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taxa de analfabetismo

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Com menor taxa de analfabetismo do país, DF é referência em educação

“Voltar a estudar abriu minha visão de que enquanto há vida, há esperança”. É assim que Elzenir da Silva Gonçalves, de 52 anos, descreve a experiência de completar um ano de estudos no Centro Educacional 2 de Taguatinga, uma das unidades de Educação para Jovens e Adultos (EJA) do Governo do Distrito Federal (GDF). Ela deixou as salas de aula ainda na adolescência, no interior do Maranhão, para trabalhar ao lado do pai com atividades do campo. Mudou-se para o DF, e aqui se casou e dedicou os dias ao esposo e aos dois filhos. Aos 51, sentiu um despertar para buscar os próprios sonhos, depois de passar por um processo de adoecimento mental e físico. Elzenir da Silva Gonçalves, de 52 anos, é aluna do Centro Educacional 2 de Taguatinga | Foto: Geovana Albuquerque/Agência Brasília “Eu tenho muito orgulho de usar esse uniforme escolar. Orgulho porque faço questão que olhem para mim e vejam que eu não tenho mais 17 anos, mas estudo em uma escola do GDF. Estudar para mim é sinônimo de liberdade, e agora eu consigo ter visão e abrir novos horizontes para a minha vida”, relata a estudante. Elzenir é uma das milhares de pessoas que ajudam o DF a se posicionar como a unidade da Federação com a menor taxa de analfabetismo do país (1,7%). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mais recente, divulgada em 22 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O indicador também posiciona o DF bastante abaixo da média nacional, de 5,6%. Além disso, o resultado também representa uma evolução rumo à meta de erradicar o analfabetismo na unidade federativa. Entre 2022 e 2023, o índice teve uma queda, e diminuiu de 1,9% para 1,7%. Um reflexo da efetividade das políticas do Governo do Distrito Federal (GDF) voltadas para a alfabetização, tanto na infância quanto entre jovens e adultos. O Distrito Federal é a unidade da Federação com a menor taxa de analfabetismo do país (1,7%), segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua mais recente Referência no país Segundo a diretora da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), Lilian Sena, a educação na capital da República tem diferenciais que contribuem para posicionar a unidade federativa no topo do ranking de alfabetização do país. A primeira delas é a descentralização do ensino e a facilidade de encontrar uma instituição educacional perto de casa. Ao todo, são 97 unidades escolares da EJA, distribuídas ao longo das 14 regionais de ensino, atendendo a demanda das regiões administrativas e estudantes do Entorno. Outro ponto importante é que a matrícula pode ser realizada a qualquer momento, mesmo após o início do ano letivo. “Basta chegar na escola e, caso ele não tenha comprovação de escolaridade, a gente aplica um diagnóstico para identificar em qual etapa ele será inserido”, explica a diretora. A educação na capital da República tem diferenciais que contribuem para que o DF esteja no topo do ranking de alfabetização do país. Uma delas é a descentralização do ensino e a facilidade de encontrar uma instituição educacional perto de casa. Ao todo, são 97 unidades escolares da EJA, distribuídas ao longo das 14 regionais de ensino, atendendo a demanda das regiões administrativas e estudantes do Entorno “Outro diferencial é que trabalhamos com formação continuada dos profissionais da educação para que eles possam trabalhar na perspectiva da andragogia [ensino para adultos]. Ela considera que a alfabetização na fase adulta é diferente da realizada na infância. O profissional precisa de uma preparação para desenvolver esse trabalho sem infantilizar a oferta”, destaca Lílian Sena. Esse é um cuidado constante da professora Silvana Leite, que também atua no CED 2 de Taguatinga. Além de uma didática voltada para o público adulto, o ensino após os 15 anos também demanda flexibilidade. “Quando o estudante está faltando por conta do trabalho, ou porque precisa ficar com os filhos, a gente entrega atividades para eles fazerem em casa, liga quando eles estão faltando, faz o máximo para eles não desistirem”, admite. Segundo ela, a maior parte dos adultos que procuram a EJA não está em busca de recolocação profissional, mas da realização de um sonho. “Aprender a ler e escrever é um símbolo de liberdade e dignidade. Também representa autoestima, e é um ato de cidadania”, destaca a educadora. Alfabetização tradicional Além da formação para jovens e adultos, a Secretaria de Educação realiza um trabalho integrado com foco em educação adequada para as crianças em idade de alfabetização, elemento estruturante para uma trajetória de aprendizado bem-sucedida. O Programa de Alfabetização e Letramento no Distrito Federal (Alfaletrando) tem como objetivo garantir o direito à alfabetização de crianças até os 7 anos de idade, e é a prioridade da Secretaria de Educação este ano para as 383 instituições do DF que oferecem o 1º e o 2º ano do ensino fundamental Um dos destaques é o Programa de Alfabetização e Letramento no Distrito Federal (Alfaletrando), instituído pela SEEDF em fevereiro deste ano. A iniciativa tem como objetivo garantir o direito à alfabetização de crianças até os 7 anos de idade. De acordo com a pasta, este ano a prioridade será a implementação do programa em todas as 383 instituições do DF que oferecem o 1º e o 2º ano do ensino fundamental, concentrando esforços nos anos iniciais do grau de escolaridade. Para os anos seguintes, a proposta é estender as ações do programa para as demais séries do ensino fundamental. O programa conta com uma abordagem pedagógica inovadora, utilizando recursos e práticas educacionais modernas para estimular o interesse e a participação dos estudantes. Segundo dados atualizados da Secretaria de Educação do Distrito Federal, 56 mil alunos estão na fase de alfabetização nas unidades de ensino da capital. Outros 18 mil estão matriculados na Educação para Jovens e Adultos, entre os quais 1,2 mil cursam a 1ª e a 2ª etapas do 1º segmento. Fortalecimento do ensino Na avaliação do diretor da Escola Classe 314 Sul, Bruno Louredo, projetos da Secretaria de Educação voltados para a etapa da alfabetização são fundamentais em um contexto pós-pandemia, enquanto os alunos ainda vivem os reflexos do período longe das aulas presenciais. “Esse direcionamento do Governo do Distrito Federal é muito importante porque a gente ainda sofre algumas consequências do ensino remoto. Apesar dos esforços, faltou o acompanhamento diário com o professor, e a chance de reorientar o estudante na hora da atividade”, detalha o profissional. Louredo explica que o resultado é uma trajetória educacional mais efetiva. “Alfabetizar no tempo certo, além de preencher essa lacuna que ocorreu, começa a sanar dificuldades cada vez mais cedo. Com isso, os anos seguintes passam a ser apenas uma revisão, uma consolidação daquilo que a criança aprendeu. E os ganhos são inúmeros, inclusive, a iniciativa contribui para que o aluno tenha um 5º e um 6º anos melhores”. Gisllaine Azambuja conta que o filho Miguel tem apresentado interesse nos estudos O pequeno Miguel, de 7 anos, é um desses estudantes. Ele está no 2º ano do ensino fundamental, na Escola Classe 314 Sul. Ele tem apresentado facilidade para aprender a ler e escrever e interesse pelos estudos, segundo a mãe dele, Gisllaine Azambuja. Ela elogiou a disponibilidade e atenção dos educadores da instituição com as famílias e alunos. “Essa etapa é muito importante, porque vai fazer muita falta lá na frente. E a escola tem sido excelente, o acesso a eles é muito fácil, estão sempre cuidadosos e dispostos a ajudar. Tem sido uma grande parceria”.

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Distrito Federal tem a menor taxa de analfabetismo do país

Todos os anos desde 1957, em 8 de setembro, os olhares do mundo se voltam para a alfabetização. A data foi criada há 56 anos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) com o objetivo de destacar a importância da alfabetização como um instrumento de dignidade e de direitos humanos. No Dia Mundial da Alfabetização, o Distrito Federal tem motivos para comemorar. A unidade da federação tem a menor taxa de analfabetismo, com apenas 1,9% da população, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Percentual bem abaixo se comparado com outros entes federativos, que têm de 5,6% a 15% de pessoas com 15 anos ou mais sem saber ler e escrever. A rede pública de ensino utiliza as diretrizes do Bloco Inicial de Alfabetização (BIA), instituído em 2014 | Foto: Renato Alves/Agência Brasília Para chegar a essa marca, o Governo do Distrito Federal (GDF) investe numa série de políticas públicas na educação básica e na educação de jovens e adultos (EJA) para atender os cerca de 90 mil alunos matriculados nos três anos iniciais do ensino fundamental nas 376 escolas públicas e aproximadamente 4 mil estudantes nas 95 unidades escolares da EJA que passam pelo processo de alfabetização. No caso das crianças, a rede pública de ensino utiliza as diretrizes do Bloco Inicial de Alfabetização (BIA), instituído em 2014. A política organiza o ato de ler, escrever e interpretar nos três primeiros anos do ensino fundamental, tendo o 1º ano dedicado às questões relacionadas à alfabetização, o 2º ano com o aprofundamento e 3º ano para a consolidação da habilidade. Apesar de ter sido fundamental para o avanço da alfabetização no ensino público do DF, o BIA passa por um processo de atualização. Neste ano, a rede iniciou os trabalhos para instituir um novo programa a partir da adesão do DF ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, iniciativa do governo federal com investimento de R$ 3 bilhões nos próximos quatro anos para garantir a alfabetização dos estudantes nos anos iniciais do ensino fundamental e a recomposição das aprendizagens daqueles prejudicados na pandemia. “Entendemos que o BIA foi e ainda é importante. Ele trouxe várias conquistas em questão de alfabetização, mas é uma política que tem 10 anos e percebemos a necessidade de fortalecê-la”, explica a diretora de Ensino Fundamental da Secretaria de Educação, Ana Carolina Tavares. Desenvolvimento de nova política O DF tem a menor taxa de analfabetismo, com apenas 1,9% da população, segundo os dados do IBGE | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília O Alfaletrando será o novo programa do GDF para subsidiar a garantia da alfabetização e letramento das crianças, que leva em consideração as novas concepções e estudos sobre alfabetização. “A proposta é que ainda este ano possamos consolidar o programa para que seja aplicado efetivamente em 2024 com as crianças do 1º, 2º e 3º”, acrescenta a diretora. A expectativa é transformar o projeto em uma política distrital de alfabetização que contemple as especificidades do Distrito Federal, com formação de professores, acompanhamento pedagógico e articulação da Secretaria de Educação junto às regionais de ensino e às unidades escolares. “A nossa ideia é formar uma grande rede colaborativa que possa garantir que alunos sejam alfabetizados na idade adequada”, defende Ana Carolina. A alfabetização e o letramento são bases para uma trajetória bem-sucedida do estudante. “O nosso currículo pressupõe uma formação da criança que permita que ela seja incluída no ambiente social. Para isso, ela precisa saber ler e escrever e ser letrada, pegar um texto e conseguir identificá-lo. Nossas crianças precisam ter habilidades e competências de leitura, escrita e interpretação para serem inseridas no mundo”, decreta. Alfabetização para todos Na Educação de Jovens e Adultos, a estratégia é a oferta descentralizada, com vagas ao longo de todo o ano e para todo o perfil de aluno. “Apesar de sermos a unidade da federação com a menor quantidade de pessoas analfabetas, ainda temos 66 mil pessoas de 15 anos ou mais que não sabem ler”, comenta a diretora de Educação de Jovens e Adultos, Lilian Sena. “Por isso, apostamos na oferta do EJA descentralizado. Fazemos um trabalho de busca ativa. Nosso objetivo é fazer com que essas pessoas entendam que é um dever do Estado e um direito delas”, acrescenta. [Relacionadas esquerda_direita_centro=”esquerda”] Com média de quatro mil alunos por semestre, a EJA atende na alfabetização principalmente pessoas acima de 45 anos com um método voltado para a faixa etária dos alunos, respeitando a característica de cada estudante, com seus saberes e realidades. “Trabalhamos muito o acolhimento e de acordo com as especificidades desse público que, muitas vezes, procura a escola interessado em aprender a ler para poder ler uma placa de ônibus, ajudar aos filhos ou netos com atividades escolares ou até para realizarem sonhos”, revela Lilian Sena. Esse diferencial foi o que incentivou a dona de casa Fortunata Lima Feitosa, 59 anos, e o filho dela, Saulo Jonas Lima Barbosa, 22, a estudarem em uma das unidades da EJA na Asa Sul. “Meu filho tinha dificuldade de acompanhar na escola regular e eu tinha parado os estudos na 4ª série do primário, então fomos os dois estudar. Cada um em uma turma”, lembra. No caso de Saulo, o EJA foi fundamental para que ele avançasse na alfabetização. “Com muita dificuldade ele conseguia ler uma palavra de duas sílabas, foi na EJA que ele conseguiu aprender a ler. Hoje ele já lê tudo”, conta a mãe. “Uma das coisas que mais gosto no EJA é que os professores são muito dedicados e incentivam bastante”, afirma Fortunata.

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