Projeto gratuito de equitação e equoterapia volta às aulas com 360 alunos
Os alunos do projeto de equoterapia e equitação do Regimento Montado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), no Riacho Fundo, retornaram às aulas nesta semana. A iniciativa promovida em parceria com a Secretaria de Educação atende gratuitamente 360 praticantes, a maioria deles estudantes da rede pública do DF. O projeto de equoterapia acolhe pacientes com variados diagnósticos, como síndromes raras, de Down, transtorno do espectro autista, paralisia cerebral, AVC e esclerose múltipla. Para participar, é necessário ter encaminhamento médico | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília Na equoterapia, método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, atende, por até dois anos, 120 pessoas com deficiência a partir de 3 anos. O projeto acolhe pacientes com variados diagnósticos, como síndromes raras, de Down, transtorno do espectro autista, paralisia cerebral, AVC e esclerose múltipla. Para participar, é necessário ter encaminhamento médico. O tratamento é gratuito, individual e realizado no contraturno das aulas regulares, durante todo o ano letivo, com sessões de 30 minutos de duração, uma vez por semana. As sessões são conduzidas exclusivamente com cavalos e uma equipe multidisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação. O sargento Isaac Newton, equitador de equoterapia, destaca que todo um trabalho multidisciplinar é realizado antes do início das aulas para direcionar os profissionais, e até mesmo os animais, que atenderão cada um dos alunos O sargento Isaac Newton destaca que todo um trabalho multidisciplinar é realizado antes do início das aulas para direcionar os profissionais, e até mesmo os animais, que atenderão cada um dos alunos. “Antes de chegarem ao picadeiro, realizamos uma avaliação para determinar a melhor técnica de tratamento, qual cavalo oferecerá o melhor estímulo e qual material será utilizado. Quando o praticante chega, já temos a equipe montada e o cavalo que atenderá às suas necessidades”, explica o equitador de equoterapia, que atua no projeto há 8 anos. De acordo com o subcomandante do 3º Esquadrão, tenente Lucivaldo Dias, o reconhecimento das ações conquistadas através do normativo legitima a iniciativa que já existe há mais de 30 anos. Recentemente os projetos sociais da PMDF foram regulamentados por meio da Portaria Normativa nº 32, de 2023, e se enquadram como Projetos Sociais Preventivos de Segurança Pública, sob a coordenação, supervisão e controle do Centro de Políticas de Segurança Pública (CPSP). Para o subcomandante do 3º Esquadrão, tenente Lucivaldo Dias, o reconhecimento das ações conquistadas através do normativo legitima a iniciativa que já existe há mais de 30 anos. “Hoje, os projetos também fazem parte da atividade fim da PMDF, são ações de prevenção primária na área de segurança pública. Um dos nossos objetivos é a aproximação da comunidade com uma polícia voltada para o cidadão. A portaria nos possibilita adquirir materiais e contratar funcionários com mais facilidade”, destaca. Ana Clara, de 8 anos, sempre foi apaixonada por cavalos e sonhava aprender o esporte Outra vantagem foi a aquisição dos cavalos. Segundo o tenente, o normativo trouxe segurança jurídica, pois eles podem, inclusive, requisitar animais recolhidos por maus tratos pelo GDF. “A maioria dos cavalos são do batalhão de cavalaria que se aposentaram. Mas já foram requisitados à Justiça animais recolhidos pela Secretaria de Agricultura, depois das normas”, conta o subcomandante Dias. Aulas de Equitação Cerca de 240 crianças, adolescentes e adultos de todo o DF têm a oportunidade de fazer aulas de equitação gratuitas no espaço. De terça a sexta-feira e aos sábados pela manhã, em aulas de 50 minutos, os praticantes aprendem o esporte, hábitos disciplinares e o cuidado com os animais. Podem participar crianças a partir dos 8 anos; não há limite de idade. Letícia Guerreiro, estudante de 17 anos, que considera o esporte elitista, diz que não teria condições de praticá-lo em outro lugar; hoje disputa campeonatos e incentiva outras pessoas a participar da modalidade Na primeira semana de aula, os ensinamentos são dedicados aos cuidados com o cavalo, o trato inicial, a higiene e o encilhamento correto do animal. O segurança Márcio Rocha acompanhava a enteada Ana Clara, de 8 anos, durante a aula de equitação e afirma que a criança sempre foi apaixonada por cavalos e tinha o sonho de aprender o esporte. “É nossa alegria tê-la aqui. A abertura desse espaço pela PMDF é muito importante, pois agrega muitos valores às crianças; elas constroem momentos marcantes, são memórias afetivas que levarão para o resto da vida”, conta. “Não é fácil encontrar uma oportunidade como essa de forma gratuita. Entretanto, o que é oferecido aqui não tem preço. Somos privilegiados”, completa Rocha. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] A estudante Letícia Guerreiro, de 17 anos, também faz aulas de equitação e já participa de competições. Ela afirma que “sempre fui apaixonada pela modalidade, mas é um esporte elitista; eu não teria condições financeiras para praticá-lo em outro lugar. Hoje, já participo de campeonatos de amazonas e recomendo que todos se inscrevam para participar. Os professores são pacientes, têm uma boa didática e, por fim, o projeto mudou minha percepção da PMDF. Pretendo, no futuro, fazer um concurso para ser policial”, diz. Inscrição Para se inscrever, o interessado deverá comparecer à Seção de Equitação Social do Comando de Policiamento Montado para preencher uma ficha. O nome será incluído em uma lista de espera e, quando houver vaga para iniciantes, a secretaria da escola de equitação entrará em contato via telefone. Das vagas, 60% são destinadas a alunos da rede pública, 30% são para dependentes dos policiais militares e o restante fica disponível para a comunidade em geral. A sede do batalhão é localizada na DF-075, km 8, Área Especial 1, Granja Modelo, no Riacho Fundo. Outras informações podem ser encaminhadas para o e-mail rpmon.eseq@pm.df.gov.br ou para o WhatsApp (61) 99676-1982.
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Conscientização sobre sintomas da esclerose múltipla facilita diagnóstico
Brasília, 15 de agosto de 2022 – Quando recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla, em 2017, Ana Paula Morais já havia passado por centenas de tratamentos, exames e medicamentos diferentes. Nenhum, no entanto, revelou o real motivo de tanta fadiga e dificuldade na locomoção. Hoje com 38 anos, recém-completados na quinta-feira (11), a brasiliense aprendeu a conviver com a doença e mobiliza forças para a criação e defesa de políticas públicas em prol de outros pacientes. [Numeralha titulo_grande=”2.069″ texto=”Quantidade de atendimentos em 2021 e neste ano, entre janeiro e agosto, foram mais de 1.630″ esquerda_direita_centro=”direita”] Pedagoga por formação e presidente da Associação de Pessoas com Esclerose Múltipla do DF (Apemigos-DF) desde 2017, ela é uma das pacientes do Centro de Referência da Esclerose Múltipla da Secretaria de Saúde (SES), mantido na unidade de neurologia do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Outras 800 pessoas, estimadamente, também têm acesso a medicações e acompanhamentos para controle da doença. A esclerose múltipla é a enfermidade autoimune do sistema nervoso central que mais acomete jovens adultos, entre 20 e 40 anos, no mundo inteiro. Ainda não há cura e não se sabe a causa. O melhor caminho para o tratamento é o diagnóstico precoce. Presidente da Associação de Pessoas com Esclerose Múltipla do DF (Apemigos-DF), Ana Paula Morais é uma das pacientes do Centro de Referência da Esclerose Múltipla da Secretaria de Saúde, mantido na unidade de neurologia do Hospital de Base | Fotos: Renato Araújo/Agência Brasília No caso de Ana, o primeiro sintoma surgiu quando ela tinha oito anos de idade. Diferentemente das outras crianças, ela sentia muita fadiga e fraqueza nas pernas. “Tudo o que fazia parecia que demandava mais energia, demorava em tudo e vivia sempre no hospital, só que sem a suspeita de que tinha uma doença neural”, relembra ela. A descoberta só ocorreu quando Ana perdeu a mãe e ficou com o emocional muito abalado. [Olho texto=”“Em qualquer pesquisa no Google, a primeira imagem que aparece é uma pessoa com grave incapacidade, e isso não é a realidade. A maioria dos pacientes é totalmente capaz, o que é propiciado pelos tratamentos que vêm avançando. Uma pessoa com esclerose múltipla usar uma cadeira de rodas ou bengalas é resultado de um tratamento tardio ou inadequado, e a grande maioria dos pacientes não se encaixa nesse perfil”” assinatura=”Ronaldo Maciel, neurologista do Centro de Referência no Tratamento da Esclerose Múltipla da SES” esquerda_direita_centro=”esquerda”] De acordo com o neurologista membro do Centro de Referência no Tratamento da Esclerose Múltipla da SES Ronaldo Maciel, isso pode ter ocorrido porque a esclerose múltipla é uma doença oportunista. “É uma ação no sistema imunológico que provoca uma autoagressão ao sistema nervoso, ao cérebro e à medula. Quando isso acontece de forma aguda, são chamados de surtos”, afirma. O especialista acrescenta que a enfermidade deve ser identificada o quanto antes para evitar prejuízos irreversíveis à saúde do paciente. “Não é possível prever que vai acontecer; o surgimento é agudo, portanto todos os nossos esforços são para identificar precocemente a possibilidade de tratar a doença e prevenir a recorrência de outros eventos”, alega Maciel. Os principais sintomas são distúrbios visuais, embaçamento da vista, manchas, visão dupla, tontura, desequilíbrio, perda da capacidade de um dos membros, perda da capacidade de identificar temperaturas, entre outros. O acúmulo desses episódios imprevisíveis pode provocar incapacidade física, visual e cognitiva. Com a suspeita da doença, o paciente deve ser encaminhado a um especialista médico. “Dentro da SES, existe o Centro Especializado; e, uma vez confirmado e concluído o diagnóstico, procede a prescrição e é possível conseguir a medicação e outros tratamentos que o paciente pode necessitar, como acompanhamentos psicológicos”, explica Maciel. Em 2021, houve 2.069 atendimentos relacionados à enfermidade; neste ano, entre janeiro e agosto, foram mais de 1.630. Além disso, são oferecidas sete drogas para o tratamento da doença – medicamentos orais, injetáveis e intravenosos –, fornecidas mediante diretrizes do Ministério da Saúde. “Os medicamentos atuam modulando ou alterando o funcionamento anormal do sistema imunológico, para controlar a inflamação e evitar a disseminação e o acúmulo das lesões”, completa o especialista. Recomeço Atualmente, Ana utiliza cinco medicamentos diferentes destinados ao tratamento da esclerose múltipla e de outros problemas decorrentes da enfermidade. “Como é uma doença que ataca jovens, é muito comum que os pacientes desenvolvam depressão. E foi o meu caso. Imagina, você está numa idade produtiva e de repente é excluída no mercado de trabalho. Param de perguntar o que você consegue fazer, começam a supor”, revela ela. Mas, passados os anos convivendo com a doença e com as limitações impostas, ela aprendeu a lidar com a nova realidade. “A Ana Paula era uma pessoa muito cheia de coisas, e, hoje, continua assim, mas com respeito. Já entendi o meu processo. Quando sinto que não consigo fazer algo ou que naquele dia não vai dar pra sair, aviso, imponho meus limites. Não preciso provar para ninguém que dou conta”, diz ela. Apemigos realizou uma ação na Câmara Legislativa do Distrito Federal, mostrando os principais sintomas e consequências da esclerose múltipla “Recebo sempre dos pacientes a pergunta ‘o que vai ser da minha vida agora?”’, fala. “E a resposta, por mais que pareça clichê, é que ‘vai ser o que você decidir’. Há vida depois do diagnóstico, e como ela vai ser, sou eu quem decido e não a doença”, completa Ana Paula. Sob o mesmo ponto de vista, o médico especialista alega que o estigma social de que os pacientes com esclerose múltipla são incapazes é resultado da falta de conhecimento sobre o assunto. “Em qualquer pesquisa no Google, a primeira imagem que aparece é uma pessoa com grave incapacidade, e isso não é a realidade. A maioria dos pacientes é totalmente capaz, o que é propiciado pelos tratamentos que vêm avançando. Uma pessoa com esclerose múltipla usar uma cadeira de rodas ou bengalas é resultado de um tratamento tardio ou inadequado, e a grande maioria dos pacientes não se encaixa nesse perfil”, afirma Ronaldo Maciel. Conscientização Para que mais pessoas tenham conhecimento sobre a doença, foi criada a campanha Agosto Laranja, em 2014, pela associação nacional Amigos Múltiplos pela Esclerose. Na última quinta-feira (11), a Apemigos realizou uma ação na Câmara Legislativa do Distrito Federal, mostrando os principais sintomas e consequências da enfermidade. Parlamentares, assessores e outras pessoas que passaram pelo local visualizaram e sentiram os principais sintomas, que são a fadiga, visão turva e desequilíbrio. Assim, com mais conhecimento sobre a esclerose múltipla, mais pessoas podem suspeitar dos sinais; consequentemente, haverá aumento no número de diagnósticos precoces. “É uma doença subdiagnosticada, e há um intervalo muito grande entre o início da doença até o diagnóstico fundamentado. Devemos suspeitar mais, reconhecer os sinais e massificar as informações. Temos estrutura e tratamento para o diagnóstico”, conclui Maciel.
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