As síndromes hipertensivas da gravidez são a principal causa de mortalidade materna no Brasil e a segunda principal causa de mortalidade materna no mundo, com predominância das hemorragias no topo do ranking mundial. Os dados são da Organização das Nações Unidas (ONU) e alertam para a importância de medidas eficazes de prevenção, diagnóstico precoce e controle adequado das complicações relacionadas à hipertensão na gestação.
Hoje, no Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), o Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) é referência no atendimento às gestantes de alto risco da Região Sul e Entorno realizando atendimento obstétrico e partos, oferecendo também o serviço ambulatorial de pré-natal de alto risco.
A especialista do IgesDF, ginecologista e obstetra do pré-natal de alto risco do HRSM, Rafaella Torres, ressalta que as síndromes hipertensivas durante a gestação são comuns e podem se manifestar de maneiras variadas e por vários fatores.
“Hoje, a pré-eclâmpsia é a principal forma de manifestação das síndromes hipertensivas da gravidez. Ela é uma condição multifatorial, pois tem influência genética, ambiental, imunológica. Além disso, é multissistêmica, caracterizada por ativação inflamatória que afeta todo o organismo materno com potenciais complicações maternas como, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, edema pulmonar, crise convulsiva, insuficiência renal, coagulação intravascular disseminada e óbito materno”, explica.
Em relação ao recém-nascido, observam-se complicações decorrentes da prematuridade, que é uma das principais causas de óbito intrauterino e neonatal. “Essas complicações ressaltam a importância da vigilância e do controle adequado da pré-eclâmpsia para garantir a saúde e segurança tanto da mãe quanto do bebê durante a gestação e o parto”.
Fatores de risco
Rafaella Torres destaca que a primeira consulta de pré-natal é de extrema importância, pois é o momento em que são avaliados os fatores de risco para o desenvolvimento da doença. “Na presença de um fator de risco alto ou pelo menos dois fatores de risco moderados, o profissional de saúde já deve indicar as formas de prevenção da pré-eclâmpsia”, informa.
São considerados fatores de alto risco: história de pré-eclâmpsia, gestação múltipla, obesidade, hipertensão arterial crônica, diabetes tipo 1 ou 2, doença renal crônica, doenças autoimunes e fertilização in vitro (FIV).
Já os fatores moderados de risco são: nuligesta (mulher que nunca engravidou), história familiar de primeiro grau de hipertensão, idade maior de 35 anos, intervalo de dez anos da última gravidez, condição socioeconômica desfavorável, raça preta ou parda, descolamento de placenta, restrição de crescimento fetal, trabalho de parto prematuro, óbito fetal.
De acordo com a ginecologista e obstetra, as medidas preventivas que resultam em redução dos riscos de desenvolver pré-eclâmpsia são a atividade física regular, a ingestão de ácido acetilsalicílico e a suplementação de cálcio. “As gestantes devem praticar exercício físico de maneira regular, de pelo menos 140 minutos semanais, como caminhada rápida, hidroginástica, ciclismo estacionário com esforço moderado e treino de resistência”, orienta.
Rafaella enfatiza que, após identificado os fatores de risco e instituída as medidas preventivas da pré-eclâmpsia, a gestante precisa manter consultas frequentes de pré-natal, avaliações seriadas do bem-estar fetal, medidas de pressão arterial diária para controle e ajuste de medicação e parto em tempo hábil indicado pelo médico obstetra.
Tipos de síndromes hipertensivas
A classificação mais utilizada das síndromes hipertensivas da gestação estabelece a possibilidade de quatro formas: hipertensão arterial crônica, hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia/eclâmpsia e hipertensão arterial crônica sobreposta por pré-eclâmpsia.