Exposição virtual valoriza cultura indígena do Centro-Oeste
No dia 19 de abril, é celebrado o Dia dos Povos Indígenas, data fundamental para reconhecer a diversidade e a resistência dos povos originários na formação do Brasil. A exposição virtual Bororo Vive se destaca como uma importante iniciativa voltada à valorização da cultura indígena, ao promover o acesso a informações sobre um dos povos mais antigos do Cerrado. Lançada em 2017, a mostra permanece disponível gratuitamente na internet, com conteúdo acessível e bilíngue. O projeto foi desenvolvido pelo Museu Virtual de Ciência e Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB), com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), pelo Programa de Difusão Científica, e tem como foco a popularização da ciência e a educação intercultural. O termo bororo significa ‘pátio da aldeia’, o que remete à tradicional disposição circular das casas de suas aldeias, formando um espaço central usado para rituais | Fotos: Divulgação/Museu Virtual Bororo Valorização cultural Voltada especialmente para alunos da educação básica, a mostra apresenta de forma visual e interativa a história, os rituais e a organização social dos bororo ou boe – povo indígena que vive há mais de 5 mil anos no Centro-Oeste do país e atualmente está concentrado em uma reserva no estado de Minas Gerais. A proposta surge da necessidade de incluir a presença indígena no Cerrado nos materiais didáticos e promover o respeito às culturas originárias. “Nosso objetivo foi criar um espaço de aprendizagem visual, onde os alunos pudessem conhecer mais sobre um povo com forte presença histórica, mas pouca visibilidade nos currículos escolares”, explica o professor Gilberto Lacerda, coordenador do projeto. O Brasil tem ainda aproximadamente 230 povos indígenas, que falam cerca de 180 línguas; cada etnia tem sua identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar Tecnologia e acessibilidade A plataforma foi desenvolvida em Joomla, mesma tecnologia adotada por outras iniciativas do Museu Virtual da UnB. O conteúdo está disponível em Libras e em quatro idiomas estrangeiros (inglês, francês, espanhol e alemão), ampliando o alcance da exposição dentro e fora do Brasil. A construção da narrativa visual teve como base um acervo fotográfico inédito sobre o ritual funerário bororo, registrado pelo fotógrafo Kim-Ir-Sen Pires Leal, na década de 1980. O material foi organizado com o apoio do próprio autor das imagens e validado junto à comunidade Bororo, que teve acesso ao conteúdo e ao acervo. Rituais e identidade coletiva Um dos destaques da exposição é o funeral bororo, considerado por antropólogos como um dos rituais indígenas mais importantes do Brasil. Mais do que uma cerimônia de despedida, o funeral é um processo complexo que envolve cantos, danças e práticas simbólicas que equilibram a comunidade e reafirmam sua identidade coletiva. “A preservação desses rituais é fundamental para a resistência cultural dos bororo. Nosso papel, enquanto instituição de ensino e pesquisa, é contribuir para que esses saberes sejam respeitados e valorizados”, afirma o professor Gilberto Lacerda. Reconhecimento e perspectivas O projeto representa uma experiência bem-sucedida de como a ciência, aliada à tecnologia e à sensibilidade cultural, pode promover a inclusão e o reconhecimento dos povos originários. Embora não haja planos para expandir a exposição a outras etnias no momento, a iniciativa abre caminho para futuras ações interdisciplinares com foco na educação intercultural. A FAPDF, ao apoiar a realização da mostra, reforça seu compromisso com o fortalecimento da educação e da ciência no Distrito Federal. “Investir em projetos como o Bororo Vive é essencial para ampliar o acesso ao conhecimento e incentivar a valorização da diversidade cultural brasileira”, afirma o presidente da fundação, Marco Antônio Costa Júnior. A mostra foi baseada num acervo fotográfico inédito sobre o ritual funerário bororo, registrado pelo fotógrafo Kim-Ir-Sen Pires Leal na década de 1980 Acesso permanente A exposição Bororo Vive está disponível de forma permanente no portal do Museu Virtual da UnB. Educadores, estudantes e o público em geral podem acessá-la gratuitamente, contribuindo para a construção de uma sociedade mais informada e plural. *Com informações da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF)
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Cultura dos bororos do Centro-Oeste é tema de mostra virtual
[Numeralha titulo_grande=”230″ texto=”Número aproximado de povos indígenas existentes no Brasil” esquerda_direita_centro=”direita”] Com recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação do Distrito Federal (FAP-DF), pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram um projeto de divulgação científica para o Museu Virtual de Ciência e Tecnologia sobre a cultura indígena dos bororos. A pesquisa Bororo Vive deu origem à exposição virtual Funeral Bororo, que tem abordagem antropológica e o intuito de dar mais visibilidade à cultura indígena. O Brasil tem cerca de 230 povos indígenas que falam 180 línguas. Cada etnia tem sua identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar, e todas enfrentam graves problemas de subsistência. Ornamento dos ossos e cortejo final: parte dos rituais funerais dos bororos | Foto: Kim-Ir-Sen Pires Leal O termo bororo significa, na língua nativa boe wadáru, “pátio da aldeia”, o que remete à tradicional disposição circular das casas de suas aldeias, formando um pátio central que é o espaço ritual desse povo, caracterizado por uma complexa organização social e pela riqueza de sua vida cerimonial. Os índios dessa etnia habitavam toda a região Centro-Oeste do Brasil, mas atualmente estão confinados em reservas, especialmente no Mato Grosso. Com projeto coordenado pelo pesquisador Lúcio Teles, a mostra virtual foi montada a partir de um portal que contextualiza a situação dos bororos no Brasil. As seções mostram a história e a evolução de sua ocupação do território do Centro-Oeste, com imagens, vídeos e textos explicativos. Ritos de passagem [Olho texto=”“O museu virtual vem levando adiante sua missão de promover a ciência e a tecnologia junto ao grande público, nas mais diversas áreas do conhecimento” ” assinatura=”Lúcio Teles, pesquisador” esquerda_direita_centro=”esquerda”] O estudo foi elaborado em duas dimensões diferentes: Desenvolvimento dos aspectos geográficos, culturais, pesquisas antropológicas e Fotografias dos cerimoniais, rituais e cotidiano da tribo. A pesquisa revela a forte presença dos rituais na construção da identidade e da cultura dessa etnia. Os ritos de passagem, eventos em que os indivíduos migram de uma categoria social a outra, têm destaque entre as cerimônias, como as de nominação, iniciação e funeral. O objetivo da mostra é divulgar e compartilhar a cultura indígena brasileira, especialmente entre estudantes e professores, em um trabalho aliado à tecnologia. Além do enfoque na área da fotografia, a exposição on-line contempla interesses das áreas de sociologia, história e geografia. Essa produção integra o acervo do Museu Virtual de Ciência e Tecnologia da UnB, plataforma que conta com outras cinco mostras virtuais ativas e cinco exposições previstas. Entre essas, uma sobre o cerrado e outra sobre os 50 anos de Brasília. “O museu virtual vem levando adiante sua missão de promover a ciência e a tecnologia junto ao grande público, nas mais diversas áreas do conhecimento”, resume o pesquisador Lúcio Teles. *Com informações da Fundação de Amparo à Pesquisa do DF
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