Igrejinha da 308 Sul celebra 67 anos neste sábado (28)
A Igreja Nossa Senhora de Fátima, conhecida como Igrejinha da 307/308 Sul, completa 67 anos neste sábado (28), consolidada como um dos marcos históricos, arquitetônicos e culturais mais importantes de Brasília. A programação do dia inclui missas às 7h, 11h, 15h (com o terço da misericórdia) e 18h30. Na frente da igreja, barracas terão comidas típicas de festas juninas e um espaço para música. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2007, a Igrejinha foi o primeiro templo católico em alvenaria da capital federal, construída em apenas 100 dias para cumprir uma promessa da primeira-dama Sarah Kubitschek pela cura de sua filha Márcia, que sofria de um problema na coluna. Primeiro templo católico em alvenaria da capital federal, a Igrejinha da 307/308 Sul foi inaugurada em 28 de junho de 1958 | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Projetada por Oscar Niemeyer, com estrutura de Joaquim Cardozo, a Igrejinha destaca-se pela arquitetura modernista singular, com três pilares que sustentam uma laje triangular inclinada, remetendo ao chapéu das freiras vicentinas. A obra conta com azulejos figurativos de Athos Bulcão, única nesse estilo, e pinturas que marcaram sua história, como os afrescos originais de Alfredo Volpi e a obra contemporânea de Francisco Galeno. O primeiro pároco foi Frei Demétrio de Encantado, conhecido como “o candango de Fátima”, que atendia a comunidade local em um barraco de madeira antes da inauguração do templo. A Igrejinha foi a primeira sede da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, que atualmente tem seu santuário na 906 Sul. [LEIA_TAMBEM]"A Igrejinha Nossa Senhora de Fátima merece essa festa, é um patrimônio vivo da história de Brasília, que une fé, cultura e arquitetura. Ela foi construída antes mesmo da cidade, em sinal de pura gratidão, e um símbolo de beleza e equilíbrio. Por isso, ela atrai não só os fiéis, mas também grupos de arquitetos e estudantes que vêm conhecer de perto a genialidade de Niemeyer e o modernismo brasileiro", afirma o secretário de Turismo do Distrito Federal, Cristiano Araújo. Recentemente, a Secretaria de Turismo do DF apoiou a recepção de 65 arquitetos do American Institute of Architects (AIA), que vieram a Brasília em novembro passado para o lançamento do Brasília Design Week (BDW), com o objetivo de apresentar a arquitetura americana, suas tecnologias e estreitar os laços entre arquitetura, design e identidade nacional. A mostra deste ano utilizou diversos espaços arquitetônicos simultaneamente, tanto para contemplação quanto para aulas e debates. A Igrejinha foi um local de destaque para os participantes do movimento. "Esse tipo de iniciativa reforça o compromisso com o turismo cultural, religioso e a valorização dos patrimônios da capital. A Igrejinha desperta grande admiração e curiosidade nesses visitantes e profissionais, que reconhecem a sua importância para a arquitetura moderna brasileira", complementa Cristiano Araújo. *Com informações da Setur-DF
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City tour gratuito mostra história e beleza de Brasília a moradores e turistas
Brasília acaba de completar 65 anos e, de presente, moradores e turistas ganharam um city tour cívico gratuito, que resgata a beleza e a história da capital federal. O serviço foi inaugurado no último dia 19 e seria gratuito apenas na primeira semana — em comemoração ao aniversário da cidade. Mas, por determinação do governador Ibaneis Rocha, que esteve na viagem inaugural, o passeio será permanentemente sem custos. Os passeios de ônibus duram cerca de duas horas, passando por marcos históricos, culturais e arquitetônicos da cidade, e são acompanhados por guias profissionais de turismo | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Os ônibus saem do estacionamento norte da Torre de TV, de terça-feira a domingo, em quatro horários: 10h, 12h, 14h e 16h30. Cada tour tem um limite de 36 pessoas. É preciso fazer um agendamento prévio na página da empresa Brasília Receptivo, mas também há possibilidade de encaixe, mediante disponibilidade de vagas. O percurso tem duração média de duas horas. O tour sobe o Eixo Monumental, vai para o Setor Militar Urbano, desce pela Esplanada dos Ministérios e retorna à Torre. No caminho, os passageiros podem contemplar alguns dos principais pontos históricos, culturais e arquitetônicos da capital, como a Catedral, o Congresso Nacional, a Praça do Buriti e a Praça dos Cristais. Todos os ônibus são cadastrados no sistema Cadastur e contam com acessibilidade. As visitas são acompanhadas por guias profissionais de turismo. “Foi superesclarecedor, a gente adorou. O ônibus também foi uma opção bem confortável para passear com a bebê”, diz a historiadora Sarah Lima A iniciativa é fruto de parceria entre a empresa Brasília Receptivo e a Secretaria de Turismo do DF, que investiu R$ 5 milhões para capitanear o acesso livre por meio de um chamamento público. "Já era um desejo meu e do governador Ibaneis Rocha retomar o tour cívico, para que moradores e visitantes pudessem conhecer a história da capital por meio de um passeio em ônibus, com um guia de turismo capacitado, explicando os principais pontos e atrativos da cidade. Brasília é uma cidade com vocação turística, e o nosso trabalho é dar visibilidade a toda a sua história e aos atrativos que tem a oferecer", apontou o secretário de Turismo, Cristiano Araújo. Eliete de Carvalho, com os filhos Gabriel e Luísa, aprovou o passeio: “É uma ideia muito legal. Foi sensacional” Até a última sexta-feira (25), 283 pessoas haviam feito o passeio. “Tem sido um sucesso total, como esperado. A gente vislumbrava esse sucesso já, porque era um produto que faltava em Brasília, uma cidade tão cívica, tão monumental, um museu a céu aberto”, destacou a diretora-executiva da Brasília Receptivo, Karine Câmara. “Brasília precisava e tem que ter realmente essa função. Nós vamos em todas as capitais do mundo e temos isso. E a gente precisa ter e, de fato, mostrar e mostrar isso principalmente para as nossas crianças. As pessoas precisam crescer com essa cultura e com essa paixão por Brasília e, assim, a gente melhorar a nossa civilidade”, acrescentou. [LEIA_TAMBEM]O passeio vem sendo aprovado, de fato, tanto por quem mora quanto por quem visita o DF. Tales Pedrosa, de 31 anos, por exemplo, vive em Brasília há um ano e decidiu fazer o passeio com a mulher, Sarah Lima, 29, e a filha, que vieram de Recife (PE) para visitá-lo. “Nós somos historiadores, então a gente acha importante, nos lugares que a gente visita, conhecer um pouco da história, entender. Acho que, para a gente entender uma cidade que a gente está morando ou visitando, a gente precisa passear por ela”, ressaltou ele. “Foi superesclarecedor, a gente adorou. O ônibus também foi uma opção bem confortável para passear com a bebê”, emendou ela. Já a assistente administrativo Eliete de Carvalho, 45, mora na capital há mais tempo, mas aproveitou a oportunidade de mostrar a cidade para os filhos, Gabriel e Luísa. “Durante os eventos do aniversário de Brasília, a gente viu a divulgação do city tour, aí eu logo entrei no site e marquei, porque a gente mora aqui há muito tempo, mas meus filhos não conheciam”, contou. “É uma ideia muito legal. Foi sensacional”, arrematou.
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Brasília em Realidade Virtual: uma viagem imersiva pela arquitetura da capital
Reconhecida mundialmente por sua arquitetura modernista e planejamento urbano inovador, Brasília é tema de uma experiência multissensorial desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB). A iniciativa utiliza a tecnologia de realidade virtual para apresentar, de forma interativa e imersiva, os principais patrimônios arquitetônicos da capital, como o Congresso Nacional, o Palácio da Alvorada e a Catedral Metropolitana. A proposta surge em um momento simbólico, em que Brasília celebra seus 65 anos de criação, reforçando a importância de valorizar e preservar o legado cultural e arquitetônico da cidade idealizada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Educação em realidade aumentada: Projeto financiado pela FAPDF é testado com estudantes da UnB, unindo inovação e valorização cultural | Crédito: Divulgação/FAPDF Voltado a estudantes, turistas, moradores e entusiastas da arquitetura, o projeto oferece uma nova maneira de vivenciar a Esplanada dos Ministérios e seus edifícios emblemáticos. O uso de óculos de realidade virtual permite que o usuário explore detalhes e circule pelos arredores das construções, mesmo sem estar fisicamente em Brasília. Tecnologia, percepção e acessibilidade A proposta integra visão, audição e tato para criar uma ambientação envolvente. A experiência é composta por duas etapas: uma simulação aérea com voo de paraglider sobre a cidade e uma visita em formato de galeria virtual, com informações sobre cada edifício. Sons direcionais, ventiladores e suportes físicos ajudam a reforçar a sensação de imersão. A proposta integra visão, audição e tato para criar uma ambientação envolvente “O objetivo é proporcionar uma percepção mais próxima da realidade, despertando o interesse do público para a história e o valor cultural dos patrimônios de Brasília”, explica o professor e pesquisador responsável pelo projeto, Renan Balzani. Educação e inclusão Um dos principais focos do projeto é ampliar o acesso ao conhecimento sobre a arquitetura e urbanismo brasileiros. A experiência foi pensada para atender diferentes perfis de público, incluindo estudantes do Ensino Fundamental ao Superior, além de pessoas com necessidades específicas, cujas reações à tecnologia serão observadas durante a exposição. O caráter educativo é central à iniciativa, que busca integrar a vivência estética e sensorial ao ensino formal e informal, fortalecendo a valorização do patrimônio nacional. Impacto e continuidade Ainda em fase de exposição na Universidade de Brasília, a iniciativa poderá futuramente ser expandida para outros espaços de ensino e pesquisa. A proposta é alcançar públicos em diferentes regiões do Brasil e do mundo, especialmente aqueles que não podem visitar a capital federal presencialmente. Para avaliar o impacto da experiência, os visitantes serão convidados a responder um questionário online com impressões sobre usabilidade, sensações e aprendizagem. Os dados servirão de base para aprimorar futuras ações voltadas à preservação e divulgação do patrimônio arquitetônico e cultural do país. [LEIA_TAMBEM]"A valorização do patrimônio cultural e arquitetônico de Brasília, especialmente por meio de tecnologias inovadoras como a realidade virtual, é fundamental para fortalecer o sentimento de pertencimento e democratizar o acesso à nossa história", afirma Marco Antônio Costa Júnior, presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). "Por isso, temos orgulho de apoiar essa iniciativa por meio do Edital Learning de 2023, que seleciona projetos com alto potencial de impacto educacional e científico. Essa é uma das maneiras pelas quais a FAPDF reafirma seu compromisso com a promoção da ciência, da cultura e da inclusão.” A iniciativa recebeu fomento no valor de R$ 1.499.000. *Com informações da FAPDF
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Brechas no projeto arquitetônico do Teatro Nacional permitiram a criação de novos espaços
Um dos maiores complexos culturais do país, o Teatro Nacional Claudio Santoro conta com uma área de 500 mil metros quadrados. Por se tratar de uma estrutura tão grande, a edificação foi construída com alguns “vazios” que foram descobertos durante o processo de concepção dos projetos para a obra de restauro do equipamento público. Essas brechas no projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer foram usadas para a inclusão de novos e importantes ambientes na primeira etapa da reforma. “O Teatro Nacional foi executado meio que ao mesmo tempo da execução do projeto. Então algumas informações nas plantas não condizem com que foi feito. Quem nos abriu as brechas foi o projetista Bruno Contarini [engenheiro da obra original]. Ele nos deu a possibilidade de vasculhar”, comenta a diretora executiva da Solé Associados, empresa responsável pelo projeto, Antonela Solé. O novo sistema de ventilação do teatro ocupa uma área embaixo da plateia da Sala Martins Pena | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília É o caso do novo sistema de ventilação do teatro, que ocupa uma área embaixo da plateia da Sala Martins Pena, onde antes só havia terra. Agora, o espaço conta com uma estrutura para receber o ar da sala por meio de dutos de ventilação instalados debaixo das novas poltronas. O objetivo é garantir a troca de ar no ambiente. Outro espaço que foi aproveitado entre os vazios do teatro está no foyer da Sala Martins Pena. Uma área na sequência da bomboniere e da bilheteria deu lugar a novos banheiros, incluindo um acessível para pessoas com deficiência (PcDs) e um fraldário. Obra de restauração O Teatro Nacional Claudio Santoro foi fechado em 2014 após descumprir normas do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CMBDF) e do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT). Na época, foram enumeradas mais de 100 irregularidades. A obra de restauração teve início pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em dezembro de 2022 pela Sala Martins Pena e seu respectivo foyer. A viabilidade da reforma só ocorreu depois que este GDF decidiu fracionar o projeto em quatro etapas. Com investimento de R$ 70 milhões por meio da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), a primeira etapa consiste na adequação da infraestrutura para as diretrizes atuais, bem como a recuperação de uma das salas. O GDF já anunciou que serão investidos R$ 320 milhões na próxima fase da obra. Os projetos das demais etapas incluem a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves, a Sala Alberto Nepomuceno e o anexo.
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Projeto promove mais de 7 mil visitas guiadas gratuitas à Praça dos Três Poderes
O projeto Percaminho – Cidade Visitada está em seus últimos dias de atuação na Praça dos Três Poderes. Realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF), a iniciativa promove visitas guiadas em diferentes pontos da praça, tendo como foco a história, política, arquitetura e simbolismo do local. As caminhadas são gratuitas e ocorrem de terça a sexta-feira, às 9h e às 17h30, e aos sábados e domingos, às 10h e às 17h. Os interessados podem participar até o dia 22 de outubro. Não é necessário agendamento prévio. O projeto, além de mediar o acesso aos principais símbolos e memoriais da Praça dos Três Poderes, inclui o Jogo da Democracia, uma atividade de tabuleiro interativa e educativa para todas as idades | Foto: Divulgação “Iniciativas como o Fundo de Apoio à Cultura são fundamentais para dar visibilidade a projetos que enriquecem não só a nossa cultura, mas a construção da nossa história. A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec-DF) tem se debruçado para proporcionar mais acesso a linhas de fomento cultural e valorizar nossos fazedores de cultura”, afirmou o secretário Claudio Abrantes. O Percaminho é uma oportunidade para turistas e brasilienses explorarem os monumentos do Distrito Federal que simbolizam a história e a democracia brasileira. O projeto, além de mediar o acesso aos principais símbolos e memoriais da Praça dos Três Poderes, inclui o Jogo da Democracia, uma atividade de tabuleiro interativa e educativa para todas as idades, idealizada pela coordenadora pedagógica e também designer de jogos Janaína André. Para a mediadora Cecília de Souza, o projeto visa tornar os monumentos da capital federal mais conhecidos por turistas e brasilienses | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília O projeto teve início em setembro de 2023 e tem o objetivo de promover o turismo cultural, com foco na preservação e valorização do patrimônio histórico de Brasília. “Criamos um jogo que une patrimônio e democracia, fugindo dos padrões tradicionais e trazendo conteúdos multimídia acessíveis por QR codes em português e inglês. A ideia é que encontremos parceiros para dar continuidade à iniciativa”, disse o coordenador-geral do Percaminho, Leonardo Hernandes. “A Praça dos Três Poderes em uma ampla visão política e histórica. A ideia é justamente promover essas mediações culturais livres. É aberto e gratuito para todas as idades. Desde setembro do ano passado, já atendemos cinco mil crianças de escolas públicas e duas mil pessoas de público espontâneo”, acrescentou a supervisora do programa educativo, Dani Neri. Para a mediadora Cecília de Souza, o projeto visa tornar os monumentos da capital federal mais conhecidos por turistas e brasilienses: “É muito importante o que fazemos aqui. Muitas pessoas chegam e não sabem o que há dentro dos museus. Então, o nosso trabalho é apresentar esses lugares e histórias para que saiam daqui sabendo um pouco mais do que quando chegaram”. Em casos de grupos com mais de 10 pessoas, é possível agendar visitas guiadas pelo telefone (61) 99664-8490.
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Turismo, áreas verdes e arquitetura moderna estimulam qualidade de vida de Brasília
Brasília, conhecida pelas principais decisões políticas do país e seus traços arquitetônicos, chama a atenção por outras questões. Uma delas é a das belezas naturais. Arborizada em seus quatro cantos, Brasília ocupa o segundo lugar como a capital com maior qualidade do meio ambiente, ficando atrás apenas de Curitiba, de acordo com o Índice de Progresso Social Brasil 2024 (IPS Brasil). O posto leva em consideração municípios que tenham áreas verdes urbanas. Arborizada em seus quatro cantos, Brasília ocupa o segundo lugar como a capital com maior qualidade do meio ambiente, ficando atrás apenas de Curitiba, de acordo com o Índice de Progresso Social Brasil 2024 (IPS Brasil) | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília É no Quadradinho onde o educador físico Thiago da Costa, de 44 anos, desfruta, nos horários de folga, dos parques urbanos, que foram regulamentados pela Lei Complementar nº 961, de 2019. Natural do Mato Grosso do Sul e morador de São Paulo, ele vem a Brasília para estudar e se profissionalizar na área em que já atua. Há quase duas décadas ele define a relação que tem com a capital em uma metáfora: “Se Brasília fosse uma árvore, a capital seria as flores e as folhas da minha vida”. “A gente tem que engrandecer aquilo que conseguimos fazer ao longo dos anos, fazendo com que Brasília fosse, além da capital da República, a cidade com melhor qualidade de vida para se viver dentro das capitais do Brasil. É a segunda cidade mais segura do Brasil. Isso tudo faz com que Brasília possa ser um grande centro turístico, um grande centro de eventos” Governador Ibaneis Rocha No Cerrado, de forma mais especial no Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek, Thiago encontra a horizontalidade e visão periférica que o renovam para enfrentar, diariamente, a selva de pedra paulista. “O modelo da cidade é muito diferente. O estilo, a ideia maior de amplitude. Eu sou apaixonado por Brasília. É o que sinto. Brasília é um respiro”, narra Thiago. O DF conta com 16 áreas urbanas protegidas com potencial de contemplação, uso público para o lazer, prática de esportes, recreação em contato harmônico com a natureza, desenvolvimento de manifestações e atividades culturais, educacionais, de socialização e convívio das comunidades. Esses espaços contam com mais de 80 espécies de flores, mais de 300 de arbustos, de plantas de sombra e palmeiras, além de mais de 200 tipos de árvores – em que 60% são provenientes do Cerrado. Tanta variedade rendeu ao Quadradinho o título de cidade-parque. E não é para menos: existem 5,5 milhões de árvores em todo o DF, sendo que 1,5 milhão estão no Plano Piloto. Há ainda 186 milhões de metros quadrados de grama e 650 jardins em áreas públicas e oficiais. Nascido em São Paulo, o jornalista e gerente executivo Robson Del Casale tem com a capital federal o que ele define como uma verdadeira história de amor. Ele mora em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, porém é no DF que ele se sente à vontade. Todo mês vem à capital a trabalho | Foto: Arquivo pessoal Arquitetura que também é casa A arquitetura diferenciada da capital também é outro fator que mexe com quem visita Brasília. A emoção de quem veio para o Quadradinho há 13 anos pode até ser a mesma hoje em dia; a intensidade, no entanto, mudou. Ou melhor, aumentou. A ligação que Robson Del Casale tem com a capital federal é o que ele define como uma verdadeira história de amor. Nascido em São Paulo, o jornalista e gerente executivo de 42 anos mora em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. É no Distrito Federal, porém, que ele se sente à vontade. Todo mês, ele vem à capital a trabalho. “Em Brasília me sinto em casa. A primeira vez que pisei na capital fiquei deslumbrado. Era algo que só se via pela televisão – o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional. Transitar entre os prédios da Esplanada dos Ministérios foi emocionante”, relata Robson. O DF aparece em primeiro lugar como a capital com acesso à saúde e bem-estar, levando em consideração a expectativa de vida na região | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília Patrimônio tombado Primeiro conjunto urbano do século XX a ser reconhecido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1987, o conjunto urbanístico-arquitetônico de Brasília é parte de um projeto nacional de modernização do país, conduzido pelo então presidente Juscelino Kubitschek. A capital brasileira foi inscrita no Livro do Tombo Histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1990. Todo esse reconhecimento também faz com que o DF seja o único local no Brasil a ocupar um lugar no ranking do jornal americano The New York Times, que lista os 52 melhores destinos turísticos para conhecer em 2024. O principal atrativo é a arquitetura. Nesse sentido, o Governo do Distrito Federal (GDF) tem se dedicado a tornar Brasília uma cidade cada vez mais turística. O DF conta com 16 áreas urbanas protegidas com potencial de contemplação, uso público para o lazer, prática de esportes, recreação em contato harmônico com a natureza, desenvolvimento de manifestações e atividades culturais, educacionais, de socialização e convívio das comunidades | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília “A gente tem que engrandecer aquilo que conseguimos fazer ao longo dos anos, fazendo com que Brasília fosse, além da capital da República, a cidade com melhor qualidade de vida para se viver dentro das capitais do Brasil. É a segunda cidade mais segura do Brasil. Isso tudo faz com que Brasília possa ser um grande centro turístico, um grande centro de eventos”, ressalta o governador Ibaneis Rocha. O secretário de Turismo, Cristiano Araújo, reforça essa ideia, pontuando que o turismo de Brasília tem movimentado a economia, aquecendo o comércio local e os mais diversos segmentos. “Brasília tem recebido grandes shows nacionais e internacionais, eventos esportivos, congressos e feiras. Estamos colocando Brasília nas prateleiras internacionais, apresentando a cidade em eventos voltados para o turismo em diversos lugares do mundo. Tudo isso demonstra que Brasília está preparada para receber visitantes de todo o mundo, e vamos continuar trabalhando para que o turismo seja um grande propulsor para a economia”, diz Reforçando a beleza do projeto urbanístico-arquitetônico do Quadradinho, Robson Del Casale lembra quando, em 2011, desembarcava no Distrito Federal pelo que seria a primeira de muitas vezes. O prédio que mais chamou a atenção do brasiliense de coração foi o Palácio do Itamaraty. O prédio encanta e impressiona pela imponência das quatro fachadas, pelas emblemáticas obras de arte e pelos jardins exuberantes. Aos 30 anos e com três irmãos morando aqui, o alagoano Joás Suruagy, comprador de peças automotivas em Maceió, pensa em, brevemente, se tornar o quarto integrante de sua família a vir para as asas da capital do país. A maior motivação é a qualidade de vida, reforçada pelo Índice de Progresso Social Brasil 2024 | Foto: Acervo pessoal “Foi muito impactante ter essa experiência. Ainda é. Cada vez que vou à Brasília, a paixão só aumenta. O carinho sempre vai existir, mas sempre vai estar em constante mudança. Cada vez mais, o carinho é maior.” Além de jornalista e gerente executivo, Robson também trabalha junto à Federação das Indústrias do Estado do Mato Grosso do Sul (FIEMG). É por meio do trabalho que ele também consegue tirar proveito do turismo de negócios que Brasília oferece. A localização estratégica da capital, a infraestrutura bem desenvolvida – com centros de convenções, hotéis de alto padrão e outros serviços especializados – e suas conexões aéreas facilitam o acesso de pessoas de outras regiões do país e do exterior. Ao encontro das asas Outro caso de amor por Brasília envolve o alagoano Joás Suruagy, comprador de peças automotivas em Maceió. Aos 30 anos e com três irmãos morando aqui, ele pensa em, brevemente, se tornar o quarto integrante de sua família a vir para as asas da capital do país. A maior motivação é a qualidade de vida, reforçada pelo Índice de Progresso Social Brasil 2024. O DF aparece em primeiro lugar como a capital com acesso à saúde e bem-estar, levando em consideração a expectativa de vida na região. Além disso, o Quadradinho também levou o primeiro lugar como a capital com maior respeito aos direitos das liberdades individuais da população, levando em conta o acesso à cultura, ao lazer e ao esporte. Duas vezes no coração do Brasil foram suficientes para que o DF roubasse o coração de Joás. As vias amplas, as áreas verdes e as opções culturais são apenas algumas das opções que cativam o alagoano. “As experiências em Brasília sempre são ótimas. A cidade sempre me recebe muito bem, seja por meio do verde, que é presente em todos os cantos, ou em opções mais turísticas, ao redor do Plano Piloto”, detalha. “A qualidade de vida de Brasília é o que mais me chama atenção. Por isso trabalho a ideia de ir morar no DF. A estrutura, a organização dos lugares, dos setores. É tudo muito bonito, tudo me encanta”, complementa.
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Brasília se prepara para sediar o 3º Fórum Mundial Niemeyer
Brasília está prestes a se tornar o epicentro mundial do debate sobre arquitetura, urbanismo, ciência, cultura e humanidades. De 29 de abril a 3 de maio, a capital brasileira será o palco para a tão aguardada 3ª edição do Fórum Mundial Niemeyer (FMN), um evento que promete reunir os maiores nomes e mentes engajadas em discutir o futuro das cidades e do mundo como um todo. “Oscar Niemeyer é um gênio brasileiro reconhecido em todo o mundo. Brasília tem a honra de possuir grandes obras assinadas por ele, que impulsionam o turismo arquitetônico da nossa capital. Receber este fórum aqui é uma conquista. Os temas que serão debatidos aqui são enriquecedores não apenas para Brasília, mas para o mundo todo” Cristiano Araújo, secretário de Turismo Após o sucesso das duas primeiras edições, realizadas no Rio de Janeiro em 2018 e em São Paulo em 2019, o FMN chega a Brasília sob a organização e concepção do arquiteto Paulo Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer. “Não é apenas um fórum sobre Niemeyer, mas um fórum social, econômico e humanitário, de empoderamento do Brasil e sobre a relação do Brasil com o mundo”, afirma Paulo. O fórum conta com o apoio da Secretária de Turismo do DF (Setur-DF), do Instituto Niemeyer de Políticas Urbanas, Científicas e Culturais, liderado por Paulo Niemeyer, e da prestigiada Fundação Luso Brasileira, e são peças fundamentais que dão forma à essência desta edição. “Oscar Niemeyer é um gênio brasileiro reconhecido em todo o mundo. Brasília tem a honra de possuir grandes obras assinadas por ele, que impulsionam o turismo arquitetônico da nossa capital. Receber este fórum aqui é uma conquista. Os temas que serão debatidos aqui são enriquecedores não apenas para Brasília, mas para o mundo todo”, aponta o secretário de Turismo do DF, Cristiano Araújo. Arte: Divulgação/Setur Com mais de 50 palestrantes e mais de 1.000 participantes esperados, o 3° FMN se propõe a promover práticas e ações de relevância e responsabilidade em escala global. Durante cinco dias intensos, o evento oferecerá uma imersão em palestras, plenárias e talks interativos, explorando propostas, projetos e práticas efetivas para construir um mundo mais solidário e humano. O 3° FMN abordará uma ampla gama de tópicos, desde questões de geopolítica internacional até desafios específicos do urbanismo e planejamento urbano. Buscará soluções para construir cidades mais tolerantes e sustentáveis, promovendo a simbiose entre natureza, arquitetura responsável, globalização, cultura e inclusão social. O FMN também estará atento à preparação das cidades para eventos de alto impacto, sejam eles sanitários, econômicos ou ambientais, enfatizando a importância da resiliência urbana em um mundo em constante mudança. Destaques da Programação – Palestras Internacionais: Mentes brilhantes de diversos países discutirão estratégias inovadoras para transformar desafios urbanos em oportunidades – Debates Práticos: Participantes terão a oportunidade de se envolver em discussões práticas, promovendo a aplicação de ideias em soluções concretas – Carta Niemeyer: O evento visa criar um documento significativo a ser apresentado à ONU-Habitat, comprometendo-se a moldar o futuro das cidades de maneira sustentável e inclusiva – Presença de Autoridades e Especialistas: O Fórum contará com a participação de autoridades renomadas, especialistas em urbanismo, arquitetura e design, além de representantes de organismos internacionais Serviço 3º Fórum Mundial Niemeyer (FMN) – Data: de 29 de abril a 3 de maio – Local: Instituto Serzedello Corrêa – SCES Trecho 3 Polo 8, 4 – Investimento: Gratuito partir do dia 30 de abril, com retirada de cortesias pelo sympla – Mais informações: http://forummundialniemeyer.org/ *Com informações da Setur-DF
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Viva Brasília 64 anos: cidade inspira produção artística local
O céu azul e visível em meio aos prédios baixos da área central de Brasília. O branco do concreto dos monumentos assinados por Oscar Niemeyer. A forma de avião do projeto de Lucio Costa. As águas cristalinas do Lago Paranoá. A geometria dos azulejos de Athos Bulcão. A pluralidade cultural de uma população nascida a partir da migração de povos das cinco regiões do país. Todas essas características singulares da capital federal servem de inspiração e influenciam as diferentes manifestações culturais presentes no Distrito Federal, além de darem uma identidade única à arte candanga. Quando tinha 20 anos, o escultor Darlan Rosa, 77 anos, veio do interior de Minas Gerais para Brasília. A mudança para a nova capital transformou a identidade das obras do artista plástico, que passou a fazer esculturas em aço inox, parafusadas e vazadas de forma a se conectarem harmonicamente com a cidade. “Se você observar as minhas esculturas, elas partem da geometria da cidade. Minha arte nasceu da interação com Brasília. Tudo que tenho feito e faço parte da ideia da cidade”, explica. As obras de Darlan Rosa partem da geometria da cidade. “Minha arte nasceu da interação com Brasília”, afirma | Foto: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília Uma das obras mais emblemáticas do artista está no gramado em frente ao Memorial JK, no Eixo Monumental. São sete esculturas em forma de esfera que fazem uma analogia à criação de Brasília, como se a cidade tivesse sido construída em sete dias. Duas delas, inclusive, retratam os dois candangos, símbolo da capital. Além desta, Darlan Rosa tem mais 53 outras obras espalhadas por todo o DF. Todas coexistem com o modernismo local. “A cidade já é uma obra de arte. Quando comecei a colocar a minha obra não queria que ela fosse muito grande para não contrapor os monumentos de Oscar Niemeyer. Queria que ela fosse uma obra integrada à cidade, que conversasse com as pessoas nas ruas”, completa. Darlan Rosa: “A cidade já é uma obra de arte. Quando comecei a colocar a minha obra não queria que ela fosse muito grande para não contrapor os monumentos de Oscar Niemeyer” | Foto: Geovana Albuquerque/ Agência Brasília Formas geométricas Foram exatamente as ruas de Brasília que forjaram a identidade artística do grafiteiro Toys Daniel, 32. As formas geométricas, os setores, o fato de ser plana e muito limpa tiveram influência direta no traço criado pelo artista, que também se inspirou no pintor, escultor e artista plástico Athos Bulcão, que tem as obras destacadas em azulejos pela cidade. “Uma das coisas que percebi quando comecei a pintar nas ruas de Brasília é que havia muito concreto, amplitude e o branco dos monumentos. Queria quebrar um pouco disso, daí vieram as cores saturadas – o rosa, o verde e o amarelo – que passei a inserir nessa paleta de Brasília”, comenta. “Meu traço, meu conceito e minha identidade artística têm tudo a ver com Brasília” Toys Daniel, grafiteiro Em quase 20 anos de trajetória, Toys deixou a própria marca por toda a cidade. O grafite do brasiliense é facilmente reconhecido, seja pelas cores vivas que contrastam com os tons sóbrios da cidade, seja pela presença do personagem Toyszim, um boneco amarelo com o nariz em formato de “T”. O sucesso em Brasília o projetou nacionalmente e internacionalmente. “Se hoje conquistei alguma coisa foi porque pintei nas ruas de Brasília. Então sinto que é um dever e uma obrigação continuar deixando meu trabalho nas ruas como forma de agradecimento. Meu traço, meu conceito e minha identidade artística têm tudo a ver com Brasília”, define o grafiteiro. Diversidade Se a arte visual bebe da arquitetura de Brasília, a música pende mais para a diversidade cultural construída a partir de uma população que durante 55 anos teve como maioria pessoas nascidas em outras unidades da federação. A porcentagem de brasilienses entre os habitantes da cidade só mudou em 2018, quando os nascidos na capital ultrapassaram os migrantes se tornando mais de 55% da população local, segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad). Uma das bandas de pagode da cidade com projeção pelo Brasil, o grupo BenzaDeus apresenta uma sonoridade criada a partir da pluralidade cultural brasiliense. “Entendemos que Brasília ferve cultura do Brasil porque é uma cidade que tem muita gente do país que veio aqui tentar a vida. Naturalmente essas pessoas trouxeram a cultura desses lugares, criando uma mistura multicultural que reflete na música de Brasília”, analisa um dos vocalistas da banda, Vini de Oliveira. O grupo de pagode BenzaDeus busca inspiração em Brasília | Foto: Tony Oliveira/ Agência Brasília Desde o início do projeto, em meio à pandemia, o grupo faz questão de abraçar a identidade brasiliense. A começar por dar continuidade ao segmento do samba e do pagode de bandas que nasceram na cidade e passaram a fazer sucesso pelo país, como Menos é Mais e Di Propósito, passando pela referência à cidade no primeiro álbum, o DVD Benza em Brasa. “Soubemos reconhecer quem somos. É Benza em Brasa por nosso pagode ser ‘embrasado’ e também por causa de Brasília, que com suas asas nos leva para outros lugares”, acrescenta o músico. O reconhecimento da própria origem acabou se tornando um diferencial da banda, que estourou com a faixa Ficar para quê?, que, no YouTube, tem mais de dois milhões de visualizações. “No início não pensávamos alcançar isso [o reconhecimento nacional] e o que possibilitou foi exatamente a cena de Brasília. Percebemos que ao usar a força do movimento da cidade estávamos nos diferenciando dos outros”, completa o músico Das Sortes, que canta e toca surdo no BenzaDeus. Mesmo com a projeção para além de Brasília, o BenzaDeus continua se apresentando na cidade. Toda quinta-feira a banda faz uma roda no Lounge, no Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Às sextas-feiras tem show no Complexo Fora do Eixo, no Setor de Abastecimento e Armazenamento Norte (SAAN). Aos finais de semana, o grupo faz shows nas regiões administrativas, com Sobradinho, Gama, Santa Maria, Ceilândia e Samambaia. “Quanto mais eu saio, mais me orgulho de pertencer a Brasília. Gosto de desbravar os lugares, enfrentar os desafios e ter Brasília como meu lugar de descanso, a minha casa” Adriana Samartini, cantora Como o BenzaDeus, a cantora brasiliense Adriana Samartini teve reconhecimento nacional, mas nunca quis deixar a capital federal. “Primeiro porque é o lugar que meus pais, um carioca e uma mineira, escolheram para construir a nossa família. A nossa base é aqui. Quanto mais eu saio, mais me orgulho de pertencer a Brasília. Gosto de desbravar os lugares, enfrentar os desafios e ter Brasília como meu lugar de descanso, a minha casa”, comenta. A artista diz que, no início, até foi difícil, porque as principais gravadoras e produtoras estavam no eixo Rio-São Paulo, mas a internet modificou essa relação artística. “Também me inspiro em artistas da cidade, como as bandas Natiruts e Raimundos, que montaram seus escritórios aqui e nunca abandonaram Brasília. Sempre achei isso o máximo”, acrescenta. Celebração local Além de amar morar em Brasília, Adriana Samartini coloca no repertório musical as características da cidade e, para ela, esse é o motivo de ter uma carreira consolidada há 18 anos. “Brasília é plural e, como boa brasiliense, tenho essa característica de misturar os gêneros. Hoje é uma tendência, mas no meu caso faz parte da minha identidade de Brasília”, afirma. Neste ano, ela realizou um sonho antigo: tocar pela primeira vez na programação oficial do aniversário de Brasília. “Essa porta nunca tinha sido aberta, mas veio na hora certa. Digo que será mais um presente para mim do que para Brasília”, completa. “Os fomentos são essenciais para promover a diversidade cultural no DF. Impulsionamos nossa cultura garantindo que a arte e a expressão cultural alcancem todos os cantos da nossa cidade” Claudio Abrantes, secretário de Cultura e Economia Criativa No sábado (20), Adriana Samartini se juntou a outros nomes conectados com a cidade: o DJ Alok, goiano de nascimento, mas que fez carreira na capital federal; e a banda Di Propósito, representante do pagode brasiliense. “Queríamos artistas que tivessem uma ligação forte com Brasília. Mesmo que não morassem aqui, mas que tivessem passado aqui ou tivessem alguma conexão”, revela o secretário de Cultura e Economia Criativa, Claudio Abrantes. Mais do que reconhecer a produção local no aniversário da cidade, o Governo do Distrito Federal (GDF) contou com fomentos para impulsionar os artistas locais ao longo de todo o ano. Só em 2023 foram investidos R$ 77 milhões por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e dos programas Conexão Cultura e de Incentivo Fiscal (LIC). “Os fomentos são essenciais para promover a diversidade cultural no DF. Impulsionamos nossa cultura garantindo que a arte e a expressão cultural alcancem todos os cantos da nossa cidade. Apoiamos os fazedores de cultura a conquistarem ainda mais espaços, desempenhando um papel crucial no impulsionamento da economia criativa”, defende Abrantes.
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Viva Brasília 64 anos: marco na arquitetura modernista mundial
O urbanista Lucio Costa, ao falar sobre a epopeia de construir em tão pouco tempo e em condições tão adversas a nova capital, afirmou: “Na verdade, o sonho foi menor do que a realidade. A realidade foi maior, mais bela”. Anos depois, esse sonho grandioso e suas inúmeras obras de arte a céu aberto deram a Brasília o título de Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que fez da cidade uma referência na arquitetura e no urbanismo mundial. Nesse especial de 64 anos de Brasília, destacamos a história da capital do país do ponto de vista da arquitetura, saindo de um vazio demográfico na década de 1950 para se tornar, em apenas seis décadas, a terceira maior unidade da federação do país. Hoje, o Distrito Federal conta com uma população superior a 2,8 milhões de habitantes, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficando atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Superquadras e setores de comércio e de diversões, por exemplo, compõem a identidade única da capital do país. O bloco C, da SQS 210, conquistou o Selo CAU/DF, que reconhece o valor histórico das edificações não monumentais de Brasília | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília Cercados por prédios e palácios rabiscados por Oscar Niemeyer, a área tombada da cidade tem 112,25 km², sendo o maior perímetro urbano sob proteção histórica do mundo, e coleciona atributos dignos desse tombamento. Quem passeia pela cidade tem a oportunidade de prestigiar as quatro escalas de Lucio Costa — monumental (a do poder), residencial (das superquadras), gregária (dos setores de serviços e diversão) e bucólica (das áreas verdes entremeadas nas demais) — e conversar com os traços de Oscar Niemeyer. Em diversos pontos da capital, é possível prestigiar obras de Athos Bulcão e vislumbrar o paisagismo de Burle Marx. Arte: Agência Brasília “Brasília é a única cidade modernista no mundo, existem outras cidades planejadas, mas modernista só Brasília. Ela mantém construções específicas e por zoneamento, que são as divisões como zonas de comércio, de residências, tudo setorizado com a permissão de grandes espaços vazios entre as construções”, destaca a arquiteta urbanista Angelina Nardelli. O subsecretário de Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), Felipe Ramón, afirma que “o dispositivo do tombamento tem um valor essencial para a unidade e para a história daquela comunidade. Aí está a importância da preservação do patrimônio cultural, porque ele mostra o que nós somos”, destaca. Na SQS 210, um marco modernista se destacou em análise do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal. O Bloco C, construído em 1976, conquistou o primeiro lugar do selo CAU/DF, condecoração que reconhece o valor histórico de edificações não monumentais da cidade. Foi premiado pela boa conservação e contribuição para a história da arquitetura moderna. Ele tem as fachadas em cobogós, os tijolos vazados que são a marca de inúmeros prédios nas asas Sul e Norte. “A ideia do selo é prestigiar a arquitetura cotidiana da cidade. Avaliamos, principalmente, o respeito à arquitetura original”, conta o presidente do Conselho de Arquitetura, Ricardo Reis Meira. Além do tombamento Quando voltamos o olhar para o Distrito Federal como um todo, percebemos obras de arquitetura presente em diversas regiões administrativas e que se tornaram referências para a população local e para a história do nosso Quadradinho. Um desses locais, associado à construção da nova capital e que faz parte dos passeios escolares para conhecer a história da capital, é o Museu Vivo da Memória Candanga, localizado entre as regiões administrativas da Candangolândia e Núcleo Bandeirante. A charmosa alameda composta de casas simples de madeiras coloridas é cercada por árvores frutíferas. O Museu Vivo da Memória Candanga foi inaugurado no dia 26 de abril de 1990, com o objetivo de preservar o legado deixado pelos candangos na época da construção de Brasília | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília Antes de ser um museu, o local abrigava o Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira (HJKO), um espaço criado para atender a demanda não só de operários acidentados nas construções, mas também de outros serviços, como partos e atendimento ambulatorial de crianças e donas de casas. Era um conjunto de 23 edificações em madeira e permaneceu como complexo hospitalar e de apoio até 1974, quando o Hospital Distrital (atual Hospital de Base) foi inaugurado. Marilda Porto, de 84 anos, casada com o primeiro médico de Brasília, Edson Porto, foi uma das primeiras moradoras da vila, em 1958, e relembra alguns momentos da época. “As casas sempre foram pintadas, bem-cuidadas, eram sempre coloridas. Me lembro que era um grande movimento de ambulâncias entrando, caminhões com trabalhadores. O movimento era muito grande. A entrada e a saída do hospital era pela rua entre as casas”, lembra. Casa do Cantador A Casa do Cantador, em Ceilândia, é a única obra de Oscar Niemeyer fora do Plano Piloto | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília Já os ceilandenses têm em sua cidade uma obra de Oscar Niemeyer. Único monumento do arquiteto fora do Plano Piloto, a Casa do Cantador, conhecido como Palácio da Poesia, foi inaugurado em 9 de novembro de 1986, a partir da reivindicação de representantes da cultura nordestina em Ceilândia, o maior reduto desta região do país no DF. Logo na entrada, quem recebe os visitantes é a estátua do Cantador Anônimo, do escultor cearense Alberto Porfírio, representando a paixão do povo pela música. “A casa, com 37 anos, sempre teve um cantador à frente, pois com as tradições nordestinas nos sentimos em um espaço do nordestino aqui no DF. Além disso, ter uma obra de Oscar Niemeyer é uma honra”, afirma o gerente do espaço cultural, o repentista Zé do Cerrado. O espaço trabalha com programas ocupacionais, aulas de ginástica, música e se tornou um espaço de expressão artística para todos os músicos e artistas da cidade. Igreja da Barca Conhecida como a “Igreja da Barca”, a Paróquia Santa Luzia se tornou um cartão-postal de Samambaia | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília Não é só mais uma simples igreja. E, sim, uma referência no imaginário dos moradores de Samambaia. Desde 1996, a Paróquia Santa Luzia – ou a “Igreja da Barca” – tornou-se um templo da fé e também um ponto de referência da cidade. Como consequência, transformou-se em um verdadeiro cartão-postal. Construída com janelas em uma estrutura que remete a uma embarcação, logo ganhou o apelido de barca. “A igreja foi idealizada pelo padre Alberto, um italiano que não era arquiteto. Foram construídas 153 colunas que sustentam a igreja. Hoje somos um templo conhecido em todo o DF e muitas pessoas vêm para conhecer nossa arquitetura”, conclui o ministro da Eucaristia Luciano de Sousa, que frequenta a paróquia há 28 anos.
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Viva Brasília 64 anos: As várias faces da estética brasiliense
Prestes a completar 64 anos de vida, Brasília é a capital responsável por abrigar todos: desde candangos que edificaram prédios, passando pelos descendentes e aqueles que vêm somente para visitar e conhecer a construção da identidade cultural do Quadradinho. No especial Viva Brasília 64 anos, a Agência Brasília convida você a lembrar, conhecer e viver o jeitinho brasiliense, contemplado pela arquitetura, culinária, arte, esporte e outras áreas. Forjada na diversidade, a capital tem gerações que nasceram aprendendo a fazer o balão, descer a tesourinha e pegar o zebrinha – coisas que fazem sentido para os brasilienses e compõem o estilo de vida da cidade, mas podem causar estranhamento a quem vem de fora. Arte: Agência Brasília Para a antropóloga e professora do departamento de sociologia da Universidade de Brasília (UnB) Haydèe Caruso, Brasília pode ser pensada de forma muito diversa e com múltiplas identidades devido à própria concepção da cidade, que representa a junção de todas as partes e lugares do Brasil. “A gente não estabelece padrões culturais por decretos ou protocolos, nós vamos vivendo e construindo a identidade cultural. É difícil dizer que há uma única identidade, até pelo distanciamento entre o Plano Piloto e as outras regiões administrativas, onde há vários movimentos que são berço do rap, do rock e do samba brasiliense. É um caldeirão que reúne o diverso que é o Brasil. A pluralidade pode ser nossa identidade”, explica a especialista. Arte, cultura, arquitetura, moda e gastronomia ajudam a compor a identidade única de Brasília, cidade que reúne aspectos culturais de todas as partes do país | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília A antropóloga ressalta, ainda, que a identidade cultural é um processo contínuo de construção, em que a própria linguagem e expressões coloquiais locais podem ser citadas como exemplo. Sotaque brasiliense Para o brasiliense é comum pegar um baú ou camelo e ir ao Eixão do Lazer ou até mesmo morgar embaixo de um ipê e admirar o céu Para o brasiliense, é comum pegar um baú ou camelo e ir ao Eixão do Lazer ou até mesmo morgar embaixo de um ipê e admirar o céu de Brasília – aquele conhecido como o mar da cidade. Depois, quem sabe, ir à Igrejinha e mais tarde ao Cine Drive-In ou ao Conic para um frevo. Se você não é de Brasília, o parágrafo acima pode ser um pouco confuso de entender. Mas não se preocupe, nós o ajudamos a entender o dialeto da cidade que é só o ouro para você não pagar vexa, tá ligado, véi? Essas são apenas algumas expressões típicas que fazem parte do sotaque brasiliense, tão claro para alguns e questionado por outros. O assunto foi tema do documentário Sotaque Capital, produzido pela jornalista Marcela Franco em 2013. No curta, a resposta é que sim, existe um sotaque com características próprias no DF, fruto de uma mistura de diversas regiões do país. “Vinham pessoas de todos os estados para cá. Daí nasceu esse sotaque; dizem que é falado de forma cantada e que comemos algumas letras das palavras”, acentua a jornalista. Outro termo peculiar é “babilônia”, usada para se referir às únicas quadras comerciais do Plano Piloto com ligação subterrânea. Considerada uma quebra de padrão entre as quadras modelos do Plano Piloto, a 205/206 Norte era conhecida como “a quadra estranha do Plano Piloto”, malvista por muitos e amada por alguns, e tema do documentário Babilônia Norte, dirigido por Renan Montenegro, 34. O cineasta estava entre os que passavam pela quadra e a viam de forma diferente. Lançado em 2013, o curta explora os ângulos e espaços arquitetônicos do espaço, fazendo parte de um movimento de identificação cultural em Brasília que surgiu no mesmo ano. “O que mais potencializou esse movimento foi ser um trabalho feito por brasilienses, convidando mais artistas brasilienses para um público brasiliense. É um discurso bem bairrista: feito aqui, por nós, sobre nós e para nós. É pertencer à cidade e dar ressignificado para as coisas”, conta Renan. O diretor aponta que o ano de 2013 foi uma virada para a identidade brasiliense e fez diferença na quadra para o que ela é hoje. A mesma lógica, que parte de ocupar os espaços públicos, é aplicada ao Carnaval de Brasília, que já tem um circuito a contemplar os brasilienses que não precisam mais viajar só para se divertir em bloquinhos. “Para uma cidade nova, dez anos fazem muita diferença. Há um desenvolvimento dos artistas locais e do público. Brasília sempre foi muito fria pela construção arquitetônica e urbanística e pelos endereços cheios de números. Então, até esse movimento de apelidar os lugares, por exemplo, ajuda no processo de chamar a cidade de nossa”, destaca o cineasta. Moda e gastronomia O chef André Castro defende a gastronomia com ingredientes locais: “Precisamos começar a olhar para o quintal da gente” Essa construção de identidade entra em outros campos. Os alimentos típicos do Cerrado são usados na elaboração de menus executivos, festivais gastronômicos e cardápios especiais. Entre os restaurantes que ressaltam essa culinária local está o Authoral, localizado na Asa Sul e comandado pelo chef de cozinha André Castro. Durante o período em que esteve na Europa, André assimilou o importante aprendizado de enaltecer o local. “Valorizar o ingrediente que está próximo a você, seja porque ele faz parte da cultura, seja porque chega até você mais fresco: isso é valorizar, também, toda a cadeia produtiva que está próxima”, pontua. Atualmente, há dois pratos incluídos no cardápio nessa linha. O primeiro leva óleo de babaçu tostado no lugar do óleo de gergelim. É um filé de pescada-amarela com crosta de castanhas brasileiras, musseline de batata-doce roxa, creme de moqueca e vinagrete de milho tostado. No outro preparo, é usada uma técnica espanhola para fazer uma croqueta com massa de galinha caipira com emulsão de pequi. “Infelizmente, o brasiliense ainda conhece pouco do Cerrado. As pessoas nascem e crescem no Cerrado, mas não conseguem falar cinco ingredientes encontrados aqui. Precisamos começar a olhar para o quintal da gente”, comenta o chef. Na loja Verdurão, Wesley Santos trabalha com duas ‘estações do ano’: seca e chuva Não só a culinária é influenciada por características locais do DF, mas também a moda. Enquanto muitos países apresentam estações do ano bem-definidas, a marca de roupas Verdurão, criada em 2003, entende que isso não existe na realidade brasiliense. “Temos duas estações: seca e chuva. E é assim que operamos, com roupas para época de seca e época de chuva. Eu até brinco que a Verdurão começou a falar da identidade cultural de Brasília em uma época em que a gente nem sabia que tinha uma identidade. A marca ajudou a mapear e explicitar essa identidade aos brasilienses”, afirma o diretor criativo da Verdurão, Wesley Santos. Além de ser uma rede de apoio à economia local e às várias famílias que vivem da produção do vestuário, a Verdurão produz roupas sem nada de origem animal. Algumas são feitas com tecidos biossustentáveis, como fibra de bananeira e de cânhamo. “Eu já rodei o mundo inteiro e nunca vi nada minimamente parecido com Brasília. É uma cidade cenário diferente de tudo” Wesley Santos, diretor criativo Uma das missões da empresa é, segundo Santos, “promover Brasília até para gringo conhecer” e “mostrar para o resto do país o quanto Brasília é massa”. Para o diretor criativo, não é tarefa difícil trabalhar com estampas que retratam o cotidiano da capital federal, usando e abusando dos símbolos brasilienses – placas, fauna, flora, gírias, costumes e cartões-postais. “Estamos em uma cidade fora do normal, incrível. Temos um estilo de vida que não se encontra em nenhuma cidade do país. Eu já rodei o mundo inteiro e nunca vi nada minimamente parecido com Brasília. É uma cidade-cenário diferente de tudo”, afirma. Brasília é poesia Com oito livros repletos de poesias que falam sobre Brasília, o poeta Nicolas Behr compartilha dessa paixão pela cidade onde mora há 50 anos. O autor frisa que tudo está relacionado ao choque inicial que teve com Brasília, quando chegou aos 14 anos, vindo de Cuiabá (MT), e deu de cara com uma cidade estranha, nova e árida. O poeta Nicolas Behr foi buscar inspiração nas curvas de Brasília para sua arte | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília “Essa aridez me causou um estranhamento, uma dificuldade de aceitar essa cidade e uma tentativa constante de dialogar com ela. Foi daí que nasceu a minha poesia, da tentativa de decifrar Brasília antes que ela me devorasse. É um conflito bom, que vai diminuindo à medida que você vai se incorporando à cidade”, observa. Behr também comenta que a parte mais visível da estética brasiliense é a contribuição para a arquitetura, sendo impossível falar de Brasília sem passar pelas obras de Oscar Niemeyer. “Antes de Brasília, a arquitetura moderna era feia, pesada, sem leveza, sem graça, sem a criatividade que Oscar Niemeyer nos trouxe. Ele tirou os ângulos retos e trouxe as curvas, deu beleza ao que antes era uma coisa pesada”. Para o poeta, Brasília representa a maior realização do povo brasileiro. “A grande história de Brasília é o que ela simboliza como uma ideia: a transposição para o papel e para o chão de uma tentativa de organizar o caos. Brasília é a cidade mais racional do mundo. É uma cidade instigante, que ganhou em vida e perdeu em mistério”, declara. Ele finaliza reforçando que Brasília, por si só, rende muita poesia: “Aqui não existe limite para a criação intelectual. Brasília é uma cidade muito nova e, por ser nova, não tem uma tradição literária. Isso é bom para o artista, porque a tradição é um peso. Em Brasília, o horizonte está na sua frente”.
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