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Cine Brasília celebra nova gestão compartilhada com filme e música

Filme, música e casa cheia, no Dia do Cinema Brasileiro: a nova gestão compartilhada do Cine Brasília começou da melhor forma possível, na noite desta quarta-feira (19). Ao lado da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, a Organização da Sociedade Civil (OSC) Box Cultural será responsável pelo espaço pelos próximos três anos. Para celebrar o relançamento, o público que lotou o local – com direito a uma longa fila à espera de eventuais desistências – pôde conferir a exibição do longa Meu Sangue Ferve por Você, com direito a uma conversa com os atores. A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro executou a canção que dá nome ao filme – uma cinebiografia do cantor Sidney Magal. Giovana Cordeiro e Filipe Bragança estrelam o longa ‘Meu Sangue Ferve por Você’ | Fotos: Gobah Marques/ Divulgação “O Cine Brasília é a casa do cinema brasileiro. A gente fez uma reforma para deixar ele tinindo e, agora, estamos celebrando esse acordo de gestão, um acordo mais prolongado, com mais qualidade, com mais tempo para planejamento, para captação, para formulação de políticas públicas, e a gente está muito satisfeito”, observou o secretário de Cultura e Economia Criativa, Cláudio Abrantes. “Isso tem a ver com toda a postura que a gente tem em relação ao audiovisual, do ponto de vista dos incentivos, mas, principalmente, do que a gente imagina de toda essa cadeia produtiva, que é extremamente potente e que dá todas as condições para que Brasília esteja em um patamar de excelência, na primeira prateleira do cinema brasileiro”, completou. A Box Cultural foi a responsável pela primeira gestão compartilhada do Cine Brasília, mas por um período menor, de agosto de 2022 a março deste ano. A diretora da OSC, Sara Rocha, também celebrou esse novo contrato prolongado e enfatizou que eventos como o desta quarta-feira não devem acontecer apenas em datas especiais: “A programação é sempre permeada desses eventos maiores, que têm uma capacidade de atração de público ainda mais qualificada do que a programação regular, que está aí também disponível para todo mundo com preços populares”. “Ah, eu te amo” Cláudio Abrantes: “A gente fez uma reforma para deixar ele tinindo e, agora, estamos celebrando esse acordo de gestão, um acordo mais prolongado, com mais qualidade, com mais tempo para planejamento, para captação, para formulação de políticas públicas” Antes da exibição do filme que conta parte da história do cantor Sidney Magal – que, por coincidência, fez aniversário nesta quarta –, músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, sob regência do maestro Claudio Cohen, apresentaram a versão de Meu Sangue Ferve por Você, cantada pelos atores Filipe Bragança e Giovana Cordeiro, que dão vida a Sidney e à esposa do artista, Magali West, no longa-metragem. Cohen ressaltou a importância do Cine Brasília para a orquestra: “Nós ficamos abrigados aqui por cinco temporadas de concerto. Foi a nossa casa de espetáculo durante esses anos. Então, para nós, estar aqui hoje, pontuando essa gestão compartilhada, é muito importante, sobretudo para dar apoio e para valorizar essa casa que é uma casa tradicional do cinema brasileiro”. A dupla de atores disse estar emocionada por participar do evento em uma cidade com a qual ambos têm relação. Filipe é goiano e Giovana, apesar de carioca, tem família em Brasília. “É lindo ver esse movimento todo, estar aqui representando o cinema brasileiro, em um filme que fala muito sobre o Brasil, sobre a nossa cultura”, pontuou ela. “Estou muito feliz, é um cinema muito bonito, muito importante politicamente e culturalmente”, emendou ele. O público aprovou. “Eu gosto muito do Cine Brasília, estava com saudades. Fazia tempo que eu não vinha aqui. E hoje é uma oportunidade interessante”, afirmou o estudante Gustavo Camilo, morador de Taguatinga. “Gostei muito da gestão passada, que é a mesma, vai continuar agora, e eu acho que vai ser uma temporada muito interessante”, acrescentou o também estudante Wanderson Bruno, do Guará. Inaugurado um dia depois da capital federal, o Cine Brasília foi o primeiro equipamento cultural da cidade e é palco de um dos mais importantes festivais do país, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. No site cinebrasilia.com é possível conferir a programação e comprar ingressos antecipados. O longa Meu Sangue Ferve por Você seguirá em exibição até o próximo dia 25, sempre às 18h15.

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Cine Brasília recupera pôsteres de filmes e festivais 

Cinema, cartazes e memória: esse trinômio está na raiz de uma iniciativa do Cine Brasília e que ganhou impulso, quem diria, com a interrupção das exibições públicas de filmes provocada pela pandemia do coronavírus.  A iniciativa é da unidade de Audiovisual da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), que conseguiu reunir 276 cartazes de filmes comerciais exibidos no Cine Brasília após a reforma do espaço –  reinaugurado em 2013 depois de 16 meses fechado. O precioso achado inclui ainda 38 peças de divulgação de mostras e festivais realizados desde então no chamado templo do cinema brasileiro. Segundo o gerente do Cine Brasília, Rodrigo Torres, a ação é o primeiro estágio de um projeto para preservar de forma segura esses cartazes. E servirá também para elaborar uma plataforma que possibilite o rastreamento de documentos sobre a história da sala projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada um dia após a capital do país, em 1960. Foto: Divulgação Os 314 cartazes resgatados pela equipe do Cine Brasília já foram organizados em ordem alfabética pela equipe do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) e aguardam o fim da pandemia para receber um trabalho de planificação. Enquanto isso, estão guardados numa sala do Anexo do Teatro Nacional Claudio Santoro sob a custódia da Comissão de Avaliação de Documentos da Secec. A servidora Keyciane Araújo, que zela pelos cartazes como um tesouro, acredita que o Arquivo Público venha a ser o destino final dos pôsteres. A coordenadora da Sistema de Arquivos (Cosis) do ArpDF, Taiama Mamede, apoia a ideia.  “Esse material seria muito bem-vindo. Já existem pôsteres aqui, inclusive”. O Arquivo Público tem um acervo permanente, que também guarda fotos da construção do Cine pela Novacap. Para os aficionados da sétima arte, destacam-se entre os pôsteres peças como Acossado (Jean-Luc Godard), A Bela da Tarde (Luis Buñuel), Amor, Plástico e Barulho (Renata Pinheiro), O Último Cine Drive-in (Iberê Carvalho) e o recente campeão nacional de bilheteria Bacurau (Kleber Mendonça e Juliano Dorneles). Foto: Divulgação Alusivos a mostras e festivais, há cartazes de edições do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, do Curta Brasília, de mostras de cinema europeu, de festivais dedicados a diretores, seleções de filmes com embaixadas e iniciativas como Surdo Cinema e Slow Film. Torres acredita que o destino do material deva mesmo ser o Arquivo Público, uma vez que o Cine Brasília não tem espaço para receber e guardar os cartazes de maneira adequada. Um dos objetivos do projeto é desenvolver uma plataforma para rastrear documentos sobre o espaço cultural, que hoje se encontram espalhados em várias instituições. Além da Secec e do Arquivo Público, a Biblioteca Nacional de Brasília, a Universidade de Brasília (UnB) e arquivos pessoais. O projeto em embrião, que promete desdobramentos mantidos em sigilo por enquanto, tem calorosa acolhida entre personalidades e estudiosos da área. Acolhida calorosa O cineasta e ex-professor da UnB Vladimir Carvalho, protagonista de grandes momentos na história do cinema brasileiro e brasiliense, apoia a iniciativa calorosamente. Carvalho teve seu filme O País de São Saruê (1971) sequestrado pela ditadura militar em pleno Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, para o qual havia sido selecionado. “Os cartazes, além de importantes veículos para divulgação de obras cinematográficas, alcançaram por sua concepção e esmero o status de uma arte à parte. Daí o surgimento de verdadeiras coleções e de entusiastas colecionadores que terminam por trazer informações preciosas sobre os diversos períodos da história do cinema”, ensina. Contemporâneo de Caetano Veloso e Glauber Rocha em sua passagem por Salvador (BA), onde cursou filosofia, o paraibano Carvalho destaca o papel do Cine Brasília na formação de público. “A programação muito bem concebida e realizada tem atraído não só o cinéfilo de sempre, mas sobretudo jovens plateias interessadas nos clássicos e nos lançamentos vindos de toda parte”. A fotógrafa, cineasta e professora adjunta da Faculdade de Comunicação da UnB Rose May Carneiro, que já lecionou as disciplinas História do Cinema, do Cinema Brasileiro, Linguagem Cinematográfica e Documentário, também acredita no potencial da iniciativa. Foto: Divulgação “Certamente, a restauração desse acervo de pôsteres vai nos trazer de volta um arsenal de sensações junto a um arcabouço de memórias, por meio de ilustrações, fotografias, cores, ângulos, iluminações e tipologias impressas e imortalizadas naquelas paredes [do foyer do Cine Brasília]”. Ela acredita que uma exposição do acervo será uma “excelente oportunidade para os cinéfilos e cinéfilas reverem toda a modernidade que dialogava com a Literatura, a Filosofia e a Psicanálise e invadia o extraquadro do longa de estreia do Godard (Acossado) ou os mais recônditos desejos e delírios do imaginário projetados por Buñuel (A bela da tarde)”. Carneiro lembra ainda o quanto esses cartazes recuperam “a força e o lirismo do cinema brasiliense (Adirley, Iberê, Santiago etc), os dramas políticos e pessoais costurados pelas lentes pulsantes do Kleber Mendonça e Juliano Dorneles (Bacurau) até chegarmos nas imagens emblemáticas dos últimos pôsteres do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro”. * Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF)

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Conversa animada com o bom e velho Vladimir Carvalho

No final dos anos 60, Vladimir Carvalho comia o pão que o diabo amassou, no Rio de Janeiro. Então com dois curtas-metragens nas costas – Romeiros (1962) e A Bolandeira (1967) –, ele sobrevivia com os vales de repórter do Diário de Notícias, morando numa casa de cômodo, no bairro de Santa Teresa, com a mulher. Foi quando recebeu o convite para dar aula na Universidade de Brasília (UnB). “Vim, olhei para Brasília e achei a cidade fria, fria, no sentido metafórico”, lembra. “Voltei para o Rio, as contas todas atrasadas, então propus ficar só dois meses. Acabei me casando com a cidade. Já faz exatos 50 anos!”, ri, surpreso. Um dos nomes mais importantes do cinema brasileiro e figura essencial para a cinematografia brasiliense, o documentarista de 84 anos encerra neste sábado (30), às 19h, a 52ª edição do Festival de Brasília, apresentando seu mais recente projeto, Giocondo Dias – Ilustre Clandestino. Antes, nesta sexta-feira (29), às 19h, lança no hall do Cine Brasília, o DVD de Cícero Dias, o Compadre de Picasso. “Giocondo é um filme em tom menor, sobre um homem que marcou minha infância a partir dos relatos do meu pai. Um sujeito que tinha o dom do diálogo, tema atual”, reflete. Dono de memória prodigiosa e lucidez invejável, a trajetória desse paraibano de voz de profeta e simpatia sem fim, se confunde com a parte da história do cinema nacional e os primeiros anos da capital, quando ainda se ouvia, por aqui, o baticum das obras. Chamado pelo cineasta baiano, Glauber Rocha, de o “Vertov da caatinga” – documentarista experimental russo do início do século passado –, Vladimir foi um dos pioneiros da sua arte na Paraíba, flertou com a turma do Cinema Novo e sentiu o peso dos anos de chumbo da ditadura nos ombros, quando seu primeiro longa-metragem, O País de São Saruê, foi limado do Festival, em 1971. O episódio acarretaria na interdição do evento por três longos anos. “Comecei esse projeto em 1966, ali procuro recompor as relações de classe na relação entre os donos de terras e os camponeses”, lembra. Em conversa com a Agência Brasília, numa manhã tranquila, ele falou de sua relação com a cidade e o mais importante e tradicional festival de cinema do país; dos tempos de UnB; de quando foi assistente do documentarista Eduardo Coutinho; de sua relação com o cineasta Arnaldo Jabor; e do dia em que viu o diretor de cinema polonês Roman Polanski, na beira da piscina do Copacabana Palace Hotel, pedindo para ver os ensaios da escola de samba Mangueira e um jogo de futebol do Flamengo. “Também vi o (cineasta alemão) Fritz Lang de perto e o ator Glenn Ford (o astro do filme Gilda, de 1946), passeando de óculos ray ban”, recorda. Giocondo Dias Ouvi falar de Giocondo Dias pela primeira vez, mencionado pelo meu pai, que era militante do partido comunista. Isso nos anos 40. Eu nasci em 1935. Era, de certa forma, uma maneira de descobrir o meu pai como uma pessoa que estava ligado no mundo, embora morasse numa cidade do interior (Itabaiana, Paraíba). Então, em 1935, o Giocondo, cabo do exército, fez parte da Intentona Comunista (tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas por militares, com apoio do Partido Comunista Brasileiro). Um movimento que estourou meio desconectado, no Rio de Janeiro, e, depois, em Recife e São Paulo. O Giocondo tinha prestígio junto aos seus comandados, já com ideias revolucionárias. Ele foi a um quartel, em Natal, no Rio Grande de Norte, e prendeu o comandante do lugar em nome do Luís Carlos Prestes (líder comunista). Uma bravata! (ri). Nessa confusão, foi ferido a tiros. Milagrosamente, fizeram a cirurgia e ele sobreviveu. Ele andou em comícios onde foi atingido novamente. Levado para o hospital, foi novamente operado. A partir dessa experiência de vida, e isso é uma interpretação minha do que vem depois, ele se tornou um ferrenho defensor de posições que eliminavam qualquer coisa no partido que fosse realizado pelas armas. Daí o slogan do filme – “Adeus às armas, apelo ao diálogo”. É um tema muito atual. O Giocondo construiu isso na clandestinidade. O dom do diálogo Giocondo foi um cara importante. Não era um intelectual. Era um militante que tinha o dom do diálogo, que pregava, dentro do Partido comunista, a revolução não pelas armas, mas a partir de uma boa conversa. Foi um personagem que encarnou essa posição. Ele tinha uma frase: “Vamos discutir essa discordância”. Ia conversando de pouquinho e pouquinho, diminuindo a discordância. Redescobri ele e meio que me apaixonei pela sua figura. O filme Eu tenho essa posição, talvez um tanto idealista, de não fazer nada de encomenda. Então, assumi a produção desse filme e fiquei dois anos ralando. É um perfil em segunda-mão porque é visto pelos raros contemporâneos do Giocondo Dias.  Encontro com o personagem Eu tive a oportunidade de vê-lo porque também militei no partido, quase que por causa do meu pai. Ele ficou uma pequena temporada em Brasília, em 1983 e 1984, onde foi de gabinete em gabinete tratar da legalidade do partido. Era algo praticamente previsto porque a gente estava em plena redemocratização, a volta do Estado de Direito. E o conheci de vista. Apertamos as mãos, já sabia da importância dele. Essa referência e atuação dele sempre me nortearam. Segui muito essa orientação, de trilhar pela democracia. Primar pelas vias democráticas. Arqueólogo do cinema É uma circunstância minha. Eu sempre cheguei depois dos acontecimentos. Saí da Paraíba e fui para Salvador, atraído pelo Cinema Novo. O Glauber Rocha estava surgindo no cenário, o Roberto Pires – que viveu um tempo aqui em Brasília –, também. Quando chego lá o movimento foi amainando, com as principais cabeças indo embora. Depois o (Eduardo) Coutinho (documentarista) me chamou para ser assistente dele em Cabra Marcado para Morrer (1964) e veio o Golpe. Vou para o Rio, e o que acontece? O Cinema Novo estava se desmilinguindo porque a ditadura estava instalada, acabando aquela geração que fez o movimento acontecer. Daí, venho para Brasília, em 1969, convidado a dar aula na UnB. O curso de cinema acabara havia cinco anos. Estou sempre atrás dessa memória. E isso é uma dificuldade muito grande porque o Brasil não preserva a memória audiovisual. Para fazer qualquer filme que precise recorrer a momentos históricos você vai aos arquivos e não encontra muita coisa. Polanski na piscina do Copacabana Palace Depois de ser assistente do (Eduardo) Coutinho, fui trabalhar com o (Arnaldo) Jabor na cobertura do Festival Internacional do Filme (FIF), que teve apenas duas edições e que resultou num filme dele chamado Rio, Capital do Cinema. Um mês depois, ele faria o curta Opinião Pública (1967). Era um festival para promover o Rio e os artistas convidados ganhavam vales para beber uísque nas boates. Vi o Fritz Lang (diretor alemão de Metrópoles, filme de 1927) daqui pra ali; o ator canadense Glenn Ford (do filme Gilda, de 1946),  passeando de óculos ray ban; e o Roman Polanski (diretor polonês de O Bebê de Rosemary, filme de 1968) na beira da piscina do Copacabana Palace, pedindo para ver os ensaios da Mangueira e um jogo de futebol do Flamengo. Festival de Brasília do Cinema Brasileiro É a base de tudo, conta com a sombra das pessoas que fundaram o curso de cinema da Universidade de Brasília (UnB). O festival instalou a I Semana do Cinema Brasileiro, firmando um compromisso cultural com o que era realizado no Brasil no cinema na época e apoiando o que sobrou do Cinema Novo. Tratavam-se de uma série de filmes que pareciam ecoar aquilo que ficou para trás como uma herança de Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha. E que está aí até hoje, com uma plateia superexigente, crítica, politizada, que vive na capital da República. O Festival de Brasília é a nossa matriz, campo das reivindicações, do desenvolvimento, da projeção do Cinema Brasileiro de um modo geral. O País de São Saruê e a Censura É um filme que comecei a fazer em 1966 e que procura recompor um cenário que, de certa forma, ainda existe, que são as relações de classe. O campesinato em torno de terra, isso vinculado desde a descoberta do Brasil. Quem é dono de terra é dono de terra, não quer abrir mão e trava uma brigar campal com as ligas camponesas. Ele havia sido selecionado para o Festival e estava na censura. Dois dias antes de sua exibição foi arrancado do evento e substituído por Brasil Bom de Bola (dirigido por Carlos Niemeyer). Bom, fazia um ano do AI-5, as pessoas vaiaram perigosamente, houve quebra-pau fora no cinema, com as pessoas atirando bolinha de gude nas autoridades e tudo o mais. Deu que o Festival de Brasília seria interditado por três anos. O País de São Saruê é uma das obras mais importantes de Vladimir Carvalho, um filme ícone do festival Relação com as novas gerações de cineastas Brasília tem um lado documental que me pegou e também os alunos com quem tive contato quando criei uma disciplina própria no curso de cinema da UnB . Parece que isso repercutiu no espírito da turma que tinha facilidade de filmar. Conterrâneos Velhos de Guerra É difícil escolher qual de minhas criações eu gosto mais porque a gente é meio pai de todos. Agora eu acho que Conterrâneos… é uma súmula do meu trabalho. Ele faz um sumário, uma ampliação ou continuação de O País de São Saruê (1971). Primeiro, eu filmei o nordestino no seu habitat natural. Depois, filmei os nordestinos fora, como se fosse um bando de judeus que tivessem migrado e que foram aqui rejeitados por uma coisa da sociedade brasileira, de luta de classes. Esse filme tem esse condão, essa capacidade de juntar tudo o que já fiz, os costumes, a cultura, tudo um filme só. Não à toa chamei de Conterrâneos Velhos de Guerra. UnB A gente deve muito a pessoas que, em circunstâncias históricas, criaram o primeiro curso regular de cinema do Brasil. Isso aconteceu em Brasília. Graças ao Darcy Ribeiro, ao Pompeu de Souza, ao Nelson Pereira dos Santos e ao Paulo Emílio Salles Gomes, o homem mais importante para pensar o cinema brasileiro. É uma marca muito forte. Esse curso e a própria Universidade eram uma revolução no ensino superior brasileiro, que é de uma importância enorme. Deu um caráter de proficiência e profissionalidade em termo de criação de um festival de cinema que reflete até hoje. O público de Brasília é um público muito especial, crítico, independente. É uma herança. Uma herança que vem desses caras.

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