Servidores da rede pública do DF que atendem estudantes com altas habilidades são homenageados
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) promoveu, nesta segunda-feira (1º/9), uma sessão solene em homenagem aos profissionais da rede pública que atuam no atendimento educacional especializado a estudantes com altas habilidades e superdotação (AH/SD). O evento reuniu mais de cem homenageados, seus familiares, professores e autoridades da educação inclusiva. Durante a cerimônia, os servidores receberam moções de louvor em reconhecimento ao trabalho desenvolvido ao longo de quase 50 anos na rede pública de ensino. A sessão contou com a presença de autoridades da educação inclusiva e legislativa. Estiveram presentes a subsecretária de Educação Inclusiva e Integral (Subin) da Secretaria de Educação (SEEDF), Vera Barros; a pesquisadora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) e a presidente do Conselho Mundial para Crianças Superdotadas e Talentosas (WCGTC), professora Denise Fleith; e o deputado distrital Eduardo Pedrosa, além de gestores, professores, servidores e familiares dos homenageados. Solenidade homenageou professores, psicólogos, pesquisadores e servidores especializados em altas habilidades e superdotação | Fotos: Mary Leal/SEEDF "Gostaria de abordar a relevância desta homenagem aos professores de atendimento especializado. Desejo destacar o valor inestimável do trabalho desenvolvido por eles junto aos estudantes da rede de atendimento especializado", afirmou Vera Barros. A subsecretária ressaltou ainda que o trabalho envolve toda uma equipe multidisciplinar. "Este trabalho é fundamental e envolve a avaliação de nossos alunos por toda a equipe: professores, equipe de apoio, salas de recursos e escolas polo. Vejo esta homenagem como uma oportunidade de fortalecer essa importante temática." [LEIA_TAMBEM]Apoio acadêmico A professora Denise Fleith ressaltou a longevidade e a qualidade do serviço especializado no DF: "Esse atendimento, que existe há quase 50 anos, ininterruptamente, contou com a atuação de muitos profissionais de alta qualidade. Tenho certeza de que o trabalho realizado transformou a vida de milhares de estudantes do Distrito Federal." O evento também recebeu uma mensagem especial do psicólogo norte-americano Joseph Renzulli, criador da Teoria dos Três Anéis de Superdotação e do Modelo de Enriquecimento Escolar, metodologia utilizada na rede pública de ensino do DF. Por meio da professora Denise Fleith, Renzulli parabenizou a iniciativa. "O trabalho realizado, certamente, tem feito a diferença na vida de muitas crianças e adolescentes superdotados." Giordano Bazzo, jornalista especializado na cobertura de AH/SD: "Desde que comecei a abordar essa pauta, percebi a necessidade urgente de dar mais visibilidade ao tema, já que muitas crianças com AH/SD ainda não são reconhecidas" Voz da comunicação O gestor de Comunicação da SEEDF, Giordano Bazzo, jornalista especializado na cobertura de AH/SD na rede pública do Distrito Federal, recebeu moção de louvor pelos serviços à população do DF, por ocasião do Dia do Profissional das Altas Habilidades e Superdotação. "Desde que comecei a abordar essa pauta, percebi a necessidade urgente de dar mais visibilidade ao tema, já que muitas crianças com AH/SD ainda não são reconhecidas. Em 2024, o Dia do Profissional das Altas Habilidades e Superdotação não constava no calendário escolar, mas conseguimos incluí-lo neste ano. Este evento é mais um passo para ampliar a discussão sobre o assunto", comentou. Valorização O deputado distrital Eduardo Pedrosa, responsável pela proposta da homenagem, enfatizou a importância do reconhecimento. "A gente precisa reconhecer o trabalho que foi feito por essas pessoas. Muitos aqui deixaram um legado, e hoje já estão aposentados. Outros estão em atividade, fazendo o seu melhor, mesmo diante de diversas dificuldades", disse. *Com informações da Secretaria de Educação (SEEDF)
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DF conta com mais de 40 salas especiais para desenvolvimento de estudantes com altas habilidades
No Dia do Profissional de Altas Habilidades e Superdotação, a história da estudante Emily Nogueira, 15 anos, ganha destaque. Desde pequena, ela já apresentava um interesse superior no conteúdo escolar em comparação aos outros colegas. A vontade de aprender matemática, biologia, física, entre outras disciplinas, além da facilidade em absorver novos conhecimentos, sinalizou aos professores que a menina poderia ter altas habilidades. Ela, então, foi indicada para o programa de Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) da Secretaria de Educação (SEEDF) e, em 2019, passou a ser atendida na sala de recursos da Escola Classe (EC) 64 de Ceilândia. Ex-aluno da EC 64 de Ceilândia, Marlon Santos, atualmente, leciona para as turmas de altas habilidades: “Uns gostam muito de matemática, outros de dinossauro, história, geografia, e acabamos embarcando em todo esse leque de conhecimento” | Fotos: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília A experiência tem sido enriquecedora, segundo Emily. Entre os principais feitos, a estudante destaca a participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) e a conquista do segundo lugar na etapa distrital do Circuito de Ciências com um projeto sobre aves silvestres. “Foi um trabalho incrível de fazer”, relata a jovem. “É uma sala que engloba qualquer aspecto, qualquer talento que você queira desenvolver. Abre muitas portas para todos os alunos e vai nos ajudar a conseguir bolsas para estudar em escolas, colégios e faculdades melhores.” Habilidades estimuladas Atual polo de altas habilidades da Regional de Ensino de Ceilândia, a EC 64 atende cerca de 180 estudantes de 4 a 17 anos. A unidade conta com duas professoras na área de talentos, duas na área acadêmica do ensino fundamental inicial e dois professores na área acadêmica do ensino fundamental final e ensino médio. As atividades são voltadas para temas acadêmicos ou artísticos, conforme demanda, com orientação individualizada ou por pequenos grupos. “Cada estudante vem com uma habilidade”, explica o professor Marlon Santos, que estudou na instituição e voltou como docente há mais de uma década. “Uns gostam muito de matemática, outros de dinossauro, história, geografia, e acabamos embarcando em todo esse leque de conhecimento. Isso é muito importante, porque eles trabalham o que mais gostam — e desenvolvem, de uma maneira muito especial, os projetos.” O aluno com altas habilidades ou superdotação é aquele que apresenta um potencial elevado em uma ou mais áreas da capacidade humana – intelectual, acadêmica, de liderança, psicomotricidade e artes — e particularidades em relação ao ritmo e complexidade, sendo comum a aprendizagem rápida e sem necessidade de repetição. Definindo interesses Carolina Kill: “Me sinto mais compreendida porque sou diferente dos outros e aqui vejo que tem gente que consegue me entender, me ajudar e me incentivar a ir longe” A facilidade em absorver conteúdos também foi motivo para a estudante Carolina Kill, 16, ser encaminhada para a sala de recursos. Matriculada na rede privada, ela conseguiu a vaga na EC 64 em 2019 e, desde então, desenvolveu diversos projetos na área de ciências exatas. “Estar aqui é incrível, é uma experiência muito diferente, inovadora e nos abre diversas portas”, comemora. “Me sinto mais compreendida porque sou diferente dos outros e aqui vejo que tem gente que consegue me entender, me ajudar e me incentivar a ir longe.” Christian de Freitas: "Aqui é um bom ambiente justamente para isso, para ter a liberdade de aprofundar um tópico de interesse” Poder inovar na área de estudo é a melhor parte da sala de recursos para o estudante Christian de Freitas, 17. “Na escola regular, ficamos presos às mesmas matérias, sempre as mesmas coisas, sem poder desenvolver de fato o que a gente gosta”, observa ele, que tem investido em ideias relacionadas à música e à advocacia. "E aqui é um bom ambiente justamente para isso, para ter a liberdade de aprofundar um tópico de interesse.” A mãe de Christian, Gedeane Nascimento, 39, avalia como essencial o programa da SEEDF na formação do jovem. Ela conta que, antes de saber do talento, ele convivia com críticas e rejeições por parte dos colegas. Hoje, está em um ambiente que o acolhe e o incentiva. “Desde pequeno ele chamava atenção na escola por ser muito inteligente — e perdia o interesse na aula por já ter entendido tudo”, lembra. “A sala contribui demais com o nosso dia a dia, ele está com pessoas que o entendem." Rede pública “A Secretaria de Educação entende que cada um desses estudantes possui um potencial único a ser desenvolvido e que a educação deve oferecer ambientes estimulantes e acolhedores para isso” Lucilene Gomes, gerente de Atendimentos Pedagógicos em Deficiências Sensoriais e Surdez da SEEDF Atualmente, o DF conta com 46 salas de recursos específicas para AH/SD, organizadas em 113 turmas, localizadas em 30 escolas-polo que cobrem todas as 14 coordenações regionais de ensino. As atividades ocorrem, geralmente, uma vez por semana, com encontros de 4 a 5 horas de duração, em turmas reduzidas com até sete estudantes. “A Secretaria de Educação entende que cada um desses estudantes possui um potencial único a ser desenvolvido e que a educação deve oferecer ambientes estimulantes e acolhedores para isso”, aponta a gerente de Atendimentos Pedagógicos em Deficiências Sensoriais e Surdez e AH/SD da SEEDF, Lucilene Barbosa Gomes. O DF segue a definição de Altas Habilidades/Superdotação contida na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Inclusão Educacional, publicada em 2008. O referencial teórico utilizado é o Modelo dos Três Anéis, proposto pelo psicólogo americano Joseph Renzulli. Com base no autor, a visão de superdotação é resultado da interação de três fatores: habilidade acima da média, envolvimento com a tarefa e criatividade. “Diante disso, o estudante com AH/SD deve ser reconhecido em sua singularidade e ter garantido o acesso a práticas pedagógicas diferenciadas, que favoreçam a ampliação de seus talentos, interesses e competências”, complementa a gerente da SEEDF. Valorização As atividades promovidas visam a garantir um espaço de pertencimento, estímulo e valorização dos potenciais. São desenvolvidos projetos em diversas áreas, como linguagens e ciências humanas, ciências exatas e naturais, artes visuais e cênicas, música, robótica e informática. A assistência é feita por professores especializados, psicólogos e professores itinerantes com foco no potencial individual dos discentes. [LEIA_TAMBEM]O atendimento é voltado a estudantes de 4 a 17 anos, podendo se estender até o final do ensino médio ou da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A prioridade é para a rede pública, com reserva de 90% das vagas. Os 10% restantes são reservados para a rede privada, desde que os alunos cumpram o mesmo processo de indicação e avaliação. O ingresso no programa segue um processo estruturado de identificação e avaliação. Primeiro, os indícios de AH/SD precisam ser identificados por professores, familiares ou pelo próprio aluno. Depois, o responsável deve preencher a ficha de indicação, disponível no site da pasta, e entregar na Coordenação Regional de Ensino (CRED) da região ou diretamente ao professor itinerante responsável pela escola-polo. Por fim, ocorre a avaliação do aluno, com duração de até 16 encontros. O processo é conduzido por uma equipe multidisciplinar formada por professores e psicólogos, com base na Teoria dos Três Anéis de Joseph Renzulli. Caso o perfil de AH/SD seja confirmado, o estudante é então matriculado na sala de recursos e pode permanecer nela até o fim de sua trajetória escolar na rede pública. Acesse a ficha de indicação. Para saber mais, visite o site da SEEDF.
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Educação promove formação voltada ao atendimento de estudantes com altas habilidades
A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), por meio da Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin), ofereceu uma formação especializada para docentes que atuam com estudantes com altas habilidades/superdotação (AH/SD). O evento ocorreu na sede da Pasta, no auditório Neusa França, com a presença da subsecretária Vera Barros e com destaque para a palestra da doutora Ângela Virgolim, referência nacional em superdotação. “É fundamental tirar a criança do estado de não reconhecimento das próprias habilidades e oferecer oportunidades reais para que esse potencial floresça”, afirmou Ângela Virgolim, ao destacar a importância do atendimento educacional especializado. A palestrante fez uma reflexão sobre o papel social do trabalho desenvolvido. "Queremos formar pessoas que são reservatórios da nossa sociedade em termos de talentos, para que o Brasil tenha sempre a quem recorrer quando precisar de resolução de problemas nos mais variados níveis e áreas". Palestrante Ângela Virgolim, referência nacional em superdotação, destacou a importância do atendimento educacional especializado na rede pública do DF | Fotos: Mary Leal/SEEDF Formação docente O evento marcou o encerramento de um ciclo de capacitação voltado para professores itinerantes e psicólogos. Rachel Souza Rabelo, educadora itinerante do Atendimento Educacional Especializado de Altas Habilidades no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 08 de Sobradinho, disse que a formação representa mais do que uma atualização técnica. “A formação articula saberes e fortalece o sentimento de rede, e a participação dos educadores é importante. Os profissionais vão mudando, as salas se atualizando, e esse contato é essencial não só para aprender novas metodologias, mas também para fortalecer os vínculos entre os polos do Distrito Federal”. Atendimento especial Atualmente, o DF possui salas de altas habilidades em todas as Coordenações das Regionais de Ensino (CREs), com especialidades nas áreas de linguagens, matemática e robótica. O trabalho desenvolvido tem ganhado destaque pela forma diferenciada de atendimento. Lucilene Gomes, responsável pela Gerência de Atendimentos Pedagógicos em Deficiências Sensoriais e Surdez (DA/DV) e AH/SD, ressaltou a importância dos profissionais presentes no evento. Evento contou com a presença de 51 profissionais da rede pública de ensino do DF e marcou o encerramento de um ciclo de capacitação voltado para professores itinerantes e psicólogos "Eles fazem esse atendimento educacional especializado, que é um atendimento suplementar que a rede dispõe para os estudantes que têm altas habilidades ou superdotação", explicou. Para a gerente, o trabalho nas salas específicas de AH/SD exige muito conhecimento. "É um trabalho que exige sensibilidade, técnica e, acima de tudo, escuta ativa. Esses profissionais ajudam os alunos a se reconhecerem, a pertencerem e a florescerem. Transformam dons e habilidades em potência criativa, talentos em projetos de vida e singularidades em caminhos de realização pessoal e social", afirmou. A palestrante Ângela Virgolim, que atua na capacitação de docentes da Secretaria desde o final da década de 1990, demonstrou emoção ao falar sobre o desenvolvimento da área. "É emocionante ver onde eles chegaram com o trabalho que têm feito. Acompanho o trabalho da Secretaria no dia a dia e percebo o quanto são pessoas que estudaram e se comprometem com esse conhecimento". A palestrante ressaltou ainda a importância da formação continuada dos profissionais. "Não podemos deixar os professores sozinhos, temos que trazê-los para refletir. Eles precisam entender o papel deles e entender essa cabecinha, esse ser humano lindo que chega para ser formado por eles", concluiu. *Com informações da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF)
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Alteração na Lei do Voluntariado é publicada no DODF
Foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), na manhã desta quinta-feira (19), a alteração da Lei nº 3.506, de 20 de dezembro de 2004, que cria o voluntariado junto ao Serviço Público do Distrito Federal e orienta para a inclusão da formação teórica e prática do Educador Social Voluntário (ESV). Essa medida também orienta a atuação da equipe gestora e pedagógica da unidade escolar no processo de inclusão dos estudantes. A Lei passa a vigorar acrescida do artigo 2º-A, que trata da dinâmica profissional do ESV assim como devem auxiliar e acompanhar estudantes da educação especial, com deficiência, com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e com Síndrome de Down – SD. Além destes, o texto também apresenta informações sobre o exercício das atividades diárias com estudantes com altas habilidades ou superdotação, mediante ações de formação teórica e prática disponibilizadas. A medida também orienta a atuação da equipe gestora e pedagógica da unidade escolar no processo de inclusão dos estudantes | Foto: Divulgação/SEEDF “A Formação poderá melhorar de forma significativa o serviço prestado pelos ESVs, podendo resultar, de fato, em um atendimento mais qualificado e inclusivo aos Estudantes. Oferecer formação é uma excelente maneira de valorizar o trabalho voluntário, reconhecendo a importância e impacto que o ESV tem no atendimento nas Instituições educacionais públicas”, explica Carlos Ney, chefe da Unidade de Apoio às Coordenações Regionais de Ensino (Unicre). Entre os tópicos publicados, estão a formação sobre educação especial e educação inclusiva; a formação relacionada à interação ou alteração comportamental e à socialização do estudante com deficiência, TEA, altas habilidades ou superdotação; a formação sobre intervenções no campo da tecnologia assistiva como promoção de acessibilidade; visitas presenciais a instituições, escolas e entidades que prestem atendimento e assistência aos estudantes com deficiência, TEA, SD, altas habilidades ou superdotação. Além dos pontos salientados, aplica-se o disposto na publicação à formação teórica e prática para os docentes do sistema público de ensino do Distrito Federal, por meio de programas de formação continuada. A formação teórica e prática para o ESV deve ocorrer durante o processo de convocação e de formação do Programa Educador Social Voluntário. Por último, o Diário Oficial do DF destaca que no processo de análise curricular dos critérios de seleção e classificação do Programa Educador Social Voluntário, deve ser incluído campo com pontuação a ser atribuída para candidatos que tenham experiência comprovada na atuação em escolas, entidades ou instituições que prestem atendimento e assistência aos estudantes com deficiência, TEA, SD, altas habilidades ou superdotação. *Com informações da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF)
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Alunos com altas habilidades têm atendimento especializado na rede pública do DF
Na Secretaria de Educação (SEEDF), o Atendimento Educacional Especializado (AEE) prestado ao aluno com altas habilidades/superdotação (AH/SD) é de responsabilidade da Gerência de Atendimentos Educacionais Especializados (Gaesp) da Diretoria de Educação Inclusiva e Atendimentos Educacionais Especializados (Dein), vinculada à Subsecretaria de Educação Inclusiva e Integral (Subin). “A gente trabalha com todo tipo de linguagem”, explica o professor Leandro Vasconcelos Nunes Monteiro (D), com a aluna do CEF 08 de Sobradinho Maria Clara Costa Silva | Foto: Felipe Noronha/SEEDF “O compromisso da SEEDF com o atendimento aos alunos com altas habilidades/ superdotação reflete nossa convicção de que cada estudante possui um potencial único a ser desenvolvido”, afirma a subsecretária de Educação Inclusiva e Integral, Vera Lúcia Ribeiro. “Por meio das salas de recursos específicas, os estudantes recebem o apoio necessário para potencializar seus talentos e habilidades acadêmicas, artísticas e atléticas, com profissionais habilitados e capacitados, dispondo de uma estrutura adequada para atender às necessidades específicas de cada aluno”. Salas de recursos As salas de recursos específicas de AH/SD são organizadas em polos com as turmas da área acadêmica ou de talento artístico, conforme a demanda. Além disso, as equipes de AH/SD de cada coordenação regional de ensino (CRE) devem contar com um psicólogo especialista para atender todos os estudantes do polo e familiares. O atendimento, previsto para alunos desde os primeiros anos da educação infantil até o último ano do ensino médio, incluindo a Educação de Jovens e Adultos (EJA), ocorre uma vez por semana, no contraturno, com a duração de quatro horas). Para ingressar no AEE e frequentar a Sala de Recursos Específica, o aluno deve ser identificado com AH/SD. O processo de identificação desses estudantes tem início na observação de comportamentos sugestivos, o que leva a uma posterior indicação ao AEE. A indicação ao AEE pode ser feita pelo professor ou familiares do aluno, sendo formalizada por uma ficha de indicação que deve ser entregue na CRE pretendida ou em um polo de atendimento. As alunas do 6º ano do CEF 08 de Sobradinho Pyetra Eduarda Souza dos Anjos, 11, e Ester Pessoa de Sousa, 12, solicitaram à direção da escola participação na Sala de Recursos de Robótica. A professora itinerante fez a indicação e, atualmente, elas estão em processo de avaliação. Se forem identificados os comportamentos sugestivos de AH/SD, poderão frequentar o atendimento especializado até o final do ensino médio. Ester, que quer ser advogada criminalista, gosta de construir robôs com peças de lego. “Faz mais ou menos um mês que eu venho pra cá”, conta. “Venho quando tem aula vaga e fico fazendo robótica. Eu queria participar do torneio do FLL [First Lego League]”. Talentos Utilizada nas avaliações, Teoria dos Três Anéis propõe que, para ser considerada com altas habilidades, a pessoa deve ter muita facilidade em alguma área, estar engajada nessa atividade e demostrar comportamento criativo na área de interesse Já na Sala de Talentos, Maria Clara Costa Silva, 16, aluna da 2ª série do ensino médio, foi indicada por uma professora em 2022. “Eu estava no 9º ano do ensino fundamental”, relata. “Uma vez, estava mexendo nos meus desenhos, e uma professora de Geografia pediu para vê-los, e aí me indicou. Eu preenchi um formulário e depois vim fazer a entrevista com o meu pai. Eles me aceitaram na hora”. Com os recursos materiais, o convívio com outros alunos com interesses semelhantes e a orientação do professor, ela viu suas habilidades atingirem novos patamares. Para o futuro, Maria Clara pretende ingressar na Universidade de Brasília (UnB) e se dedicar a algum curso relacionado a artes. Após o início do atendimento, o estudante passa por um período de observação, de quatro a 16 semanas, em que são avaliados os comportamentos sugestivos de altas habilidades/superdotação. Para essa avaliação, é utilizada como referência a Teoria dos Três Anéis, de Joseph Renzulli, segundo a qual, para a pessoa ser considerada com altas habilidades, ela deve ter muita facilidade em alguma área, estar engajada nessa atividade e demonstrar comportamentos criativos dentro dessa área de interesse. Se, depois dos 16 encontros, as altas habilidades/superdotação forem identificadas, o aluno permanecerá no AEE até o final do ensino médio. Os alunos matriculados em unidade escolar da rede privada de ensino passam por um processo semelhante. Devem preencher a ficha de inscrição e encaminhá-la para a CRE localizada na mesma região administrativa onde o estudante reside. Depois, devem aguardar o contato do professor itinerante, para que o processo de avaliação seja iniciado. Experiência transformadora Nayara Dias de Menezes relata como o atendimento especializado mudou a vida escolar de seu filho Rafael, hoje no 3º ano do ensino fundamental. O garoto frequenta a Sala de Recursos do CEF 08 de Sobradinho desde 2022, após um período desafiador em que se recusava a ir à escola. “Consegui o contato com uma professora que me encaminhou à coordenadora de Altas Habilidades/Superdotação”, lembra. “O acolhimento é essencial. Ter um filho com altas habilidades traz desafios diários, principalmente nos aspectos emocionais e sociais” Nayara Dias de Menezes, mãe de aluno “Iniciamos o processo quando Rafael tinha 5 anos, mas, devido à pandemia e às vagas limitadas para alunos de escolas particulares, ele só começou o atendimento aos 7 anos”, rememora. “O atendimento foi fundamental para a autoestima dele, ajudou-o no reconhecimento entre seus pares e potencializou suas habilidades. Houve uma redução significativa da ansiedade e um desenvolvimento da autonomia criativa. O acolhimento é essencial. Ter um filho com altas habilidades traz desafios diários, principalmente nos aspectos emocionais e sociais.” Equipe especializada “Estudantes com altas habilidades vivem um mundo interno rico e complexo. Essa percepção aguçada os torna mais sensíveis a nuances e emoções, o que pode gerar desafios como ansiedade e dificuldades de socialização. A parceria com os pais é essencial para garantir um acompanhamento integral e eficaz” Maria Luiza Macedo, psicóloga do CEF 08 de Sobradinho Para atender esses alunos, há mais de 80 profissionais especializados da rede pública do DF, entre professores das áreas específicas, psicólogos e professores itinerantes. O professor da Sala de Recursos passa por processo de aptidão e atua de acordo com a sua habilitação. Atualmente há salas de recursos específicas de AH/SD nas áreas de ciências humanas, linguagens, matemática e artes. “Dentro da sala, a gente trabalha com todo tipo de linguagem”, explica o professor Leandro Vasconcelos Nunes Monteiro, que leciona Artes Visuais na Sala de Recursos de Talentos do CEF 08 de Sobradinho desde 2012. “A gente trabalha com animação, com estrutura, com modelagem, pintura e, inclusive, computação gráfica, que é bem presente agora.” Atualmente, ele atende cerca de 50 alunos entre 11 e 18 anos, do 6º ano do ensino fundamental até a 3ª série do ensino médio. “Estudantes com altas habilidades vivem um mundo interno rico e complexo”, detalha a psicóloga Maria Luiza Macedo, do CEF 08. “Essa percepção aguçada os torna mais sensíveis a nuances e emoções, o que pode gerar desafios como ansiedade e dificuldades de socialização. Muitas vezes, sentem-se incompreendidos por seus pares e carregam a responsabilidade de sempre serem os melhores. No meu trabalho, busco criar um espaço seguro para que expressem seus sentimentos e desenvolvam habilidades para lidar com as altas expectativas e as comparações constantes. A parceria com os pais é essencial para garantir um acompanhamento integral e eficaz.” Professor itinerante Também ganha destaque nesse processo o professor itinerante, que atua como articulador entre os diversos segmentos da comunidade educacional, estabelecendo conexões estratégicas entre a Diretoria de Educação Especial, as salas de recursos, as unidades escolares, as famílias e as CREs. Seu papel abrange tanto o suporte pedagógico quanto o administrativo, sendo fundamental na coleta e análise de dados, no acompanhamento individualizado dos estudantes e na orientação especializada a professores e familiares. Para exercer a função de professor itinerante, é necessário possuir formação específica em AEE, com ênfase no trabalho com alunos superdotados. Além da formação, o profissional deve obter uma concessão de aptidão para atuar na educação especial, particularmente nas salas de recursos para altas habilidades/superdotação. Esta concessão é feita por uma banca examinadora, durante o processo de concurso de remanejamento. Famílias participam “O atendimento ao estudante com AH/SD é um assunto que tem entrado na pauta, não só das escolas, mas das famílias também”, pontua a professora itinerante Rachel Souza Rabelo, do CEF 08 de Sobradinho. “São estudantes que precisam de uma suplementação curricular, pois seus interesses vão além dos conteúdos acadêmicos trabalhados em sala de aula.” O trabalho, segundo ela, vai além do atendimento direto ao aluno: “Realizamos um apoio integral à família do aluno com AH/SD, abordando questões emocionais e orientando os professores do ensino regular sobre as necessidades específicas desses estudantes e as adaptações necessárias em sala de aula”. A diretora de Educação Inclusiva e Atendimentos Educacionais Especializados, Dulcinete Castro Nunes Alvim, ressalta a importância dessa interação: “Nós temos resultados fantásticos desses trabalhos realizados”. Segundo ela, os projetos desenvolvidos nesses atendimentos demonstram o potencial dos alunos em diversas áreas, como saúde, educação e tecnologia. A diretora assegura que esses jovens podem contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade. *Com informações da Secretaria de Educação
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Dia do Profissional de Altas Habilidades e Superdotação é celebrado nesta terça (20)
No Distrito Federal, o atendimento educacional especializado para estudantes com altas habilidades e superdotação (AH/SD) é uma prática consolidada desde 1976. Ao longo de quase cinco décadas, o DF tem sido um verdadeiro celeiro de profissionais dedicados, que oferecem suporte pedagógico e emocional não apenas aos estudantes, mas também às famílias. Atualmente, cerca de 2.000 estudantes com AH/SD são atendidos no DF por profissionais especializados. Em reconhecimento à importância desses profissionais foi instituído no DF, o Dia do Profissional de Altas Habilidades e Superdotação | Foto: Acervo pessoal Em reconhecimento à importância desses profissionais e buscando dar visibilidade a essa atividade tão importante foi instituído no Distrito Federal, por meio da Lei nº 6.919/2021, o Dia do Profissional de Altas Habilidades/Superdotação. De maneira geral, a primeira coisa que se pensa quando se fala em altas habilidades ou superdotação é o estereótipo de uma pessoa genial, com feitos intelectuais notáveis. Contudo, as questões socioemocionais são tão importantes de serem trabalhadas quanto promover o avanço cognitivo, pois ajudam a garantir que o estudante se desenvolva de forma equilibrada e saudável. Por isso, o papel da família, da escola e dos profissionais da educação é fundamental para o pleno desenvolvimento desses alunos. “É esse profissional, com seu contato diário com os alunos, que pode perceber os primeiros sinais de um potencial elevado e iniciar o processo de identificação. Muitos estudantes com Altas Habilidades/Superdotação não são encaminhados para os programas adequados e, em alguns casos, são erroneamente vistos como ‘estudantes problemáticos’” Saron Gomes Batista, professora itinerante no AEE Para reforçar esse atendimento, em 2005, a Secretaria de Educação do DF (SEE-DF) criou os Núcleos de Altas Habilidades, chamados de ‘salas de recursos’, que são espaços pedagógicos conduzidos por equipes especializadas compostas por professores das áreas específicas, além de pedagogos, psicólogos e professores itinerantes que atendem estudantes com AH/SD de 4 a 17 anos das unidades públicas e da rede privada. Neste espaço, 70% das vagas são destinadas para a rede pública e 30% para as escolas particulares. As atividades ocorrem uma vez por semana, no contraturno escolar. O professor itinerante desempenha um papel crucial na articulação entre a área de superdotação e as várias instâncias educacionais, como a diretoria de educação especial, as salas de recursos, as escolas, as famílias e as coordenações regionais de ensino. Além de oferecer suporte pedagógico e administrativo, esse profissional coleta dados, encaminha estudantes, orienta famílias e professores, participa de estudos de caso e busca continuamente alternativas para melhorar a qualidade do atendimento. Saron Gomes Batista é professora itinerante no Atendimento Educacional Especializado (AEE) da SEE-DF há 26 anos, onde acompanhou de perto o desenvolvimento de diversos estudantes com AH/SD. Hoje, ela atua nas salas de recursos de Ceilândia. Para a professora, uma das tarefas mais importantes e de extrema responsabilidade é a identificação de estudantes com AH/SD, na qual o papel do professor é central. “É esse profissional, com seu contato diário com os alunos, que pode perceber os primeiros sinais de um potencial elevado e iniciar o processo de identificação. Muitos estudantes com altas habilidades/ superdotação não são encaminhados para os programas adequados e, em alguns casos, são erroneamente vistos como ‘estudantes problemáticos’”, afirma. Atualmente, a rede pública do DF possui 46 salas de recurso específicas de AH/SD, com 92 turmas. Essas salas estão organizadas em 28 escolas polos, distribuídas em 14 coordenações regionais de ensino do DF: Brazlândia, Ceilândia, Gama, Guará, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Plano Piloto, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho e Taguatinga. A professora itinerante Gizelle Pires Ferreira Mendes também é uma das nove profissionais que atuam no polo localizado na Escola Classe 64 de Ceilândia. Para ela, um desafio significativo é a sensibilização e capacitação de toda a comunidade escolar. Muitos ainda não compreendem a importância de um atendimento especializado e acabam tratando esses alunos de forma homogênea, sem levar em conta suas especificidades. Isso pode gerar desmotivação e até frustração nos estudantes com AH/SD, que se sentem subaproveitados em suas capacidades. A importância do profissional de altas habilidades/ superdotação na rede pública é indiscutível. Ele não só contribui para o sucesso acadêmico dos estudantes, mas também para sua formação integral, preparando-os para enfrentar os desafios da vida de forma segura e consciente de suas capacidades. O reconhecimento e valorização desse profissional são essenciais para que a educação pública possa oferecer um ensino de qualidade, inclusivo e equitativo para todos os estudantes. *Com informações da SEE-DF
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Governador recebe visita de jovem brasiliense com superdotação e altas habilidades
O governador Ibaneis Rocha recebeu, nesta segunda-feira (3), a visita do jovem brasiliense Ryan Maia, de 12 anos, diagnosticado com superdotação e altas habilidades. Ryan mora em São Paulo, está de passagem por Brasília e esteve no Palácio do Buriti para conversar com o chefe do Executivo sobre seus projetos. Ex-aluno da rede pública do DF, Ryan Maia atualmente toca projetos como escritor e palestrante. Ele está em Brasília para fazer exames e rever a família e aproveitou a passagem para se encontrar com o governador Ibaneis Rocha. O governador Ibaneis Rocha e Ryan Maia conversaram sobre os planos do menino | Foto: Renato Alves/ Agência Brasília “Até agora, tenho seis anos de carreira. Sou escritor, palestrante e empreendedor. Escrevi meu primeiro livro aos 6; aos 8 anos, me tornei empreendedor e abri minha hamburgueria, me tornando o empreendedor mais jovem do Brasil. Aos 9, escrevi o meu segundo livro e, com 10 anos, eu me tornei o membro mais novo da Academia de Letras do Brasil”, enumera o jovem. Além de todas essas habilidades e atividades, Ryan Maia se formou em língua inglesa aos 11 anos. O jovem conta que adora estudar e elogiou o encontro com o governador. “Eu me senti muito honrado vendo ele de novo. A primeira vez foi há cinco anos, e muita coisa mudou tanto na minha vida como na vida dele. Então, revê-lo agora, eu com 12 anos, mais velho, tendo mais conhecimento em relação a muita coisa, para mim é algo muito bom”, narra. Apesar da pouca idade, Ryan é autor de livros, palestrante e formado em inglês: “Quero continuar inspirando muitos jovens” Neste momento, Ryan Maia trabalha em novos projetos e afirma querer continuar a inspirar crianças e adolescentes em todo o país. “Quero continuar inspirando muitos jovens, quero escrever mais livros, quero que esse projeto de turnê pelo Brasil com as palestras dê certo, porque o que eu mais amo na vida é inspirar pessoas e falar para o público sobre o que eu acho correto e o que eu acho que vai ser de grande valia para o futuro dessa nação, que somos nós, crianças hoje em dia”, finaliza.
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A hora e a vez dos superdotados
Fome e sede de conhecimento. Vocabulário extenso, curiosidades e extremo senso de humor. Já imaginou um menino de nove anos construir um carrinho movido a luz solar ou até um veículo com arduíno (controlado via Bluetooth) e explicar, com riqueza de detalhes, o funcionamento da pequena máquina? Essas são as crianças com altas habilidades. O criador do carrinho é Davi Possidônio Zerbato. Indagado sobre a profissão que quer seguir, responde: “Ainda não decidi, talvez astronauta ou inventor”. Ele é aluno da turma de atendimento educacional especializado para estudantes com Altas Habilidades e Superdotação (AH/SD), na Escola Classe 411 Norte. Davi Possidônio criou um carrinho que obedece a comandos a partir do Bluetooth | Fotos: Acácio Pinheiro / Agência Brasília Para celebrar o Dia Internacional da Superdotação – 10 de agosto –, a equipe da Agênhcia Brasília acompanhou uma aula com esses alunos. A professora Flávia dos Santos, especialista em Altas Habilidades e Superdotação e psicopedagoga clínica institucional, trabalha há mais de 12 anos nessa área. Ela pontua que o Distrito Federal é pioneiro em atendimento a alunos superdotados. Além da expectativa “[Os alunos] pensam muito e têm capacidade cognitiva que extrapola o esperado para a faixa etária”, explica Flávia. “São perfeccionistas e fazem parte de um grupo heterogêneo com traços incomuns. As crianças com habilidades avançadas possuem um conhecimento mais profundo que outras da mesma faixa etária ou até mais velhas, uma excelente memória, com autocobrança excessiva. São perfeccionistas, possuem hipersensibilidade sensorial e são questionadores. Se você prometer algo, tem que cumprir, pois eles vão lembrar depois e gostam de pessoas que honram as palavras. Trabalhar com superdotados é aprender.” A professora Flávia dos Santos ressalta: “Trabalhar com superdotados é aprender” Por serem estudantes com capacidade mental significativamente acima da média, demandam uma metodologia de ensino diferente, um modelo de enriquecimento escolar que prevê atividades distintas. As aulas acontecem uma vez por semana, no contraturno escolar. Em média, cada estudante permanece nas turmas de três a cinco anos. No local, podem desenvolver suas habilidades e se aprofundar nos assuntos de que mais gostam. Flávia alerta que é um mito pensar que os alunos com habilidades especiais não requerem atendimento diferenciado. “Precisam ser cuidados”, ressalta. “Superdotados não sabem tudo; eles também erram, mas têm habilidades para aprender, principalmente na área de [seu] interesse”. Pequenos gênios Nessa turma, todos se destacam. Com oito anos, Samuel Roncaratti redigiu um trabalho – chamado de expedição pedagógica – em que conta a vida do pintor Leonardo da Vinci. Já Pedro Simons Ribeiro, de seis anos, usando um lápis e caixas de leite vazias, fez uma maquete sobre as primeiras escadas rolantes da Terra. Ele cursa o segundo ano e é um caso de avanço escolar. Manuela Rodrigues, de 11 anos, aprendeu a falar inglês pelos jogos de videogame e diz sentir-se muito bem com sua condição. Luiz Henrique anota em um caderno tudo que pretende desenvolver sobre automóveis. “Quero criar um canal no Youtube”, diz Já Luiz Henrique Soares Vasconcelos, de dez anos, diz que quer ser designer automobilístico. O dom avançado foi primeiramente detectado por uma tia que é psicóloga. “Daí fiz os testes e descobrimos”, conta o pré-adolescente. “Nem sabia o que era ser superdotado. Até hoje não sei bem o que é, mas sei que tenho conhecimentos elevados”. A espera por uma vaga na turma durou dois anos. Há dois meses na escola, Luiz Henrique tem um caderno onde escreve tudo que pesquisa sobre os automóveis. “Quero criar um canal no Youtube e falar sobre isso”, anuncia. Ele diz que não comenta sobre suas habilidades com outros colegas – somente a família e o melhor amigo têm conhecimento de sua situação. “Acho que é meio chato, vão achar que sou exibido”, imagina. O sistema Atualmente, a rede pública de ensino do Distrito Federal atende 1.745 estudantes com AH/SD. São 65 Salas de Recursos (SRs), com 61 professores especializados no assunto. Segundo a gerente de Educação Inclusiva da Secretaria de Educação (SEE), Onilia Cristina de Souza de Almeida, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) proposto para os estudantes com altas habilidades/superdotação tem fundamento nos princípios filosóficos que embasam a educação inclusiva. “O objetivo é capacitar profissionais da educação para a identificação dos estudantes que demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, isoladas ou combinadas, além de potencial criativo, desenvolvimento na aprendizagem e na realização de tarefas em áreas de seu interesse”, explica. Características Onilia especifica que o referencial teórico-metodológico adotado no atendimento especializado se espelha no Modelo de Enriquecimento Escolar, estudo desenvolvido por Joseph Renzulli (Universidade de Connecticut-EUA), que sugere uma pedagogia aplicada ao aprofundamento e ampliação de conteúdos em diversas áreas do conhecimento. Renzulli considera que os comportamentos de superdotação resultam de três conjuntos de traços: habilidade acima da média em alguma área do conhecimento (em relação aos pares da mesma idade e origem social e cultural), comprometimento com a tarefa (implica motivação, vontade de realizar uma tarefa, perseverança e concentração) e criatividade (pensar em algo diferente, ver novos significados e implicações, retirar ideias de um contexto e usá-las em outro). O atendimento especializado é feito em uma sala de recursos, com professor especializado e planejamento de atividades específicas. O objetivo é aprofundar e enriquecer o processo de ensino e a aprendizagem, bem como e o estímulo do potencial criativo do estudante com altas habilidades/superdotação. Como funciona Localizadas em 25 escolas-polos em todas as 14 regionais de ensino, as salas de recursos atendem aos estudantes oriundos das Unidades Escolares (UE) públicas e da rede particular, na proporção de 70% das vagas para a UE pública e 30% para a rede particular. Os estudantes são atendidos nos períodos matutino ou vespertino, durante cinco dias da semana, sempre no contraturno das aulas. Cada turma tem uma equipe multidisciplinar à disposição, composta por professores especializados, professor itinerante e psicólogo. O cadastro para a classe é realizado mediante ficha de indicação específica do atendimento de altas habilidades, que pode ser preenchida pela família ou pelos professores. Nas salas são desenvolvidas atividades em artes plásticas, artes cênicas, música, linguagens/ciências humanas, exatas/ciências naturais e robótica. Nesses espaços se desenvolvem diversos projetos e parcerias. As superintendências regionais de ensino de Taguatinga e Sobradinho, por exemplo, promovem projetos de informática e robótica por meio de parcerias. Muitos estudantes atendidos já receberam prêmios distritais e nacionais na sua área de habilidade. Todos os professores que atuam nas superintendências regionais de ensino são especializados no atendimento aos estudantes AH/SD. Anualmente, a Diretoria de Educação Inclusiva da SEE realiza bancas de aptidões para selecionar os professores da rede que pretendem atuar nessas salas.
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