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Dia Nacional de Libras: GDF investe em acessibilidade e autonomia

Há 22 anos, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) foi reconhecida pela Lei nº 10.436 como meio de comunicação legal em território brasileiro. Em homenagem ao marco, nesta quinta-feira (24) é celebrado o Dia Nacional de Libras, ferramenta de expressão e autonomia para a comunidade surda. “Essa lei trouxe seguridade para nós enquanto comunidade surda, para a gente poder se comunicar usando essa língua. Antes, eu posso dizer que tínhamos muitas barreiras e dificuldades. Mas, com o poder da lei – que nasceu aqui em Brasília –, podemos dizer que vivemos muitos avanços. Ainda não estamos 100%, mas é preciso que a Libras seja cada vez mais divulgada e tenha apoio, para se difundir como linguagem” Waldimar Carvalho da Silva, diretor de Acessibilidade Comunicacional da Sepd-DF O Distrito Federal é uma das unidades da federação pioneiras na implementação de uma Central de Interpretação em Libras (CIL) – disponível para atendimento à comunidade surda, na Estação da 112 Sul –, bem como da criação de um sistema online para a assistência 24 horas a esse público, por meio de aplicativo. As iniciativas do Governo do Distrito Federal (GDF) também incluem projetos educacionais implementados na rede pública de ensino. As propostas são voltadas para dignidade e independência das 10.774 pessoas que possuem algum tipo de deficiência auditiva no DF, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF). “Essa lei trouxe seguridade para nós, enquanto comunidade surda, para a gente poder se comunicar usando essa língua. Antes, eu posso dizer que tínhamos muitas barreiras e dificuldades. Mas, com o poder da lei – que nasceu aqui em Brasília –, podemos dizer que vivemos muitos avanços. Ainda não estamos 100%, mas é preciso que a Libras seja cada vez mais divulgada e tenha apoio, para se difundir como linguagem”, frisa o diretor de Acessibilidade Comunicacional da Secretaria da Pessoa com Deficiência do DF (Sepd-DF), Waldimar Carvalho da Silva. O Distrito Federal é uma das unidades da federação pioneiras na implementação de uma Central de Interpretação em Libras (CIL), disponível para atendimento à comunidade surda na Estação da 112 Sul | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília Ex-professor da Escola Bilíngue de Taguatinga, o servidor ressalta que a data é importante para lembrar que o ensino voltado para a inclusão também precisa ser difundido entre as pessoas ouvintes, ou seja, aquelas que não possuem deficiência no aparelho auditivo. “Os ouvintes têm que entender, ter a maturidade de aceitar a nossa comunicação. Eu, como pessoa surda, já tenho experienciado e percebido que muitas vezes as pessoas não recebem isso de forma positiva. Falta um aprendizado das pessoas, de nos respeitar como pessoas surdas, no lugar de dor que nós temos”, destaca. Acessibilidade nas salas de aula Desde as etapas iniciais do desenvolvimento, a rede pública de ensino do DF conta com uma série de iniciativas que promovem a inclusão e acessibilidade, em busca de oportunidades igualitárias para a comunidade surda. Segundo a Secretaria de Educação, 825 alunos com surdez estão matriculados nas instituições de ensino, dos quais 818 apresentam alguma deficiência auditiva e sete, surdocegueira. Ainda de acordo com a pasta, 337 turmas realizam o atendimento aos estudantes com algum tipo de limitação no aparelho auditivo. Entre elas, 118 são classes bilíngues, 17 classes bilíngues diferenciadas, 182 classes bilíngues mediadas e outras 20 exclusivas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). A paraibana Seliane Almeida Rocha descobriu o atendimento pelas redes sociais e celebra os avanços em termos de acessibilidade na capital da República A Escola Bilíngue de Taguatinga (QNH 01/03 Área Especial 1 e 2) atende estudantes com deficiência auditiva e ouvintes filhos de pais com surdez, em aulas pensadas para pessoas com deficiência, e não adaptadas para elas. “A língua de sinais é um direito adquirido pelo surdo, porque é sua via de comunicação e instrução. É por meio dela que o surdo consegue se expressar, e com o ensino pensado para ele, ele vai conseguir participar ativamente, se sentir incluso, entendendo o professor, conseguindo responder, participando. No futuro, irá se tornar um cidadão crítico e consciente, que é a proposta da Secretaria de Educação”, explica a supervisora da instituição de ensino, Adriana Reis. A escola recebe estudantes de todos os segmentos – da educação infantil ao ensino médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA), em período integral. Também há estimulação precoce para crianças entre seis meses e 3 anos, com atendimentos semanais. É uma maneira de preparar os pequenos para ingressarem na escola. Além da CIL, o DF também é pioneiro na criação de um sistema online para a assistência 24 horas a esse público, por meio de aplicativo Interessados em se matricular na Escola Bilíngue, ou os responsáveis, devem comparecer presencialmente à secretaria da unidade escolar, para requisitar uma vaga ou a transferência do aluno vindo de outra escola. Esse procedimento pode ser solicitado durante todo o ano. Ferramentas de acessibilidade Outra conquista recente dos brasilienses é o DF Libras CIL Online. Lançada em dezembro de 2023 pela Secretaria da Pessoa com Deficiência (Sepd-DF), a plataforma oferece atendimento gratuito em Língua Brasileira de Sinais garantindo a comunicação dos cidadãos com os órgãos públicos, de forma acessível e digital, em qualquer horário e em todos os dias da semana. O acesso à ferramenta é feito por meio de um QR Code, que conecta o usuário a uma videochamada com um intérprete de Libras. O código está disponível em diversos equipamentos do Governo do Distrito Federal (GDF), como unidades básicas de saúde (UBSs), unidades de pronto atendimento (UPA), centros de referência de assistência social (Cras) e núcleos de assistência jurídica da Defensoria Pública (DPDF). Ex-professor da Escola Bilíngue de Taguatinga, Waldimar Carvalho da Silva ressalta que a data é importante para lembrar que o ensino voltado para a inclusão também precisa ser difundido entre as pessoas ouvintes, ou seja, aquelas que não possuem deficiência no aparelho auditivo Desde o lançamento, em 6 de dezembro de 2023, até o dia 4 de abril, o programa totalizou quase 90 horas de uso e chegou a 4.526 acessos. No período, que contabiliza quatro meses, foram registradas 37 ligações diárias em média. Segundo o diretor da Central de Interpretação de Libras, Alexandre Castro, o sistema implementado pelo GDF é o mais rápido do país, com previsão de atendimento em até 90 segundos. “Ao longo dos últimos anos, tivemos conquistas importantes, como essa ferramenta 24 horas, e outras iniciativas para atender a população. Salvamos pessoas de situações críticas e contribuímos com o acesso a políticas do governo”, destaca o profissional. Há ainda os cidadãos que prefiram visitar a central presencialmente para auxílio dos tradutores. É o caso da Ana Karoline Silva de Araújo, de 30 anos, que esteve no CIL nesta quarta-feira (24) em busca da assistência para uma avaliação no INSS. “Eu fiquei sabendo desse atendimento aqui do CIL quando vim com a minha mãe, há muito tempo”, conta Ana Karoline, em Libras. “Então, eu descobri que eu não precisava depender dela, eu poderia resolver as coisas sozinha. Como eu sou maior de idade, é muito importante para mim essa autonomia para fazer as coisas, sem precisar de algum familiar”, segue. Já Seliane Almeida Rocha, 36, descobriu o atendimento pelas redes sociais. Nascida em Pombal, no interior da Paraíba, a fiscal administrativa se mudou para o DF com a família, em busca de mais qualidade de vida, e celebra os avanços em termos de acessibilidade na capital. No entanto, ressalta que os estabelecimentos e cidadãos ainda precisam avançar nesse quesito. “O CIL é muito importante, porque nos ajuda em termos de acessibilidade. Eu preciso de um atendimento médico, eu chamo um intérprete, eu preciso de uma informação sobre um programa do governo, eu venho aqui. A CIL é o nosso local de informação. É fundamental ter um espaço para nós, com esse cuidado”, avalia.

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Aplicativo facilita a comunicação de pessoas surdas em serviços públicos

A comunicação não é mais uma barreira para a comunidade surda na hora de utilizar um atendimento público no Distrito Federal. Com o Programa DF Libras, a pessoa com deficiência auditiva pode se comunicar com atendentes ouvintes sem dificuldades, acessando os órgãos públicos de forma digital, em tempo integral e em todos os dias da semana. A pessoa com deficiência auditiva pode ter acesso ao serviço tanto de forma presencial quanto online. Na modalidade presencial, o encontro pode ser na Central de Libras, que fica na 112 Sul, ou no próprio local de atendimento, como uma unidade básica de saúde | Fotos: Joel Rodrigues/Agência Brasília O serviço é uma parceria entre a Secretaria da Pessoa com Deficiência (Seped-DF) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF), funcionando por meio do aplicativo Icom Libras, tanto de forma presencial quanto online. Na modalidade presencial, basta efetuar o agendamento para que um intérprete seja designado à pessoa. O encontro pode ser na Central de Libras, que fica na 112 Sul, ou no próprio local de atendimento, como uma unidade básica de saúde, por exemplo. [Olho texto=”“Existe uma necessidade da universalização do serviço público para todas as pessoas terem acesso a quaisquer iniciativas públicas. É uma questão de inclusão e acho que, na maioria dos casos, o DF Libras não só melhora o acesso, como o permite. Eventualmente uma pessoa vai ter um momento de consulta médica, por vezes um momento íntimo, sem alguém acompanhando. E com esse tipo de ferramenta vai ser possível que isso aconteça”” assinatura=”Alexandre Villain, secretário-executivo da SECTI-DF” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Para utilizar o modo online, basta acessar o serviço pelo QR Code para ser direcionado ao programa, em que um atendente fará a interpretação na tela para a pessoa surda e a tradução para o ouvinte do outro lado. Cada secretaria possui um QR Code específico que fica exposto nos balcões de atendimento. Atendendo uma comunidade que chega a 20 mil pessoas surdas no Distrito Federal, o aplicativo não gasta internet durante o uso e é gratuito. A internet só é utilizada para baixar o aplicativo ou abrir o QR Code. Com R$ 450 mil de investimento no programa, recursos de uma emenda parlamentar do deputado Iolando, já são 153 espaços públicos com acesso facilitado a intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Acessibilidade 24h Um dos pontos importantes proporcionado pelo serviço é a tradução na hora de um atendimento médico, para a compreensão direta e simples de medicações e procedimentos, sem a necessidade da intermediação de um parente, amigo ou outra pessoa. “Existe uma necessidade da universalização do serviço público para todas as pessoas terem acesso a quaisquer iniciativas públicas. É uma questão de inclusão e acho que, na maioria dos casos, o DF Libras não só melhora o acesso, como o permite. Eventualmente uma pessoa vai ter um momento de consulta médica, por vezes um momento íntimo, sem alguém acompanhando. E com esse tipo de ferramenta vai ser possível que isso aconteça”, frisou o secretário executivo da Secti, Alexandre Villain. Os secretários de Ciência, Tecnologia e Inovação, Alexandre Villain, e da Pessoa com Deficiência, Valdimar Carvalho da Silva, festejam a parceria que facilita a vida de pessoas com deficiência auditiva Ele também atentou para o fato de que o serviço é seguro e oferecido por uma empresa já conceituada na área de comunicação acessível, cumprindo a legislação no que tange ao atendimento diferenciado para as pessoas surdas nos órgãos públicos. “Também estaremos nas áreas de segurança, social, educação e em todos os principais pontos de atendimento onde a população procura os serviços do GDF, para que facilite essa comunicação e essa acessibilidade”, pontuou o secretário da Pessoa com Deficiência, Flávio Santos. Ele acrescentou que o Governo do Distrito Federal atualmente está priorizando as áreas de saúde, pela alta procura das unidades em decorrência da epidemia da dengue. O aplicativo está em funcionamento pleno desde o dia 11 de dezembro de 2023. O diretor de acessibilidade comunicacional da Secretaria da Pessoa Com Deficiência, Valdimar Carvalho da Silva, ressaltou a importância do serviço integral, que já teve cerca de mil atendimentos presenciais e remotos. O serviço é uma parceria entre a Secretaria da Pessoa com Deficiência (Seped-DF) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti-DF), funcionando por meio do aplicativo Icom Libras “Por exemplo, uma grávida não sabe o horário que vai nascer o bebê. De madrugada, aconteceu, e aí, como é que vai fazer a comunicação dela? A DF Libras vai lá e salva nesse momento. Na polícia também, em alguma ocorrência vai precisar. Os ouvintes já têm 24 horas, agora os surdos também”, observou. Atendimento sem barreiras Mohammadullah Ahmadi, 22 anos, utilizou o serviço na UBS 2, localizada na Entrequadra 114/115 da Asa Norte. Refugiado do Afeganistão, ele mora há dois anos em Brasília e contou que desde que chegou ao país recebeu um grande apoio da Central de Interpretação de Libras, da Secretaria da Pessoa com Deficiência, e que enfrentava muita dificuldade de comunicação no país de origem. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] “Ao chegar aqui, eu via que tinha muito bloqueio de comunicação com os ouvintes. Quando me deparei com o DF Libras, trabalhando 24 horas para trazer comunicação para nós, nossa, que mudança, porque aquilo que era um bloqueio, agora se tornou uma realidade, trazendo uma acessibilidade de vida para mim. Estou muito feliz por isso”, declarou. A digitalizadora Daniella Queiroz de Almeida, 24, também tem deficiência auditiva e utilizou o serviço na UBS da Asa Norte. Ela recorda como eram as barreiras de comunicação antes do DF Libras. “A gente sofria bastante, tinha que escrever, mandar mensagem, fazer texto de saúde no celular, às vezes não tinha compreensão de algumas palavras. Com a criação do programa é possível todos se comunicarem nos órgãos públicos com autonomia e de maneira mais plena.”

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