“Nós descobrimos o câncer dele em outubro do ano passado, quando ele quebrou o braço virando da cama. Ele já vinha com dor, mas nunca poderíamos imaginar que seria um câncer”, conta a enfermeira Fernanda Carlson, filha do aposentado Octacilio Carlson, de 72 anos. Apesar do susto, ela faz questão de elogiar o atendimento recebido pelo pai da parte dos profissionais de saúde no Distrito Federal, desde a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Paranoá até o setor de oncologia do Hospital de Base (HBDF). O tratamento ideal para o pai, contudo, fica a quase 700 km de Brasília.
“O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto tem a imunoterapia mais indicada para o caso dele. Fomos muito bem-atendidos pela oncologista do HBDF, que fez o relatório de que aquele era mesmo o tratamento mais adequado, e que não tinha outro aqui no DF. Com esse relatório, entramos em contato com o setor do programa Tratamento Fora do Domicílio (TFD) e abrimos o pedido de auxílio”, conta Fernanda.
Desde 2005, o TFD proporcionou transporte e assistência a mais de 6 mil pacientes da capital | Foto Breno Esaki/Agência Saúde-DF
Desde que foi implementado pela Secretaria de Saúde (SES-DF), em 2005, o TFD proporcionou transporte e assistência a mais de 6 mil pacientes da capital, cujas especificidades clínicas exigiam transferência para unidades especializadas de outras unidades federativas. Apenas entre janeiro e abril deste ano, foram expedidas 910 passagens aéreas e 438 passagens terrestres a pacientes e seus acompanhantes, além do pagamento de diárias.
O TFD se destina a pacientes atendidos na rede pública, conveniada ou contratada do Sistema Único de Saúde (SUS) que apresentem patologias de alta complexidade, quando esgotados todos os recursos de intervenção na rede local. Em maio passado, o programa possibilitou o deslocamento do pequeno Francysco, em uma aeronave cedida pelo Corpo de Bombeiros de Goiás, até a cidade de São Paulo.
A gerente da Central de Regulação Interestadual e de Alta Complexidade (Cerac) da SES-DF, Alessandra Hilbert, explica que o programa visa resguardar os princípios que regem o SUS. “O TFD garante o princípio da universalidade, assegurando que todos os brasileiros tenham acesso aos serviços de saúde, independentemente de sua condição socioeconômica e geolocalização”, ressalta.