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carbono

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Pesquisa apoiada pela FAPDF mostra o carbono como aliado da agricultura sustentável 

Como aumentar a produtividade agrícola sem ampliar áreas desmatadas ou depender de insumos químicos de alto impacto ambiental? Essa é a pergunta que move o projeto Materiais Carbonáceos Nanométricos na Agricultura Sustentável, fomentado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) no âmbito do edital Demanda Induzida (2021). Realizado entre 2022 e 2023, o projeto é coordenado pelo professor Brenno Amaro da Silveira Neto, do Instituto de Química da Universidade de Brasília (IQ/UnB), e reuniu uma equipe multidisciplinar que aposta na nanotecnologia verde como caminho para uma agricultura mais produtiva, eficiente e sustentável. As imagens registradas com o uso de máscaras refletem o período da pandemia de covid-19, em que parte das atividades foi conduzida sob medidas preventivas de segurança sanitária. Brenno Amaro: “Graças ao apoio da fundação, conseguimos padronizar processos, reduzir riscos tecnológicos e alcançar reprodutibilidade em larga escala” | Fotos: Divulgação/FAPDF “O fomento da FAPDF foi decisivo para transformar uma prova de conceito em uma plataforma aplicada à nanotecnologia verde”, afirma Brenno. “Graças ao apoio da fundação, conseguimos padronizar processos, reduzir riscos tecnológicos e alcançar reprodutibilidade em larga escala", completa. Para o presidente da FAPDF, Leonardo Reisman, o apoio ao projeto demonstra como o investimento em pesquisa aplicada pode gerar soluções concretas para os grandes desafios da sociedade. “É uma satisfação ver o Distrito Federal se consolidando como referência em tecnologias limpas e produtivas, resultado direto do fomento à pesquisa e da parceria entre universidade, governo e setor produtivo”, ressalta. A chamada nanotecnologia verde busca desenvolver materiais e processos em escala nanométrica — partículas mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo — que conciliem eficiência tecnológica e baixo impacto ambiental. Diferença visual entre plantas de batata-inglesa cultivadas sem tratamento (à esquerda) e com o uso de nanomateriais de carbono (à direita) No caso da agricultura, ela representa uma alternativa promissora para reduzir o uso de fertilizantes e defensivos químicos, ao mesmo tempo que aumenta a produtividade e preserva os recursos naturais. Dentro dessa abordagem, os materiais carbonáceos nanométricos — compostos essencialmente por carbono, o mesmo elemento presente no grafite e no diamante, mas em estruturas minúsculas e altamente reativas — têm ganhado destaque. Por apresentarem alta estabilidade, condutividade e capacidade de transporte de nutrientes, eles podem atuar como nanofertilizantes, carregando elementos essenciais para as plantas de forma controlada, precisa e sustentável. Esses nanofertilizantes funcionam como “fertilizantes inteligentes”: liberam os nutrientes de maneira gradual e direcionada, aumentam a absorção pelas plantas e reduzem o desperdício e a contaminação do solo e da água. Com menos adubo, a planta absorve mais e o meio ambiente sofre menos. “Os materiais carbonáceos permitiram um desenvolvimento significativamente melhor das plantas mesmo em condições adversas, como escassez de água, variações de temperatura e uso reduzido de defensivos agrícolas” Brenno Amaro, professor e pesquisador da UnB “Os materiais carbonáceos permitiram um desenvolvimento significativamente melhor das plantas mesmo em condições adversas, como escassez de água, variações de temperatura e uso reduzido de defensivos agrícolas”, explica o professor Brenno. Da ideia à aplicação em campo A proposta surgiu em um encontro entre pesquisadores da UnB e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que observaram o potencial desses materiais — até então aplicados em estudos biomédicos — para uso agrícola. A partir daí, o grupo iniciou um trabalho pioneiro de síntese, caracterização e validação de nanofertilizantes de carbono, com foco em segurança e sustentabilidade. Com o apoio da FAPDF, o projeto conseguiu avançar da bancada de laboratório para o campo, implementando um reator de 50 litros capaz de produzir os materiais em escala piloto. Essa estrutura possibilitou o teste em larga escala dos nanofertilizantes em diferentes culturas agrícolas, incluindo milho, algodão, cacau, tomate e batata, em áreas experimentais de até 10 hectares. Os resultados foram expressivos: aumento do teor de clorofila nas folhas, maior biomassa vegetal, melhor aproveitamento da água e crescimento mais uniforme mesmo em períodos de seca. Comitiva de autoridades e representantes do setor produtivo visita o PADDF para conhecer os resultados da Arbolina, nanofertilizante desenvolvido a partir do projeto financiado pela FAPDF Além de elevar a produtividade, o nanofertilizante reduziu o uso de defensivos agrícolas e melhorou a absorção de nutrientes como cálcio, fósforo, potássio, ferro e zinco, diminuindo perdas por lixiviação (quando os nutrientes se perdem com a água no solo). A pesquisa contou, ainda, com a participação da Krilltech, startup criada a partir de estudos da UnB e da Embrapa, que atua na transição do conhecimento científico para o mercado. Juntas, as instituições ampliaram os testes para fazendas comerciais no Distrito Federal e na Bahia, validando o desempenho dos produtos em condições reais. A partir dessa linha de pesquisa, surgiu a Arbolina, primeiro nanofertilizante de carbono desenvolvido no Brasil, hoje comercializado pela Krilltech. O produto combina propriedades bioestimulantes e de liberação controlada de nutrientes, melhorando a eficiência da adubação e o desempenho fisiológico das plantas. Outras aplicações agrícolas e industriais estão em desenvolvimento, como o uso em sementes, defensivos e sistemas hidropônicos, o que demonstra o potencial de expansão da nanotecnologia verde no agronegócio. O material carbonáceo já possui registro no Ministério da Agricultura e Pecuária, o que garante segurança e conformidade para uso em sistemas produtivos. Segurança e sustentabilidade Comparativo de produção em tomateiros coletados em plantação comercial. À esquerda, o grupo controle; à direita, o grupo tratado com nanofertilizantes à base de carbono, evidenciando maior quantidade e tamanho dos frutos após o uso da tecnologia   Um dos pilares do projeto é o compromisso com a segurança biológica e ambiental. Os nanomateriais foram submetidos a testes rigorosos de toxicidade, incluindo ensaios com embriões de peixe-zebra (Danio rerio) — metodologia padronizada internacionalmente pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) — para avaliar eventuais riscos ecotoxicológicos. Os resultados confirmaram baixa toxicidade e ausência de efeitos adversos em organismos vivos, o que permitiu a continuidade dos experimentos e a aplicação controlada em campo. A nanotecnologia desenvolvida pela UnB combina alto desempenho agronômico com responsabilidade ambiental. Ao potencializar a absorção de nutrientes e reduzir a necessidade de fertilizantes convencionais, os materiais carbonáceos contribuem para diminuir emissões de gases de efeito estufa e mitigar impactos sobre o solo e a água, promovendo um ciclo produtivo mais limpo e eficiente. Impactos econômicos e sociais Os benefícios da pesquisa ultrapassam o campo científico. Para agricultores familiares do Distrito Federal e da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride), o uso da tecnologia pode representar maior estabilidade de produção, menor custo com insumos e mais segurança diante das variações climáticas. Ao aumentar a eficiência e reduzir perdas, a tecnologia cria condições para ampliar a renda dos pequenos produtores e fortalecer cooperativas locais, favorecendo o desenvolvimento regional. Também estimula a capacitação técnica de jovens e trabalhadores rurais, gerando novas oportunidades de ocupação ligadas à aplicação, monitoramento e manejo de solo. Do ponto de vista econômico, a produção nacional de nanofertilizantes à base de carbono reduz a dependência de insumos importados e posiciona o Distrito Federal como referência nacional em inovação agroindustrial. O projeto contribui ainda para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, em especial aqueles voltados à fome zero, consumo responsável e ação climática. *Com informações da FAPDF  

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DF participa da COP 30 como referência nacional em sustentabilidade e proteção ao Cerrado

O Distrito Federal está se preparando para marcar presença na COP (Conference of the Parties) 30, em Belém (PA), com resultados concretos que colocam a capital do país no mapa da sustentabilidade nacional. O DF chega ao encontro climático mundial com números que impressionam: redução de 95% no desmatamento do Cerrado em 2024, queda de 66,9% nas áreas queimadas e uma matriz energética cada vez mais limpa e solar. Plano de combate a incêndios florestais reduziu em quase 70% as queimadas entre 2022 e 2024 | Foto: Divulgação A participação do governo local no maior evento climático do planeta não é casual. Representa o amadurecimento de uma política ambiental estruturada, que combina inovação tecnológica, engajamento social e compromisso real com a descarbonização. E vem em um momento estratégico: quando os holofotes globais se voltam para o Brasil, o DF mostra que é possível avançar na agenda verde sem abrir mão do desenvolvimento. “Estamos provando que é possível reduzir drasticamente o desmatamento, investir em energia limpa e modernizar a gestão ambiental com inteligência e tecnologia” Celina Leão, vice-governadora “O Distrito Federal tem demonstrado que sustentabilidade não é apenas discurso, é ação concreta”, reforça a vice-governadora Celina Leão. “Estamos provando que é possível reduzir drasticamente o desmatamento, investir em energia limpa e modernizar a gestão ambiental com inteligência e tecnologia. Na COP 30, vamos mostrar ao mundo que o Cerrado também é protagonista da agenda climática”. Cerrado protegido O dado mais emblemático vem do coração da missão ambiental do DF: a proteção do Cerrado. Em 2024, o desmatamento do bioma caiu de 638 hectares para apenas 31 hectares — uma redução de 95%, a maior entre todas as unidades federativas do Brasil, segundo o MapBiomas. É um resultado que coloca o Distrito Federal como exemplo nacional de como a tecnologia e a fiscalização podem andar juntas. O segredo? O Sistema Distrital de Informações Ambientais (Sisdia), que integra alertas de desmatamento, imagens de satélite e dados geoespaciais em tempo real. Com 74 indicadores ambientais e mais de 144 mil acessos em 2024, o Sisdia se tornou a espinha dorsal da gestão territorial do DF, permitindo que equipes de fiscalização ajam rapidamente diante de qualquer ameaça ao bioma. “Investimos em inteligência ambiental”, afirma o secretário do Meio Ambiente, Gutemberg Gomes. “O Sisdia nos dá olhos sobre todo o território e capacidade de resposta imediata. Isso, aliado ao trabalho incansável das nossas equipes de fiscalização e ao fortalecimento das brigadas, resultou nessa conquista histórica. É a prova de que tecnologia e compromisso fazem a diferença.” Fogo controlado, carbono preservado Outro pilar da estratégia ambiental do DF é o Programa de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Ppcif). Com a ampliação do contingente de brigadistas e investimentos em infraestrutura, o programa conseguiu reduzir em 66,9% as áreas queimadas entre 2022 e 2024. A ação tem impacto direto no Plano Carbono Neutro do DF, preservando estoques de carbono florestal e protegendo ecossistemas essenciais para a regulação climática. O Ppcif também conta com inteligência artificial: o projeto Sem Fogo monitora pontos estratégicos com tecnologia de ponta, permitindo a identificação precoce de focos de incêndio e ação preventiva. É a combinação de pessoas, tecnologia e gestão que tem feito a diferença na proteção do Cerrado. Energia solar A transição energética é outra frente de destaque. A inauguração da primeira usina pública de geração fotovoltaica, em Águas Claras, é apenas o começo. Com investimento de R$ 4,1 milhões, a usina abastece 80 prédios públicos, incluindo dez escolas, com energia limpa e renovável. E há mais por vir: projetos em andamento para o Supremo Tribunal Federal (STF), o Aeroporto de Brasília e 400 escolas públicas devem adicionar mais de 16 MWp de capacidade solar ao sistema. Estações de Guariroba e Samambaia Sul do Metrô-DF operam com 100% de energia solar A infraestrutura LED também avança: 60% das vias do DF já contam com iluminação eficiente, gerando economia de 44.760 MWh por ano e evitando a emissão de 2.400 toneladas de dióxido de carbono. No Metrô, as estações Guariroba e Samambaia Sul já operam com 100% de energia solar, um exemplo de mobilidade sustentável na prática. Conexão ecológica Preservar não é apenas evitar danos, é também restaurar. O Dia de Plantar, instituído em 2023, já promoveu o plantio de 30 mil mudas nativas do Cerrado em ações conjuntas com a sociedade civil. Para 2025, o programa hídrico prevê a reforma de bacias hidrográficas e a recuperação de 100 hectares na Bacia do Melchior,  investimento direto na segurança hídrica e na conectividade ecológica do território. R$ 57 mihões Total de receitas gerado em trabalhos do Complexo Integrado de Reciclagem em 2024 A portaria conjunta entre a Secretaria do Meio Ambiente (Sema-DF) e o Instituto Brasília Ambiental avança na definição de corredores ecológicos, garantindo que a fauna e a flora do Cerrado tenham espaço para se movimentar e se reproduzir. É a ciência a serviço da vida, conectando fragmentos de vegetação e fortalecendo a resiliência dos ecossistemas. A economia circular também ganha força no DF. O Complexo Integrado de Reciclagem (CIR) recebeu mais de 9.800 toneladas de resíduos em 2024, envolvendo 35 cooperativas contratadas pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e gerando R$ 57,4 milhões em receitas. A logística reversa foi ampliada para 170 pontos de entrega voluntária (PEVs), e a coleta domiciliar de eletroeletrônicos se expande pela capital. A regulamentação da Lei de Compostagem Orgânica e o desenvolvimento de um módulo especialista no Sisdia para monitoramento de resíduos em tempo real completam o pacote de ações que transformam lixo em oportunidade, reduzem emissões e fortalecem cooperativas locais. Compromisso com o planeta Ao lado dos demais estados do Consórcio Brasil Central, o DF levará a Belém a mensagem de que o Cerrado é tão vital quanto a Amazônia para o equilíbrio climático do Brasil e do mundo. Berço das águas, o bioma sustenta nascentes, garante o abastecimento hídrico de regiões inteiras e abriga biodiversidade única. “A COP 30 é a oportunidade de mostrar que o Brasil está fazendo sua lição de casa”, pontua Celina Leão. “E o Distrito Federal é prova disso. Estamos reduzindo emissões, protegendo nossa biodiversidade, investindo em energia limpa e, principalmente, engajando nossa população nessa jornada. O Cerrado merece estar no centro da discussão climática, e o DF vai garantir que ele seja ouvido”. [LEIA_TAMBEM]Com um portfólio robusto de ações e resultados mensuráveis, o Distrito Federal vai à COP para participar, inspirar, compartilhar experiências e mostrar que a transformação ambiental já começou. A COP 30 A 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima reunirá líderes mundiais, cientistas, sociedade civil e governos locais para debater ações globais frente à crise climática e reforçar a implementação do Acordo de Paris. Organizada pelo Consórcio Brasil Central, que reúne DF, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins, a COP Cerrados destaca a importância do bioma na agenda climática e sua conexão vital com a segurança hídrica e a biodiversidade brasileira.   *Com informações da Sema-DF

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