O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) é referência para o tratamento de asma grave. Para alcançar bons resultados no tratamento dos pacientes, a instituição conta com equipe multiprofissional especializada que dispõe dos recursos para fazer o diagnóstico e tratar adequadamente a doença. Entre as tecnologias de fronteira incorporadas ao SUS, o HCB emprega o imunobiológico Omalizumabe, que faz toda a diferença na vida das crianças elegíveis para essa terapêutica.
Uma vez por mês, Luiza Duarte, 11 anos, comparece ao hospital para tratar asma grave. A menina recebe injeção do Omalizumabe periodicamente para receber a injeção subcutânea sob supervisão médica.
A última crise de asma de Luiza Duarte foi em 2022 | Fotos: Maria Clara Oliveira/ HCB
Atualmente, o HCB atende cerca de 250 crianças e adolescentes diagnosticados com asma grave – desses, 27 fazem uso do Omalizumabe. O remédio é indicado para pacientes que não apresentam resposta a outros tratamentos. “Ele é para quem já tentou de tudo: está em altas doses de corticoide, a mãe já fez o controle ambiental, já fizemos revisão das medicações, da técnica inalatória e o paciente não melhora”, explica a enfermeira Kely Silva, que acompanha as crianças em atendimento ambulatorial no hospital.
A medicação, disponibilizada pelo HCB desde 2019, contribui para aumentar a qualidade de vida de crianças como Luiza. A menina teve a primeira crise de asma quando ainda era um bebê. “Notamos os primeiros sintomas assim que ela nasceu – bebezinha, ela já tinha dificuldade para respirar. Com dois meses de vida, ela teve a primeira internação e foi só prosseguindo”, relata a mãe da criança, Meiriane Duarte. Desde que iniciou o protocolo com o remédio, porém, Luiza percebeu a melhora no quadro de saúde: a última crise de asma foi em 2022.
O uso do Omalizumabe aumenta a qualidade de vida das crianças que sofrem com a asma grave
A pneumologista pediatra do HCB Carmen Martins conta que o Omalizumabe é voltado, especificamente, a crianças e adolescentes diagnosticados com asma grave, prevalente na faixa etária pediátrica. O Omalizumabe funciona bloqueando uma substância chamada imunoglobulina E (IgE), que é produzida pelo organismo. “A IgE é uma imunoglobulina que modula a alergia, está ligada à asma alérgica. O Omalizumabe bloqueia o receptor da IgE, impede que a crise aconteça e o paciente melhora”, explica a médica.
“O medicamento está na etapa cinco da estratégia de orientação mundial do tratamento dado ao paciente asmático – a etapa da asma grave. O paciente já está se tratando, já está com o corticoide inalatório em altas doses, foi investigado para outras doenças, já foram vistos outros fatores complicadores, já tem seis meses de tratamento e continua exacerbando, tendo crises”, relata Martins. Além dos critérios de tratamento, é preciso que a criança tenha mais de 6 anos de idade e que tanto o peso quanto o nível de IgE (verificado por meio de exames realizados no HCB) correspondam às prescrições da bula do medicamento.