Vacina contra HPV é aliada na prevenção do câncer de colo de útero
O câncer no colo do útero mata sete mil mulheres por ano no país e, de acordo com o Ministério da Saúde, são mais de 17 mil diagnósticos anuais. Chefe do Núcleo de Detecção Precoce do Câncer da Secretaria de Saúde (SES-DF), Sônia Maria Ferri afirma que a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês) colabora para a prevenção da doença. “O imunizante protege contra quatro tipos do vírus, dois de baixo risco e dois de alto. Os de baixo risco são encontrados em 90% dos condilomas genitais, também conhecidos como verrugas genitais. Em relação aos de alto risco, a dose previne os subtipos de HPV responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero”, detalha Ferri. A vacina contra o HPV pode ser aplicada também em pessoas de 15 a 45 anos que tomam Profilaxia Pré-Exposição ao HIV | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF O HPV é uma infecção sexualmente transmissível (IST) muito comum, que pode provocar desde verrugas genitais até neoplasias, como câncer no colo do útero, no pênis e na laringe. “Estudos sugerem que entre 50% e 60% da população terá contato em algum momento da vida com o papilomavírus. Por isso, a melhor forma de prevenção é a vacina”, recomenda a especialista. O público-alvo da imunização contra o HPV são meninas e meninos entre 9 e 14 anos, 11 meses e 29 dias. Pais e responsáveis devem procurar uma unidade básica de saúde (UBS) para vacinar seus filhos em dose única. Atualmente, a dose também pode ser aplicada em pessoas de 15 a 45 anos que tomam Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao vírus da imunodeficiência humana (HIV, na sigla em inglês) e em pacientes com condições clínicas especiais, com indicação do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie). Baixa procura Apesar do pioneirismo da capital federal na imunização contra o HPV – antes mesmo da introdução das doses no calendário nacional –, a cobertura vacinal dessa parcela da população no DF tem se mostrado baixa nos últimos anos. De 2013 a 2023, 59,4% das meninas nessa faixa etária receberam o esquema completo contra HPV. Entre os meninos, a porcentagem é ainda menor: de 2017 a 2023, apenas 29,9% tomaram as doses necessárias do esquema. Segundo Ferri, um dos principais fatores que contribuem para o índice é a falta de costume em procurar as UBSs. “O movimento mundial antivacina também prejudica. É importante desmistificar que a imunização contra o papilomavírus tem a ver com o começo da vida sexual de meninos e meninas. É uma ação importante para garantir que a próxima geração se proteja contra a doença”, reforça. A responsável técnica pela Vigilância da Sífilis e gerente substituta de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis da SES-DF, Daniela Magalhães, aponta que quase todos os casos de câncer de colo do útero podem ser atribuídos à infecção pelo HPV. Segundo ela, alguns tipos do vírus também ocasionam câncer no ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe – todos evitáveis com a adoção de estratégias de prevenção, como a vacina. *Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)
Ler mais...
Saúde da mulher ganha destaque nas cores do mês de março
No mês de março, a saúde promove campanhas voltadas à prevenção de doenças – câncer do colo do útero, colorretal e renal, e endometriose – e ao cuidado com a saúde visual. Para cada campanha, foi associada uma cor: lilás, azul-marinho, vermelho, amarelo e verde, respectivamente. Além dos alertas relacionados à saúde, o mês de março também chama a atenção pelo fim da violência contra a mulher, marcada pela cor laranja. O exame preventivo é o principal recurso para rastreamento de lesões. Quando as alterações que antecedem o tumor são identificadas e tratadas, é possível prevenir 100% dos casos | Foto Breno Esaki/Arquivo Agência Saúde-DF O câncer do colo do útero é associado à cor lilás. A causa do tumor é a infecção recorrente do Papilomavírus Humano (HPV), transmitido, na maioria das vezes, durante a relação sexual. Em alguns indivíduos, o HPV pode desencadear alterações celulares, denominadas lesões precursoras, que podem evoluir para o tumor maligno. [Olho texto=”O exame preventivo pode ser feito por livre demanda nas unidades básicas de saúde (UBS). Para isso, tanto os homens trans como as mulheres precisam procurar a UBS mais próxima da sua residência” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] O exame preventivo é o principal recurso para rastreamento de lesões. Quando as alterações que antecedem o tumor são identificadas e tratadas, é possível prevenir 100% dos casos. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica que o câncer do colo do útero é, no país, o terceiro tipo mais frequente e o quarto em motivo de mortes entre as pessoas que possuem útero, independentemente da identidade de gênero e orientação sexual, inclusive os homens transgêneros. Nesta definição, estão os indivíduos que nasceram com o sexo biológico feminino, mas se identificam como gênero masculino. No livro Saúde LGBTQIA+ Práticas de Cuidado Transdisciplinar, as autoras Andrea Hercowitz e Miranda Lima indicam que a população dos homens trans tem pouco acesso e baixa frequência de visitas aos centros de saúde, sentem desconforto com o exame preventivo e costumam associá-lo com a feminilidade. Algo visto na prática pelos profissionais de saúde. É o que afirma Gustavo Nepomuceno, psicólogo que atende no Adolescentro, ambulatório especializado em saúde mental infantojuvenil do DF. “Barreiras reais e vivências de violência dos homens trans, que não fizeram cirurgia de redesignação genital, fazem com que eles criem barreiras psicológicas, que são mecanismos de proteção”, argumenta o servidor. São vários os motivos que justificam a baixa procura pelos serviços médicos por homens transgêneros. Entretanto, eles também necessitam da prevenção e das consultas de rotina. É o que afirma a médica ginecologista Giani Cezimbra, que também atende no Adolescentro. “Tem que ter toda uma delicadeza para tratar desse assunto, para realizar o exame preventivo, mas ele precisa ser realizado com a mesma frequência das mulheres por conta da presença do colo do útero e da atividade sexual”, argumenta. [Olho texto=”Caso o paciente receba o encaminhamento na UBS, poderá também realizar o exame preventivo nas consultas ginecológicas na Atenção Secundária” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] De acordo com Giani, para esses pacientes, é necessário um acolhimento diferente. “Essas pessoas normalmente já passaram por grandes dificuldades e enormes desafios, e precisam de um olhar diferenciado”, afirma a médica. Álvaro Colusso, médico ginecologista do Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin) e do Ambulatório Trans do DF, afirma que muitos homens trans sentem-se inseguros e com receio em participar de consultas ginecológicas. “Mas, com um atendimento humanizado e esclarecedor, essas barreiras se desfazem”, explica. Nas consultas, além da realização do exame, quando necessário, os profissionais costumam passar orientações gerais, como higienização adequada e cuidados contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). “Muitas vezes é nessa consulta que são identificadas outras doenças ou disfunções facilmente tratáveis com diagnóstico precoce”, Giani finaliza. Além da realização do exame, quando necessário, os profissionais costumam passar orientações gerais, como higienização adequada e cuidados contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) | Foto Sandro Araújo/Arquivo Agência Saúde DF Fluxo de atendimento O exame preventivo pode ser feito por livre demanda nas unidades básicas de saúde (UBS). Para isso, tanto os homens trans como as mulheres precisam procurar a UBS mais próxima da sua residência. Enfermeiros e médicos de saúde da família são os profissionais que costumam coletar o material nos pacientes da Atenção Primária. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Caso o paciente receba o encaminhamento na UBS, poderá também realizar o exame preventivo nas consultas ginecológicas na Atenção Secundária. Em caso de exames alterados, o indivíduo é encaminhado ao serviço de colposcopia, disponível nos ambulatórios da atenção secundária, em todas as regiões de saúde. *Com informações da Secretaria de Saúde do DF
Ler mais...