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Rastreabilidade garante total controle de medicamentos em hospital do DF

O Hospital Cidade do Sol (HSol) se destaca como pioneiro no IgesDF ao ser a primeira unidade a implementar 100% da rastreabilidade de medicamentos em toda a estrutura, um processo que garante total controle e segurança desde a aquisição dos fármacos até a sua administração ao paciente. Essa inovação não apenas melhora a eficiência operacional, mas também assegura um tratamento mais personalizado e seguro. A implementação desse sistema foi facilitada pelo fato de a instituição ter iniciado suas atividades já com essa tecnologia integrada, o que permitiu a criação de uma cultura sólida de rastreabilidade desde o início | Foto: Davidyson Damasceno/Agência Saúde-DF A farmacêutica clínica do HSol, Priscila Ponssiano de Holanda Solano, explica a importância desse avanço: “A rastreabilidade é essencial para sabermos exatamente onde o medicamento esteve no hospital, desde a compra até a administração ao paciente. No hospital, todos os medicamentos são fracionados, etiquetados com lote, validade e código de barras, garantindo que cada etapa do processo seja rigorosamente monitorada.” “Estamos comprometidos em oferecer o melhor cuidado possível, e a rastreabilidade total dos medicamentos é um grande passo nessa direção. Com esse sistema, não só aumentamos a segurança dos pacientes, como também otimizamos o uso dos recursos, resultando em uma gestão mais eficiente e econômica” Flávio Oliveira Amorim, gerente hospitalar do HSol A implementação desse sistema foi facilitada pelo fato de a instituição ter iniciado suas atividades já com essa tecnologia integrada, o que permitiu a criação de uma cultura sólida de rastreabilidade desde o início. “Nosso hospital teve a oportunidade de começar do zero, então já criamos essa cultura desde o primeiro dia. Hoje, o medicamento só sai da farmácia após passar pelo sistema SOUL MV Hospitalar, o que torna o processo muito mais seguro e eficiente,” ressalta Priscila. Além disso, o HSol inovou ao introduzir um painel exclusivo para a análise técnica de prescrição. Diferente dos outros hospitais, onde a análise técnica é feita de forma manual e retrospectiva, no HSol foi criada uma ferramenta específica no sistema MV Hospitalar. “Esse painel permite que todas as prescrições médicas caiam diretamente na nossa tela antes de serem liberadas para a farmácia hospitalar. Analisamos item por item, garantindo que a prescrição seja a mais adequada possível para cada paciente e, principalmente, assegurando o uso racional dos medicamentos, que é a nossa principal função,” explica Priscila. A equipe de farmácia clínica também desempenha um papel essencial nos rounds multidisciplinares, orientando a tomada de decisão clínica e otimizando a terapia farmacológica do paciente. “Somos os principais responsáveis pela reconciliação medicamentosa e pelo rastreamento de interações medicamentosas. No âmbito hospitalar, também desempenhamos um papel essencial no Stewardship de Antimicrobianos, gerenciando o uso de antibióticos, antifúngicos, antivirais e antiparasitários. Nossa equipe orienta a melhor terapia antimicrobiana, com base no quadro clínico do paciente, e realiza os ajustes posológicos necessários em casos de insuficiência renal ou hepática,” destaca Alexandre Aragão Kerpel, farmacêutico do HSol. Para o gerente hospitalar do Hospital Cidade do Sol, Flávio Oliveira Amorim, essa inovação reflete o compromisso do hospital com a excelência no atendimento. “Estamos comprometidos em oferecer o melhor cuidado possível, e a rastreabilidade total dos medicamentos é um grande passo nessa direção. Com esse sistema, não só aumentamos a segurança dos pacientes, como também otimizamos o uso dos recursos, resultando em uma gestão mais eficiente e econômica”, afirma Flávio. *Com informações do IgesDF

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Morre prefeito pioneiro de Brasília

Tarso: formação cristã e era entusiasta da mudança da capital  – Foto: Arquivo Público do DF Morreu neste sábado (13), em São Paulo, aos 93 anos, Paulo de Tarso Santos, um dos primeiros prefeitos de Brasília. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês. Mineiro de Araxá,  Tarso, advogado por formação, assumiu a nova capital do Brasil entre fevereiro e agosto de 1961, durante o governo Jânio Quadros. Após deixar o Executivo local ficou responsável pela pasta da Educação na gestão João Goulart. Na época, contou com assessores que seriam importantes nomes no cenário político e social do país como Darcy Ribeiro, José Serra, o educador Paulo Freire e o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho. Por conta do regime militar, Paulo viveu um período exilado no Chile trabalhando, entre os anos 1964 e 1970, nas Nações Unidas (ONU). Durante o governo paulista de Franco Montoro, em 1983, foi conselheiro emérito do TCE-SP, além de secretário da Educação do estado. Brasília Sua gestão à frente da administração de Brasília foi curta, mas marcante. Entre as ações do seu governo estão a criação da TCB e da antiga Fundação Cultural, hoje Secretaria de Cultura, então conduzida pelo poeta Ferreira Gullar, primeiro secretário da pasta no DF. Tarso também  montou a comissão integralizadora da Companhia de Energética de Brasília (CEB),  deu início à urbanização do Núcleo Bandeirante, implantou  a estrutura administrativa e urbanística da Asa Norte e contratou os primeiros professores de Brasília, vindos de vários estados do país. Em 1961, durante a visita do guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara ao Brasil, para a condecoração com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul pelo presidente Jânio Quadros, coube a Paulo de Tarso ciceronear o primeiro-ministro cubano pela cidade, hospedando-o em sua casa. Em fevereiro de 2015, familiares do ex-prefeito de Brasília doaram para o Arquivo Público do DF centenas de documentos de sua gestão. São originais de ofícios, decretos, nomeações, bilhetes escritos à mão pelos presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros, fotos e documentos que hoje fazem parte de um acervo aberto ao público. “Papai tinha um entusiasmo total com Brasília. Ele era muito a favor da mudança”, disse na época, em entrevista à Agência Brasília, Vasco da Cunha Santos, um dos filhos do político.  “Articulava muito no meio político, mas não tinha apego ao poder. O importante é que essa gente realmente estava comprometida com a mudança da sociedade em favor dos mais necessitados, a vontade de servir era muito grande”, completou. Paulo de Tarso Santos tinha 93 anos e deixa cinco filhos – Maria Luiza, Vasco, Paulo de Tarso, Maria Beatriz e Maria Stella – além de 13 netos e 12 bisnetos. O velório e o enterro do político estão marcados para acontecer neste domingo (14), no cemitério Gethsemani, no bairro do Morumbi, em São Paulo.

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Bernardo Sayão – um herói do Cerrado

Apaixonado por estradas, desbravador por natureza, o engenheiro foi fundamental na construção da rodovia Belém-Brasília. Foto: Arquivo Público do DF/Divulgação Foi há 60 anos. Quando nasceu o primeiro herói da construção de Brasília. E ele pagou caro por isso, morrendo cedo, aos 57 anos, de forma trágica, bem no meio da selva amazônica. E, por se tratar de Bernardo Sayão, foi uma morte épica. Esmagado por uma árvore gigantesca, há poucos dias dele e sua equipe de bravos homens concluírem a confluência das frentes de desbravamento norte e sul da rodovia Belém-Brasília, lá na fronteira entre o Pará e o Maranhão, no limite entre as regiões Norte e Nordeste. Parecia o fim do mundo, mas era o Brasil. O Brasil de Juscelino Kubitschek e aquele distante 15 de janeiro de 1959 entraria para a história da cidade, do país. “Ele foi tratado como o primeiro grande ícone de Brasília, a história perfeita do herói trágico”, reflete o jornalista Sérgio de Sá, neto de Bernardo Sayão, que acaba de começar um livro sobre essa figura emblemática do surgimento da cidade. Se tudo der certo, o projeto será lançado no aniversário de 60 anos da capital, em abril de 2020. “É uma vontade que tenho há muito tempo, não é uma biografia, prefiro chamar de perfil biográfico, meio livro-reportagem e, claro, vai entrar a parte afetiva”, antecipa. Para concluir a obra, além de muita pesquisa norteada por matérias jornalísticas e centenas de fotos, Sérgio de Sá já traçou no mapa brasileiro uma aventura pessoal. Vai percorrer a Belém-Brasília de cabo a rabo, refazendo os trechos que seu avô abriu até chegar à cidade maranhense de Açailândia, município próximo ao local do acidente que tirou a vida do pioneiro. Esse road movie sentimental carregará nas entrelinhas abordagem jornalística com pegada antropológica. “É uma viagem em ‘busca do avô perdido’”, conta. “Vou subir até aonde tem o marco sinalizando onde ele morreu, mas vou como jornalista, atrás de histórias, descobrir que estrada é essa hoje, atualizar a Belém-Brasília, sempre linkando a imagem dele ao longo da rodovia, porque depois da construção da capital, talvez a Belém-Brasília seja a obra mais importante dessa aventura de JK”, observa. Bandeirante moderno E foi mesmo. Tão importante que ela, a estrada, sozinha, explica, na essência, o porquê do presidente Juscelino Kubitschek insistir em trazer a nova capital para o coração do Brasil. Para ligar os estados, promover a integração nacional, enfim, levar o desenvolvimento para todos os rincões desse país continental. Com pavimentação concluída no governo Médici (1969 – 1974), esses objetivos foram alcançados. Tudo graças ao esforço, determinação e coragem de um homem: Bernardo Sayão. Com imagem bastante associada ao Brasil Central, muita gente até hoje acha que o gigante pioneiro era goiano. Nunca foi. Carioca do bairro Tijuca, remador do Botafogo de Futebol e Regatas, jogador de peteca dos bons no Posto 2 da praia de Copacabana, dono de uma rede de pesca no Posto 6, fincou raízes na terra de Bernardo Élis e Cora Coralina por opção. Chegou aqui nos anos 40, a pedido de outro presidente, Getúlio Vargas, com a missão, no embalo da “marcha para o Oeste”, de implantar em Ceres, Colônia Agrícola que, de certa forma, seria o embrião do surgimento da Belém-Brasília. [Olho texto=”Abrir uma estrada que cortasse o país inteiro de norte a sul era um sonho juvenil de Bernardo Sayão, ele era muito grato a JK pelo comando desse projeto” assinatura=”Ronaldo Costa Couto, jornalista e historiador” esquerda_direita_centro=”esquerda”] “Abrir uma estrada que cortasse o país inteiro de norte a sul era um sonho juvenil de Bernardo Sayão, ele era muito grato a JK pelo comando desse projeto”, comenta o jornalista e historiador Ronaldo Costa Couto, que está finalizando também um livro sobre esse grande desbravador brasileiro num projeto que consumiu quinze anos de pesquisa. “Eu tinha esse compromisso com o Bernardo Sayão, sempre me impressionei com sua figura, um personagem fascinante e surpreende da história de Brasília e do país”, destaca o escritor, que entrevistou mais de 100 pessoas. Bernardo Sayão tinha tanto prestígio em Goiás e seus trabalhos foram tão bem-sucedidos na região que, em 1954, chegou a vice-governador do Estado. Na verdade, governou os goianos por alguns meses, mas, genuíno homem de ação, achava aquela rotina de paletó, gravata, carimbo e papéis um tédio. Se havia uma coisa que o deixava desnorteado, angustiado, era o dia a dia de um escritório e sua teia de burocracia. O que não impediu que, em 1956, assumisse uma das diretorias da Novacap – a Administrativa -, que naquela época ficava no Rio de Janeiro. Antes de abraçar as obras em Brasília, Bernardo Sayão assumiu a direção administrativa da Novacap, que no começo de Brasília, era sediada no Rio de Janeiro. Foto: Arquivo Público do DF/Divulgação Mas por pouco tempo porque JK, ciente de seu dinamismo nas frentes de trabalho, na liderança de homens nos canteiros de obras, o queria em Brasília. Em outro livro que escreveu sobre a epopeia que foi a construção da nova capital, o clássico, “Brasília Kubistchek de Oliveira”, um best seller com mais de 80 mil edições vendidas, Ronaldo Costa Couto conta, com riqueza de detalhes, a chegada de Bernardo Sayão ao cerrado brasiliense. “Que dia o senhor quer que eu esteja aqui?”, perguntou ele a presidente Juscelino que exagera: “Ontem”. No dia seguinte, às 6h da manhã, lá estava Sayão de mala e cuia e duas crianças a tiracolo estacionando em frente ao Catetinho, que começava a ser erguido. “Pronto, chefe, aqui estou para cumprir suas ordens”, se apresentou, montando barraca embaixo da primeira árvore à vista. Paixão Aqui estando, o pioneiro não decepcionou o presidente, os peões que o elegeram líder nato e carismático, enfim, a nação brasileira. Tinha paixão, obsessão por construir estradas. Quando chegou ao Planalto Central, os trechos que aqui haviam eram de terra, ponte só as de improvisos, um perigo! Asfaltou tudo porque achava que as coisas para Brasília como comida, materiais de construção, tinham que vir de perto e muito rápido. Trouxe muita gente de Ceres, Anápolis e Goiânia para a construção da cidade. “Era o homem que implantava as coisas, fazia acontecer. Antes de Brasília, pouca gente sabe, mas ele já tinha deixado sua marca no interior do Rio de Janeiro, no Mato Grosso, no Paraná e foi essencial aqui como um dos primeiros a chegar, no convencimento dos candangos, porque ninguém queria vir para cá”, comenta Ronaldo Costa Couto. “Muito difícil de Brasília ter acontecido sem Sayão”, sentencia. Uma das estradas “rasgadas” por Sayão Foto: Arquivo Público do DF/Divulgação Os trabalhos de terraplanagem da rodovia Brasília-Goiânia começam com o gigante das estradas em 3 de novembro de 1956. Sob seu comando foram asfaltados ainda o trecho de 120 km entre Brasília-Anápolis e os 280 km que passam por Brasília-Cristalina-Paracatu. Também as saídas para São Paulo e Belo Horizonte, além de levantamento do traçado para rodovia do Nordeste rumo a Barreiras (BA). Os feitos de Bernardo Sayão como desbravador arrojado, tocador de obras e construtor de estradas correu os quatro cantos do Brasil. Mais do que isso, alcançou o mundo. Na prestigiada revista Life, o americano John dos Passos destacou seu estilo enérgico. Nas páginas das Seleções do Reader’s Digest, a jornalista e compatriota Virginia Prewett salientou o porte físico de Hércules do pioneiro. A escritora Rachel de Queiroz era uma admiradora confessa e, anos mais tarde, em 1967, no romance “Quarup”, o escritor Antônio Callado criaria um personagem inspirado em Sayão. “Ele era uma figura que exercia fascínio enorme sobre as pessoas, era como se fosse um imã, foi um dos principais desbravadores deste país, um pioneiro sem igual”, avalia Ronaldo Costa Couto. Para Jk – que nutria por Bernardo Sayão uma amizade fraterna, apesar de se conhecerem há pouco tempo -, o temperamento ativo, diligente desse bandeirante moderno com ares de Tarzan de uma selva de pedra que emergia do nada, sintetizava o ritmo da construção de Brasília, andava na cadência acelerada das obras. Rosto queimado de sol, suor escorrendo pela pele morena, passos acelerados sempre em movimento, em constante atividade, o pioneiro era a síntese do Brasil grande. Em Brasília, naqueles anos seminais, o rastro do trator na terra vermelha do cerrado significava rastros de Bernardo Sayão. “Reservava para si as tarefas mais árduas e perigosas e as executavas com seu inextinguível bom humor”, escreveu JK em suas memórias, “Por que construir Brasília”. “A beleza viril do físico privilegiado combinava com invejável formação moral. Era bom por natureza, bravo por instinto”, continuaria. Medo de onça e de índio Mas até os bravos heróis também tombam e quando isso acontece, eis que surge de seus restos, enfim, da figura que se foi um dia, a sombra imponente de um mártir, o símbolo maior de uma causa, um propósito. E, Bernardo Sayão se tornou o grande mito da interiorização da capital do Brasil. Um mito eternizado pela morte trágica no meio da selva amazônica. Reza a lenda que, no começo da Belém-Brasília, os homens estavam com medo de rasgar a estrada no meio da selva porque diziam que ali era o caminho das onças, que os índios iam atacar todo mundo. Desbravador de coragem inabalável, Bernardo Sayão conquistou a confiança dos trabalhadores, impingindo o sentido de dever acima de tudo. No dia em que o estrondo no meio da selva silenciou os trabalhos na região, causando sua morte fatal, cerca de três mil homens estavam embreados mata adentro na missão de concluir a estrada. Trecho próximo do trágico e fatal acidente. Foto: Arquivo Público do DF/Divulgação Era uma massa fiel de operários que choraram em peso, claro, a perda do líder que ali agora se encontrava agonizando diante de parte deles com o crânio quebrado, fraturas expostas nas pernas e braços, sangue esvaindo aos cântaros. Sayão morreu com a cabeça no colo de um amigo, a bordo de um helicóptero, no leito da tão sonhada estrada prestes a ser finalizada. No dia seguinte ao acidente, dia 16, a notícia da morte do herói pegou todos de surpresa, se espalhou como rastilho país afora, comovendo toda uma nação. Diante da notícia, o presidente Juscelino se desespera, reza, chora. Quando o corpo chegou à cidade, a comoção era geral. O velório, na capela Dom Bosco, e a missa de corpo presente, no Santuário Nossa Senhora de Fátima, ali na 705/905, levou uma multidão de curiosos que queria prestar última homenagem ao pioneiro guerreiro. Como a família não permitiu que se abrisse o caixão, muitos duvidaram que Bernardo Sayão, de fato, havia morrido. Alguns chegaram a dizer que ele havia sido raptado pelos selvagens de uma tribo localizada às margens da Belém-Brasília. “Minha avó não permitiu que o caixão fosse aberto porque temia a dilaceração do corpo. Queria para si a imagem da virilidade”, conta, anos depois, o neto Sérgio de Sá. “Mas ele morreu mesmo, um tio meu teve que fazer o reconhecimento da vala em que ele foi enterrado por conta de uma enchente no cemitério e constatou lá os restos dele”, garante. Campo da Esperança Por uma dessas ironias que só o destino é capaz de pregar, Bernardo Sayão foi a primeira pessoa a ser enterrada no cemitério de Brasília, mais tarde batizado de Campo da Esperança. O mesmo que, menos de dois anos antes, ele havia riscado os seus limites. À beira do túmulo, bastante comovido, JK discursa ciente de que dá adeus não só a um líder carismático querido pelos peões, mas à personificação de um Brasil marcado pela força, aventura e bravura, simbolizada, naquele momento, pela construção de Brasília. “Quando Bernardo Sayão morreu, Brasília era um super canteiro de obra, mas naquele dia a cidade parou para chorar o grande ídolo dos candangos, que ficou órfã dessa grande figura”, destaca Ronaldo Costa Couto. Em 31 de janeiro de 1959, dezesseis dias após a morte de Sayão, as frentes norte e sul finalmente se encontram, dando fim aos 2.240 quilômetros da Belém-Brasília. Uma aventura marcada por perigos e tragédia que, passados 60 anos, ainda habita o inconsciente de milhares de brasileiros. Hoje chamada, merecidamente de Rodovia Bernardo-Sayão, a pista concretizou o sonho de JK de ligar os extremos do país. “Bernardo Sayão foi uma figura maior da história brasileira, era uma força da natureza que tinha grande paixão pelo Brasil”, finaliza Ronaldo Costa Couto.

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Athos Bulcão e sua galeria de arte a céu aberto

Fotos: Divulgação/Fundação Athos Bulcão As pessoas nem se dão conta, mas todas as noites, de forma sorrateira, o artista plástico Athos Bulcão – falecido em julho de 2008, aos 90 anos – é presença garantida nos lares dos brasileiros. E no horário nobre. Basta ligar a TV e vê-lo, durante os noticiários, no Salão Verde do Congresso Nacional, entre a rodoviária do Plano Piloto e os ministérios e até, veja só, nas audiências do Superior Tribunal Federal (STF). Nesses espaços e em mais de 200 outros do DF, as obras  dele surgem no dia a dia das pessoas e da cidade de forma sutil, imprimindo, tal qual uma identidade digital própria, marcante estética visual à capital. “Ele foi o principal colaborador nas obras de complementação arquitetônica do Oscar Niemeyer”, destaca o jornalista Sérgio Moriconi, diretor de curta-metragem Athos (1998), que tem o artista como tema central. “A importância fundamental dele foi ter deixado uma identidade visual na cidade, criando um alfabeto próprio a partir das obras de azulejaria. Quando a gente bate o olho, já sabe que é Brasília. E não apenas os azulejos – nem precisa falar dos cubos do Teatro Nacional”, avalia. O talento de Athos Bulcão vai além da simetria geométrica colorida, alegre e leve dos marcantes azulejos que, de tão simples, mas onipresentes, parecem quase de casa. Artista múltiplo que dominava várias linguagens e técnicas que iam das colagens fotográficas a desenhos, passando pelas obsessivas máscaras, esse pioneiro das artes em Brasília fez da capital federal uma galeria a céu aberto, com com sua criatividade. São pinturas, desenhos, gravuras, relevos em madeira e concreto e, claro, os líricos azulejos, que se fundem em perfeita harmonia e integração entre arte e arquitetura. Não há direção em que se olhe no DF que não sinalize um trabalho do artista. Infelizmente, muitas pessoas desconhecem o autor dessas obras – mesmo convivendo, diariamente, com as intervenções coloridas presentes nas paredes do Cine Brasília ou no Teatro Nacional, bem como nos templos, fachadas de prédios comerciais e residenciais, escolas, hospitais e até no aeroporto. “É uma loucura o que tem de trabalho de Athos Bulcão em Brasília. É o artista com mais obras públicas no mundo numa única cidade”, valoriza o jornalista, escritor e também artista plástico Bené Fonteles, que foi grande amigo de Athos Bulcão. “Tínhamos uma relação profunda. Brasília tem que agradecer todos os dias por ter tido um artista como o Athos Bulcão, que povoou essa cidade de cabo a rabo com seu talento e sensibilidade”. Pioneirismo Talvez o primeiro nome das artes, de fato, a chegar ao Planalto Central, em 1957, Athos Bulcão se apaixonou logo de cara pela imensidão do Cerrado e sua ausência de paisagem, vislumbrando um cenário de infinitas possibilidades para exercitar sua verve criativa. Imagine um artista ter uma cidade inteira a seu dispor para embelezar, criar, trabalhar, integrar a uma arquitetura modernista que correu o mundo. Assim foi com Athos Bulcão. E ele não decepcionou. Veio, assim como tantos outros na época, a convite do arquiteto Oscar Niemeyer, a quem conheceu em 1943, transitando entre a nata cultural do Rio de Janeiro, onde nasceu. Era de família abastada, e o pai, um industrial ligado à siderurgia, já tinha um filho engenheiro e queria o outro médico. Assim, Athos chegou a cursar três anos de medicina, mas logo percebeu que estava tomando o rumo errado. Largou tudo e foi estudar na França, de onde voltou com bagagem de sobra para iniciar carreira brilhante nas artes plásticas. “Ele dizia que seria péssimo médico, e, pelo bom artista que era, tinha razão”, comentou certa vez, em um documentário, Valéria Cabral, diretora da Fundação Athos Bulcão, criada em 1992 com o intuito de manter viva a obra do artista. Azulejos Nos anos 1940, convidado pelo pintor Cândido Portinari, Athos trabalhou como assistente na execução do painel de São Francisco de Assis, na Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte (MG). Para muitos, aquele foi o projeto que deu início a Brasília. Ao Planalto Central, ele já chegou causando espanto. Faltavam ainda dois anos para a inauguração da nova capital e Athos já havia concluído alguns de seus trabalhos mais emblemáticos, como os azulejos da Igreja Nossa Senhora de Fátima ( a Igrejinha), da 308 Sul. Reza a lenda que um dia Oscar Niemeyer lhe apresentou os rascunhos daquele “chapéu de freira” e ele comentou, já planejando o que queria fazer para os murais da Igrejinha, que seria o seu primeiro trabalho em Brasília: “Acho que o Brasil já tem igrejas opressoras demais. Eu queria que essa igreja tivesse a mágica de uma noite de São João”. Assim foram reproduzidas, valorizadas por seu talento, as intervenções simbólicas da fé católica: a pomba, representando o Espírito Santo, e a estrela, referência ao astro que guiou os três reis magos até o menino Jesus. Nos anos 1970, seguindo os passos do amigo Niemeyer, Athos deixaria sua marca registrada em vários pontos do mundo. Onde tinha um traço do arquiteto modernista, lá estava presente Athos Bulcão com seu lirismo geométrico, nas embaixadas da Argentina, Cabo Verde, Nigéria e Índia, bem como em prédios privados e públicos da Itália. Tornou-se um artista reconhecido em nível internacional, lembra Bené Fonteles. “Artista eu era, pioneiro me fiz”, declarou Athos certa vez, orgulhoso de sua condição. “Devo a Brasília este sofrido privilégio, realmente um privilégio. Ser pioneiro. Pureza que gera espírito. Um prêmio moral”. Serviço No site da Fundação Athos Bulcão, é possível encontrar produtos com a marca do artista.                

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