Distrito Federal lidera em taxa de transplantes de fígado por milhão de habitantes
Entre os diversos tipos de transplante de órgãos e tecidos que a rede pública de saúde do Distrito Federal oferece em sua gama de procedimentos, a capital federal foi líder, em 2023, nos transplantes de rim, fígado, coração e medula óssea – considerando-se a taxa de transplantes por milhão de habitantes. Com 121 transplantes de fígado realizados em Brasília no último ano, quantidade que vem aumentando desde 2019, a taxa do DF é de 43,3. O número é quase quatro vezes maior que a média nacional, de 11,6. Arte: Agência Brasília Como funciona O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável por coordenar e executar os transplantes de órgãos no Brasil, incluindo no Distrito Federal (DF). O processo envolve diversas etapas, desde a identificação de potenciais doadores até o acompanhamento pós-transplante. Normalmente, os doadores são pacientes que sofreram morte encefálica em unidades de terapia intensiva (UTIs). Após a confirmação do quadro, é necessário obter o consentimento da família para a doação de órgãos. Esse processo é coordenado pela Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do DF (CNCDO/DF), onde profissionais de saúde treinados abordam as famílias para discutir a possibilidade de doação. Uma vez obtido o consentimento, uma equipe médica avalia a condição dos órgãos do potencial doador para garantir que estão aptos para transplante. Os órgãos viáveis são então captados e preservados adequadamente para ser transportados. Normalmente, os doadores são pacientes que sofreram morte encefálica em unidades de terapia intensiva (UTIs) | Foto: Davidyson Damasceno/IgesDF A distribuição dos órgãos segue critérios rigorosos estabelecidos pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT), e a prioridade é dada com base em fatores como compatibilidade sanguínea e tecidual, gravidade da doença do receptor, tempo em lista de espera e urgência do caso. Quando um órgão é designado para um paciente, este é convocado imediatamente para o hospital onde será feito o transplante. Entre os hospitais públicos preparados para realizar esses procedimentos no DF estão o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) e o Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF). Acompanhamento integral Quem necessita de um transplante é identificado por qualquer ambulatório que, após consultas e exames que comprovam a necessidade do procedimento, encaminha a solicitação para a Central Estadual de Transplante. Após ser inscrito na lista de espera, o paciente aguarda até chegar a possibilidade de realizar a cirurgia e conta também com o acompanhamento pós-transplante, onde continua recebendo cuidados intensivos. A distribuição dos órgãos segue critérios rigorosos estabelecidos pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e a prioridade é dada com base em fatores como compatibilidade sanguínea e tecidual, gravidade da doença do receptor, tempo em lista de espera e urgência do caso A equipe médica monitora a resposta do corpo ao novo órgão e ajusta a medicação para prevenir a rejeição. O acompanhamento contínuo é crucial para o sucesso a longo prazo do transplante. Segundo a diretora da Central Estadual de Transplantes da Secretaria de Saúde do DF (SES), Gabriella Christmann, atualmente a fila para transplante de fígado está em 25 pessoas, número que varia constantemente. “O Brasil tem o maior serviço público de transplante do mundo, e o acesso gratuito permite que não haja discriminação por conta de poder aquisitivo. É um acesso integral pelo SUS, desde o pré até o pós-transplante, sem precisar de um serviço complementar privado”, destaca. Uma nova chance de vida A diretora frisa que o transplante só ocorre mediante a doação. “A gente precisa que as pessoas se sensibilizem, porque necessitamos 100% da população para dar uma nova chance de vida para esse paciente”, observa. Para ser doador de órgãos, é importante que a pessoa, em vida, deixe isso claro para os familiares, visto que atualmente o sistema funciona com a lei consentida. A doação só é permitida perante autorização de um familiar de até segundo grau. Doenças crônicas como diabetes, infecções ou mesmo uso de drogas injetáveis podem acabar comprometendo o órgão que seria doado, inviabilizando o transplante. Por isso, a entrevista familiar realizada após a permissão do doador é essencial, permitindo à equipe avaliar os riscos e garantir a segurança dos receptores e dos profissionais de saúde.
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Articulação interfederativa garante transplante urgente de fígado a bebê de 2 meses do DF
O Governo do Distrito Federal (GDF), em parceria com o estado de Goiás, garantiu a transferência de um bebê de 2 meses de idade na manhã deste sábado (25) para São Paulo para que a criança passe por um transplante urgente de fígado. A articulação teve início na sexta-feira (24), quando o Hospital da Criança de Brasília (HCB), onde o neném estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), foi informado da disponibilidade para a realização do procedimento no Hospital Menino de Jesus, na capital paulista. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Agência Brasília (@agencia.brasilia) Devido à gravidade do caso, Francysco necessitava ser transportado em uma aeronave sem pressurização. O modelo específico foi assegurado pelo Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, uma das corporações que contam com o tipo de transporte. Internado no HCB, o bebê foi, primeiro, resgatado de helicóptero na unidade e levado para a base área onde seguiu para São Paulo por volta das 10h. Aproximadamente às 16h, a criança chegou ao Hospital Menino Jesus. Francysco foi diagnosticado com MSDU e estava na UTI do HCB | Foto: Divulgação “Gostaria de fazer um agradecimento ao estado de Goiás, em especial ao vice-governador Daniel Vilela, que prontamente nos atendeu e disponibilizou uma aeronave do Corpo de Bombeiros de Goiás que possuía todos os requisitos necessários para o transporte dessa criança”, afirmou o secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, que participou da articulação interfederativa. O bebê tem MSDU, que é a Doença da Urina do Xarope de Bordo, uma síndrome genética rara em que o corpo da criança não tem enzima para metabolizar determinados aminoácidos que vão se acumulando no organismo, podendo causar comprometimento do sistema nervoso central, sistema imune e músculos. O diagnóstico foi feito durante o teste do pezinho realizado no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Atualmente, o Distrito Federal é a única unidade da Federação com uma análise ampliada na triagem neonatal biológica, pela qual é possível identificar mais de 50 tipos de doenças. A internação no Hospital da Criança de Brasília ocorreu porque o bebê apresentou alterações hepáticas e um quadro infeccioso relacionado a bronquite viral aguda por vírus sincicial respiratório. Por esse motivo havia uma urgência na realização do transplante, procedimento que não poderia ser feito na rede pública do DF devido às características de Francysco, um bebê de apenas dois meses. O Distrito Federal é referência em transplante de fígado em pessoas acima de 8kg. “Esse é um caso que teve todo o acolhimento da nossa rede desde o início, com o diagnóstico no teste do pezinho no Hmib e a internação no Hospital da Criança após o bebê apresentar alterações hepáticas e bronquite. Ele tem uma doença rara e extremamente grave, chegou a passar por hemodiálise. O transplante hepático é importantíssimo nesses casos”, destacou a secretária de Saúde do DF, Lucilene Florêncio. Ela conta que assim que, foi acionada pelo HCB, iniciou, junto ao secretário-chefe da Casa Civil, a mobilização para a transferência segura da criança. “Francysco tem uma doença rara e extremamente grave, chegou a passar por hemodiálise. O transplante hepático é importantíssimo nesses casos” Lucilene Florêncio, secretária de Saúde A diretora-executiva do Hospital da Criança de Brasília, Valdenize Tiziani, destacou a importância da mobilização do GDF. “A avaliação dos médicos era de que ele precisava de transplante de fígado e o Hospital Menino Jesus nos informou que havia como fazer o procedimento. Esta é a segunda vez que a Secretaria de Saúde do DF nos auxilia de forma célere em um caso de transferência para transplante hepático. Foi uma mobilização que garantiu todos os recursos necessários para que o bebê fosse transferido”, comenta. Além de viabilizar a transferência, o GDF está dando todo o apoio à família da criança, com a aquisição da passagem aérea para que a mãe de Francysco possa acompanhar o bebê durante a internação em São Paulo. O transplante ocorrerá no Hospital Menino Jesus, mas depois a criança será atendida no Hospital Sírio Libanês, antes de retornar à capital federal.
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700º paciente transplantado de fígado no DF recebe alta
Honrar uma vida. É essa a nova meta de Bruno Saback. Aos 38 anos, ele conta ter renascido após receber um novo fígado, a única solução ofertada pela medicina após mais de dez anos sofrendo com doenças hepáticas. “É uma vida completamente nova. Agora é voo livre. Vou honrar quem doou”, garante. Nesta sexta-feira (28), ele se tornou o 700º paciente a receber alta no Instituto de Cardiologia e Transplantes do Distrito Federal (ICTDF), uma estatística que tem feito a capital se tornar destaque no Brasil. Até o fim de junho, mais de 60 pacientes receberam um novo fígado no DF, 40 deles (63,5%) no ICTDF. Com isso, Brasília tem o maior índice de transplantes hepáticos no país, com 42,7 a cada milhão de habitantes, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos. O estado com número mais próximo é o Paraná, índice de 23,8. A média nacional é de 9,8. Secretária de Saúde, Lucilene Florêncio: “Onde houver um órgão a ser captado e onde houver um receptor, e havendo compatibilidade, a equipe vai estar junto para viabilizar o transplante” Somando outros órgãos, como coração e rins, foram 2.391 transplantes realizados entre 2020 e 2023 no DF, 651 deles no ICTDF, que atua como parte da rede complementar da Secretaria de Saúde (SES-DF). “Nós ficamos muito felizes com o resultado. Eu garanto que a vida do Bruno é outra. Ele vai enxergar o mundo de outra forma”, ressalta o superintendente do ICTDF, Gislei Oliveira. A secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, destaca o esforço do Sistema Único de Saúde (SUS) para salvar vidas: “Vamos continuar trabalhando para que o melhor seja dado a toda a população do DF, da região metropolitana e do Brasil. Onde houver um órgão a ser captado e onde houver um receptor, e havendo compatibilidade, a equipe vai estar junto para viabilizar o transplante”. Do doador ao receptor [Olho texto=”Somando outros órgãos, como coração e rins, foram 2.391 transplantes realizados entre 2020 e 2023 no DF, 651 deles no ICTDF, que atua como parte da rede complementar da SES-DF” assinatura=”” esquerda_direita_centro=”direita”] Foi lembrada ainda a integração com outras instituições públicas que atuam na logística necessária para os transplantes, como Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) e Força Aérea Brasileira (FAB). No caso do transplante de um fígado, por exemplo, são, no máximo, 12 horas entre a captação do órgão e a cirurgia para o receptor, um processo que envolve desde o uso de aeronaves e ambulâncias até a preparação do paciente. A possibilidade de ser atendido pelo SUS também foi elogiada pelo gerente geral de Assistência e responsável técnico do ICTDF, André Watanabe, cirurgião que participa diretamente do atendimento aos pacientes. “Não é só o transplante, mas também o pós-operatório. Ele vai sair daqui com todos os remédios e orientado. Vai receber todos os exames e acompanhamento pelo SUS”, explica. Gratidão Os familiares do 700º paciente também fazem questão de lembrar de outras pessoas que, seguindo as normas de doação, não puderam conhecer. “Nós queremos agradecer também ao doador. Vocês não sabem o quanto são importantes”, diz a esposa de Bruno, Eliane Saback. “Vivemos agora um novo ciclo, uma nova mentalidade sobre a importância de cuidar da saúde e dos profissionais de saúde.” *Com informações da Secretaria de Saúde
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