Cura que brota do chão: Farmácia Viva do DF produz medicamento natural para dor de garganta
De uso milenar, as plantas medicinais seguem como aliadas poderosas na promoção da saúde. E o acesso público é garantido pelo Governo do Distrito Federal (GDF), que investe na produção e distribuição de medicamentos fitoterápicos em cultivos feitos em espaços públicos, como o Núcleo de Farmácia Viva do Riacho Fundo, a Fazenda da Papuda e a Farmácia Viva de Planaltina. Produtos são manipulados na Farmácia Viva: alguns remédios da natureza já estão cadastrados em 25 unidades básicas de saúde | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília Com 30 anos de fundada, a Farmácia Viva já produziu em torno de 620 mil medicamentos fitoterápicos para todo o DF. Entre os fitoterápicos fabricados na rede pública de saúde, destaca-se a tintura de alecrim-pimenta, feita a partir da planta medicinal Lippia origanoides. É o único medicamento para dor de garganta dispensado pela Secretaria de Saúde (SES-DF), cadastrado em 25 unidades básicas de saúde (UBSs). Nilton Neto, chefe do Núcleo de Farmácia Viva da Secretaria de Saúde: “Estamos sempre preocupados em desenvolver novas tecnologias de cultivo de plantas medicinais O chefe do Núcleo de Farmácia Viva da SES-DF, Nilton Neto, afirma que Brasília é um dos locais pioneiros na produção de fitoterápicos para o serviço público de saúde. “Estamos sempre preocupados em desenvolver novas tecnologias de cultivo de plantas medicinais”, aponta. “O alecrim-pimenta, por exemplo, é uma planta brasileira que foi estudada, validada cientificamente e adaptada para o Cerrado. É importante porque conservamos o patrimônio genético e transformamos um recurso nacional, que é a planta medicinal, em um produto usado pela população, devolvendo o investimento”. Alta procura Em 2024, o Núcleo de Farmácia Viva colheu cerca de 105 kg de alecrim-pimenta na Fazenda Modelo da Papuda e produziu e distribuiu mais de 4 mil unidades da tintura de alecrim-pimenta à população. Desde o lançamento, em outubro de 2022, até maio deste ano, o Núcleo de Farmácia Viva entregou mais de 10 mil unidades da tintura de alecrim-pimenta à população. Segundo Nilton Neto, em 2025 a Farmácia Viva conta com a projeção de distribuir 4.800 unidades da tintura de alecrim-pimenta, a maior produção desde o lançamento, em outubro de 2022. Para Nilton, o cenário é devido ao sucesso do medicamento fitoterápico entre usuários e profissionais da saúde, capaz de demonstrar que uma planta medicinal brasileira, quando validada cientificamente e com reconhecimento - no caso do alecrim-pimenta, pela própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) -, é uma ferramenta muito importante na promoção à saúde. “Temos visto realmente uma significativa adesão da população nesses anos, o que nos faz aumentar a produção e investirmos mais no cultivo da planta, para aumentar a quantidade e atingir um público maior de usuários da rede”, pontua. Retorno satisfatório Dayane Rodrigues, da Farmácia Viva do Riacho Fundo, fala sobre a tintura de alecrim-pimenta: “Funciona, é muito bom para quando você está com a garganta irritada, coçando ou mesmo inflamada. O corpo costuma responder rápido” Os profissionais recomendam o antisséptico oral para infecções na garganta conforme indicação médica. A farmacêutica Dayane Leite Rodrigues atua na Farmácia Viva do Riacho Fundo e não apenas fornece o medicamento para diversos pacientes, como já chegou a utilizá-lo quando teve uma forte gripe com incômodos na garganta. O óleo essencial, relata ela, ajudou no processo inflamatório, e é bem-aceito na comunidade. “Apresenta um retorno muito bom”, afirma. “Tenho alguns pacientes que já são de uso cativo: eles conhecem, voltam e pedem para prescrever. E funciona, é muito bom para quando você está com a garganta irritada, coçando ou mesmo inflamada. O corpo costuma responder rápido. Quando eu usei, minha garganta estava com bastante secreção e melhorou bastante, senti bastante alívio dos sintomas em dois ou três dias tomando.” Curiosidades da planta Medicação pode ser diluída na água, para ser usada em gargarejo e bochecho A tintura de alecrim-pimenta é indicada como antisséptico orofaríngeo (uso na mucosa oral e faringe) no tratamento da dor de garganta, uma condição muito comum na Atenção Primária à Saúde do Distrito Federal. Para ser utilizada, a medicação é diluída em água nas formas de gargarejo e bochecho. A embalagem vem com um QR Code, que direciona o usuário a um fôlder produzido pela Secretaria de Saúde com as indicações de uso e mais informações sobre o medicamento, importantes consultas para realizar antes da utilização. Nativo do bioma Caatinga (semiárido) nordestina, o alecrim-pimenta foi adaptado para o Cerrado e introduzido no cultivo pela SES-DF em 1990 pelo professor emérito da Universidade Federal do Ceará Francisco José de Abreu Matos. Ele também foi o criador do projeto Farmácias Vivas e responsável pelos estudos de validação científica dessa planta medicinal. Atualmente, o cultivo do alecrim-pimenta é feito por detentos na Fazenda Modelo do Complexo Penitenciário da Papuda, sob a gestão da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap). O trabalho desempenhado pelos internos com o plantio e tratos do alecrim-pimenta promove a ressocialização, uma vez que a cada dois dias dedicados à atividade há redução de um dia do cumprimento da pena. Para produzir o medicamento fitoterápico, o Núcleo de Farmácia Viva faz as colheitas e processamento das folhas, que passam por secagem em estufa com temperatura adequada e, em seguida, são pulverizadas e submetidas a extração por etanol em um aparelho denominado percolador. A tintura é extraída com álcool, que conserva mais o produto. A planta tem uma substância antisséptica que ataca bactérias e fungos causadores de doenças bucais.
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Horta comunitária tem função pedagógica e terapêutica no Centro de Ensino Especial 2
Os fundos do Centro de Ensino Especial 2 (CEE 2), na 612 Sul, escondem um tesouro: um espaço de cinco hectares que transfere automaticamente quem o visita para um ambiente rural. Tudo começa com a horta comunitária horizontal onde são cultivadas hortaliças, como alface, cebolinha, manjericão e hortelã, e segue pela espécie de “chácara” de agrofloresta, um sistema de produção agrícola que combina diferentes tipos de árvores e plantas com espécies frutíferas, silvestres e nativas. Estudantes e alunos podem interagir com as atividades de cultivo e reforçar o aprendizado sobre o respeito ao meio ambiente | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília Esse oásis verde em meio à estrutura da escola permite que estudantes e professores se conectem com o meio ambiente. Pelo menos duas vezes por semana, os alunos frequentam o espaço como parte da grade horária pedagógica. O ambiente também é usado como terapia para os alunos, que podem interagir com os cultivos e com as estruturas de lazer – uma ponte de bambu, uma casinha da roça, uma mandala horizontal, uma oca indígena e áreas com redes. Além disso, tudo que é produzido no local é distribuído para a cantina para o consumo da própria comunidade escolar. Contato com a terra O professor de Geografia Georlando Menezes, um dos coordenadores do projeto: “É muito importante, porque temos aqui uma escola de ensino especializado, com alunos com deficiência intelectual e deficiências múltiplas. É uma forma de eles terem acesso a um meio rural dentro da cidade” “Esse espaço é um bem-estar para os alunos, porque atua nos diferentes sentidos deles” Antônio Francisco da Silva, professor de Filosofia “São 50 mil metros quadrados em uma área nobre da capital onde temos o cultivo da olericultura e o desenvolvimento da agrofloresta”, detalha o professor de Geografia Georlando Alves Menezes. “Temos uma grade horária para cada aluno frequentar o espaço duas vezes por semana”, valoriza. “É muito importante, porque temos aqui uma escola de ensino especializado, com alunos com deficiência intelectual e deficiências múltiplas. É uma forma de eles terem acesso a um meio rural dentro da cidade. Eles usufruem do espaço e dos produtos.” Ele coordena o projeto há mais de dez anos no CEE 2 com o professor de Filosofia Antônio Francisco da Silva. Cabem aos dois cuidar da horta – o que fazem com muito carinho, amor e dedicação, pois percebem a importância para a comunidade escolar. “Esse espaço é um bem-estar para os alunos, porque atua nos diferentes sentidos deles”, aponta Antônio. “Eles conseguem voltar melhores para a sala de aula. Muitos nem querem ir nem embora daqui, porque realmente é um ambiente muito bom”. Desde o ano passado, a dupla conta com outros dois professores e seis reeducandos da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap-DF) auxiliando na manutenção e conservação do espaço, além do apoio técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) – que fornece insumos, como adubo orgânico, calcário, ferramentas e sementes. “Esse projeto também revela a importância sanitária da agricultura urbana, porque esse espaço poderia ser um lixão”, aponta a extensionista rural Isabella Belo, da Emater-DF “É uma forma de incentivar e mostrar para as crianças que é possível produzir alimentos saudáveis e orgânicos em áreas públicas e coletivas dentro da cidade”, pontua a extensionista rural da Emater-DF Isabella Belo. “Esse projeto também revela a importância sanitária da agricultura urbana, porque esse espaço poderia ser um lixão.” Projeto modelo O extensionista rural da Emater-DF Tiago Leite lembra que a escola é considerada modelo no projeto de horta comunitária pela empresa. “É um projeto que tem dado certo, muito pela dedicação, porque horta é algo perene”, avalia. “É um projeto que mostra a importância do meio ambiente para a sociedade e que é possível ser sustentável mesmo dentro da cidade”. O reconhecimento vem também da comunidade escolar. Christiane Quartieri, professora da educação precoce no CEE 2, ressalta o papel do ambiente no complemento às atividades cotidianas: “Trabalhamos com eles essa parte motora, da vivência, do equilíbrio, e também sensorial, com o pisar a grama e o cheiro das plantas. É uma honra trabalhar tendo esse ambiente aqui. É algo que deveria ter em todas as outras escolas”. A professora Juliana Ferreira concorda: “Aqui as crianças podem explorar a natureza, o que é excepcional para o desenvolvimento delas. Esse espaço engloba o nosso trabalho, porque eles trabalham no plantio e no cultivo e ficam bastante livres – sem falar que podem saborear os alimentos”. No Dia do Milho, comemorado em 25 de fevereiro, estudantes e professores participaram de uma festa com receitas feitas com o produto colhido na horta. Após uma década de experiência, o projeto continua a crescer. Estão atualmente em construção um canteiro de plantas medicinais, uma composteira e um caramanchão, para abrigar plantas trepadeiras. Também se encontra em estudo a reativação do viveiro da escola.
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Entenda o que é o vazio sanitário do feijão e sua importância para a produção do grão no DF
Você já ouviu falar no vazio sanitário do feijão? Em um primeiro momento, essa expressão bastante desconhecida pode até soar estranha, mas é ela que dá o nome a uma das etapas mais importantes do cultivo desse grão. Isso porque é neste momento da cultura do alimento que os produtores rurais conseguem controlar as pragas e doenças que podem comprometer a próxima safra. Compete à Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) a responsabilidade pela fiscalização do cumprimento da prática agrícola, sob pena de multa e penalidades civil e penal em caso de flagrante descumprimento por parte do produtor rural responsável | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília Na prática, o vazio sanitário do feijão, como o nome já diz, consiste em deixar as lavouras vazias, ou seja, sem qualquer resquício de sementes, mudas e plantas que possam contribuir para o surgimento de pragas e doenças, como o chamado mosaico dourado do feijão, transmitido pela mosca-branca. “À medida que temos um controle sanitário da mosca-branca e a redução da incidência do mosaico dourado, nós reduzimos o número de aplicação de inseticidas para o controle do vetor. E, no caso da mosca-branca, é garantido também um produto de melhor qualidade” Rafael Bueno, secretário da Agricultura “O vazio sanitário é a ausência de plantas de feijão vegetando de 20 de setembro a 20 de outubro. É um período crucial para reduzir o impacto das pragas que atacam as plantações. Há um acordo entre governo, pesquisadores e agricultores para que essa prática agrícola ocorra nesse período e, portanto, os produtores rurais devem estar preparados”, afirma o extensionista rural Carlos Antônio Banci, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater). Além de efetiva no controle de pragas, essa prática agrícola contribui para a preservação do solo e para a consequente redução do uso de agrotóxicos, uma vez que, diante da ausência de vetores de doenças e outras pragas, a produção dependerá menos da utilização dos químicos. Sendo assim, o feijão que chegará à mesa do brasiliense é mais saudável, sustentável e seguro não só para o consumo como também para o próprio meio ambiente. Além de efetiva no controle de pragas, a prática agrícola contribui para a preservação do solo e para a consequente redução do uso de agrotóxicos, uma vez que, diante da ausência de vetores de doenças e outras pragas, a produção dependerá menos da utilização dos químicos | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília O secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Rafael Bueno, destaca que outra vantagem da adoção desta etapa é a redução dos custos de produção. “Medidas como o vazio sanitário são de extrema importância para garantir a rentabilidade para o produtor e a sustentabilidade ambiental”, enfatiza. “Isso porque, à medida que temos um controle sanitário da mosca-branca e a redução da incidência do mosaico dourado, nós reduzimos o número de aplicação de inseticidas para o controle do vetor. E, no caso da mosca-branca, é garantido também um produto de melhor qualidade”, prossegue o titular da pasta. Referência nacional O Distrito Federal é referência nacional na produção de feijão. No ano passado, o cultivo do grão ultrapassou a marca de 36 mil toneladas. “Temos uma média de produtividade quatro vezes maior do que a média nacional. Além de garantir o abastecimento interno, também atuamos em parte da demanda das regiões Norte e Nordeste do Brasil.” No Distrito Federal, o vazio sanitário do feijão já está em vigor há uma semana, tendo sido iniciado na última sexta-feira (20) e compete à Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF) a responsabilidade pela fiscalização do cumprimento da prática agrícola, sob pena de multa e penalidades civil e penal em caso de flagrante descumprimento por parte do produtor rural responsável.
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Festa do Morango movimenta a economia de Brazlândia com comercialização de produtos, feira de artesanato e shows
Responsável por cerca de 95% da produção de morango no Distrito Federal, Brazlândia é mais uma vez o cenário da 28ª edição da Festa do Morango, iniciada na sexta-feira (6) e com programação gratuita até o dia 15 na Sede da Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (Arcag), na BR-080, km 13. Sob a expectativa da visita de um público de 500 mil pessoas, o evento recebeu neste sábado (7) o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que aproveitou para conferir a extensa variedade de produtos provenientes do pseudofruto, além da feira de artesanato e a praça de alimentação com empreendedores locais. A Festa do Morango recebeu neste sábado (7) o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que aproveitou para conferir a extensa variedade de produtos provenientes do pseudofruto, além da feira de artesanato e a praça de alimentação com empreendedores locais | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília “Para mim é uma alegria muito grande. Nós estamos podendo ter a condição de comprovar o nível da feira, que vem melhorando a cada ano. É uma alegria também para os comerciantes e participantes desse evento pela quantidade de pessoas que estão frequentando. É um evento que extrapolou as fronteiras, com grandes shows e com a participação efetiva dos produtores rurais”, afirmou o líder do Executivo. De acordo com o secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Rafael Bueno, a intenção é continuar investindo no cultivo para que o DF volte a figurar na terceira posição entre os maiores produtores de morango do país Só no ano passado, os mais de 500 produtores do pseudofruto no Distrito Federal produziram cerca de sete mil toneladas de morango, sendo mais de seis mil só em Brazlândia, o que resultou em cerca de R$ 160 milhões em renda. “Tive a alegria de receber a notícia há poucos dias de que, a cada ano, está aumentando a produção de morango no Distrito Federal e melhorando a renda do produtor, que é a nossa intenção. Então, com o apoio de todos os nossos técnicos, a agricultura vem se valorizando”, complementou Ibaneis Rocha. A intenção é continuar investindo no cultivo para que o DF volte a figurar na terceira posição entre os maiores produtores de morango do país. “A Festa do Morango vem celebrar uma das principais tradições agrícolas aqui de Brazlândia, que já foi o terceiro maior produtor de morangos do Brasil. Estamos buscando retomar a posição, apoiando o crescimento da atividade”, revelou o secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Rafael Bueno. Para o desenvolvimento da produção, o titular da pasta citou o trabalho do Governo do Distrito Federal (GDF) em reformar e ampliar os canais de irrigação que atendem as propriedades de Brazlândia. “Temos levado água às propriedades rurais por meio da tubulação dos canais. Recentemente inauguramos o Canal do Rodeador, mais de 15 km de canal tubulado, com investimento de R$ 8 milhões. E isso é importante porque a produção dos morangos, em especial, precisa de água”, comentou. A cabeleireira Ana Souza estava com as caixinhas de morango na mochila. Ela garantiu a iguaria durante o Passeio Ciclístico promovido pela Festa do Morango. Foram 16 km de circuito iniciado no posto de Brazlândia passando pelas propriedades rurais da cidade até chegar ao local da festa A estrutura da Festa do Morango conta com diversas áreas montadas com o apoio do GDF. É o caso do pavilhão da Morangolândia e do artesanato coordenados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF). “Esse ano a festa está muito rica. Os espaços foram ampliados para maior tranquilidade e conforto para os visitantes. Na Morangolândia nós temos 42 produtores de morango e de doces, bolos, geleias e licores à base do pseudofruto. Temos também um grande pavilhão de flores e artesanato, outro só de agroindústria. É uma grande festa para a população de Brasília vir com as famílias e aproveitar o dia”, destacou. Além dos pavilhões, a Emater-DF desenvolve três eventos técnicos dentro da programação: o concurso de receitas, com a apresentação de pratos tendo o morango como ingrediente principal; o colhe e pague, um evento turístico em uma propriedade rural em que o visitante participa da colheita em grupos com inscrições pelo 9 9817-3453 (WhatsApp); e a exposição agrícola, com a produção de hortaliças de Brazlândia com mais de 400 produtos. A estudante Pietra Oliveira resolveu passar o feriado da Independência na Festa do Morango. Moradora da Vila Planalto, ela disse que foi no ano passado e gostou tanto que resolveu voltar Ampliação das vendas O produtor rural Francisco Santos de Sousa tem uma propriedade em Brazlândia no Setor de Chácaras onde cultiva duas variedades de morango e produz mais de mil caixas por semana. Ele disse que espera todo ano pela chegada da Festa do Morango para ampliar as vendas. “A gente sonha todo dia com a Festa do Morango, porque quem tem uma barraquinha aqui consegue escoar a produção. Porque essa é a época em que o morango está mais barato, então a gente consegue vender bem”, revelou. Além disso, ele comentou que o evento é uma oportunidade de ganhar novos clientes. “A Festa do Morango é boa porque divulga nosso produto. É muita gente que passa a conhecer”, complementou. A estudante Pietra Oliveira resolveu passar o feriado da Independência na Festa do Morango. Moradora da Vila Planalto, ela disse que foi no ano passado e gostou tanto que resolveu voltar. “É um evento diferente do que costuma ter em Brasília no final de semana. Hoje vou almoçar, encontrar meu afilhado, ver um pouquinho da exposição”, revelou. Sobre os morangos, ela foi categórica: “São de excelente qualidade. Todos ótimos, bem chamativos, bonitos e grandes. Parece que a produção está de qualidade”. A cabeleireira Ana Souza estava com as caixinhas de morango na mochila. Ela garantiu a iguaria durante o Passeio Ciclístico promovido pela Festa do Morango. Foram 16 km de circuito iniciado no posto de Brazlândia passando pelas propriedades rurais da cidade até chegar ao local da festa. “Venho de Águas Lindas de Goiás para fazer o pedal porque gosto muito. A festa é muito boa. Ano passado eu comi tanto que nem aguentei voltar para casa. É muito top. E é tudo de graça; para quem gosta de esporte, tem pedal; para quem gosta de comer; tem coisas deliciosas e, para quem gosta de música, tem os shows”, disse. Para Ana é importante que o governo continue apoiando eventos como a Festa do Morango, para garantir a diversão e o lazer da população de forma gratuita. “O poder público tem que fazer isso, porque é muito importante. É tudo de graça e tem para todos os gostos”, comemorou. Programação 28ª Festa do Morango → Dias: 7 e 8 de setembro (sábado e domingo) e de 12 a 15 de setembro (quarta a domingo) → Horários: Quintas e sextas, das 18h às 2h. Sábados e domingos, das 10h às 2h → Local: Sede da Associação Rural e Cultural Alexandre de Gusmão (Arcag), na BR-080, km 13 (Brazlândia)
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Programas de agricultura urbana dão suporte a hortas agroecológicas e comunitárias
Deparar-se com uma horta em meio a área urbana do Distrito Federal é cada dia mais comum. Segundo dados coletados pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) no estudo Agricultura Urbana e Periurbana no Distrito Federal, há mais de 500 pontos de cultivos identificados. Desses, cerca de 130 são acompanhados e atendidos anualmente pelo GDF, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) e da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do DF (Seagri). Atividades desenvolvidas em campo são benéficas para todos os envolvidos | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília Cabe ao governo atender escolas, creches, unidades básicas de saúde (UBSs) e unidades de internação socioeducativas na criação e cultivo de hortas agroecológicas, e a comunidade geral nas hortas comunitárias em áreas públicas. Só no ano passado, a Emater recebeu a solicitação do serviço em 21 unidades ligadas à Secretaria de Saúde do DF (SES) e mais 17 unidades ligadas ao socioassistencial, da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedes) e ao sistema socioeducativo, vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania do DF (Sejus). “Na Emater, a Gerência de Agricultura Urbana dá assistência às hortas de todos os órgãos do GDF”, explica a extensionista rural da Gerência de Agricultura Urbana da Emater, Sônia Lemos. “Fornecemos o material e as ferramentas, como adubo, calcário, fertilizantes e sementes. Também temos um agrônomo que faz a orientação.” As hortaliças, detalha ela, são os cultivos mais demandados, com ênfase em alface, couve, coentro, cebolinha e abóbora. “As folhosas são os pedidos que mais recebemos, porque elas enfeitam os canteiros e crescem mais rápido”, aponta. Cultivo como ressocialização A Unidade de Internação de Brazlândia (Uibra) é uma das beneficiadas pelo programa da Emater. Desde 2021, o espaço, que atende 41 adolescentes em conflito com a lei, conta com uma horta cuidada pelos socioeducandos e utilizada entre as atividades de ressocialização dos internos. A iniciativa nasceu de um hobby da agente socioeducativa Sandra Midori Sato. “Temos vários casos de internos que chegam à unidade com problemas de comportamento e psicológicos e têm a horta como válvula de escape” Sandra Midori Sato, agente socioeducativa “Quando chegamos aqui, em 2021, tinha esse espaço vazio”, lembra Sandra. “Primeiro, começamos a arborizar a unidade, depois veio a ideia de plantar a horta. Com a horta, uni o útil ao agradável. Era uma paixão minha e uma vontade de ajudar os meninos, para que pelo menos durante o tempo em que eles estão aqui, possam ter uma visão diferente.” Estar junto à terra, aprender técnicas de horticultura e interagir com outros internos tem dado resultado. “Temos percebido a diferença deles”, relata a agente. “Muitos falam da vontade de mexer com agricultura após sair daqui. Outros falam de fazer uma horta para as mães, para as avós. Temos também vários casos de internos que chegam à unidade com problemas de comportamento e psicológicos e têm a horta como válvula de escape”. É o caso de João (nome fictício), 16 anos, interno que, há um ano e meio, atua na horta da Uibra: “Acho muito bom poder mexer na terra. Me sinto melhor. É uma oportunidade que tenho de tomar um ar, pegar um sol, conversar com outros colegas e estar trabalhando. Também penso que, quando eu sair, posso conseguir um emprego numa chácara, porque já sei plantar”. Prática de vida Diretor da Uibra, Isaac Pessoa ressalta a importância da oportunidade: “Os meninos gostam muito de trabalhar na horta e aprendem um ofício para ter uma possível profissão fora; nós ganhamos também, porque a unidade fica mais bonita, um ambiente melhor para se trabalhar” O diretor adjunto da Uibra, Thiago Meneses, ressalta que a horta auxilia os jovens e os servidores na concepção do plano individual de atendimento, uma das diretrizes da internação. “O trabalho na horta é um trabalho temporal, que precisa ser plantado e regado para ser colhido, então é um reforço para a equipe técnica trabalhar e materializar com o adolescente que o trabalho na horta é como a prática na vida, que é o mesmo processo”, afirma. Por sua vez, o diretor da Uibra, Isaac Pessoa, reafirma que a horta tem sido uma oportunidade a mais para os jovens, além de importante para os servidores do local. “Os meninos gostam muito de trabalhar na horta e aprendem um ofício para ter uma possível profissão fora; nós ganhamos também, porque a unidade fica mais bonita, um ambiente melhor para se trabalhar”, diz. A ideia é expandir o projeto com a instalação de uma estufa. As hortaliças produzidas ali são levadas para feiras e para as edições do projeto GDF Mais Perto do Cidadão, da Sejus. Além disso, servidores, internos e familiares dos socioeducandos também têm acesso à produção. Importância das hortas Nas unidades de internação, a horta tem o papel primordial da ressocialização, mas o cultivo na área urbana apresenta ainda uma série de benefícios. Segurança alimentar, saúde mental, educação ecológica e convívio social são alguns dos pontos levantados pelo coordenador de Políticas de Agricultura Urbana e Periurbana da Seagri, Fernando Cleser. “Não é obrigatório o cadastramento das hortas, mas em algumas iniciativas é interessante, porque o cadastro dá a autorização ao cultivo – é o caso de hortas em áreas públicas e comunitárias” Fernando Cleser, coordenador de Políticas de Agricultura Urbana e Periurbana da Seagri “São vários fatores, desde segurança alimentar, dependendo de qual comunidade estamos falando, até a própria organização da comunidade”, sinaliza o gestor. “Temos hortas em UBSs em que a colheita é fornecida para famílias em situação de vulnerabilidade da região e que, inclusive, são convidadas a participar do projeto. Também temos hortas onde há um viés terapêutico para idosos e pessoas com deficiência.” Assim como a Emater, a Seagri atua apoiando as hortas com equipamentos e insumos. Além disso, é responsabilidade da pasta cadastrar as hortas comunitárias, em cumprimento ao decreto nº 39.314, que dispõe sobre as diretrizes para as políticas de apoio à agricultura urbana e periurbana no Distrito Federal. “Não é obrigatório o cadastramento das hortas, mas em algumas iniciativas é interessante, porque o cadastro dá a autorização ao cultivo – é o caso de hortas em áreas públicas e comunitárias”, explica. Desde 2019, a Seagri cadastrou 29 hortas, das quais 27 estão em processo de regularização. A autorização é concedida por um grupo executivo composto por vários órgãos. “O título autoriza e dá segurança a quem monta uma horta por um período de cinco anos”, complementa Fernando. Como participar dos programas Quem quiser participar do programa de agricultura urbana da Emater pode entrar em contato pelo telefone (61) 3311-9362 e pelo e-mail geurb@emater.df.gov.br. Para cadastrar as hortas, basta comparecer a um dos escritórios da Defesa Agropecuária da Seagri com as informações completas sobre o criador da horta, é necessário preencher a proposta de participação.
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Cafeicultoras se unem para fortalecer cadeia produtiva do grão no DF
Seja para iniciar o dia com o pé direito, seja para acompanhar um lanche da tarde, o café está presente na mesa de milhares de brasileiros diariamente. No Distrito Federal, o grão é desenvolvido por mais de 100 agricultores especializados em uma área de aproximadamente 400 hectares. Com o objetivo de expandir o alcance do produto local e, assim, conquistar o mercado nacional e internacional, foi criada a primeira organização brasiliense de produtores do ramo – a Associação de Empreendedores de Café do Lago Oeste (Elo Rural). Produtores de café do DF contam com assistência da Emater, do plantio à colheita | Fotos: Tony Oliveira/Agência Brasília Fundada em janeiro deste ano, a associação já conta com 26 membros e recebe acompanhamento técnico do Governo do Distrito Federal (GDF), por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater), que oferece apoio integral aos agricultores do plantio à colheita. Todos os cargos de liderança da associação são ocupados por mulheres, e há associados de todo o Centro-Oeste. Produção local “O pequeno produtor só cresce quando está junto. Queremos colocar o Distrito Federal no mapa mundial de cafés especiais.” Lívia Tèobalddo, presidente da Associação Elo Rural “O pequeno produtor só cresce quando está junto”, ressalta a presidente da Elo Rural, a cafeicultora Lívia Tèobalddo. “Não temos como galgar mercado se não for por meio da união. Nós nascemos de um atrevimento. Duas pequenas produtoras começaram um grupo de WhatsApp para reunir outros produtores e distribuir melhor o conhecimento sobre a cadeia produtiva de café. Um foi chamando o outro até que apareceram mais produtores e especialistas no ramo, surgindo a necessidade de institucionalizar esse movimento. Queremos colocar o Distrito Federal no mapa mundial de cafés especiais.” No final de junho, houve uma reunião entre a Elo Rural e a Emater sobre medidas e projetos para expansão do ramo cafeicultor. As produtoras apresentaram amostras dos cafés produzidos por associados, promoveram rodadas de degustação e entregaram um documento com demandas do setor à diretoria da empresa pública. Incentivo Na lista há a criação de um programa de incentivo à produção de café, o restabelecimento do programa Brasília Qualidade no Campo, a promoção de cursos de capacitação para produtores e colaboradores, apoio com crédito rural e mais. Os cafés desenvolvidos pela associação estão expostos para venda na Florada Café, na 216 Norte. “A qualidade do café local se deve à aplicação de pesquisas e tecnologias na produção, como estudo do solo e do clima, seleção de variedades produzidas e seleção de grãos, que garantem, também, uma produção rentável” Bruno Caetano, técnico da Emater Lívia entrou para o ramo cafeicultor em 2023, quando o pai precisou se afastar da gestão da chácara da família por problemas de saúde. “Eu não tinha experiência nenhuma, era da área jurídica, mas assumi o desafio e, pesquisando, percebi que o melhor seria o plantio agroflorestal” , lembra. “Descobri a Rota da Fruticultura e escolhi começar com o açaí. Depois, pensei em plantar o café entre as fileiras e iniciei o preparo da terra”. O plantio do grão deve começar em dezembro, com 4 mil mudas dos tipos arara e catuaí-amarelo. O açaí já foi plantado e, assim como o café, deve ser colhido daqui a três anos. O café plantado no DF é o arábica, que possui menos cafeína e, segundo apreciadores, é mais doce do que outros tipos. “Esse tipo de café tem um gosto mais suave e se desenvolve muito bem em altitudes elevadas, acima de 800 metros, que é o caso de praticamente todo o DF”, explica, explica o técnico da Emater Bruno Caetano. “Também prefere temperaturas mais amenas, em que consegue ter uma maturação melhor e de mais qualidade”. Os cuidados com o grão implementados desde a nutrição do solo ao armazenamento dos produtos resultam em cafés especiais com maior valor agregado, ensina Bruno: “A qualidade do café local se deve à aplicação de pesquisas e tecnologias na produção, como estudo do solo e do clima, seleção de variedades produzidas e seleção de grãos, que garantem, também, uma produção rentável, se aplicados corretamente”. Ainda segundo o técnico, a Emater oferece desde orientações individuais, com técnicas sobre adubação e irrigação, palestras e imersões e a emissão do Certificado de Agricultor Familiar (CAF). “Também levamos os produtores mais novos para conhecerem o trabalho dos mais antigos daqui do Lago Oeste para que pudessem ver quais são os desafios e as dificuldades do plantio e da mão de obra, além das vantagens do café”, relata. Qualidade e sabor diferenciados Alguns dos cafés desenvolvidos por associados foram analisados por K.J. Yeung, avaliador sensorial de café reconhecido internacionalmente. As pontuações recebidas foram de 82 a 86,6, em uma escala padronizada de 1 a 100. A vice-presidente da Elo Rural, Flávia Penido, obteve a pontuação mais alta. Maria José Rodrigues Ferreira começou a plantar café há dez anos: “Para mim, era a extensão do meu jardim; agora é minha lavoura” A relação de Flávia com o cultivo de café – o catuaí-vermelho – começou em 2022, quando ela assumiu o manejo das plantações de uma chácara adquirida pela irmã no Lago Oeste. A propriedade conta com meio hectare de agrofloresta, composta por cafeeiros, abacateiros e amoreiras, entre outras plantas. “É minha primeira experiência com o manejo do café”, conta. “Estou aqui desde 2022 e em janeiro de 2023 fiquei desempregada, me dando a possibilidade de entrar de cabeça na produção.” Na mesma época, ela passou a ser atendida pela Emater. Além do grão torrado e moído, a vice-presidente da Elo Rural comercializa a casca do café, que é desidratada com mucilagem e polpa após o grão ser retirado. “Nós utilizávamos a casca como adubo, até que, no ano passado, descobri a possibilidade do chá”, afirma. “A casca tem menos cafeína do que o café, mas tem propriedades medicinais que ajudam na redução de diabetes, colesterol e alguns tipos de câncer, além de ser boa para a pele”, conta ela, que participa de uma pesquisa junto à Universidade de Brasília sobre subprodutos do café. Já a diretora financeira da Elo Rural, a produtora rural Maria José Rodrigues Ferreira, decidiu plantar café há cerca de uma década. Atualmente, ela cultiva o arábica do tipo catuaí-vermelho. “Meu marido é mineiro, e eu brincava dizendo que nós tínhamos que ter café plantado por causa disso”, lembra . “Um dia, passei em um lugar e comprei dois pés de café. Plantei e cuidei como se fossem meus filhos. Eles cresceram bem, produziram muitos grãos. Então, decidi plantar mais e mais, até que comecei a comercializar também. Hoje tenho 1.500 pés”. Maria José afirma que a união dos produtores e a criação da Elo Rural mudaram a forma de lidar com o cultivo do grão. “Para mim, era a extensão do meu jardim; agora é minha lavoura”, resume. “Vejo que pode me render muitas coisas, e estou estudando para entender cada vez mais desse mundo”. Os grãos são comercializados na própria chácara, no Lago Oeste, por cerca de R$ 100 o quilo.
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Produção de mirtilo impulsiona renda de agricultores do DF
Produzir mirtilo como forma de desenvolver o turismo rural. Foi assim que, há um ano, a produtora rural Leandra Alvarenga e a família dela decidiram iniciar esse cultivo na região da Rota do Cavalo, em Sobradinho. Também conhecida como blueberry, a fruta típica da América do Norte e de regiões frias tem ganhado espaço na gastronomia e nos lares brasilienses. Cultivo da fruta vem ganhando impulso no meio rural do DF, com o devido apoio técnico da Emater | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília A ideia, conta Leandra, é unir memória afetiva com um produto com bom retorno financeiro. Foram três anos de estudos até começar o plantio ao lado do marido, Evaldo, e da irmã, Zuilene Soares, que são servidores públicos. Hoje, com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), são mais de 2 mil mudas plantadas em 2,5 mil metros quadrados. Embora tenham tido alguns percalços no início, eles já estão na segunda safra, que promete já ser bem melhor que a primeira. A Emater-DF tem nove produtores de mirtilo cadastrados, oito dos quais com o plantio em formação. Com isso, existe uma expectativa de produção de cerca de 48 toneladas de mirtilo para serem comercializadas já em 2025. A média de produção por hectare é de 16 toneladas. Fruta saudável Zuilene Soares, produtora: “O mirtilo é a fruta da longevidade” Cada pé de mirtilo, conta Leandra, pode chegar a produzir quatro quilos ao ano. E o retorno financeiro vale a pena. O pacote com 150 gramas sai da propriedade a R$ 12,50. Por enquanto, eles focam a venda direta do produto in natura, mas também começaram a produzir geleias, sucos e doces, além de firmarem parcerias com outros produtores que preparam de cucas a licor de mirtilo. “Nunca fomos produtores; quando chegamos aqui, começamos a pesquisar, escolhemos a planta e buscamos apoio da Emater-DF”, conta Leandra, que deixou o mercado financeiro para uma mudança completa de vida com a família. Zuilene, irmã de Leandra, lembra que o mirtilo foi escolhido também por ser uma fruta de grande potencial para a saúde. “O mirtilo é a fruta da longevidade”, aponta. “Vários estudos mostram que auxilia no combate à depressão, diabetes e problemas cardíacos. Além disso, é uma fruta de valor agregado. Demanda pouca área e é bem valorado”. Assessoria técnica “Apesar de ser uma planta rústica e resistente, o mirtilo é delicado, e a colheita precisa ser feita à mão, com armazenagem em área fria logo depois” Clarissa Campos, extensionista rural da Emater-DF A extensionista rural e agrônoma Clarissa Campos, da Emater-DF, dá o suporte técnico para a produção de Leandra. Ela conta que, por se tratar de uma cultura nova no DF, o mirtilo tem crescido no interesse dos produtores, que veem boas oportunidades no mercado. Isso porque a maior parte dos mirtilos que chega aos consumidores vem do Peru. Embora seja originária do Hemisfério Norte, a fruta tem variedades que se adaptam muito bem ao clima tropical. Duas dessas são as mesmas plantadas por Leandra e sua família: biloxi e emerald. “O plantio precisa de conhecimento técnico”, explica Clarissa. “É preciso ter uma estrutura adequada no solo, e a adubação é feita com água – mas um dos gargalos é a colheita. Apesar de ser uma planta rústica e resistente, o mirtilo é delicado, e a colheita precisa ser feita à mão, com armazenagem em área fria logo depois.” Aí entra o trabalho da Emater-DF, que acompanha da produção ao escoamento, passando pelo manejo e a agroindústria. Os produtores que quiserem contar com esse suporte podem procurar uma das 15 unidades da empresa no DF. Rota da Fruticultura Consultor do programa Rota da Fruticultura, o pesquisador Firmino Nunes de Lima ressalta que o mirtilo é uma fruta que gera alta rentabilidade para o produtor. Por isso, acredita que políticas públicas que englobem a fruta, como a própria Rota da Fruticultura, contribuem para aumentar a produção e, consequentemente, o mercado no DF. Segundo o pesquisador Firmino Nunes de Lima, o solo no DF é favorável ao cultivo: “A grande vantagem é a não competitividade com o mercado internacional, que colhe no frio” A Rota da Fruticultura é uma ação do Ministério do Desenvolvimento Regional em conjunto com órgãos parceiros, associações e entidades locais. O objetivo é elaborar estratégias para aumentar a produção e o fornecimento de frutas para mercados internos e externos, gerar emprego e renda na região, promover o intercâmbio de experiências e tecnologias, diversificar e implantar novas culturas e fomentar e motivar novos agricultores na produção de frutas no DF e Entorno. Um dos desafios é o alto custo de implantação, que ultrapassa R$ 300 mil por hectare. A variedade cultivada no DF, contudo, traz uma enorme vantagem sobre as produzidas nas regiões mais frias do país, pontua Firmino. “Conseguimos frutos o ano todo”, afirma o pesquisador. “A grande vantagem é a não competitividade com o mercado internacional, que colhe no frio”. Isso ocorre por conta das variedades plantadas aqui e em outros locais com uma produção mais tradicional. Em dezembro, durante a AgroBrasília 2023, foi assinado um acordo de cooperação técnica (ACT) com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), formalizando a atuação da Emater-DF e da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do DF (Seagri) no trabalho realizado junto aos produtores rurais do DF para aumentar a produção de frutas, como açaí e mirtilo.
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Contato direto com terra e plantas auxilia tratamento psiquiátrico
Os pacientes internados na Unidade de Psiquiatria do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) encontram conforto na rotina por meio do projeto Oficina da Terra. Sob a coordenação do terapeuta ocupacional Rudjery Parente, eles passam as manhãs cuidando do jardim, em uma iniciativa que visa estimular habilidades motoras, cognitivas e sociais. Lidar com o cultivo tem sido fundamental para o sucesso do tratamento dos pacientes | Foto: Pollyana Cabral/IgesDF [Olho texto=”“Essas atividades não apenas contribuem para a regeneração e o bem-estar, mas também desempenham um papel na redução do tempo de internação” ” assinatura=”Edinan Oliveira, enfermeiro e idealizador do projeto” esquerda_direita_centro=”direita”] “Proporcionar acesso ao jardim hospitalar é essencial para pacientes em internação”, explica Rudjery. “O carinho dedicado à iniciativa os levou a apelidar o local de Hortaliças da Psiquiatria, revelando o afeto pela transformação. Assumir o papel de cuidador fortalece o tratamento, sendo a chave para estimular habilidades motoras, cognitivas e sociais durante as atividades da Oficina da Terra.” Idealizador do projeto, o enfermeiro Edinan Oliveira destaca a participação ativa dos pacientes na escolha das sementes. Elaborada por uma equipe multiprofissional, essa atividade contribui para a ressocialização e acelera a redução do tempo de internação. Benefícios “A escolha das sementes é uma decisão coletiva, em que buscamos atender aos desejos do grupo”, conta Edinan. “Alho-poró, alface, cenoura… a variedade reflete as preferências dos pacientes internados. Essas atividades não apenas contribuem para a regeneração e o bem-estar, mas também desempenham um papel na redução do tempo de internação. A Oficina da Terra é uma ponte e prepara os pacientes para retomarem as próprias vidas com atividades terapêuticas significativas.” [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] A dinâmica do grupo ocorre semanalmente às quartas-feiras e vai além do simples cultivo. Os pacientes decidem, em conjunto com os profissionais, a frequência das atividades, incluindo a rega das plantas. As hortaliças orgânicas colhidas ajudam a promover uma dieta saudável e, além disso, representam um passo significativo no processo terapêutico. O Serviço Auxiliar de Voluntário (SAV) apoiador do projeto, desempenha um papel fundamental ao doar sementes, adubos e insumos para a manutenção da horta. “Graças à união de esforços entre voluntários e profissionais, ver os pacientes cultivarem uma horta em um hospital de alta complexidade não tem preço”, comemora o vice-presidente do SAV, Gustavo Dias. “O impacto positivo dessa atividade de grupo é, sem dúvida, uma fonte de gratificação incomparável”. *Com informações do IgesDF
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Baunilha é alternativa de renda para o agricultor familiar
O casal Anajúlia Heringer e João Sales possui uma propriedade no Núcleo Rural Tororó (região de São Sebastião) desde meados da década de 1990. Há pouco mais de dois anos, Anajúlia começou a investir no cultivo de baunilha. Com apoio e orientação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater), hoje ela tem mais de 720 plantas — algumas já estão começando a florescer. Anajúlia, agora, espera começar a elevar a renda com a produção de favas, doces, sorvetes e outros alimentos a partir da baunilha natural, que possui um bom valor de mercado. Cultivo da baunilha, que é uma orquídea, começa a ganhar adeptos no DF | Foto: Divulgação/Emater [Olho texto=”“É preciso paciência, pois a flor demora cerca de um ano para florescer e abre apenas durante um dia” ” assinatura=” – Carlos Morais, coordenador do Programa de Floricultura da Emater” esquerda_direita_centro=”direita”] Para formar um grupo de produtores com objetivos comuns, Anajúlia Heringer se reúne frequentemente com outros produtores, em atividades apoiadas pela Emater. “O objetivo é criar uma organização rural, como uma cooperativa ou associação”, afirma. Devido à crise sanitária, as reuniões têm sido realizadas de forma virtual. “Estamos estudando como melhor estruturar o coletivo, como será o regimento, entre outras coisas”. O coordenador do Programa de Floricultura da Emater, Carlos Morais, explica que a baunilha, na verdade, é uma orquídea. “É preciso paciência, pois a flor demora cerca de um ano para florescer e abre apenas durante um dia”, ensina. “No entanto, os lucros são muito bons. A flor natural possui um aroma bastante característico e muito bom. É o segundo tempero mais caro do planeta, atrás apenas do açafrão espanhol”. Os custos de produção, conta o extensionista da Emater, envolvem a instalação de estufas e suportes, podendo também ser cultivada em sistemas de agrofloresta. “Como a baunilha é uma trepadeira, ela precisa ser plantada de forma que se apoie em alguma madeira, por exemplo”, pontua. “Além disso, a planta necessita de no mínimo 50% de sombreamento. É uma atividade que se adapta bem à agricultura familiar”. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Origem Um dos condimentos mais valorizados do mundo, a baunilha era bastante utilizada pelos povos astecas, que consumiam cacau saborizado com a fava. Durante o período de colonização, a orquídea foi levada para a Europa, onde teve alguma dificuldade para se adaptar, mas grande aceitação. Atualmente, os principais produtores são Madagascar e Filipinas. O Brasil possui cerca de 30 espécies da planta – só no cerrado, são cerca de dez. De acordo com Carlos Morais, a Embrapa Recursos Genéticos está trabalhando no melhoramento de algumas espécies locais. *Com informações da Emater-DF
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Mercado e valor agregado do lúpulo atraem produtores no DF
Com o crescente consumo de cervejas artesanais e diferenciadas na capital, produtores estão apostando no cultivo do lúpulo, um dos principais ingredientes da bebida. Em formato de cone, a flor verde é responsável por garantir aroma, textura e sabor à bebida. Em Brasília, o interesse pelo cultivo, que tem mercado certo, vem crescendo. Um dos principais componentes da cerveja, o lúpulo ganha lugar na produção local | Foto: Divulgação/Emater [Olho texto=”“É um mercado que está crescendo. É um insumo que não se encontra com tanta facilidade nas proximidades” ” assinatura=”Breno Borges, arquivista e produtor” esquerda_direita_centro=”direita”] Em cinco anos, o número de cervejarias nacionais cresceu 264%, segundo dados do Anuário da Cerveja no levantamento divulgado no início de 2020 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em 2015, eram 332 fábricas. Em 2019, esse número saltou para 1.209. Já um outro estudo elaborado pela Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo) aponta que, em 2019, o Brasil importou 3,6 mil toneladas do produto. De olho no mercado, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) tem auxiliado produtores com o cultivo de lúpulo na capital. No Lago Oeste, Breno Borges, 42 anos, arquivista de formação e profissão, é um dos exemplos de pessoas que estão investindo na planta. Há dois anos, ele se interessou pelo mercado e começou os experimentos em sua propriedade. “Foi por curiosidade”, conta. “Tinha conhecidos que plantavam ou que conheciam quem plantava. É um mercado que está crescendo. É um insumo que não se encontra com tanta facilidade nas proximidades. Achei que seria uma boa oportunidade de plantar o lúpulo e conquistar o mercado cervejeiro.” Nas primeiras conversas com o produtor Pablo Tamayo, Breno conta ter se interessado ainda mais e, com isso, passou a comprar algumas mudas. No início, o cultivo era na varanda da propriedade, apenas como experimento. Mas, de acordo com ele, logo veio a vontade de ocupar mais espaços com a plantação. Foi então que decidiu entrar de vez no ramo e investiu nas estruturas de eucalipto e cabo de aço para aguentar o peso da planta, que, segundo informa, pesa entre 20 kg e 25 kg. [Olho texto=”Clima do DF permite ao produtor ter até três safras de lúpulo por ano” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Apesar do investimento alto e de todo o trabalho, eu estou feliz; está indo no ritmo que eu imaginava, está funcionando bem”, comemora Breno. Ele já provou a cerveja feita com seu lúpulo e garante ter gostado do resultado. “Já tem cervejeiros caseiros e pequenas cervejarias interessados no lúpulo que estou produzindo. Já passei para algumas pessoas da área que se comprometeram a fazer a cerveja justamente para testar e, posteriormente, me darem um retorno da qualidade.” Na propriedade de Breno, a Emater tem prestado assistência com orientações diversas sobre o cultivo. “Como não sou agrônomo e não sou da área, não tenho muita noção da parte de adubação, manejo do solo, o que colocar na terra, como fazer análise. Foi então que procurei ajuda da Emater”, relata o novo produtor. No Distrito Federal, que tem um clima diferenciado, com estações chuvosa e seca bem-definidas, é possível ter até três safras do lúpulo por ano. No entanto, para os iniciantes, apenas na terceira ou quarta safra é que o lúpulo atinge boa maturidade e alcança a qualidade ideal de sabor e aroma para a bebida. “Por ser uma cultura trabalhosa e com alto investimento, ao longo do processo ela dá um retorno muito grande”, explica o gerente do Escritório de Agricultura Orgânica e Agroecologia da Emater, Daniel Oliveira. “Então, a partir deste despertar, a Emater começou a atender de forma mais efetiva e até estimular os produtores no cultivo de lúpulo, que tem muito valor agregado”. Auxílio com técnicas de irrigação e adubação, identificação de pragas na plantação, análise de solo, questões de pós-colheita e aquisição de crédito rural são alguns dos serviços prestados pela empresa aos produtores. “Minha expectativa é começar a comercializar meu lúpulo no próximo ano, a partir do momento em que eu conseguir uma qualidade boa para venda”, diz Breno, que está na fase de experimentos do lúpulo. Em flor, para consumo in natura, o ingrediente precisa ser utilizado poucos dias após a colheita. No formato de flor seca e embalada a vácuo, o tempo de uso sobe para dois anos. Já quando se transforma a flor em pellet, deixando-a igual aos lúpulos importados, em formato de pastilha, o prazo de validade é aumentando para até três anos. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Referência em produção Considerado uma das referências em conhecimento no cultivo do lúpulo, Pablo Tamayo começou a investir e estudar o lúpulo em 2017. Hoje, sua produção ainda não está em grande escala, mas ele consegue ter até três safras no ano e vender seu produto fresco e também embalado a vácuo e refrigerado. Segundo o produtor, mesmo o lúpulo desidratado e embalado a vácuo, com validade de até seis meses, tem alto valor agregado, por ser considerado fresco. Em 200 metros quadrados, em sua propriedade no Lago Norte, Tamayo consegue cultivar cerca de 60 plantas, o que lhe rende entre 30 kg a 45 kg por colheita e de 100 kg a 150 kg por ano. Como a planta cresce para cima, é possível colocar entre 2,5 mil a 3 mil exemplares em 1 hectare – o que, segundo ele, permite um produto final, já seco, entre mil e dois mil quilos. “É um negócio bastante atrativo do ponto de vista financeiro”, frisa Tamayo. “Ele é um produto que tem um potencial muito bom de preço de venda. Tem lúpulos bons, brasileiros, sendo vendidos entre R$ 150 e R$ 300 o quilo. O custo de algumas produções varia entre R$ 40 e R$ 50 o quilo.” Hoje, ele consegue vender seu lúpulo para fábricas de kombucha em Brasília e em Florianópolis (SC), além de algumas cervejarias artesanais da capital. Por comercializar lúpulo orgânico, ele garante ter um bom retorno das vendas. “A expectativa é expandir para um cultivo profissional e comercial maior”, diz. Pablo trabalhava com infraestrutura de tecnologia de redes quando começou a se interessar por agricultura e cultivo orgânico. Com o conhecimento repassado por alguns amigos sobre o cultivo orgânico de hortaliças, seu interesse era cultivar algo diferente. Na época, ouviu falar do lúpulo, que era uma planta importada, sem cultivo no Brasil e que dava sabor e características especiais para a cerveja. Foram motivos suficientes para se apaixonar, aprender tudo sobre o cultivo e começar o investimento no quintal de casa. Colheita No processo de colheita, a parte aérea da planta é arrancada no tronco. Daí são aproveitados os cones. A rebrota ocorre a partir da raiz (rizoma) que permanece em campo, sendo vigorosa, crescendo até 30 cm por dia. A nova colheita somente ocorre após quatro meses, quando as hastes já estão grandes novamente e com flores. Com a colheita feita toda manualmente, Breno conta ter bastante trabalho. “Tem que arrancar planta e arrancar cone por cone. Isso demanda muito tempo. Quem tem o maquinário agiliza todo esse processo, mas adquirir o maquinário tem um custo muito alto”, pontua. De acordo com o extensionista Daniel, a perspectiva da Emater e do grupo de produtores que cultivam lúpulo é adquirir o maquinário por meio do Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR). Com isso, todo o trabalho hoje manual, de colheita e separação do cone, será realizado pelo maquinário, eliminando grandes gargalos para pequenas produções. Após a colheita dos cones, Breno diz que o passo seguinte é levar para a secagem, para depois embalar a vácuo. No caso do uso sem secar, ele explica que a cervejaria precisa ser próxima para utilização do produto em até 48 horas. O consumo do lúpulo fresco, segundo Breno, dá mais frescor e sabor à cerveja. No entanto, a quantidade usada acaba sendo quase quatro vezes maior do que o lúpulo seco. *Com informações da Emater
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