“(…) Até que um dia ele veio muito agressivo para cima de mim. Graças a Deus, tinha uns policiais militares passando e o prenderam na hora em que ele entrou em casa. Já era a quarta vez que ele era preso. Logo depois, os policiais me levaram para acionar o Viva Flor, pois eu não aguentava mais”. O relato é da empregada doméstica Ana Silva (nome fictício), 32, que por quase 15 anos foi casada com um agressor. Como se não bastasse a violência, principalmente psicológica, ela ainda precisou lidar com as constantes perseguições e ameaças depois do término do relacionamento.
“Ele ia à minha igreja, vinha ao meu serviço, me xingava. Até que resolvi ir para a Bahia, porque tinha medo. Depois de um tempo, voltei, e ele continuou a me perseguir”, completa.
Atualmente, 604 mulheres em situação de risco extremo utilizam o equipamento de proteção no DF | Foto: Renato Alves/ Agência Brasília
Ana é uma das 1,7 mil mulheres que tiveram a vida preservada pelos programas de monitoramento e proteção do Governo do Distrito Federal (GDF) desde 2021. A rede de proteção do Mulher Mais Segura interrompeu esse ciclo de violência, pois disponibiliza às vítimas o Dispositivo de Proteção Preventiva (DPP) e o Viva Flor. Com esses recursos, mulheres e agressores passaram a ser monitorados 24 horas por dia de forma efetiva. Desde o início da iniciativa, nenhuma mulher que estava com o dispositivo foi vítima de feminicídio ou de agressões físicas.
Atualmente, 604 mulheres em situação de risco extremo utilizam o equipamento de proteção na capital do país. Recentemente, o acesso foi facilitado pelo GDF, e agora as mulheres podem, inclusive, obter os equipamentos com ou sem medida protetiva expedida pelo Poder Judiciário.
As duas delegacias especiais de atendimento à mulher, Deam I e II, localizadas na Asa Sul e em Ceilândia, respectivamente, podem distribuir os dispositivos de proteção para as vítimas
As duas delegacias especiais de atendimento à mulher, Deam I e II, localizadas na Asa Sul e em Ceilândia, respectivamente, podem distribuir os dispositivos de proteção para as vítimas. A mudança ampliou o número de mulheres atendidas de 283 em setembro de 2023 para as mais de 600 monitoradas nos primeiros meses de 2024.
Para a diretora de Monitoramento de Pessoas Protegidas, Andrea Boanova, da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF), os dados mostram a efetividade dos protocolos criados pela pasta para a proteção de vítimas de violência de gênero. “Desde que iniciamos o monitoramento, temos 100% de efetividade, pois nenhuma das vítimas que passaram pelo programa teve a integridade física violada. Isso para nós é muito positivo”, destaca a gestora.