Resultados da pesquisa

automobilismo

Thumbnail

Famílias se entusiasmam com retorno do automobilismo ao Autódromo de Brasília 

Depois de mais de dez anos sem ouvir o som dos carros em prova oficial, Brasília voltou a viver um dia de automobilismo neste sábado (29). O Autódromo Internacional de Brasília Nelson Piquet recebeu público para a programação do Grande Prêmio BRB de Stock Car, com treinos, classificação e corrida sprint da BRB Stock Car Pro Series. O clima foi de reencontro: gente que conhecia a pista de outras décadas dividiu espaço com quem pisou ali pela primeira vez. Rainer Ramalho (de bolsa vermelha) fez questão de levar a família ao autódromo: “Demorou para abrir, estava precisando dessa reforma. Até que enfim vamos ter um lugar automotivo em Brasília de novo, que estava fazendo falta” | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília O empresário Rainer Ramalho é um dos que guardam lembranças da época em que o autódromo ainda tinha calendário regular. Para ele, o sábado marcou uma espécie de retorno a um velho conhecido. “A última vez que vim foi em 2008”, lembrou. “Agora estamos voltando aqui. Só alegria! Vamos assistir à corrida e ver se vai dar tudo certo. Demorou para abrir, estava precisando dessa reforma. Até que enfim vamos ter um lugar automotivo em Brasília de novo, que estava fazendo falta. Estamos felizes de o autódromo reabrir, agora vamos de evento automotivo aí, trazendo sempre a família toda”.   Ao lado de Rainer, seu filho Bernardo, de 11 anos, nunca tinha visto uma etapa da Stock Car de perto. Com brilho nos olhos, o menino mal podia esperar pelo início da corrida. “Estou muito ansioso, é a primeira vez que venho para cá e eu espero que seja uma boa corrida”, disse. “Eu quero muita emoção. Eu gosto muito desde pequeno dessas corridas. Sempre que tiver, vou puxar o pé do meu pai pra vir. Agora, eu dou nota 10 pro autódromo… 10 de 10”.  Augusto Fortunato, que também levou a família, fez sua estreia no audódromo: “Sempre acompanhei o esporte pela televisão, é a primeira vez in loco. O espaço ficou muito tempo fechado e está de volta ao público, de forma gratuita, como foi hoje” Para o analista técnico Augusto Fortunato, o sábado marcou a primeira experiência nas arquibancadas do circuito brasiliense. “Está sendo muito prazeroso vir com a família”, contou. “Sempre acompanhei o esporte pela televisão, é a primeira vez in loco. O espaço ficou muito tempo fechado e está de volta ao público, de forma gratuita, como foi hoje. É mais um espaço de cultura, muito importante. Tendo a oportunidade, eu volto mais vezes com a família. Estou satisfeito com essa volta do autódromo”. O analista de sistemas Reinildo Paz também decidiu não assistir só pela televisão. Fã de automobilismo, sobretudo da Fórmula 1, ele escolheu justamente a etapa de reabertura do autódromo para ver a Stock Car pela primeira vez ao vivo:  “Hoje foi a primeira vez que vim aqui ver a Stock Car. Sempre gostei de automobilismo e, quando vi a reestruturação, falei que tinha que vir. A vista, os carros, o barulho dos carros, tudo isso é muito brilhante ao vivo, é outra coisa. Deixo o recado para o pessoal vir mais vezes também. Espero que tenha mais vezes aqui em Brasília esse autoshow. A galera pode vir que é sensacional. Ficou marcado para a história, ainda mais por passar o dia com meu filho”. Pole position  Nelson Piquet Jr. garantiu a pole position no fim da classificação e superou o líder do campeonato, Felipe Fraga: “Estou muito feliz, estar de volta aqui realmente é um sonho. Passou tanto tempo que eu achei que nunca mais ia acontecer essa reinauguração” Na pista, o destaque do dia ficou com Nelson Piquet Jr., que garantiu a pole position do GP BRB logo no fim da sessão de classificação, superando Guilherme Salas e o líder do campeonato, Felipe Fraga. Correndo em casa, ele resumiu o que representa voltar a acelerar em Brasília: “Estou muito feliz, estar de volta aqui realmente é um sonho. Passou tanto tempo que eu achei que nunca mais ia acontecer essa reinauguração. Graças a Deus aconteceu”. Nova fase O fim de semana também marca a nova fase do Autódromo Internacional de Brasília. Depois de um longo período fechado, o espaço passa por uma reforma em etapas, bancada com investimentos do Governo do Distrito Federal (GDF). A pista recebeu novo pavimento com tecnologia de gap graded, camada de 20 centímetros que melhora a aderência dos pneus, reduz deformações, aumenta a capacidade de drenagem e tem durabilidade estimada em 20 anos. A obra incluiu ainda terraplanagem, drenagem e itens de segurança, como áreas de escape, guard rails, caixas de brita e pneus ao redor do traçado. As próximas etapas da intervenção preveem a conclusão de boxes, kartódromo, centro médico e um racing center com áreas de eventos, lojas e museu. Com o retorno da Stock Car ao calendário, a expectativa de quem foi ao autódromo neste sábado é que Brasília volte a ter programações frequentes ligadas ao automobilismo e ao uso cultural do espaço. Programação para domingo (30) [LEIA_TAMBEM] ⇔ 10h50 – Warm Up da BRB Stock Car Pro Series ⇔ 15h30 – Corrida principal do GP BRB Como chegar ao Autódromo Internacional de Brasília ⇔ Linha exclusiva de ônibus entre a Rodoviária do Plano Piloto e o Autódromo Internacional de Brasília: Embarque no Box 12 da Plataforma E ⇔ Horários de funcionamento: sábado das 7h30 às 20h; domingo, das 9h30 às 20h. No domingo, por conta do programa Vai de Graça, do GDF, o transporte é gratuito. 

Ler mais...

Thumbnail

Para definir finalistas, BRB Stock Car volta a Brasília após 11 anos

Brasília, a BRB Stock Car Pro Series e o automobilismo brasileiro serão protagonistas de um grande marco neste fim de semana (29 e 30). Depois de 11 anos, a capital federal irá reinaugurar uma das principais praças do esporte a motor nacional. O Autódromo de Brasília voltará a funcionar de forma oficial e terá como primeira competição nesta nova fase a principal categoria do automobilismo brasileiro. A Stock Car realizará a 11ª etapa da temporada 2025 e vai definir quem serão os pilotos que decidirão o 46º título de sua história duas semanas depois, em 13 e 14 de dezembro, no Autódromo Internacional José Carlos Pace, em Interlagos, São Paulo. Sob gestão do Banco BRB, a reforma do circuito brasiliense devolverá a icônica pista ao automobilismo brasileiro. O complexo foi inaugurado em 1974 pelo presidente da República à época, Emílio Garrastazu Médici, recebendo uma corrida extracampeonato do Mundial de Fórmula 1 vencida por Emerson Fittipaldi. Na BRB Stock Car, Brasília fez parte do calendário da primeira temporada, em 1979, e recebeu 39 corridas da categoria até 2014. Naquela rodada dupla, o então estreante Felipe Fraga cravou a pole position, enquanto Átila Abreu e Thiago Camilo foram os últimos vencedores da BRB Stock Car em Brasília. O maior vencedor da história da Stock Car na Capital Federal é o tetracampeão Paulo Gomes, com sete triunfos. Em atividade, quem ostenta mais primeiros lugares em Brasília é o pentacampeão Cacá Bueno, que vem de pódio na etapa que representou a inauguração do Autódromo Internacional de Mato Grosso na capital, Cuiabá. Cacá é o único entre todos os pilotos do grid que já correu na versão completa do traçado de Brasília, ainda no fim dos anos 1990, quando o carioca competia no grid da chamada Stock B, hoje Stock Light. De 2002 até 2014, todas as provas da categoria no Distrito Federal foram realizadas no anel externo, com 2.919 metros de extensão. A última largada da Stock Car em Brasília foi em 2014 | Foto: Duda Bairros/BRB Stock Car Entre interrupções e retomadas, a primeira fase das obras de reforma do autódromo será entregue com a pista apta para receber as principais competições do automobilismo brasileiro e sul-americano a partir deste fim de semana. O regresso de Brasília ao calendário também representará a introdução do traçado mais longo em atividade no automobilismo brasileiro. Com 5.384 metros, a pista principal reúne 16 curvas (nove à direita e sete à esquerda), percorridas em sentido horário. A ampla reforma trouxe muito mais segurança e comodidade aos pilotos: a reta de largada/chegada tem 15 metros de largura e os demais trechos, 14 metros. Serão 90 mil os pneus devidamente montados em barreiras de proteção, além de 10 mil metros de guard-rails, 40 mil m² de caixas de brita e mais de 3.500 metros de zebra padrão FIA e FIM (Federação Internacional do Automóvel e Federação Internacional de Motociclismo, respectivamente). Tempos de decisão Último pole da BRB Stock Car em Brasília, Felipe Fraga vai ao Distrito Federal na liderança do campeonato. O piloto da Eurofarma RC soma 790 pontos no total, contra 722 do seu companheiro de equipe, Gaetano Di Mauro. Um dos três pilotos da casa, Enzo Elias (Scuderia Bandeiras) aparece em terceiro, empatado em 618 pontos com o atual campeão, Gabriel Casagrande (A.Mattheis Vogel). Tricampeão, Casagrande recebeu um grande impulso para seguir com chances de título depois que o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) rejeitou o recurso de Rafael Suzuki e da TMG Racing em razão da desclassificação da corrida principal na oitava etapa da temporada, disputada em 5 de outubro no Autódromo Velocitta. O paulista e a equipe baseada em Americana perderam o triunfo, que foi herdado por Casagrande. Após liminar que concedeu efeito suspensivo, piloto e equipe recuperaram momentaneamente a vitória, mas a decisão no tribunal foi de manter a punição, o que, por consequência, elevou Casagrande à condição de vencedor da prova. Felipe Fraga vai a Brasília na condição de líder do campeonato | Foto: Magnus Torquato/BRB Stock Car Festa no DF Com a BRB Stock Car e a categoria de acesso Stock Light, as atividades de pista que reinaugurarão o traçado estão agendadas para começar na sexta-feira com a realização de treinos livres como preparação para a etapa. No sábado, a Stock Light e a BRB Stock Car terão as manhãs reservadas para as sessões classificatórias que definirão os respectivos grids de largada. A primeira corrida da nova era do Autódromo de Brasília será com a Stock Light, a partir de 12h10. Na sequência, às 13h40, acontecerá a primeira das duas edições da visitação aos boxes, quando os fãs têm a oportunidade de interagir com seu piloto preferido e ver de perto as máquinas que vão acelerar no circuito brasiliense. A BRB Stock Car fechará a programação do dia com a corrida sprint, que será disputada a partir de 15h40 e terá duração de 30 minutos mais uma volta. O apogeu do fim de semana será no domingo. Cinco pilotos — Enzo Bedani, 17 anos; Felipe Barrichello Bartz, 20; Léo Reis, 22; Alfredinho Ibiapina, 17; Guto Rotta, 23; — vão acelerar para definir quem será o campeão da Stock Light e futuro piloto da Stock Car em 2026. Pouco depois, às 13h15, está marcada a segunda visitação aos boxes no fim de semana, antecedendo à largada da corrida principal da BRB Stock Car, com 50 minutos mais uma volta. Ao término da disputa, serão conhecidos os pilotos que vão disputar o título da temporada 2025. A BRB Stock Car Pro Series tem transmissão ao vivo ao longo da temporada 2025 pelo canal oficial da categoria no YouTube, Band na TV aberta e canais SporTV e BandSports, emissoras por assinatura, além do canal Esporte na Band, também no YouTube. *Com informações da BRB Stock Car

Ler mais...

Thumbnail

Com reativação do autódromo, DF volta a ter a maior pista de automobilismo em atividade no país

O automobilismo é um capítulo especial na história de Brasília. Na inauguração da nova capital, em 1960, a programação incluiu uma corrida de carros no Eixão Sul, que ficou conhecida como o Grande Prêmio (GP) Juscelino Kubitschek. Nos anos posteriores, a cidade passou a abrigar competições de rua, como os 500 km de Brasília, até ter um autódromo para chamar de seu.  O complexo automobilístico foi construído no final dos anos 1960 pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) — à época presidido por Cláudio Starling, com projeto do engenheiro Samuel Dias — e inaugurado em 1974. A proposta se baseou nos depoimentos colhidos pela equipe envolvida na obra com dirigentes do automobilismo durante o GP da Argentina de Fórmula 1. Na ocasião, os profissionais buscaram descobrir as melhores características de um autódromo. O traçado extenso parece ter sido a grande mensagem captada pela equipe, que, de forma inovadora, criou uma pista aos moldes internacionais — longa e de alta velocidade — e com dimensões hoje oficiais. Os 5.384 metros de extensão superam a principal pista de automobilismo do Brasil.  Arte: Agência Brasília A pista candanga tem 1.075 metros a mais do que o Autódromo de Interlagos, que sedia desde 1990 o GP do Brasil de Fórmula 1, e também é maior do que a já desativada pista do Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, que tinha um traçado de 5,035 km. Essa característica foi mantida na reforma estrutural feita pelo Governo do Distrito Federal (GDF), com investimento de R$ 60 milhões, para devolver o equipamento público à cidade após quase 12 anos de fechamento.  Ao todo, os 5.384 metros que se distribuem em seis traçados diferentes, com 16 curvas — sendo nove à direita, sete à esquerda e três retas principais, a maior com 803 metros, a de largada com 614 metros e a reta oposta com 502 metros —, duas variantes e duas entradas de boxes. A curva 1, de alta velocidade, possui 207 metros e inclinação de 5°, enquanto a pista mantém largura generosa, com 15 metros na largada e 14 metros nos demais trechos, garantindo ultrapassagens e disputas acirradas. O Autódromo Internacional de Brasília tem 5.384 metros que se distribuem em seis traçados diferentes, com 16 curvas, duas variantes e duas entradas de boxes | Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Brasília “Além do traçado original, temos outros traçados. Foi criada uma chicane e uma curva antes da curva final. A curva da reta foi qualificada, tem cinco graus de inclinação. Somente o Autódromo de Brasília tem uma curva com essa característica, que permite que os carros corram mais e cheguem com velocidade maior, o desenho permite isso”, revela o presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa. A instituição é responsável pela gestão do espaço desde 2022 após a transmissão em contrato da Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap). A concessão é válida por 30 anos. Além da extensão, o Autódromo de Brasília se destaca por outras características. É um dos poucos do mundo onde é possível atingir a visão completa do espaço a partir das arquibancadas. A localização central também é outro diferencial. Em todas as grandes cidades onde há autódromos, os espaços ficam mais afastados, enquanto a capital federal conta com o complexo localizado no centro da cidade, próximo à rede hoteleira, shoppings e sistema de transporte público. [LEIA_TAMBEM]Reforma estrutural Primeira grande intervenção desde a construção do autódromo, a reforma promovida pelo GDF respeitou o traçado original e histórico do espaço, mas trouxe modernização e adequação à pista para atender as exigências atuais e habilitar o espaço para corridas oficiais. “Estamos implementando todos os elementos de segurança para homologação da FIA [Federação Internacional do Automóvel, que regula o automobilismo mundial] e da FIM [Federação Internacional de Motociclismo, responsável pelo motociclismo esportivo mundial]”, conta o superintendente do Autódromo BRB, Fernando Distretti. O espaço, agora, passa a contar com 13 áreas de escape, 10 mil metros de guard rails, 15 mil metros quadrados de paddock, 90 mil pneus, 40 mil metros quadrados de caixa de brita e 3,5 mil metros de zebra. O projeto prevê ainda mais de 40 boxes fixos, que serão implementados na segunda etapa, prevista para 2026, e que contempla ainda o kartódromo e o centro médico. A terceira fase inclui a instalação de novos empreendimentos dentro do complexo, como lojas de carros e equipamentos esportivos, áreas de eventos e um Museu do Automobilismo. A obra completa deve chegar ao investimento de R$ 100 milhões. Além de ser o mais extenso do Brasil, o Autódromo de Brasília se destaca por permitir a visão completa do espaço da partir das arquibancadas e pela localização central Reabertura A reinauguração do Autódromo Internacional de Brasília está marcada para 30 de novembro, com a penúltima etapa da Stock Car 2025. A programação da reabertura começa dias antes, com desfile dos veículos no dia 27 pelas ruas da cidade; visitação das escolas públicas ao espaço no dia 28; e treino e corrida sprint, no dia 29.  Os ingressos são gratuitos e serão disponibilizados pelo BRB. O GDF também anunciou a extensão do programa Vai de Graça, que isenta o pagamento da tarifa do transporte público do Distrito Federal, para o sábado, dia 29. A medida visa facilitar o acesso do público ao autódromo nos dois dias abertos de evento.

Ler mais...

Thumbnail

Autódromo de Brasília: Vocação automobilística da capital nasceu antes mesmo da inauguração

A história do automobilismo em Brasília começou muito antes de a cidade ter, de fato, um autódromo. Essa relação surgiu durante o planejamento da nova capital, seja pelo plano de desenvolvimento de Juscelino Kubitschek de estímulo à entrada da indústria automobilística ao Brasil, seja pelo traçado viário e arquitetônico de Brasília, ou até mesmo pelo entusiasmo dos pioneiros por carros e velocidade. A primeira menção a uma corrida na cidade é de 1958, dois anos antes da inauguração. Segundo o historiador Elias Manoel da Silva, do Arquivo Público do Distrito Federal (ArpDF), a ideia foi levada até JK por Joaquim Tavares, à época diretor do Departamento de Terras e Agricultura da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Elias Manoel da Silva revela que "a primeira vez que se ventila a ideia de uma corrida em Brasília é durante a construção" | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília “A primeira vez que se ventila a ideia de uma corrida em Brasília é durante a construção”, conta o historiador. “Em 1958, Joaquim Tavares vai criar uma estrada de mais ou menos 120 km, a chamada Avenida do Contorno [hoje Estrada Parque do Contorno, EPCT], uma faixa sanitária onde ficam dentro todos os córregos que alimentam o Paranoá. Ele achou tão incrível a faixa larga sem nenhuma curva e ovalada, que foi falar com o JK sobre fazer uma corrida nesta estrada”, completa.  Apesar da aprovação de JK, a corrida não ocorreu devido à negativa do presidente da Novacap no período, Israel Pinheiro. Mas a ideia, provavelmente, não saiu mais da cabeça de Juscelino. Entusiasta do automobilismo — ele organizou corridas na Pampulha durante seu mandato como prefeito de Belo Horizonte —, JK incluiu o esporte na programação oficial da inauguração da nova capital com o Grande Prêmio Juscelino Kubitschek, que encerrou as comemorações em 23 de abril de 1960. “Ele decide finalizar as celebrações da cidade com essa corrida, que era para ser uma coisa simples, mas é um dos marcos importantes do automobilismo brasileiro”, revela Victor Hugo Tambelini, também historiador do ArpDF. O Grande Prêmio Juscelino Kubitschek encerrou as comemorações pela inauguração da nova capital, em abril de 1960 | Foto: Arquivo Público O trajeto foi escolhido pelo próprio presidente, que rascunhou o traçado em um papel que estava no bolso. “É uma cena de filme. Ele tira um envelope do bolso, pega uma caneta e fala assim: 'Pronto, já sei qual vai ser o trajeto'. Ele traceja um croqui com o triângulo, símbolo da Praça dos Três Poderes, e os dois eixos que a gente já conhece. Então é justamente o trecho da Praça dos Três Poderes e a Rodoviária com o Eixão Sul, que seria uma triangulação, com largada e chegada ali na Rodoviária, onde todas aquelas pessoas ficam dispostas”, completa Tambelini.   Assim, no terceiro dia de celebrações da nova capital, 55 pilotos e 47 veículos participaram de três provas com quatro voltas saindo da Rodoviária do Plano Piloto em direção ao Eixão Sul passando pela Praça dos Três Poderes e voltando ao trajeto inicial. O grande vencedor foi o paulista Jean L. Lacerda, pilotando uma Ferrari. Ele recebeu o troféu das mãos do argentino Juan Manuel Fangio, pentacampeão de Fórmula 1 que tinha vindo para a inauguração da cidade. A partir daí, a capital começou a ser cenário de corridas de rua, estimuladas pelas avenidas largas do projeto arquitetônico de Lucio Costa e Oscar Niemeyer, como os 500 km e os 1.000 km de Brasília, cujas provas chegaram a ser apontadas entre as maiores de automobilismo do final dos anos 1960.  “Brasília, desde o início, já era uma pista de corrida. Era uma cidade convidativa para correr" João Luiz da Fonseca, ex-piloto “Brasília, desde o início, já era uma pista de corrida. Era uma cidade convidativa para correr. Naquela época, ainda não havia sinal, cruzamento. Você andava a toda velocidade. Nesse conceito, foram criadas as corridas de rua, sempre em volta da rodoviária, da W3, sempre por ali. E Brasília ficou conhecida pelo Brasil inteiro, depois pelo mundo, como a cidade do automobilismo, da velocidade”, explica o ex-piloto e jornalista especialista em automobilismo João Luiz da Fonseca. Contexto histórico Essa vocação natural se juntou a fatores políticos e econômicos e ao efeito Fittipaldi — o primeiro piloto brasileiro a vencer uma corrida de Fórmula 1 — para que o automobilismo passasse a ter uma casa definitiva no centro do país: o Autódromo Internacional de Brasília. O contexto socioeconômico do país era propício à inauguração do Autódromo de Brasília, em fevereiro de 1974 | Foto: Arquivo Público Inaugurado em 3 de fevereiro de 1974, o espaço começou a ser construído em 1972, durante a presidência do militar Emílio Garrastazu Médici e o governo local de Hélio Prates. “Vamos lembrar que, na década de 1970, há algumas peculiaridades que quase desaguam na construção do autódromo. A primeira é que o Brasil estava passando por um boom econômico. Naquele contexto se tornava muito conveniente criar um autódromo, porque se criariam condições de visibilidade internacional. Portanto, essa é uma das primeiras motivações”, lembra Elias Manoel da Silva. O historiador destaca também que, em 1972, Emerson Fittipaldi vinha em uma crescente, que resultaria no primeiro título do país na Fórmula 1. Essa liderança do piloto foi outro fator importante para a decisão de erguer um autódromo na capital federal. “Nós tínhamos um herói nacional, representando aquilo que o Brasil mais gosta de ter, que é ganhar pódio, estar em primeiro lugar. Então, ao construir o autódromo, a gente não pega só o contexto do milagre econômico, o contexto político, vai aproveitar também esse efeito Fittipaldi, essa liderança e essa visibilidade internacional para trazer também para dentro do nosso país”, acrescenta o historiador do Arquivo Público do DF. Emerson Fittipaldi, no auge da carreira, foi o grande vencedor da corrida inaugural do Autódromo Internacional de Brasília | Foto: Arquivo Público Coincidência ou não, Emerson Fittipaldi foi o vencedor da corrida inaugural do Autódromo Internacional de Brasília, uma disputa extra, que não valia pontos para o campeonato da Fórmula 1. A vitória consagrou o triunfo do brasileiro, que, no fim de semana anterior, havia vencido o GP de Interlagos e acabou se firmando como bicampeão da F1 naquele ano. Dentro dos boxes do GP de Brasília também estaria o maior piloto da história da capital: Nelson Piquet, o tricampeão mundial de Fórmula 1, que depois daria nome ao autódromo. Na época, ainda como mecânico, Piquet assistiu à disputa dos boxes contratado pela Brabham do argentino Carlos Reutemann, maior rival de Fittipaldi. “Foram 14 anos até a consolidação do autódromo. Infelizmente, JK não esteve presente para viver isso. Mas temos um volume tão grande de histórias, desde antes da construção de Brasília, que é quase como se esse começo do autódromo desse vazão para todos esses pilotos e pessoas envolvidas com o automobilismo, porque começamos a viver o momento de ouro do automobilismo brasileiro, com a sequência de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e, em não muito tempo, Ayrton Senna. Então, é uma história muito bonita formada aqui em Brasília”, analisa Tambelini. Detalhes da construção "O Autódromo de Brasília estava fechado há cerca de 11 anos, e, agora, a população volta a ter acesso a um importante local de entretenimento que foi palco de grandes eventos históricos e de grandes shows" Adalberto Scigliano, superintendente do Arquivo Público do DF O complexo automobilístico de Brasília começou a ganhar forma no fim da década de 1960, quando o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF), então presidido por Cláudio Starling, deu início à construção do autódromo. O projeto, assinado pelo engenheiro Samuel Dias, nasceu de uma pesquisa realizada pela equipe técnica durante o Grande Prêmio da Argentina de Fórmula 1, ocasião em que dirigentes e profissionais do automobilismo foram ouvidos para identificar as melhores características de uma pista moderna e competitiva. Entre as lições colhidas, destacou-se a importância de um traçado extenso e veloz, conceito que orientou a criação, resultando em um circuito inovador e que, há 50 anos, já emulava as dimensões oficiais dos dias de hoje: são 5.384 metros de extensão. Passadas quase cinco décadas, o traçado original foi modernizado pela primeira vez, em uma reforma estrutural promovida pelo Governo do Distrito Federal (GDF), que investiu R$ 60 milhões. [LEIA_TAMBEM]A reabertura oficial, marcada para o dia 30 deste mês, carrega um simbolismo histórico: assim como em 1974, o retorno das atividades no autódromo ocorrerá poucos dias após o Grande Prêmio de Interlagos de Fórmula 1, em São Paulo. Dessa vez, no entanto, quem vai acelerar na pista brasiliense será a Stock Car, com a penúltima etapa nacional da temporada 2025. “Acima de tudo, isso revela um compromisso da atual administração em resgatar eventos e locais históricos para a história de Brasília. O Autódromo de Brasília estava fechado há cerca de 11 anos e, agora, a população volta a ter acesso num importante local de entretenimento que foi palco de grandes eventos históricos e de grandes shows. Acho que isso é que é importante: resgatar e trazer a uma geração que desconhecia a importância do autódromo, que desconhecia o que aconteceu nesse autódromo; e, com isso, a gente retorna a mais uma parte importante, que vai trazer ainda muitas alegrias para o Distrito Federal”, destaca o superintendente do Arquivo Público do Distrito Federal, Adalberto Scigliano. *Colaborou Geovanna Gravia  

Ler mais...

Thumbnail

Ibaneis Rocha recebe piloto Gabriel Bortoleto e anuncia reabertura do Autódromo com prova da Stock Car

O governador Ibaneis Rocha anunciou a reabertura do Autódromo de Brasília em 30 de novembro, com uma corrida da Stock Car, marcando o retorno da cidade ao calendário automobilístico. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (20), ao lado do piloto brasileiro de Fórmula 1 Gabriel Bortoleto, e representa uma nova etapa para o esporte na capital federal.  “Em 30 de novembro, nós estaremos reinaugurando o Autódromo com a corrida de Stock Car. Brasília volta para o cenário nacional e internacional do automobilismo”, anunciou Ibaneis Rocha, que também elogiou o piloto. “Nosso querido Gabriel Bortoleto está fazendo um trabalho excepcional na Fórmula 1, levando o nome do Brasil novamente para a ponta do automobilismo internacional. Um atleta que foi criado em parceria com o BRB em todas as categorias e que hoje nos alegra bastante”, completou.  Ao lado do piloto Gabriel Bortoleto, o governador Ibaneis Rocha anunciou a reabertura do Autódromo de Brasília em 30 de novembro | Foto: Renato Alves/Agência Brasília Após visitar o governador no Palácio do Buriti, Bortoleto conferiu de perto as obras de modernização do Autódromo de Brasília. O espaço passa por reformas no traçado, nas áreas de escape e na infraestrutura, mantendo a característica original e adicionando melhorias em arquibancadas temporárias, drenagem e segurança. Serão seis variações de traçado, que permitirão corridas de diferentes categorias, incluindo carros, motos, arrancada e drift. A expectativa é de que o local possa receber até 100 mil pessoas por evento.  Bortoleto andou pelo circuito e conheceu de perto a pista, que está fechada desde 2014. Ele ficou animado com o progresso da obra. “É incrível ter mais um autódromo de qualidade no Brasil. O projeto de Brasília é impressionante, com nível europeu em asfalto, drenagem, áreas de escape e segurança. A pista é larga, rápida e oferece pontos de ultrapassagem, o que cria muita competição. São seis layouts diferentes, permitindo diversidade e desafios para os pilotos. Estou muito feliz em ver o resultado desse trabalho”, disse. O piloto elogiou o percurso e, principalmente, a largura da pista. “As curvas muito rápidas e a largura da pista me impressionaram bastante, porque não é fácil ter uma pista tão ampla assim. É muito interessante, pois isso gera muita competição. Quando a pista é muito curta ou estreita, não é possível realizar muitas ultrapassagens. Com uma pista larga, é possível variar os tipos de traçado, alargar a entrada para tentar uma manobra na saída e forçar mais nas disputas. Pista larga é, normalmente, o melhor que existe em autódromos, e esta realmente é uma das mais largas que já vi na minha vida”, concluiu. Em sua temporada de estreia na F1, Bortoleto acumula 14 pontos, obtidos em três corridas – na Áustria, na Bélgica e na Hungria, quando conquistou o 6º lugar. A passagem por Brasília ocorre antes da próxima disputa do piloto, no Grande Prêmio da Holanda, no fim deste mês. Depois de andar pelo circuito, Gabriel Bortoleto elogiou a estrutura do Autódromo: "As curvas muito rápidas e a largura da pista me impressionaram bastante, porque não é fácil ter uma pista tão ampla assim" | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília O autódromo O Autódromo de Brasília impressiona pelo padrão internacional que sua pista voltará a ter, com 5.384 metros de extensão, sentido horário, 16 curvas – sendo nove à direita e sete à esquerda – e três retas principais, a maior com 803 metros, a de largada com 614 metros e a reta oposta com 502 metros.  A curva 1, de alta velocidade, possui 207 metros e inclinação de 5°, enquanto a pista mantém largura generosa, com 15 metros na largada e 14 metros nos demais trechos, garantindo ultrapassagens emocionantes e disputas acirradas. Com 40 boxes, torre de controle, salas de imprensa, transmissão, camarotes e áreas VIPs, totalizando 15.592 m² de infraestrutura, o complexo poderá receber até 100 mil pessoas.  A expectativa é que o Autódromo se torne um complexo de lazer, para além das corridas profissionais, com programações semanais e festivais Projetada pelo engenheiro Luís Ernesto Morales, presidente da Comissão de Homologação de Circuitos da CBA, a pista reúne segurança, versatilidade e padrões de qualidade europeus, pronta para sediar as principais competições automobilísticas da América do Sul, além de provas de motovelocidade, tornando-se um verdadeiro palco para o automobilismo nacional e internacional. “A pista está preparada para receber competições nacionais e internacionais, com padrão FIA, garantindo segurança, diversidade de traçados e infraestrutura moderna. Brasília voltará ao calendário de corridas em grande estilo, incluindo a Stock Car, F4 e outras categorias”, apontou Paulo Henrique Costa, presidente do Banco de Brasília.  A expectativa é que o Autódromo se torne um complexo de lazer, para além das corridas profissionais, com programações semanais e festivais. Para o CEO da Vicar, empresa que promove a Stock Car, Lincoln Bortoleto, o grande diferencial da capital federal está no fácil acesso às instalações: “Brasília tem algo que é diferente dos outros locais. Primeiro é pela rede hoteleira que temos à disposição, que dá para chegar aqui a pé. O segundo é que os pilotos adoram o traçado daqui. Então, teremos, sim, mais uma edição da Stock Car. A gente espera uma corrida excepcional, com 31 veículos na pista. Será uma grande festa”, anunciou Lincoln.  Lincoln Bortoleto, CEO da Vicar, empresa que promove a Stock Car: "A gente espera uma corrida excepcional, com 31 veículos na pista. Será uma grande festa" Detalhes Inaugurado em 1974, o Autódromo tem cerca de 727 mil m². Ao longo de seus 51 anos, recebeu uma prova extra de Fórmula 1, vencida por Emerson Fittipaldi, além de corridas de Fórmula 3 Sul-Americana, Gran Turismo, Fórmula Truck, Stock Car e Brasileiro de Motociclismo. É reconhecido por permitir ampla visualização da pista em toda a sua extensão. A reinauguração está marcada para 30 de novembro, com corrida da Stock Car e outras categorias, oferecendo infraestrutura completa, proximidade com hotéis e aeroporto, e padrões internacionais de segurança e homologação FIA. Brasil na Fórmula 1 [LEIA_TAMBEM]Gabriel Bortoleto iniciou sua carreira no kartismo, destacando-se no Brasil e na Europa, com 3º lugar no Campeonato Mundial de 2019. Em 2020, estreou na Fórmula 4 Italiana pela Prema Power Team, conquistando vitórias e pódios. Em 2021, avançou para a Fórmula Regional Europeia (Freca) pela equipe de Fernando Alonso, acumulando experiência e pódios. Em 2022, competiu pela R-Ace GP, venceu na estreia da F-Regional Asiática e terminou a temporada europeia em 6º lugar, com duas vitórias e uma pole. Em 2023, disputou a FIA Fórmula 3, liderou o campeonato desde o início e conquistou o título com ampla vantagem. O desempenho garantiu sua entrada no programa de jovens talentos da McLaren F1 em 2024, ano em que também estreou na FIA Fórmula 2, conquistando o título no primeiro ano. Atualmente, Bortoleto representa o Brasil na Fórmula 1, competindo pela Sauber (Audi) desde o início da temporada de 2025.

Ler mais...

Ordenar

Ordenar

Faceta do tipo

Tipo

Filtro personalizado

Faceta da marca

Marcador