ Agência Saúde-DF A iniciativa chamou a atenção da professora do Departamento de Enfermagem da Universidade de Brasília (UnB) Leides Moura, que decidiu, junto à equipe, coordenar uma disciplina de estágio supervisionado na unidade para estudantes de graduação da instituição. O objetivo era auxiliar em atividades educativas de promoção do envelhecimento saudável e da cidadania participativa ao longo do curso de vida das mulheres. Na segunda-feira (24), a equipe comemorou o lançamento da cartilha Arte com Amor e Cidadania – Série envelhecer bem!, de autoria das coordenadoras do projeto com apoio da UnB. “A gente vê claramente uma melhora no quadro emocional delas. Além dos artesanatos, realizamos muitas palestras para falar um pouco do aspecto do próprio cuidado com a saúde” Giane Ribeiro, assistente social da Secretaria de Saúde “Um grupo de geração de renda de mulheres não só alcança a questão de suplementar a renda familiar, mas também trabalha o autocuidado, a autoimagem, o empoderamento feminino, a economia solidária e local, assim como a importância das trocas justas do aprendizado no coletivo”, explica Moura. “Existe uma necessidade muito grande de mapear, identificar e descrever as iniciativas da comunidade na promoção da saúde. Narrar e descrever isso é de suma importância, porque também se ativam outros coletivos. O nosso grupo de pesquisa trabalha registrando algumas dessas experiências”, completa a professora da UnB. Bem-estar e saúde O grupo Arte com Amor e Cidadania se reúne duas vezes por semana. Cada encontro é iniciado com atividades como oficinas, rodas de conversa, dinâmicas e exercícios lúdicos, abordando temas que incluem empreendedorismo, autocuidado e Práticas Integrativas em Saúde (PIS). As rodas de artesanato têm confecção de bonecas, caixas decoradas, sacolas ecológicas e organizadores de parede, dentre outros trabalhos manuais de costura. O grupo se reúne duas vezes por semana; cada encontro é iniciado com atividades como oficinas, rodas de conversa, dinâmicas e exercícios lúdicos Giane Ribeiro ressalta a importância das atividades na vida das participantes do projeto. “A grande maioria das mulheres que estão aqui são nossas pacientes, indicadas pelos profissionais de saúde por alguma questão de saúde física ou mental, e que veem na UBS uma possibilidade de melhora. Só que a gente entende que a saúde vai além da questão da medicação”, diz. A assistente social ainda comemora os efeitos no bem-estar das mulheres. “A gente vê claramente uma melhora no quadro emocional delas. Além dos artesanatos, realizamos muitas palestras para falar um pouco do aspecto do próprio cuidado com a saúde – dicas de alimentação, de atividades físicas… Aos pouquinhos, elas estão melhorando seu quadro de saúde”, acrescenta Giane. A agente comunitária Tereza Cristina foi quem tomou as rédeas para ensinar artesanato às participantes e também elogia o progresso na saúde mental delas. “Começamos com seis alunas, mulheres idosas que estavam caindo na depressão em casa. Ao começarem a vir para cá, tudo mudou. O artesanato é todo feito à mão, elas adoram. Aqui elas podem se ajudar, acabam criando uma família de verdade”, afirma. *Com informações da Secretaria de Saúde
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Projeto de UBS do Itapoã promove saúde mental e geração de renda
Duas vezes por semana, as manhãs de 22 mulheres são preenchidas por conversas e atividades com linhas, agulhas, tecidos, colas e toda uma variedade de itens para artesanato. Essa é a rotina do grupo Geração de Renda, da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 do Itapoã. A atividade alia o aspecto terapêutico do trabalho manual à oportunidade de aprender um ofício e obter renda. A atividade desenvolvida na UBS 1 do Itapoã alia o aspecto terapêutico do trabalho manual com a oportunidade de aprender um ofício e obter renda | Fotos: Agência Saúde Há dois anos, a assistente social Giane Ribeiro e a agente comunitária de saúde Teresa Cristina das Mercês tiveram a ideia de criar o grupo, ao considerarem que a maior parte das frequentadoras não tinham empregos formais. Teresa é quem ensina os passos para as pacientes e conduz as aulas com o auxílio de alunas mais antigas, como Maria Rejane Gomes, 37. “Cada uma traz a sua experiência, e vamos construindo nossos produtos enquanto conversamos sobre as nossas vidas”, observa a paciente. Leni Brito, 52, frequenta o grupo Geração de Renda: “Não conseguia nem sair de casa, mas em apenas duas semanas eu já tinha disposição e vinha sozinha. Aqui, nós somos uma família” Com diagnóstico de depressão e ansiedade, Leni Brito, 52, conta que os encontros foram fundamentais para sua melhora. “Não conseguia nem sair de casa, mas em apenas duas semanas eu já tinha disposição e vinha sozinha. Aqui, nós somos uma família”, afirma a artesã. O projeto, que surgiu em 2021, foi uma das 26 propostas selecionadas para o II Seminário Distrital de Promoção da Saúde, realizado em abril pela Secretaria de Saúde. A iniciativa ficou entre as quatro primeiras colocadas. Presente desde o primeiro encontro, a venezuelana Yeraima Castillo, 49, se emociona ao dizer o quanto o grupo tem impactado a sua saúde mental: “Os laços que construímos aqui são muito fortes e nos ajudam a seguir com nossos problemas. Entendemos que não estamos sozinhas”. Ciclos de trabalho A maioria das pacientes chega ao grupo encaminhada pela UBS. Giane explica que, durante o atendimento, os profissionais de saúde já fazem uma triagem daqueles que têm o perfil para as atividades oferecidas no grupo. “Começamos com seis pacientes, e hoje já são 22, com lista de espera”, conta. Maria Ranikely, 38, lembra-se da visita de uma dentista ao grupo. “Ela conversou com a gente e deu várias explicações. Depois cutucou a boca de todo mundo”, se diverte. As atividades são organizadas em 16 encontros, e cada ciclo trabalha um produto artesanal diferente: bonecas, feltro, caixas de papelão decoradas, miçangas, entre outros. Nesse período, há participação em feiras. A renda obtida é repartida em três partes: uma para compra de novos materiais, outra para a “caixinha de reserva” e uma terceira é repassada às artesãs. “Hoje o grupo é autossustentável. Quando começamos, não tínhamos uma agulha. Recebemos algumas doações e fizemos bazar para a aquisição dos primeiros materiais”, lembra Teresa. Saúde integrada Entre as atividades da iniciativa, as coordenadoras convidam profissionais para debater diferentes assuntos com as pacientes. Câncer de mama, diabetes e dengue, além de apresentação sobre cooperativas, são alguns dos temas já abordados. “Nossa ideia é dar cada vez mais autonomia para que elas saiam daqui e consigam seguir independentes”, destaca Giane. Com dificuldades financeiras após ser dispensada do serviço doméstico que prestava, Marinalva Macedo, 64, assistiu a uma palestra sobre benefícios sociais e soube como fazer o cadastro. “Agora não preciso me preocupar com as alimentações ao longo dos dias”, diz A visita de uma dentista ao grupo marcou com humor a paciente Maria Ranikely, 38. “Ela conversou com a gente e deu várias explicações. Depois cutucou a boca de todo mundo”, diz, em meio a gargalhadas de todos. Após a atividade de saúde bucal, todas as participantes tiveram consulta odontológica agendada na UBS. As informações partilhadas em diferentes áreas ajudam a melhorar a vida das artesãs. Passando por dificuldades financeiras após ter sido dispensada do serviço doméstico que prestava, Marinalva Macedo, 64, assistiu a uma palestra sobre benefícios sociais e soube como realizar o cadastro. “Agora não preciso me preocupar com as alimentações ao longo dos dias”, conta. Serviço O grupo Geração de Renda da UBS 1 do Itapoã funciona duas vezes na semana, às segundas e às quartas-feiras, das 8h30 às 11h. As reuniões ocorrem em uma sala localizada na Fraternidade Pastoral de Maria, no Centro Comunitário Dom Geraldo Ávila, conhecido como Casa da Sopa. Para mais informações sobre o projeto, os interessados devem procurar a UBS 1 do Itapoã. Os artesanatos produzidos pelas pacientes podem ser conferidos na página do grupo no Instagram. *Com informações da Secretaria de Saúde
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II Seminário Distrital de Promoção da Saúde apresenta boas práticas
A retomada de ações em saúde após o período mais grave da pandemia da covid-19 foi destaque no II Seminário Distrital de Promoção da Saúde, realizado na quarta-feira (5). Promovido pela Secretaria de Saúde (SES-DF), em parceria com a Escola de Aperfeiçoamento do SUS (EapSUS) e a Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs), o evento faz alusão ao Dia Mundial da Saúde, que é celebrado nesta sexta-feira, 7 de abril, e tem como tema este ano Saúde para Todos. Durante o seminário, quatro práticas exitosas do DF foram apresentadas para partilhar boas experiências entre as diferentes Regiões de Saúde. Os exemplos foram desde ações sociais para a população a cuidados com os próprios profissionais. Representando a secretária de Saúde, o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-DF, Divino Valero, pontuou que o mundo e a saúde estão em transformação e que é fundamental pensar as políticas públicas. “Temos excelentes profissionais e queremos ser âncora permanente das discussões e propostas”, frisou. O subsecretário de Vigilância em Saúde da SES, Divino Valero Martins, representou a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, no evento | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde Na abertura do evento, a diretora-executiva da Fepecs, Inocência Rocha, ressaltou a importância de compartilhar experiências na rede. “Quando a gente vivencia e está próximo [da população], é que vemos a importância dessas ações para a promoção de saúde”, avaliou. Diretora substituta da EapSUS, Ana Paula Costa acolheu todos os participantes, reforçando a escuta qualificada e a troca. O diretor do Departamento de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Andrey Lemos, participou do encontro e abordou as particularidades da gestão no DF. “É uma unidade federativa que tem o desafio de conseguir ampliar o diálogo com as regiões administrativas, considerando suas diferenças locais, que são culturais e econômicas”, ponderou. Experiências de sucesso Nos dois turnos, foi reservado espaço para apresentação de experiências exitosas no âmbito da atuação da SES-DF. Ao todo, 26 propostas foram encaminhadas, classificadas e as quatro primeiras colocadas foram selecionadas para exposição no palco do seminário. Um dos projetos é o Geração de Renda e Promoção da Saúde, construção de laços de afeto e estratégias de renda, da Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 do Itapoã, que surgiu em 2021 e está na sexta turma. Vendo que muitas pacientes passam por situações de vulnerabilidade, a equipe iniciou o trabalho, que, além de produção de artesanatos para gerar renda, também promove debates sobre educação em saúde e formação cidadã. “Convidamos profissionais para compartilhar conhecimento em busca de uma atenção integral e continuada”, explicou a assistente social Giane Ribeiro, que apresentou a iniciativa no seminário. Entre essas ações, estão palestras sobre câncer de mama e atendimento de saúde bucal. Participando do projeto, Lucilene Gomes, 55 anos, recebeu o convite de uma amiga porque estava com depressão. “A gente conversa, aprende, recebe apoio e vê que não somos só nós passando por um problema”, relatou. Agente comunitária de saúde na UBS 1, Tereza Cristina das Mercês assumiu o papel de professora: “No início, muitas querem desistir. Mas insistimos, incentivamos, e o resultado é incrível”. A agente comunitária de saúde Teresa Cristina das Mercês, da UBS 1 do Itapoã, falou sobre o projeto ‘Geração de Renda e Promoção da Saúde, construção de laços de afeto e estratégias de renda’ | Foto: Tony Winston/Agência Saúde Já a equipe da UBS 1 de Águas Claras compartilhou a iniciativa Horta Comunitária Terraterapia. A nutricionista Jesuana Oliveira explicou que toda a produção é utilizada no próprio grupo. “Além da convivência, também promovemos educação em saúde com oficinas”, contou no seminário. A horta – que fica ao lado da unidade de saúde – inclui hortaliças e fitoterápicos. Para tornar a ideia possível, a equipe de saúde firmou parcerias com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), que fornece insumos e equipamentos, com a faculdade Unicesp e residentes. A melhoria da saúde mental dos participantes é o principal ponto. O Grupo Ipê – Caminhando pela Vida utiliza caminhadas em torno da UBS 4 do Recanto das Emas como estratégia de promoção da saúde. O grupo, cujos encontros são abertos à comunidade e ocorrem duas vezes por semana, conta com mais de 130 inscritos. A prática regular de atividade física aliada à recuperação de laços sociais e à ocupação da cidade de forma saudável são resultados que repercutem no trabalho psíquico após o cenário pandêmico. “Essa prática serve para repensarmos o espaço terapêutico para além da clínica, da sala fechada. Durante a caminhada, as pessoas conversam entre si e têm acesso aos profissionais. Lembro de uma paciente que ao final agradeceu por termos ajudado, sem sequer ter recebido atendimento compartilhado ou individual. A partir disso, verifiquei que uma prática coletiva como essa possui muito mais impacto do que é possível imaginar”, declarou Gabriel Baliza, residente de psicologia participante do grupo. A Gerência de Serviços da Atenção Primária 4 de Planaltina-DF (GSAP 4-PLA) promove ações de promoção da saúde para os profissionais que compõem as equipes de Saúde da Família (eSF) que a integram. A partir da identificação do adoecimento e do sofrimento psíquico oriundos da sobrecarga de trabalho durante a pandemia da covid-19, foi elaborado o projeto Reset, cujo intuito é restabelecer a saúde do trabalhador e instaurar ações contínuas de promoção da saúde. “Com essas nossas ações e eventos, buscamos também trabalhar a educação em saúde. Conseguimos observar o reflexo disso dentro do acolhimento, dentro da estratificação de risco, e no desempenho dos servidores da unidade”, confirmou Verônica Tolentino, enfermeira da GSAP 4-PLA. A iniciativa, que já contou com duas edições e a participação de 70 profissionais, revela a importância de tratar da saúde do trabalhador. “A promoção da saúde começa primeiro conosco [os profissionais]. Para a aplicarmos em nossa prática, precisamos primeiro acreditar e praticá-la. Só a partir do momento em que conseguimos inseri-la em nosso dia a dia é que somos capazes de levá-la também aos outros. A promoção vem para cuidar também de quem cuida”, ressaltou o diretor de Vigilância Epidemiológica, Fabiano Martins. O diretor de Vigilância Epidemiológica, Fabiano Martins, diz: “A promoção da saúde começa primeiro conosco [os profissionais]. Para a aplicarmos em nossa prática, precisamos primeiro acreditar e praticá-la. Só a partir do momento em que conseguimos inseri-la em nosso dia a dia é que somos capazes de levá-la também aos outros” | Foto: Tony Winston/Agência Saúde Palestras Pela manhã, a professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB) Dais Rocha apresentou a palestra Potencialidades e Desafios para o Monitoramento e Avaliação da Promoção da Saúde no Distrito Federal. Ela recapitulou sobre a primeira edição do seminário, que ocorreu em 2018, e orientou os profissionais da área a investirem em intercâmbio das melhores práticas entre as regiões e registrar tudo o que for promovido. “Vivemos o desafio de muita gente fazendo ações de promoção à saúde e não há registros. Isso é importante para o financiamento”, alertou. Durante a tarde, as ações estratégicas de promoção da saúde desenvolvidas pela SES-DF foram apresentadas pelo Comitê Central de Promoção da Saúde. Atuante desde 2011, sua função primordial é apoiar a implementação das estratégias no DF. Trata-se de um grupo intersetorial, formado por membros da Subsecretarias de Vigilância à Saúde (SVS) e da Subsecretaria de Atenção Integral à Saúde (SAIS), de caráter consultivo. Kelva Aquino, representante do comitê distrital | Foto: Tony Winston/Agência Saúde Com o forte trabalho desenvolvido durante a pandemia da covid-19 (com a maioria das 55 ações intersetoriais pactuadas executadas), o comitê possui como desafio principal a retomada do protagonismo pelas iniciativas de promoção da saúde. “Estamos ainda em um processo pós-covid. Temos que priorizar as atividades coletivas, fortalecer os nossos programas estratégicos junto à população. Precisamos fazer com que se perceba que a promoção da saúde é importante, com políticas públicas articuladas e integradas no território. É preciso ter uma comunidade empoderada para a promoção e defesa da saúde e da vida”, defendeu Kelva Aquino, representante do comitê distrital. *Com informações da Secretaria de Saúde
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