Diagnóstico precoce de tumores pediátricos é tema de curso no DF
O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) reúne, durante dois dias – sexta (17) e sábado (18) -, profissionais das áreas de biologia, farmácia, biomédicos e médicos hematologistas para a troca de experiências e estratégias de diagnósticos com uso da citometria de fluxo. “Aqui no hospital temos várias ferramentas para chegar ao diagnóstico de precisão”, disse o médico patologista Pedro Pinto, responsável pelo Laboratório de Anatomia Patológica do HCB | Fotos: Divulgação/HCB A ferramenta é utilizada pelas equipes de oncologia do HCB e da UFRJ e o trabalho é referência internacional. É a primeira vez no país que é realizado um curso com teoria e prática para o aprimoramento de estudos de “imunofenotipagem por citometria de fluxo” para tumores sólidos pediátricos. O recurso é estudado há mais de 15 anos pela UFRJ mas, só a partir de 2008, foi incorporado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para diagnóstico de tumores sólidos pediátricos. O citômetro de fluxo é um equipamento que oferece uma resposta rápida e precisa, com diagnósticos nas primeiras 24 horas, e que avalia a célula individualmente (single-cell). Esse é o desafio, pois a célula precisa estar dissociada do sangue e da medula. Por isso, a dificuldade de incorporar na rotina de diagnóstico. Cristiane de Sá Facio, do Laboratório de Citometria de Fluxo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ao falar da ferramenta como aliada nos diagnósticos, se disse otimista quanto à cura universal do câncer infantil em mais de 60% por volta de 2030. “A OMS pretende que o diagnóstico precoce do câncer seja um dos motivos para melhorar as taxas de cura do câncer infantil. A citometria de fluxo vem como auxiliar no diagnóstico precoce. Não é uma tecnologia cara e é rápida a resposta do laudo. Ao expandir o conhecimento da UFRJ para Brasília e o Brasil, e implementar não somente em instituições isoladas, acredito que seja o primeiro passo para demonstrar que isso realmente funciona e que possa auxiliar no diagnóstico precoce “, comemorou Cristiane Facio. De acordo com Elaine Sobral, da UFRJ, o Brasil passou a ser referência no mundo e integra o Euro Flow juntamente com 13 países e 17 laboratórios de ponta Elaine Sobral, da UFRJ, que já realiza trabalhos conjuntos na linha de diagnósticos com o HCB, comentou sobre a evolução dos diagnósticos até chegar a integrar o Consórcio Euro Flow. O Brasil passou a ser referência no mundo e integra o Euro Flow juntamente com 13 países e 17 laboratórios de ponta. “Os diagnósticos de tumores são feitos tradicionalmente pela patologia e demoram, em média, 15 dias, até um mês nos tumores raros. Crescem muito rápido. Então, há mais de 10 anos começamos a fazer uma série de testes para diagnóstico rápido com citometria de fluxo e se tornou uma realidade. Em junho de 2020, patenteamos esse método junto ao Consórcio Euro Flow de citometria de fluxo, e o Laboratório da UFRJ é o único, fora da Europa, a integrar o Consórcio. Somos os investigadores principais na parte de tumores sólidos pediátricos. Isso começou a ser testado em vários países. Em 2021 publicamos, e já estamos com 900 amostras de testagem. Tivemos adesão de outros serviços como o Hospital da Criança”, disse a pesquisadora da universidade do Rio, que elogiou os profissionais dos laboratórios do Hospital da Criança na conclusão dos diagnósticos rápidos. O Hospital da Criança fez um upgrade no Laboratório Translacional que realiza mais de 24 mil exames por ano. Novos equipamentos adquiridos vão propiciar buscas de alterações genéticas nos tecidos, com a aquisição da Plataforma de Sequenciamento de Nova Geração, o que amplia a possibilidade de diagnósticos e prognósticos. Os tratamentos podem ser ainda mais assertivos e menos tóxicos com uma terapia específica para cada criança, disse o chefe do Laboratório Ricardo Camargo. “O acondicionamento do material biológico para futuras pesquisas, o monitoramento e evolução das terapias serão de extrema importância para atualização das investigações científicas, além das trocas de amostras entre outros centros de pesquisa”, disse o biomédico, a considerar a complexidade do câncer infantil e as lacunas do conhecimento que precisam ser resolvidas para chegar a uma medicina de precisão. Isso será possível também com a criação do Biobanco. O médico patologista Pedro Pinto, responsável pelo Laboratório de Anatomia Patológica do HCB, apresentou o Laboratório de Citotécnica, Histotécnica, a Sala de Congelação e Necropsia Clínica, para onde são enviadas as amostras patológicas. O patologista reforçou a importância de “amostras frescas” para um diagnóstico preciso. E compartilhou com os alunos as informações que subsidiam o trabalho diário dos patologistas. O livro da OMS e da Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC) padroniza as práticas diagnósticas. Essa publicação era atualizada a cada 20 anos, lembrou o médico, mas a evolução das novas pesquisas na patologia tem levado a uma reedição a cada dois anos da publicação, considerada a “bíblia da patologia”. “Aqui no hospital, temos várias ferramentas para chegar ao diagnóstico de precisão”, disse o médico. Mas ele ressaltou, também, a importância da clínica médica, “pois uma criança, ao apresentar um tumor, o fato já enseja uma investigação da história clínica que vai sondar a história familiar. No câncer infantil, há possibilidade do fator da hereditariedade”, afirmou o patologista. “A atuação multidisciplinar dos profissionais tem contribuído para o enfrentamento do câncer infantil e a sobrevida de pacientes em números que superam estatísticas nacionais e aproximam o HCB dos centros de referência em países mais evoluídos.” É o que afirma a diretora técnica do HCB, a médica pediatra hematologista Isis Magalhães. “Esse desenho do cuidado correto da oncologia pediátrica no HCB vem nos trazendo, agora, os resultados de melhoria de sobrevida. Hoje, podemos ter curvas de sobrevida do câncer mais comum, a Leucemia Linfoblástica Aguda. As crianças classificadas com risco padrão chegam a apresentar sobrevida de até 80%. Em trabalhos de doutorado recentes do HCB já se sustentam informações sobre a cura em níveis que chegam a 87%. “No caso do Tumor de Wilms, antes, o mundo mostrava a melhoria de sobrevida onde tem um trabalho multidisciplinar muito estreito. Esse esforço, nesse tempo, se transformou na real melhoria de sobrevida”, conclui a médica hematologista, reforçando a importância do tratamento multidisciplinar da instituição. *Com informações do HCB
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Hospital da Criança apresenta metodologia de diagnósticos a pesquisadores
O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) recebeu, nos últimos dias, pesquisadores do Grupo Brasileiro de Citometria de Fluxo (GBCFlux). O encontro teve por objetivo multiplicar a educação continuada nas áreas de imunologia e diagnóstico, monitoramento das neoplasias hematológicas (alterações celulares benignas ou malignas) e diagnóstico de tumores pediátricos. A coordenadora executiva do GBCFlux, Elizabeth Xisto Souto, é hematologista de citometria de fluxo do Hospital Albert Einstein e explica do que se trata a citometria: “É uma metodologia laboratorial para diagnóstico, principalmente, de doenças onco-hematológicas, mas, nas últimas décadas, também tem crescido muito na pesquisa e diagnóstico das doenças imunológicas, imunodeficiências congênitas”. Médica imunologista do HCB, Karina Mescouto destaca que, além de detectar doenças onco-hematológicas, a citometria de fluxo é importante no diagnóstico de imunodeficiências | Fotos: Divulgação/HCB No HCB, a citometria de fluxo é realizada no Laboratório de Pesquisa Translacional, que também adota outras metodologias para o diagnóstico e para fins de pesquisa. Essa reunião de técnicas laboratoriais em prol dos pacientes chama a atenção da hematologista e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Mihoko Yamamoto. “Vejo que é uma equipe unida: biologia molecular, citogenética, citometria de fluxo; em conjunto, estão levando a instituição para a frente e conseguindo fazer um belo trabalho. Estão com um pioneirismo que eu achei maravilhoso”, afirma a médica. Os integrantes do grupo acompanharam a apresentação de trabalhos relacionados ao tema central. Entre os assuntos abordados, a imunologista do HCB Karina Mescouto ressalta a importância do contato entre profissionais do laboratório e da assistência. “É importante ter essa comunicação, para definir o melhor tratamento. O HCB é um hospital que foca principalmente o paciente; com isso, conseguimos definir um diagnóstico preciso, dar a melhor terapêutica, procurar fazer o melhor tratamento para cada um”, explica. Médico hematologista do HCB, Felipe Magalhães afirma que o HCB “usa esse método diagnóstico para acompanhar os pacientes com leucemia, melhorar o tratamento deles e dar possibilidade de diagnóstico para pacientes com imunodeficiência” Geralmente associada ao diagnóstico de leucemias, a citometria de fluxo também é importante no diagnóstico de imunodeficiências. “Aqui no DF, começou em junho a triagem neonatal para imunodeficiência; todos os bebês vão ser triados pelo teste do pezinho, e a confirmação diagnóstica vai ser feita no Hospital da Criança de Brasília. Isso mostra essa interface com a clínica e, principalmente, auxilia a identificar se a criança tem algum defeito no mecanismo de defesa, na imunidade, e já consegue fazer uma intervenção terapêutica”, esclarece Mescouto. Segundo o hematologista do HCB Felipe Magalhães, o hospital “usa esse método diagnóstico para acompanhar os pacientes com leucemia, melhorar o tratamento deles e dar possibilidade de diagnóstico para pacientes com imunodeficiência”. Magalhães avalia positivamente o trabalho que a unidade vem desenvolvendo e o impacto que tem sobre as crianças: “Temos que comemorar essas estatísticas de cura e trabalhar para melhorar mais ainda”. *Com informações do HCB
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