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Produtores rurais conhecem produção de lúpulo no Distrito Federal

Quem é amante de cerveja já deve ter ouvido falar no lúpulo, uma planta utilizada na fabricação da bebida para conferir amargor e também aroma ao produto. Produtores rurais puderam ver de perto uma lavoura repleta com as flores que são utilizadas na produção do Distrito Federal, em uma propriedade no Núcleo Rural Ponte Alta, no Gama. O encontro, promovido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), teve o intuito de tirar dúvidas e apresentar o plantio crescente na região para aproximadamente 50 produtores rurais interessados. As inscrições foram realizadas por meio dos 15 escritórios locais da empresa distribuídos no Distrito Federal. O lúpulo é um dos ingredientes agrícolas mais valiosos da cerveja, apesar de ser utilizado em uma quantidade pequena em relação, por exemplo, ao malte de cevada ou de trigo | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./ Agência Brasília O dia de campo, na última quinta-feira (25), ocorreu na propriedade de João Marcus Simões Dias, atualmente o único que produz lúpulo em grande escala no DF, por meio da empresa Tatu Hops. A produção é feita há dois anos em uma área de meio hectare, atendendo, principalmente, cervejarias artesanais. Em um ano, ele produz 600 kg de lúpulo. No início, o produtor era apenas um cervejeiro caseiro que fazia a bebida em panela, sonhando em comandar uma fábrica da bebida. Após ver os trâmites de abrir uma fábrica, ele decidiu ir por outros caminhos no mercado da cervejaria, chegando ao lúpulo. Depois de encontrar um produtor com 20 mudas, ele se apaixonou pela planta e decidiu começar a produção. O lúpulo cultivado no DF chegou a ser premiado na última Copa Brasileira de Lúpulos, realizada em maio de 2023. “É muito importante conhecer uma cultura nova, porque o pessoal está muito acostumado com as culturas de milho e soja, por exemplo. Quando veem a plantação do lúpulo, que tem um mercado imenso, [os produtores rurais] se assustam, mas enxergam o potencial que essa cultura tem. O lúpulo brasiliense é de qualidade”, destaca João. O produtor recorda que o trabalho foi feito em conjunto com a Emater, em um aprendizado de estudos compartilhados, pois o cultivo era novo para todos. Na última safra, a empresa pública participou de todo o manejo. Novos interesses O dia de curso interessou à recém-aposentada Denisy Oliveira, que tem uma pequena propriedade na região do Gama e está em busca de outra fonte de renda, uma maneira para começar a empreender. Após receber a ligação de um dos parceiros da Emater, a produtora rural foi conferir a produção de lúpulo. “A Emater é uma grande ponte para o pequeno produtor, a maior incentivadora da produção local. Tento sempre fazer os cursos deles porque são de alto gabarito. Aprendi muita coisa. É uma cultura que acho que vai valer a pena aqui na região”, afirma. Denisy Oliveira ficou encantada com o lúpulo: “É uma cultura que acho que vai valer a pena aqui na região” O extensionista rural Daniel Rodrigues Oliveira reforça a importância do evento para fomentar e formar um grupo que tenha interesse na área para construir uma cadeia mais organizada e expandir o mercado da iguaria. “A Emater está sempre presente no meio de campo. Desde o dimensionamento da irrigação até a estrutura. Por ser uma cultura de cara implantação, a estrutura é muito cara, então a pessoa não pode sair por aí fazendo de qualquer jeito. A Emater vai entrar nessa parte de assessoramento e junção de pessoas para fazer essa troca de informações”, explica o técnico. Os interessados podem procurar os extensionistas da Emater, que avaliam questões de viabilidade: se o produtor consegue fazer trabalho laboral, se há mão de obra, acesso a recursos além das mudas, insumos, onde comprar, irrigação e até opções de crédito rural. Mercado crescente Daniel Leal, vice-presidente da Aprolúpulo: “O futuro para a cultura, sem dúvida, é muito próspero” O Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja no mundo e produz menos de 5% de todo o lúpulo. Hoje há 114 produtores de lúpulo no Brasil, um aumento de 42% em relação a 2022 e a 2023, anos em que foram produzidos 100 kg de lúpulo no DF. Dados da Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo) apontam que atualmente o Brasil produz 0,4% de todo o lúpulo utilizado pela indústria nacional, um mercado que movimenta mais de R$ 300 milhões por ano. “Hoje existe um movimento no DF de produtores de outras culturas interessados em se juntar a do lúpulo. Temos centenas de variedades de lúpulo no mundo, e dezenas delas são produzidas aqui no Brasil, cada uma com características diferentes. Foram superadas barreiras produtivas, demonstrando que é possível produzir com qualidade e viabilidade econômica, tanto para o produtor quanto para a cervejaria. Aos poucos o mercado está absorvendo isso. O futuro para a cultura, sem dúvida, é muito próspero”, ressalta o vice-presidente da Aprolúpulo, Daniel Leal. Clima favorável João Marcus Simões Dias produz 600 kg da planta por ano: “O lúpulo brasiliense é de qualidade” O lúpulo é um dos ingredientes agrícolas mais valiosos da cerveja, apesar de ser utilizado em uma quantidade pequena em relação, por exemplo, ao malte de cevada ou de trigo. Alguns lúpulos brasileiros são vendidos entre R$ 100 e R$ 400, o quilo, sendo R$ 223 a média. Depois de colhida, a flor é seca e em seguida peletizada (um processo a comprime como se fosse uma pequena porção de ração). É dessa forma que a cervejaria a utiliza, para ter maior eficiência e conseguir extrair o que há de melhor do produto. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Daniel acentua que o clima do Cerrado tem se mostrado muito favorável à cultura do lúpulo, por ser uma planta que exige muitas horas de luz. Outro fator é a incidência menor de chuvas em relação a outros estados e regiões do país. “O maior problema do lúpulo hoje, do ponto de vista agronômico, é o manejo de doenças, especialmente as que são provocadas por fungos – e o excesso de chuvas é justamente o fator que contribui para isso. Então, a gente pode afirmar que as condições daqui da região são favoráveis para essa cultura, tanto em relação ao solo quanto à própria temperatura local”, observa Leal.

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Mercado e valor agregado do lúpulo atraem produtores no DF

Com o crescente consumo de cervejas artesanais e diferenciadas na capital, produtores estão apostando no cultivo do lúpulo, um dos principais ingredientes da bebida. Em formato de cone, a flor verde é responsável por garantir aroma, textura e sabor à bebida. Em Brasília, o interesse pelo cultivo, que tem mercado certo, vem crescendo. Um dos principais componentes da cerveja, o lúpulo ganha lugar na produção local | Foto: Divulgação/Emater [Olho texto=”“É um mercado que está crescendo. É um insumo que não se encontra com tanta facilidade nas proximidades” ” assinatura=”Breno Borges, arquivista e produtor” esquerda_direita_centro=”direita”] Em cinco anos, o número de cervejarias nacionais cresceu 264%, segundo dados do Anuário da Cerveja no levantamento divulgado no início de 2020 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Em 2015, eram 332 fábricas. Em 2019, esse número saltou para 1.209. Já um outro estudo elaborado pela Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo) aponta que, em 2019, o Brasil importou 3,6 mil toneladas do produto. De olho no mercado, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater) tem auxiliado produtores com o cultivo de lúpulo na capital. No Lago Oeste, Breno Borges, 42 anos, arquivista de formação e profissão, é um dos exemplos de pessoas que estão investindo na planta. Há dois anos, ele se interessou pelo mercado e começou os experimentos em sua propriedade. “Foi por curiosidade”, conta. “Tinha conhecidos que plantavam ou que conheciam quem plantava. É um mercado que está crescendo. É um insumo que não se encontra com tanta facilidade nas proximidades. Achei que seria uma boa oportunidade de plantar o lúpulo e conquistar o mercado cervejeiro.” Nas primeiras conversas com o produtor Pablo Tamayo, Breno conta ter se interessado ainda mais e, com isso, passou a comprar algumas mudas. No início, o cultivo era na varanda da propriedade, apenas como experimento. Mas, de acordo com ele, logo veio a vontade de ocupar mais espaços com a plantação. Foi então que decidiu entrar de vez no ramo e investiu nas estruturas de eucalipto e cabo de aço para aguentar o peso da planta, que, segundo informa, pesa entre 20 kg e 25 kg. [Olho texto=”Clima do DF permite ao produtor ter até três safras de lúpulo por ano” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Apesar do investimento alto e de todo o trabalho, eu estou feliz; está indo no ritmo que eu imaginava, está funcionando bem”, comemora Breno. Ele já provou a cerveja feita com seu lúpulo e garante ter gostado do resultado. “Já tem cervejeiros caseiros e pequenas cervejarias interessados no lúpulo que estou produzindo. Já passei para algumas pessoas da área que se comprometeram a fazer a cerveja justamente para testar e, posteriormente, me darem um retorno da qualidade.” Na propriedade de Breno, a Emater tem prestado assistência com orientações diversas sobre o cultivo. “Como não sou agrônomo e não sou da área, não tenho muita noção da parte de adubação, manejo do solo, o que colocar na terra, como fazer análise. Foi então que procurei ajuda da Emater”, relata o novo produtor. No Distrito Federal, que tem um clima diferenciado, com estações chuvosa e seca bem-definidas, é possível ter até três safras do lúpulo por ano. No entanto, para os iniciantes, apenas na terceira ou quarta safra é que o lúpulo atinge boa maturidade e alcança a qualidade ideal de sabor e aroma para a bebida. “Por ser uma cultura trabalhosa e com alto investimento, ao longo do processo ela dá um retorno muito grande”, explica o gerente do Escritório de Agricultura Orgânica e Agroecologia da Emater, Daniel Oliveira. “Então, a partir deste despertar, a Emater começou a atender de forma mais efetiva e até estimular os produtores no cultivo de lúpulo, que tem muito valor agregado”. Auxílio com técnicas de irrigação e adubação, identificação de pragas na plantação, análise de solo, questões de pós-colheita e aquisição de crédito rural são alguns dos serviços prestados pela empresa aos produtores. “Minha expectativa é começar a comercializar meu lúpulo no próximo ano, a partir do momento em que eu conseguir uma qualidade boa para venda”, diz Breno, que está na fase de experimentos do lúpulo. Em flor, para consumo in natura, o ingrediente precisa ser utilizado poucos dias após a colheita. No formato de flor seca e embalada a vácuo, o tempo de uso sobe para dois anos. Já quando se transforma a flor em pellet, deixando-a igual aos lúpulos importados, em formato de pastilha, o prazo de validade é aumentando para até três anos. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Referência em produção Considerado uma das referências em conhecimento no cultivo do lúpulo, Pablo Tamayo começou a investir e estudar o lúpulo em 2017. Hoje, sua produção ainda não está em grande escala, mas ele consegue ter até três safras no ano e vender seu produto fresco e também embalado a vácuo e refrigerado. Segundo o produtor, mesmo o lúpulo desidratado e embalado a vácuo, com validade de até seis meses, tem alto valor agregado, por ser considerado fresco. Em 200 metros quadrados, em sua propriedade no Lago Norte, Tamayo consegue cultivar cerca de 60 plantas, o que lhe rende entre 30 kg a 45 kg por colheita e de 100 kg a 150 kg por ano. Como a planta cresce para cima, é possível colocar entre 2,5 mil a 3 mil exemplares em 1 hectare – o que, segundo ele, permite um produto final, já seco, entre mil e dois mil quilos. “É um negócio bastante atrativo do ponto de vista financeiro”, frisa Tamayo. “Ele é um produto que tem um potencial muito bom de preço de venda. Tem lúpulos bons, brasileiros, sendo vendidos entre R$ 150 e R$ 300 o quilo. O custo de algumas produções varia entre R$ 40 e R$ 50 o quilo.” Hoje, ele consegue vender seu lúpulo para fábricas de kombucha em Brasília e em Florianópolis (SC), além de algumas cervejarias artesanais da capital. Por comercializar lúpulo orgânico, ele garante ter um bom retorno das vendas. “A expectativa é expandir para um cultivo profissional e comercial maior”, diz. Pablo trabalhava com infraestrutura de tecnologia de redes quando começou a se interessar por agricultura e cultivo orgânico. Com o conhecimento repassado por alguns amigos sobre o cultivo orgânico de hortaliças, seu interesse era cultivar algo diferente. Na época, ouviu falar do lúpulo, que era uma planta importada, sem cultivo no Brasil e que dava sabor e características especiais para a cerveja. Foram motivos suficientes para se apaixonar, aprender tudo sobre o cultivo e começar o investimento no quintal de casa. Colheita No processo de colheita, a parte aérea da planta é arrancada no tronco. Daí são aproveitados os cones. A rebrota ocorre a partir da raiz (rizoma) que permanece em campo, sendo vigorosa, crescendo até 30 cm por dia. A nova colheita somente ocorre após quatro meses, quando as hastes já estão grandes novamente e com flores. Com a colheita feita toda manualmente, Breno conta ter bastante trabalho. “Tem que arrancar planta e arrancar cone por cone. Isso demanda muito tempo. Quem tem o maquinário agiliza todo esse processo, mas adquirir o maquinário tem um custo muito alto”, pontua. De acordo com o extensionista Daniel, a perspectiva da Emater e do grupo de produtores que cultivam lúpulo é adquirir o maquinário por meio do Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR).  Com isso, todo o trabalho hoje manual, de colheita e separação do cone, será realizado pelo maquinário, eliminando grandes gargalos para pequenas produções. Após a colheita dos cones, Breno diz que o passo seguinte é levar para a secagem, para depois embalar a vácuo. No caso do uso sem secar, ele explica que a cervejaria precisa ser próxima para utilização do produto em até 48 horas. O consumo do lúpulo fresco, segundo Breno, dá mais frescor e sabor à cerveja. No entanto, a quantidade usada acaba sendo quase quatro vezes maior do que o lúpulo seco. *Com informações da Emater

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