Com um simples par de lentes, o horizonte educacional é ampliado. Por meio do Espaço Saúde do Estudante, diversos alunos que antes viam letras embaçadas na lousa podem enxergar os conteúdos com clareza, de maneira acessível e gratuita. Há 35 anos, o espaço vinculado à Secretaria de Educação (SEEDF) oferece óculos e consulta oftalmológica para crianças e adolescentes da rede pública de ensino do DF.

Desde 2019, mais de 3 mil estudantes foram atendidos no Espaço Saúde do Estudante, que oferece consulta oftalmológica para crianças e adolescentes da rede pública de ensino | Fotos: Matheus H. Souza/ Agência Brasília
A unidade fica na 602 Sul, no Centro de Educação de Jovens e Adultos da Asa Sul (Cesas). A indicação é feita pelos professores que identificam alguma queixa dos alunos voltada à saúde visual capaz de dificultar a aprendizagem em sala de aula. Os estudantes realizam consulta com uma médica oftalmologista, fazem exames, escolhem a armação de que mais gostam e, após 90 dias, recebem os óculos na escola.
Desde 2019, mais de 3 mil estudantes foram atendidos pelo programa do Governo do Distrito Federal (GDF), considerando uma baixa em 2020 ocasionada pela pandemia, que inviabilizou os trabalhos. São 2.050 vagas disponibilizadas por ano, 20 para cada uma das 14 regionais de ensino que compõem o DF. Entre os alunos atendidos neste ano estão duas estudantes do Centro de Ensino Fundamental (CEF) Queima Lençol, em Sobradinho. Elas relatam que, após apresentarem dificuldades para enxergar na sala de aula, foram encaminhadas à direção pelo professor e logo já estavam agendadas para o atendimento oftalmológico.
“É muito bom que as pessoas tenham esse acesso; tem muita gente que às vezes precisa e não tem condições de comprar um óculos ou fazer um exame. Então, ela vai ter essa oportunidade de fazer o exame e levar um óculos de graça para melhorar a vista. E o atendimento é bem tranquilo”, destaca a estudante Pamela de Souza dos Santos, de 13 anos.
A estudante Pamela de Souza elogia o Espaço Saúde: “É muito bom que as pessoas tenham esse acesso; tem muita gente que às vezes precisa e não tem condições de comprar um óculos ou fazer um exame”
A aluna Ana Júlia Oliveira Cardoso, 15, conta que já desconfiava do problema de vista, mas nunca havia feito um exame. Ela pontua como o óculos influenciará positivamente o aprendizado não só na escola, mas também na vida pessoal: “Eu tenho muita dificuldade na hora de olhar o quadro e em coisas mínimas do dia a dia. Acho que vai melhorar muito em tudo”.
Responsável por acompanhar as estudantes do CEF Queima Lençol, a pedagoga Evaide Campos explica que uma parceria foi feita entre a escola e a administração regional para oferecer o transporte dos estudantes da Fercal até o Espaço Saúde.
“Como eles são de uma comunidade carente, a gente sabe que os pais não têm tanto recurso para pagar uma consulta, adquirir a armação e as lentes ou mesmo ir até a unidade de atendimento. Tudo isso dificulta o acesso do aluno aos óculos, instrumento que vai favorecer a aprendizagem. É notório que o estudante que não enxerga direito tem mais dificuldade, não consegue fazer as provas com desenvoltura, e não tem como todos sentarem na frente para poder assistir às aulas. Sem contar que muitos deles não fazem o exame de vista há muito tempo. Então, esse serviço traz o direito de aprender da melhor forma possível”, afirma a educadora.

