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Meio século de hip-hop: um legado cultural nas periferias do DF

São 50 anos de história. O hip-hop nasceu no início da década de 1970 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em meados dos anos 1980. Este ano, passou a ser considerado patrimônio cultural imaterial do Distrito Federal, conforme a Lei nº 7.274/2023. A norma estabelece a criação da Semana Distrital do movimento, que ocorre em novembro, quando é celebrado o Dia Mundial do Hip-hop (12/11). Este ano, o hip-hop passou a ser considerado patrimônio cultural imaterial do Distrito Federal | Fotos: Lúcio Bernardo Jr./Agência Brasília Agora, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) coordena um grupo de trabalho com representantes do movimento para a elaboração de outras políticas públicas. Entre as medidas em discussão, destaque para o Prêmio Hip-hop, que utilizará recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) para reconhecer talentos que se sobressaem em cada uma das vertentes da manifestação cultural: rap, discotecagem, break e grafite. Haverá também um edital focado na realização de batalhas de rima. “Estamos atentos às questões que envolvem o hip-hop e seu impacto na sociedade”, explica o subsecretário de Difusão e Diversidade Cultural, João Cândido. “A formação deste grupo de trabalho e a elaboração de políticas públicas específicas demonstram nosso comprometimento em dar visibilidade a essa forma de expressão tão autêntica e transformadora. Queremos construir pontes entre a arte, a cultura e a juventude, para que todos possam se beneficiar da riqueza do movimento”, completa. Também está em andamento o processo eleitoral do Comitê Permanente de Grafite, instituído pela Política de Valorização do Grafite. São 10 vagas para representantes da sociedade civil – cinco para titular e cinco para suplente. O objetivo da entidade é articular, propor e contribuir com a elaboração e implementação de políticas públicas específicas para o grafite. Dezesseis pessoas foram habilitadas para concorrer aos postos. A b-girl Rayane Lourrane Sandes foi finalista do prêmio Red Bull BC One Na próxima semana, entre os dias 15 e 18, será realizada a etapa de habilitação dos eleitores, tendo em vista que só poderão votar pessoas residentes do DF com atuação comprovada no campo da arte urbana. As eleições serão no dia 22 deste mês, na Biblioteca Nacional. O resultado final será publicado no dia 25. Além disso, a Secec organiza um encontro de grafite no DF e Entorno e, somente neste ano, doou cerca de R$ 4 mil em materiais, como latas de sprays, para organizações culturais. Os itens foram destinados para projetos sociais, para a pintura das fachadas das bibliotecas do Recanto das Emas e do Paranoá e do container que recebe o Ponto de Leitura do Centro Pop, na SGAS 902. Estilo de vida União de música, dança, arte visual e poesia, o hip-hop é um estilo de vida. Para o artista multimídia Rivas Alves, 54 anos, o reconhecimento do movimento como patrimônio cultural imaterial permite a valorização da arte e, principalmente, dos artistas. “Entendemos a força que o hip-hop tem. Não tem essa de ‘vestir uma roupa porque vai ter um evento’. Você é isso todo dia, toda hora. Você é o hip-hop, tá ligado? A gente vive essa cultura.” O hip-hop comemora 50 anos nesta sexta-feira (11), quando foi realizado o primeiro encontro com os quatro elementos do movimento, em Nova York. A manifestação cultural chegou ao Brasil anos depois e, pouco a pouco, se consolidou. “Quando a gente começou a fazer hip-hop, a gente nem sabia o que era. A gente via os caras dançando, grafitando, mas não entendíamos o que era. Com o cinquentenário do hip-hop, a gente vê a importância do movimento. O hip-hop é periferia e nunca podemos esquecer disso”, afirma Rivas. Filho de Rivas, o rapper e produtor musical Ravel Almeida, 23 anos, afirma que a manifestação artística pode mudar vidas. “É a voz da periferia, voz do gueto, uma forma de comunicar, de protestar”, diz. “O cinquentenário e a conquista de ser considerado patrimônio cultural imaterial vem para trabalhar na base de tudo, para conseguir melhorar o acesso de todos a essa cultura”, pontua. Ravel Almeida afirma que a manifestação artística pode mudar vidas: “É a voz da periferia, voz do gueto, uma forma de comunicar, de protestar” No começo do ano, o breaking – uma das vertentes do hip-hop – entrou para a lista de modalidades olímpicas e estará presente nas Olimpíadas de Paris, em 2024. Para quem pratica o esporte, de forma profissional ou não, esta é mais uma conquista importante. “Além de ser cultura, o hip-hop se tornou esporte. E com isso teremos uma estrutura mais abrangente e até patrocínio. Poderemos estruturar os atletas desde pequenos, o que só por meio da arte não tínhamos”, pontua o b-boy Chede Zied, 36, representante da Start Family Crew e também presidente da Federação Brasiliense de Dança Desportiva. “O hip-hop trouxe grandiosidade por meio da cultura. Estamos quebrando barreiras”, completa o b-boy, Will Robson da Silva, integrante da mais antiga “crew” do DF, a DF Zulu Break. A b-girl (b-girl e b-boy são como pessoas que dançam break são chamadas) Rayane Lourrane Sandes, 29, é uma prova de que a arte pode abrir caminhos. Nascida em Rondonópolis, Mato Grosso, veio para Brasília em busca de mais oportunidades no break – e conseguiu. Neste ano, foi finalista do prêmio Red Bull BC One, que reuniu competidores de todo o país. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] ?“O hip-hop vem para tirar vários jovens do mundo das drogas, da criminalidade, para ajudar crianças e adolescentes, pessoas adultas que sofrem com depressão e vários tipos de doença”, diz. “Sou uma mulher dentro do hip-hop e venho para mostrar que também podemos, para mostrar a força feminina e que não é só para homens”. Conheça mais Presente no movimento há mais de 40 anos, Rivas reuniu momentos e obras produzidas ao longo da trajetória na exposição de grafitti Rivas Vidas Hip Hop, no 2º andar da Biblioteca Nacional de Brasília, com recursos do FAC. Neste sábado (12), em celebração ao cinquentenário do estilo, haverá a abertura oficial da mostra, com transmissão de mini doc sobre o artista e apresentações culturais. Serviço Exposição Grafitti Rivas Hip Hop Data: de 12 de agosto a 12 de outubro Local: Biblioteca Nacional de Brasília Horários: de segunda a sexta-feira, das 9h às 20h; sábado das 9h às 14h Classificação livre.

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Escola de Carnaval prepara setor para 2023

[Olho texto=”“Tenho a convicção de que esta é a última vez que falamos de proibição do carnaval. Vamos superar esta situação. Quero agradecer o apoio do setor carnavalesco, com o qual estamos conversando desde junho do ano passado para fortalecer a folia de 2023”, aponta o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] A Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) pôs o bloco na rua nesta sexta-feira (25), que seria do tradicional carnaval, interrompido há dois anos por conta da covid-19. Com a presença de carnavalescos das agremiações do Distrito Federal, a pasta lançou o projeto Escola de Carnaval, cuja finalidade é capacitar, profissionalizar e articular a organização da cadeia produtiva das escolas de samba, que teve o desfile interrompido em 2015. “Tenho a convicção de que esta é a última vez que falamos de proibição do carnaval. Vamos superar esta situação. Quero agradecer o apoio do setor carnavalesco, com o qual estamos conversando desde junho do ano passado para fortalecer a folia de 2023”, aponta o secretário Bartolomeu Rodrigues. Ao todo, o projeto vai capacitar 500 agentes, que serão multiplicadores. Vai unir os 16 carnavalescos do DF no projeto de capacitação para qualidade do desfile de carnaval 2023 | Fotos: Hugo Rila / Secec-DF [Olho texto=”“A ideia da Escola de Carnaval é justamente pegar todos os elementos que fazem e formulam o Carnaval, os que administram as escolas de samba, e rearticular o setor, que se desorganizou”, explica a subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural, Sol Montes” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] O titular da Secec lembra que carnaval não é só festa. “Além de manifestação cultural importantíssima, é também instrumento de atividade econômica. O GDF não deixou o setor desamparado. Já investimos, sem a perspectiva do carnaval, em torno de R$ 5,5 milhões (em atividades que dão emprego e renda). Agora é a vez da Escola de Carnaval”. “A ideia da Escola de Carnaval é justamente pegar todos os elementos que fazem e formulam o Carnaval, os que administram as escolas de samba, e rearticular o setor, que se desorganizou”, explica a subsecretária de Difusão e Diversidade Cultural, Sol Montes. Ela reforça que um dos eixos principais do projeto é incentivar a gestão profissional da cadeia produtiva que envolve 7 mil trabalhadores no DF. O projeto – lançado no edital nº 27/2021 – tem duração de oito meses, que podem ser prorrogados por igual período. Trata-se de um termo de colaboração, portanto, de iniciativa do GDF, executado pela organização da sociedade civil (OSC) Luta pela Vida, no valor de R$ 1,5 milhão. Para o presidente da Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília, o projeto é revolucionário e inovador. “Mostra que a gestão da cultura está preocupada com formação e profissionalização de toda a cadeia produtiva do carnaval. Isso nos enche com a sensação de um futuro promissor, brilhante” Serão realizados três módulos formativos. O primeiro deles será focado em gestão (planejamento, elaboração de projeto, legislação de carnaval, captação de recursos públicos e privados, elaboração de plano de comunicação e prestação de contas). No segundo, será discutido o universo lúdico do carnaval, como desenhos artísticos de fantasias/figurinos, maquiagem de carnaval, análise estrutural das alegorias e adereços e cenografia carnavalesca. O último módulo versa sobre a musicalidade: dança do passista, samba enredo, mestre-sala e porta-bandeira, ritmistas de escola de samba e bateria de samba e percussão. [Olho texto=”“O pressuposto deste projeto é o talento das comunidades. Esse é o legado que ficará para a cidade”, complementa o carnavalesco Milton Cunha” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] Ao todo, o projeto vai capacitar 500 agentes, que serão multiplicadores. Vai unir os 16 carnavalescos do DF no projeto de capacitação para qualidade do desfile de carnaval 2023. Parte das oficinas ocorrerá no Eixo Cultural Ibero-americano. Algumas, no entanto, ocorrerão nos barracões das escolas. “O pressuposto deste projeto é o talento das comunidades. Esse é o legado que ficará para a cidade”, complementa Milton Cunha, revelando que o tema a ser trabalhado nos módulos é: “Brasília, Capital Ibero-americana das Culturas de 2022”. Curadoria de primeira A curadoria do projeto é de Milton Cunha, carnavalesco histórico (que passou por escolas como Beija-Flor), cenógrafo e comentarista de desfiles nas principais emissoras de TV, mestre e doutor em Letras, com pós-doutorado em narrativas do carnaval e professor universitário. “O tripé da minha curadoria é constituído pela gestão administrativa, o artístico-visual e o artístico-musical. Primeiro, abordo a visão geral da escola de samba como fenômeno da modernidade, da sociedade do espetáculo. Em seguida, vem o resgate histórico, para que figurinista, carnavalesco, projetista de alegoria e compositor saibam que o tema tem um passado. Aí temos as aulas de croqui, risco, volumetria, ergonomia e também alegoria, com suas noções espaciais. A terceira parte é a musicalidade. Aí você trata de enredo, da harmonia musical”, resume. Para o secretário Bartolomeu Rodrigues, carnaval não é só festa. “Além de manifestação cultural importantíssima, é instrumento de atividade econômica”. A subsecretária Sol Montes reforça que “um dos eixos principais do projeto é incentivar a gestão profissional da cadeia produtiva que envolve 7 mil trabalhadores no DF” “A Secec está ajudando na capacitação dos envolvidos com o carnaval do DF ao trazer para o curso a experiência de um grande curador na área, que é o Milton Cunha, que sabe tudo sobre carnaval”, explica Romulo Sulz, presidente da instituição Lute pela Vida. “Chamo o carnaval de Brasília de carnaval candango. Acho que essa experiência reflete o Planalto Central. O artista popular planaltino expressa uma visão de mundo de capital federal. A festa se constrói numa ideia inicial da solidão do sertão, mas é preciso celebrar. Então ele vai misturar elementos de todos que vieram, de todas as regiões. É um carnaval multicultural e, ritmicamente, ele dialoga com muita coisa brasileira, não é um carnaval que ficou fechado em si. É um carnaval de contribuições”, define Cunha. [Olho texto=”“Vai servir para preparar nossos componentes nas diversas áreas das escolas de samba para que o carnaval volte com força total em 2023. Estamos aguardando com muita expectativa o início dos cursos e acreditamos que será um grande sucesso”, complementa o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do DF, Hélio dos Santos” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”esquerda”] Sol lembra que “já havia carnaval na Cidade Livre [hoje, Núcleo Bandeirante], antes da inauguração da capital”. Ela concorda com Cunha que a diversidade marca o carnaval de Brasília. Cita o Cruzeiro, que reflete o carnaval carioca, os blocos, que lembram suas origens regionais, como o Galinho de Brasília, de inspiração pernambucana, ou as matrizes africanas do Recôncavo Baiano. “Aqui os blocos no carnaval tocam até rock”, lembra Sol, em alusão, por exemplo, ao celebrado Eduardo e Mônica. A subsecretária também destaca os blocos alternativos que empunham alto bandeiras LGBTQIA+ e do feminismo. “São muito fortes e correspondem a 30% das agremiações que vão para as ruas”, afirma. Projeto revolucionário Paulo Henrique Nadiceo, presidente da Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília, elogia a iniciativa de Escola de Carnaval: “Acho o projeto revolucionário, inovador. Mostra que a gestão da cultura está preocupada com formação e profissionalização de toda a cadeia produtiva do carnaval. Isso nos enche com a sensação de um futuro promissor, brilhante”. Hélio dos Santos, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do DF (Liestra), aproveita para mencionar outros recursos do GDF que chegaram para o setor: “Podemos dizer que o carnaval de Brasília renasceu”. Refere-se ao edital nº 34/2021, que selecionou organizações da sociedade civil para desenvolver atividades de apoio às escolas de samba e blocos tradicionais. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”direita”] Com o recurso de R$ 2,75 milhões, a União das Escolas de Samba do DF vai atender pelo menos 15 localidades e territórios de escolas de samba. Já a Liga Carnavalesca dos Trios, Bandas e Blocos Tradicionais (LCTBBT) ficará a cargo de projeto voltado a oito localidades e territórios de blocos tradicionais, recebendo aporte de R$ 1,2 milhão. Sobre a Escola de Carnaval, Hélio diz que “vai servir para preparar nossos componentes nas diversas áreas das escolas de samba para que o carnaval volte com força total em 2023. Estamos aguardando com muita expectativa o início dos cursos e acreditamos que será um grande sucesso”. Serviço Escola de Carnaval – Onde: nas regiões administrativas de Ceilândia, Taguatinga, Santa Maria, Plano Piloto, Asa Norte e Cruzeiro – Quando: de 21 de março a 15 de julho – Inscrições: a partir de 25 de fevereiro no site do projeto, só para agentes das escolas de samba – Para mais informações: www.escoladecarnaval.org.br *Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF

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