Temporada de gripe pode agravar crises de asma; veja como evitar
Falta de ar, chiado, sensação de pressão no peito, tosse e cansaço ao falar são alguns dos sintomas de uma crise de asma, doença pulmonar inflamatória e crônica que causa obstrução das vias aéreas, dificultando a passagem do ar. Após passar por sucessivas doenças respiratórias, Rosemeire Pereira faz acompanhamento no Hran: “Sigo o controle diário, faço fisioterapia para fortalecer os pulmões e tomo as medicações corretamente” | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde A pneumologista Andréa Martha Rodrigues, referência técnica distrital (RTD) de asma na Secretaria de Saúde (SES-DF), fala sobre a importância de identificar os fatores desencadeantes das crises: “Pode ser a poeira, uma infecção viral, ácaros, pólen, pelos de animais, fumaça de cigarro, produtos químicos, poluição, exercício físico intenso ou estresse. A lista é grande”. Segundo a especialista, doenças respiratórias, como a gripe e a covid-19, são grandes responsáveis por agravar as crises, pois aumentam as chances de crianças – principalmente – e adultos desenvolverem bronquiolite e pneumonia, por exemplo. Medicações No caso de Rosemeire Pereira, 55, a covid-19 foi o gatilho para a crise mais recente. Ela recebeu o diagnóstico há três anos, após sucessivas doenças respiratórias, e hoje faz acompanhamento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). “Estou cansada, tenho dificuldade até para fazer um esforço mínimo, sinto chiado e muita tosse – isso porque sigo o controle diário, faço fisioterapia para fortalecer os pulmões e tomo as medicações corretamente”, relata ela, que utiliza direto as bombinhas broncodilatadoras. Segundo o Registro Brasileiro de Asma Grave de 2024, 60% dos pacientes não fazem controle da doença Já Maria Guiomar Moraes, 61, conhece a asma desde a infância e sabe de cor o passo a passo para controlar suas crises: “Utilizo a bombinha de uso diário e a de resgate. Acho essencial acompanhar e realizar o treinamento corretamente para evitar que a crise se agrave”. Embora Rosemeire e Maria saibam reconhecer os sinais de uma crise, um estudo do Registro Brasileiro de Asma Grave (Rebrag) sobre asma grave no país, divulgado em 2024, aponta que 60% dos pacientes não têm a doença controlada. O histórico de hospitalizações chega a 69% entre maiores de 18 anos. Tratamento “Priorizar os exercícios aeróbicos também ajuda no fortalecimento do abdômen e dos pulmões” Andréa Rodrigues, pneumologista A asma é uma doença sem cura que atinge cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Só no Brasil, 20 milhões de habitantes convivem com a doença. Apesar desse cenário, existem tratamentos eficazes que permitem o controle pleno da asma, como o uso adequado dos broncodilatadores inalatórios, a vacinação anual contra gripe e pneumonia e as medicações específicas sob orientação médica. “Além desses pontos, pessoas asmáticas precisam dar atenção especial à higiene e à alimentação, uma vez que ambas auxiliam na produção de anticorpos e impactam a imunidade”, lembra a pneumologista Andréa Rodrigues. “Priorizar os exercícios aeróbicos também ajuda no fortalecimento do abdômen e dos pulmões.” Clima O tempo seco é outro fator que dificulta a vida de quem convive com a asma, pois provoca inflamações nas vias aéreas superiores associadas a ressecamento e inflamações nasais recorrentes. “Evitar a baixa umidade e a exposição em dias muito quentes, com alta poluição, é o recomendado”, pontua a médica. No Distrito Federal, o tratamento e o acompanhamento são oferecidos em todos os níveis de assistência. Desde 1999, a população conta com o Programa de Atendimento ao Paciente Asmático – que, aliado à capacitação dos profissionais da saúde, permitiu o desenvolvimento de 27 centros de referência que atendem aos casos mais complexos e de difícil controle. Com equipes aptas a diagnosticar, as unidades básicas de saúde (UBSs) continuam sendo a porta de entrada aos serviços. Em caso de crises recorrentes, os profissionais encaminham os pacientes para ambulatórios especializados, onde a análise é feita com base na história clínica, no exame físico e nos testes de função pulmonar. Automedicação Segundo Andréa Rodrigues, o paciente diagnosticado com asma precisa manter a medicação em dia e utilizá-la de forma emergencial, quando necessário. Para ela, a automedicação é um desafio, pois a venda de corticoides e broncodilatadores sem prescrição médica possibilita o uso de doses altas sem necessidade ou por tempo prolongado, o que pode reduzir sua eficácia ou até mesmo agravar o quadro clínico e a doença. Já o uso prolongado de corticoides de forma sistêmica, adverte a médica, pode causar gastrite, úlceras gástricas e osteoporose, enquanto os broncodilatadores podem ocasionar arritmias cardíacas. *Com informações da Secretaria de Saúde
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‘Doenças oportunistas’: todo cuidado é pouco em tempo de frio e seca
Clima seco e frio acentua complicações respiratórias nesta época do ano em todo o DF | Foto: Paulo H. Carvalho / Agência Brasília O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê muito frio para os próximos dias no Distrito Federal. A temperatura deve oscilar na faixa dos 10 graus – nas áreas rurais, ainda menos do que isso. Apesar dos ventos gelados, a umidade relativa do ar segue ladeira abaixo, chegando à casa dos 25%. Quadro que deve piorar em setembro, quando o frio for embora e apenas a seca tomar conta do pedaço. Tanto em um cenário quanto no outro é que surgem as chamadas “doenças oportunistas”. Como as complicações respiratórias, que se proliferam com maior incidência pela população brasiliense nesta época do ano. [Olho texto=”“Estamos no inverno e vamos ter um aumento da frequência de infecções virais, como gripes, resfriados e, agora, a Covid-19”” assinatura=”Fátima Guidacci, especialista da Secretaria de Saúde” esquerda_direita_centro=”centro”] As mais comuns são infecções virais, tipo gripe (exemplo da H1N1), resfriados e, agora, a Covid-19. Mas, nesta época do ano, ocorrem ainda infecções bacterianas que causam, por exemplo, sinusite, pneumonias, otite e amigdalite. Também são comuns crises de asma e rinite alérgica. O grupo de pessoas mais suscetíveis às doenças respiratórias são as crianças de até cinco anos e quem já passou dos 60, grupos que podem ter as complicações mais greves nesta época do ano. Pacientes que apresentam deficiência no sistema imunológico e doenças crônicas, como asma, também são vulneráveis. O pequeno Aleksander Maximus, de apenas 4 anos, é um exemplo de risco. Segundo a mãe dele, Luziene Moreira, 30 anos, o menino tem dificuldade de respirar normalmente. Mas, nesta época do ano, a crise aumenta. “Vim tratar a garganta dele, que está inchada”, afirmou Luziene à reportagem da Agência Brasília, enquanto esperava atendimento na Policlínica do Gama. Baixa procura À exceção da Covid-19, a maioria das doenças respiratórias tem vacina desenvolvida e já testada. Mas Maria de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci, especialista em Alergia e Imunologia da Secretaria de Saúde, expõe um dado preocupante: a procura por essas imunizações diminuiu consideravelmente depois que a pandemia de Covid-19 se instalou no Distrito Federal. Para Fátima Guidacci, a baixa procura de vacinas na rede pública se deve ao medo que as pessoas têm em buscar as doses nos hospitais e centros de saúde do DF, locais mais expostos ao novo coronavírus. “Infelizmente as pessoas estão com medo de sair de casa por causa do risco de contaminação”, lamentou. Mesmo assombrado com a Covid-19, reforça Fátima, o brasiliense não pode tirar os olhos e a atenção dessas outras doenças. O problema acendeu a luz vermelha na Secretaria de Saúde. Se as pessoas não se imunizarem com as vacinas para casos mais simples, como uma gripe, o número de casos de doenças respiratórias pode aumentar. Elas podem resultar em situações extremas caso não sejam cuidadas, adverte a especialista. “A gente tem medo de aumentar o número de pessoas com essas doenças respiratórias, que podem levar o paciente até a óbito”, afirma a médica, que faz um apelo. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] “Gostaria de ressaltar a importância de tomar a vacina, principalmente com relação ao [vírus] influenza. Mas também de outras vacinas, como a de pneumonia e a de meningite. Estamos no inverno e vamos ter um aumento da frequência de infecções virais, como gripes, resfriados e, agora, a Covid-19”, acrescenta. A especialista aconselha que pacientes alérgicos tenham ainda mais cuidado no controle ambiental. “No inverno há pico da proliferação de ácaros e fungos, que são os principais fatores desencadeantes das alergias. Então, não se deve varrer a casa, só passar pano úmidos nos móveis. Aspirar é melhor. Evitar produtos de limpeza com cheiro forte”, enumera. A aposentada Eliene Maria Oliveira de Almeida, 66 anos, reconhece o perigo e diz se prevenir com a devida frequência. “Tomo vacina todos os anos. A H1N1 eu já tomei. Eu me preocupo com a Covid-19, mas não ignoro as outras doenças”, garante.
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