Um dos esportes queridinhos do brasileiro no momento, a ginástica artística faz parte da rotina de 300 estudantes da rede pública de ensino do Distrito Federal. No contraturno escolar, os cadernos dão lugar ao uniforme do esporte, e os pequenos atletas podem se dedicar a saltos, giros, ondas corporais, entre outros movimentos acrobáticos, tudo inspirado por recentes conquistas de uma geração, coroadas pelo ouro olímpico de Rebeca Andrade, maior medalhista do Brasil em todos os tempos (dois ouros, duas pratas e três bronzes).
Os jovens talentos são atendidos pela Secretaria de Educação do DF (SEE) por meio do Centro de Iniciação Desportiva (CID) de ginástica artística do Centro de Ensino Médio (CEM) Setor Leste, na 611/612 Sul. Berço do esporte no Quadradinho, o ginásio atende a população desde a década de 1980. O foco é a iniciação desportiva, mas também há incentivo à participação em competições locais e nacionais.

As meninas se inspiram nas conquistas das atletas brasileiras para realizar os próprios sonhos | Fotos: Tony Oliveira/ Agência Brasília
No começo deste ano, Maria Luiza Fernandes Resende, 9 anos, entrou para a equipe. Com energia de sobra, ela aproveita cada segundo das aulas, sem medo dos equipamentos, muito menos das piruetas. “Eu já fazia estrelinha sem as mãos e minha avó viu e me colocou aqui. Aprendi a fazer mortal, estrelinha na trave, um monte de coisa”, conta ela, que já traçou grandes metas. “Meu sonho é ser igual à Rebeca Andrade e ter várias medalhas olímpicas”.
Quem também começou há pouco tempo no esporte foi a ginasta Juju, como é apelidada carinhosamente pelas professoras e colegas de aula. A estudante Juliana Harumi, 11, entrou para a turma há três anos, inspirada no irmão, que também é ginasta. Ela, que também sonha em ser parecida com Rebeca Andrade, convida outras meninas a praticar a modalidade: “Não precisa ter medo. É que nem minha mãe me fala quando eu participo dos campeonatos: é só enfrentar o aparelho, sem prestar atenção no público”.
Entre as mais antigas do CID Setor Leste, está a ginasta Ana Luisa Garcia, 15. “Comecei com 4 anos. Aqui é basicamente minha segunda casa. Acho que é um dos esportes mais divertidos, em que podemos fazer vários aparelhos, tentando evoluir cada vez mais, porque não tem limites na ginástica”, compartilhou. A estudante já participou de dezenas de competições e sonha em conquistar o pódio do campeonato nacional: “Já participei muitas vezes, desde meus 9 anos, mas até hoje nunca ganhei. Mas este ano vai dar certo, pretendo ganhar o campeonato”.
Atleta há três anos, Juliana Harumi ensina: “É só enfrentar o aparelho, sem prestar atenção no público”
O amor de Ana Luísa pelo esporte foi herança da mãe, a professora Tatiana Santos Biagini, que atua no CID Setor Leste há mais de 20 anos. Antes de assumir como docente, ela esteve nos tablados como aluna, tendo participado de competições de níveis local e nacional. “A minha vida inteira foi aqui, dentro do ginásio. O meu objetivo aqui dentro é manter essas meninas em contato com o esporte o maior tempo que elas puderem, porque aqui elas aprendem a conviver em equipe, a ter disciplina, a entregar o que é pedido, a se superar, coisas que fazem parte de todos os aspectos da vida”, conta ela.
Tatiana destaca, ainda, que muitas das alunas não teriam a oportunidade de praticar ginástica artística se não fosse pela iniciativa da rede pública: “Muitas dessas crianças não estariam aqui se tivessem que pagar mensalidade. Sabemos que, hoje em dia, o valor cobrado nas academias é um valor que muita gente não pode pagar, então, aqui damos uma grande oportunidade a elas com bons equipamentos e profissionais especializados”.

